REFLEXÕES

É simplesmente cruel a constatação do quão desleixada é a raça humana e como são ineptos os seus governantes. Basta examinar a História conhecida.
Assistimos nos noticiários da televisão cenas de crianças de 10 a 12 anos vendendo balas e outras bugigangas nos semáforos; e garotas adolescentes se prostituindo nas capitais nordestinas e outras cidades.
Tais fatos chocam nossa consciência, mas vale lembrar, há mais de 3 mil anos, quando Ciro, rei dos Persas, destruiu Babilônia, as famílias remanescentes, que ficaram na absoluta miséria, punham suas filhas de 9 e 10 anos para se prostituírem à beira das rotas de caravanas e assim ganharem alguma coisa para alimentar pais e irmãos. Sempre a miséria como causa da imoralidade, essa mesma imoralidade que os nossos governantes juram que vão combater, sabe Deus quando.
Assistimos, de braços cruzados e olhos arregalados, a devastação da Floresta Amazônica, embora reconheçamos o importante papel que as florestas desempenham na manutenção da vida planetária.
O problema é muito antigo, pois para concluir a construção do Coliseu o imperador Vespasiano proibiu o corte de árvores num raio de 50 quilômetros em torno de Roma, pois a área já estava virando um deserto. O Coliseu foi inaugurado no ano 70, há exatos 1941 anos, mas os nossos governantes continuam a argumentar que o problema do desmatamento é muito sério, precisa ser encarado com firmeza e determinação, blá-blá-blá, blá-blá-blá...
A Educação continua no seu lento e penoso trabalho de instruir o intelecto enquanto, sem a edificação moral e espiritual, o Ser humano avança aos tropeços pelos descaminhos da ignorância, implorando por um clarão que alumie, ao menos por alguns instantes, o abismo onde se meteu.
Fiat Lux! Fiat Lux!
O clamor é geral.
Mas que nada: Pimentabilis annus outrem rephrescarium est.
Educação sempre foi privilégio reservado às elites.
Inácio José de Alvarenga Peixoto, mais tarde Coronel da Cavalaria Regular de Minas Gerais e um dos inconfidentes, matriculou-se na Universidade de Coimbra, Portugal, junto com o mais tarde também Coronel Joaquim Silvério dos Reis. Mas a matrícula de Alvarenga Peixoto ficou suspensa por dois anos, sob investigação, porque descobriram a tempo que o seu avô tinha sido fabricante de santinhos (e pessoa de origem operária não poderia ser doutor). Alvarenga só foi admitido naquela Instituição após provar que o avô, certa vez, fabricara algumas imagens de santo para alguns pobres diabos que tinham muita fé na alma e nenhuma moeda no bolso. Fizera por pura caridade...
Na Saúde dá pra apontar duas das mais importantes criações humanas: a penicilina e o vaso sanitário. A penicilina como antibiótico é campeã; e o vaso sanitário pela sua importante contribuição para a higiene humana, embora em muitas regiões do Brasil ainda seja comum substituir-se o banheiro por uma moita de bananeiras. E esta imundície foi importada da Europa, pois as caravelas, inclusive as de Pedro Álvares Cabral, transportavam até cem pessoas cada uma, com um único "cagador" no convés, a céu aberto, com uma comprida corda, da ponta desfiada, que imitava o atual papel higiênico.
Tenham ou não tido a intenção, a verdade é que a imundície constitui um dos supositórios que os colonizadores introduziram nos anais da nossa História.
Corrupção? Sempre houve. O Governo apertava na cobrança dos impostos; os corruptos insistiam em aperfeiçoar seus métodos de atuação. Em Minas Gerais criaram o "santo do pau oco" que era uma imagem de madeira escavada por dentro para ser recheada de ouro e, assim, fugir à fiscalização. E a primeira fábrica de moedas falsas foi descoberta em Vila Rica (Ouro Preto), em 1735.
A História segue, aos trancos e barrancos, sempre se repetindo. Até quando?
Foi Allan Kardec quem afirmou que "sem o trabalho o Ser humano permaneceria na infância intelectual", mas, o que fazer, se até o trabalho tem nos faltado ultimamente?
E foi Platão, o grande filósofo grego, discípulo de Sócrates, quem primeiro se preocupou com o crescimento desordenado das cidades, chegando, naquela época, 2300 anos atrás, a fixar em 5037 o número ideal de habitantes para uma cidade.
E para uma maior reflexão ficam aqui as palavras de Platão no seu livro A República: "Os Grandes homens precisam entrar para a Política, pois, se não o fizerem, os pequenos farão. Em consequência os Grandes serão governados pelos pequenos".