“_Não existem empresas bem sucedidas em uma sociedade falida.”

Bjorn Stigson

  1. 1.      INTRODUÇÃO

 O ritmo do mercado é envolvente, desafiante e assustador. Não há quase nenhum escrúpulo empresarial no “capitalismo concorrencial” vigente, embora este também não seja o monstro selvagem que em outrora fora subjugado como tal. O capitalismo internacional está se transformando, desenvolvendo novas formas de adaptação as também novíssimas sociedades urbanas de consumo que surgem no horizonte desse novo século. Como bem afirma o Professor Lidislau Dowbor o Capitalismo é cosmopolita e socialmente mutante.

 O capitalismo mundial está se reorganizando, e, com isso, há uma concentração fantástica de poder corporativo num plano internacional, o que gera uma ameaça tremenda, porque não há a correspondente capacidade de regulação internacional: não temos um governo mundial (DOWBOR, 2001).

 A visão diacrônica do ambiente espaço-geográfico como sustentáculo da matriz humana da vida global é hoje uma necessidade, sobre tudo, econômica por diferentes motivos. A reorganização do capital empresarial em virtude da escassez de recursos naturais se traduz numa obrigatoriedade da gênese de reprodução deste diante dos obstáculos concorrenciais que se emergem no século XXI. Portanto, são vários os fatores que motivam a adesão ao movimento do Desenvolvimento Sustentável nas empresas, uma nova maneira de enxergar o mundo e de conduzir negócio, também conhecida por Sustentabilidade ou Responsabilidade Social Empresarial. Mas afinal, o que é Responsabilidade Social Empresarial?

Segundo Maria do Carmo Aguiar da Cunha Silveira (Coordenadora do Núcleo de Assessoria Técnica do SESI-CE), responder essa indagação, grosso modo, requer o resgate da trajetória que permeia os vários fatores mundiais que, possivelmente, influenciaram o surgimento da responsabilidade social nas empresas. Podemos destacar, por exemplo, os movimentos em torno dos direitos civis ocorridos na Europa e na França na década de 60; as manifestações contra os efeitos das armas químicas na guerra do Vietnã, que culminaram com o fortalecimento da organização da sociedade civil (igreja, fundações); os efeitos de armamentos, que afetaram o meio ambiente e a população, colocando em risco a sobrevivência da natureza e dos seres humanos. Todos esses fatores provocaram um repensar na postura ética das empresas frente à sociedade e contribuíram para a gênese do que hoje entendemos por está moderna prática empresarial.

 Responsabilidade social corporativa é o comprometimento permanente dos empresários de adotar um comprometimento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, simultaneamente, a qualidade de vida de seus empregados e de seus familiares, da comunidade local e da sociedade como um todo (Maria do Carmo Aguiar da Cunha Silveira Coordenadora do Núcleo de Assessoria Técnica do SESI-CE Fortaleza, fev.2003).

 Essa concepção citada pela referida autora assume a responsabilidade social como expressão de uma postura ética comprometida com o resgate da cidadania, assumindo uma posição de co-responsabilidade, na busca do bem-estar público, em articulação com as políticas sociais (instituto, fundações, organizações, universidades, comunidade etc). Contudo, é necessário enfatizar que esse conceito, na sua essência, está em construção, requer mudanças culturais, em que empresas e parceiros busquem um processo conjunto, sem prejuízo de uns e com resultados de outros. Assim, cadê ainda ressaltar que todas essas sinalizações são provocadoras de análise, para responder o conceito que emerge na sociedade contemporâneo dando conta das profundas desigualdades social de um mundo em transformação.

Para o nível desde específico trabalho discutiremos, em um primeiro momento e, ainda que, de forma crítica e numa perspectiva diacrônica o quanto ações de responsabilidade social contribuem para o desenvolvimento sustentável. Para tanto abordaremos analiticamente os conceitos de Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social. Em um segundo momento, discutiremos três dos diferentes fatores que motivam esta prática cada vez mais imperante do mundo empresarial e seu diferencial no capitalismo concorrencial vigente, ou seja, o que realmente motiva a conveniência da sustentabilidade: Legislação Ambiental aplicada em evidencia e de forma acirrada? A busca coletiva de uma Imagem empresarial positiva diante do mercado consumidor, mídia e componentes da sociedade de forma geral através de campanhas de marketing vinculadas ao tema (a chamada “empresa verde”)? Ou, a própria aceitação do mercado, ou seja, atender a nova demanda de consumidores conscientes (ou “pseudoconscientes”) que não abrem mão de saber as condições em que são concebidos os produtos ou serviços que consomem. Por fim, estudaremos alguns exemplos de desenvolvimento econômico pautada nessa prática empresarial da responsabilidade social contribuindo para o desenvolvimento sustentável.