Reflexões sobre a formação docente- Um estudo de caso

Reflections on teacher education-A case study

 

Daivid Roger Correa

Curso de pedagogia

EAD-CESUMAR-

Centro Universitário de Maringá

da[email protected]

 

Resumo

Este artigo é resultado de uma pesquisa bibliográfica, na forma de revisão crítica de literatura acadêmica, e tem como objetivo trazer reflexões sobre a formação de professores, abordando diferentes autores, partindo brevemente da perspectiva histórica e curricular, bem como procura salientar algumas considerações a respeito da educação a distancia; as reflexões trazidas para análise merecem objeto de atenção uma vez que o mundo está em constante processo de mudança, cabe a educação elaborar novas teorias, que sejam objetos de novas reflexões.

Palavras- chaves: formação de professores, currículo, educação a distancia, problemas educacionais, reflexões.

 

Abstract

This article is the result of a literature in the form of critical review of academic literature, and aims to bring reflections on teacher training, addressing different authors, from the brief historical perspective and curriculum, and seeks to highlight some considerations about of distance education, the reflections brought to deserve analysis object of attention, since the world is undergoing constant change, it is up to develop new educational theories, which are objects of new ideas.

Keywords: teacher training, curriculum, distance education, educational problems, reflections.

 

 

 

 1.      Introdução

 

A formação docente tem sido palco de discussões, em todos os segmentos do cenário educacional, seja na educação inclusiva, educação a distancia, educação profissional, ou até mesmo na formação cidadã; diante dessa perspectiva, políticas públicas de incentivo ao magistério vêm ganhando espaço no cenário educacional, mas embora a formação docente seja uma das metas para melhoria da qualidade da educação brasileira, é bem evidente o fato que o problema é muito maior, pois mesmo que a formação do professor melhore em todos os níveis de ensino, seja ele da educação infantil, até a pós-graduação, sabemos que isto não resolve o problema de vagas em escolas públicas, pois a demanda é maior que a oferta, e muito menos a questão salarial do professor, sem falar nos índices de violência a que muitos profissionais da educação estão expostos no cotidiano, diante desses fatos  deixamos uma indagação: Será mesmo que a formação docente é o principal problema, ou o problema é a má organização da estrutura de ensino em nosso país? Escolas situadas em realidades muito violentas, que muitas vezes, virão ponto de tráfico de drogas,oferecem realmente  suporte para o professor exercer toda a sua formação? Em um país onde a desigualdade social é muito grande, é natural que a educação também seja distribuída de forma desigual.

 2.      Fundamentação teórica

 

“Nos últimos 10 anos, a formação do professor, tem sido debatida em diferentes situações. Os debates sobre a formação dos professores  para os anos inicias do ensino fundamental também estão no contexto da discussão. Fala-se do assunto com muita ênfase, principalmente depois de promulgação da lei 9.394/96  (LDB) que colocava o ano de 2007 como marco da necessidade de formação desse profissional a ser feita em nível superior, pois, segundo o texto original da LDB, a partir deste ano somente serão admitidos professores com formação em nível superior”.(VALLE,2009,p.271)

 

 

Não é o que acontece apesar do esforço dos cursos de pedagogia ao formar professores, ainda existem docentes atuando apenas com formação em nível médio, diante disso percebe-se que a educação passa por vários cenários: cenário de estagnação; transição; e de ruptura.

 

2.1. O cenário de estagnação

 

Este é o cenário típico dos professores que atuam sem incentivo a formação continuada, e sem graduação, apenas com o ensino profissionalizante de nível médio, e não raro, às vezes nem isso, ainda segundo Valle (2008), o docente desse cenário é desestimulado pela perda de reconhecimento profissional, pela falta de condições de trabalho, e pela pouca quantidade de recursos didáticos. Sua formação escolar é precária e faz com que tenha um baixo nível de expectativa em relação ao aluno e use a sala de aula como único espaço de aprendizagem, poderiamos afirmar por analogia que este cenário, seria aquilo que Paulo Freire chamaria de pedagogia do oprimido, pois a formação do professor nesta fase era conseqüência de uma educação opressora.

 

2.2.            O cenário de transição

 

Este cenário tem como sua principal característica, as mudanças decorrentes pela promulgação da LDB, e uma preocupação maior voltada a formação continuada do professor em cursos de graduação e especialização, no entanto, como ela é uma fase intermediaria desse processo histórico na formação docente no Brasil, ela conserva alguns elementos da fase de estagnação e de ruptura  que veremos adiante.

 

“No cenário de transição, a preocupação com a integração entre as diferentes esferas administrativas do sistema educacional já começa a surtir alguns efeitos, com projetos comuns de prefeituras, outros de governo estadual com municípios e tentativa de aproximação das instituições de Ensino Superior com as escolas de Ensino Médio e Fundamental. Em algumas escolas encontramos Projetos Políticos Pedagógicos em execução e relação teoria – prática já faz parte das discussões pedagógicas dos professores, embora a avaliação seja vista como a culminância de um período letivo, e não como parte do processo pedagógico”. (VALLE, 2009, p.274)

 

Esta fase  de transição, valorizava a autonomia do aluno e do professor, ainda comparando com Freire, podemos afirmar que a formação docente nesta época, guarda características daquilo que Freire elucidava como pedagogia da autonomia.

 

 

2.3.            O cenário de ruptura

 

Esta fase na formação de professores, se caracteriza pela ruptura de velhos tabus no ensino tradicional, cursos de educação a distancia começam a fazer parte das propostas de formação docente, segundo Valle (2009), a fase de ruptura revela experiências bem sucedidas em relação a formação docente, a prática de ensino e o estágio curricular são vistos como momentos de pesquisa coletiva que acontecem desde o começo da graduação. Todos os conteúdos são  aplicados por meio de atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Esta fase tem gerado muitas polêmicas e discussões no âmbito educacional, por procurar romper com metodologias ultrapassadas, mecânicas e memorizadas.

 

“A preocupação com a aprendizagem do aluno, tratado como centro do processo pedagógico da escola, a utilização de vários espaços de ensino-aprendizagem fora das salas de aula, o uso de materiais variados, indicam o envolvimento profissional dos professores no cenário de ruptura”. (VALLE, 2009, p.276)

 

A famosa e conhecida pedagogia da libertação, melhor representa este último aspecto da formação docente em nosso país.

 

2.4.     Os desafios da inovação educacional

 

Foi desde o século XIX, que o ensino fundamental tem sido discutido como processo básico para o progresso do  nosso país, como fator determinante para o progresso econômico e social e como ferramenta de preparação para o exercício da cidadania.No século XXI, pode-se afirmar que as finalidades atribuídas ao ensino tornaram-se mais abrangentes. A fantasia em torno do ensino, é claramente esclarecida no prefácio do relatório da Unesco sobre Educação para o século XXI – A Educação: um tesouro a descobrir.

 

“Antes os múltiplos desafios do futuro, a educação surge como um triunfo indispensável á humanidade na sua construção dos ideais de paz, de liberdade e de justiça social, Ao terminar os seus trabalhos, a Comissão faz, pois, questão de afirmar a sua fé no papel essencial da educação no desenvolvimento contínuo, tanto das pessoas como das sociedades. Não como um remédio milagroso, não como um abre-te-sésamo, mas entre outros caminhos e para além deles, como uma via que conduza a um desenvolvimento humano mais harmonioso, mais autentico, de modo a fazer recuara pobreza, a exclusão social, as incompreensões, as opressões, as guerras.” [...]. (DELORS, 1999, p. 11)

 

A formação à cidadania continua sendo um dos objetivos principais do ensino no Brasil tendo como fundamento o conceito de moderna cidadania, isto é, a afirmação dos direitos e deveres em uma visão de igualdade.

 Os desafios  enfrentados para o ensino, alcançam o currículo, constituindo este a matéria-prima do trabalho do professor, a problemática que se coloca para o docente é como enfrentar os desafios da inovação curricular? Entendemos que para o professor encarar os desafios, ele precisa do suporte de sua formação, e procurar acompanhar as mudanças, num processo continuo de atualização.

“Mudança é um processo lento e contínuo, quase inerente a continuidade e à regulação dos sistemas, enquanto a inovação pressupõe uma ação de transformação intencional, consciente e deliberada.” (AMIGUINHO 1992 apud SOUZA et al 2010, p. 160)

 

A inovação atinge a esfera educacional, a cada dia surgem novas pesquisas, novas hipóteses, e são publicados novos textos, portanto, lidar com a inovação faz parte do trabalho do educador, percebemos que um dos principais desafios hoje para o docente é a polêmica da inclusão e da educação a distancia, pois como já foi abordado anteriormente, esses inovações rompem com velhos tabus do antigo cenário de estagnação.

Diante dessa questão como fica a formação do professor para essas duas modalidades de ensino? Como a educação a distancia atua na formação de novos professores? Para respondermos a essas e outras perguntas, precisamos pensar no currículo como formação.

2.5.     O currículo como base de formação

 

Para refletirmos sobre este aspecto do currículo, precisamos  compreender o que é o currículo que nas  palavras de Contreras é:

“[...] uma ferramenta conceitual, que supõe sempre, de forma explícita ou tácita, uma resposta às perguntas: o que ensinar, como e por quê? Falar em currículo pressupõe pensar a educação tendo em vista a questão dos conteúdos”. (CONTRERAS, 2010, p.08)

 

 

Ao se pensar um currículo para os cursos de licenciatura, devemos levar em conta a realidade de nosso país, em questão curricular  qual seria a nossa realidade, sabe-se que a proposta de educação do Brasil foi baseada na reforma espanhola, acontece que a Espanha enquanto país desenvolvido, tem realidades diferentes de um país como o Brasil, que encontra-se em desenvolvimento, o que se aplica lá, nem sempre pode dar certo aqui.

É viável a observação de que um currículo fechado irá formar profissionais de mente fechada, professores que se fecham em sua prática pedagógica e não conseguem enxergar além daquilo que a sua formação pode oferecer, pensando assim, percebemos quão importante é a proposta de um planejamento curricular aberto, Souza e Cruz concordam com Gimeno  nesta questão quando diz:

 

“Três aspectos estão implicados no planejamento curricular: a substantividade e organização dos conteúdos do currículo; a configuração das atividades mais adequadas para atingir as finalidades estabelecidas; as condições de espaço, tempo, dotação de recursos e estrutura organizativa”. (SOUZA, 2010, et al,p.147)

 

 

Fica bem evidente conforme a citação acima, que os conteúdos  a serem abordados no currículo, devem ser organizados em uma sequência lógica de raciocínio, respeitando assim a temporalidade lógica dos conhecimentos, por exemplo, disciplinas como História da Educação, devem preceder o estudo da Filosofia da Educação, pois uma grande parte dos conhecimentos filosóficos são historicamente produzidos, disciplinas como Didática por exemplo, devem preceder as disciplinas de metodologia , pois a teoria da didática orienta a prática metodológica.

 

2.6.     A educação a distancia na formação do professor

 

A educação a distancia é na maioria dos casos uma iniciativa  de muitas universidades particulares, que tem respaldo de base legal na LDB- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional(9.394/96), no entanto ela não é novidade, pois sabe-se que em outros países  ela já existia por meio de cursos realizados por correspondência.

Em relação a formação do professor ela vem cumprindo um papel relevante, pois segundo um artigo publicado no jornal Rede Sul de Notícias:

 

“A educação a distância vem se revelando cada vez mais, como forte aliada na qualificação de docentes. Atualmente, cerca de 30% de futuros professores no país, cursam graduação a distancia, segundo dados do Censo do Ensino Superior 2010. No Centro Universitário de Maringá, por exemplo, dos 20 mil alunos da educação a distância, 23% são do curso de pedagogia”.(Rede Sul de Notícias, 2012)

 

A educação a distancia, pode também ser analisada na perspectiva  da educação inclusiva, pois a democratização do ensino é uma das principais vantagens do sistema.

 A qualidade da formação oferecida  aos futuros professores também é questionada nesta modalidade de ensino, existe inclusive, suposições de que os cursos oferecidos a distancia por instituições particulares, é baixa  qualidade, uma vez que o lucro  é prioridade, no entanto, ainda não existem estudos comprovem isto.

 3.      Conclusão

Em síntese podemos concluir, que as discussões pedagógicas ficam apenas no campo da especulação, da dialética, criando assim uma espécie de filosofia da educação moderna que pouco faz de prático pelo sistema educacional, como diria Karl Marx, o  que os filósofos tem feito, foi apenas interpretar o mundo, quando na verdade  precisamos transformá-lo, podemos deduzir que a formação dos professores, embora seja algo importante, não é prioridade, outros problemas  falam mais altos; a escola pública muitas vezes se torna cara para um aluno de  nível sócio-econômico bem baixo, sem falar em outros problemas de falta de estrutura, pois de que adianta formar um professor de alto nível para trabalhar em escolas em  que muitas vezes  o teto está quase caindo, uma escola que muitas vezes não tem suporte para atender a demanda do ensino, diante disso podemos afirmar, que  a qualidade da formação docente não resolve as falhas do sistema de ensino brasileiro.

 

Referências

SOUZA, Rosa Fátima de;CRUZ, Gisele Thiel Della.Teorias e Práticas Curriculares.Curitiba: IESDE Brasil S.A.,2010.

VALLE, Bertha de Borja Reis do.(Org.);et al. Fundamentos das Classes Iniciais do Ensino Fundamental. 2.ed – Curitiba:IESDE Brasil S.A., 2009.