Reflexões sobre a Educação no Brasil
Embora grande parte da população pense o contrário, a Educação no Brasil é tida como um bom exemplo, por vários países.
Nos encontros promovidos pela UNESCO, a questão da redistribuição de recursos recolhidos pelo governo brasileiro, em forma de impostos, de forma igualitária entre os Estados; chama a atenção das Delegações Estrangeiras.
A autonomia garantida às escolas para gerir suas verbas, também é outra demonstração de maturidade.
Estima-se que ainda há cerca de 72 milhões de crianças fora de escola em todo o mundo, e o principal motivo é que em muitos lugares não há uma legislação que garanta esse acesso, especialmente na África subsariana, no sudeste da Ásia e em alguns países árabes. Entretanto a UNESCO, em seu relatório, elogia o Plano Nacional de Educação aprovado pelo Brasil em 2001. Que fixa para o fim do decênio a presença de todas as crianças com 4 e 5 anos na escola.
Isso tudo porque de fora, talvez seja possível ver com mais clareza, que nossa Educação não é excelente, mas que também não é de má qualidade para todos.
Apesar de o Brasil continuar ocupando as últimas posições de rankings internacionais, os números mesmo vergonhosos são sempre importantes, pois nos indicam onde estamos e aonde deveremos chegar. Porque medir resultados dos alunos, só fará sentido se também forem avaliados os fatores que levam ao aprendizado.
Uma das maiores contribuições para o aprendizado, além do perfil socioeconômico e da alfabetização dos pais, é o clima presente na UE(Unidade Escolar). Quando existe de fato um trabalho de equipe, uma coordenação pedagógica e um corpo de professores comprometidos, tudo funciona.
A educação brasileira avançou muito em alguns aspectos, mas ainda continua bastante desigual se analisada escola a escola. Há muita diferença entre as localizadas num bairro central e as da periferia de uma mesma cidade. E quando analisamos a situação das escolas rurais, indígenas e em áreas quilombolas, o fosso é ainda maior; e sabemos que isso poderá até impedir que o país cumpra as seis metas acordadas no Fórum Mundial de Dakar, em 2000.
Essas metas se parecem com os cinco objetivos definidos pelo movimento "Todos Pela Educação", uma iniciativa da sociedade civil brasileira abraçada pelo Ministério da Educação em 2006, cujas metas visam o ano de 2022, o bicentenário de nossa independência. De forma geral, 164 governos e organizações associados em todo o mundo se comprometem a estender e melhorar a Educação na primeira infância, além de garantir que toda criança tenha acesso ao ensino primário gratuito e de qualidade; que jovens e adultos sejam educados; que esses últimos tenham o nível de alfabetização alavancado em 50%; que as disparidades entre sexo sejam suprimidas nas escolas e que, por fim, a qualidade da Educação melhore nesse prazo.
Em relação à universalização do Ensino Fundamental, Argentina, Cuba, Equador, México, Panamá e Peru já alcançaram plenamente a meta. O Brasil tem alta probabilidade de conseguir isso até 2015, ao lado de Bolívia, Colômbia, El Salvador, Guatemala, Nicarágua e Venezuela. Já no tocante à alfabetização de adultos, o quadro é mais dramático e estamos na categoria dos que correm o risco de não atingir a meta. Até agora apenas Argentina e Cuba conseguiram tal êxito. O mesmo tipo de ameaça aparece no quesito igualdade de sexo nos Ensinos Fundamental e Médio. Somente Bolívia, Chile, Equador, Paraguai e Peru têm meninos e meninas em condições de paridade nas escolas.
Portanto o Brasil ocupa, de forma geral a categoria intermediária dos países que vêm cumprindo os acordos. E o desafio que ainda tem é atingir a paridade entre os sexos e combater o analfabetismo de adultos para entrar em 2015 com a "lição feita"; embora saibamos que o analfabetismo de adultos é a maior dívida social, em qualquer ponto do planeta.
Estima-se que o mundo precisará de 18 milhões de novos professores até 2015 para universalizar o Ensino Fundamental, e o desafio de todos os países é saber "como atrair" essas pessoas para uma carreira que ainda precisa ter um plano de trabalho e de promoções bem definido, como ocorre nas demais áreas.
O professor que está se formando hoje, precisa ter certeza ,de que ao ser contratado, será cobrado; mas que também será reconhecido pelo que faz. Esse último aspecto corresponde a uma das maiores reclamações dos mestres ouvidos na elaboração de um relatório recente da UNESCO.
O professor do futuro não poderá mais ser aquele, que só recebe determinações da coordenação e/ou da direção da escola, mas terá que ser aquele, que também participa da tomada de decisões fazendo a diferença no meio sócio cultural em que ele está inserido.
Afinal, quando os estudos e as pesquisas indicam que a Educação vai mal, ninguém tem dúvida, a resposta é sempre a mesma: "A culpa é sempre do Professor!!!"
Será que é mesmo???????
(Teixeira M. A. R)