Reflexões do livro Alienista de Machado de Assis.

 

 

 Inicialmente buscamos o significado do titulo deste livro no dicionário. Alienista refere-se à alienação mental ou ao seu tratamento, também é definida como o estudo e tratamento dos alienados. Também nos remete a um termo usado pela psiquiatria.

 Este livro nos remete a várias reflexões. Inicialmente começa a contar os fatos de que um estudioso chamado Dr. Bacamarte que viveu no centro europeu, retorna ao Brasil e começa a realizar experimentos para conhecer o ser humano e divulgar conhecimentos científicos na área psicológica. O seu objetivo era discutir e entender a questão do normal e da anormalidade. Entendia que o diferente era considerado como anormalidade.

Considerando-se um exemplo a ser seguido não imagina que pessoas possam ser felizes vivendo como vivem, refletindo sobre conceitos sociais e psicológicos e observando fatos do cotidiano. Nesta perspectiva promove vários conflitos e angustias, promovendo na cidade momentos de instabilidade e insegurança.

Com a autorização do sistema político da época, constrói a Casa Verde e inicia as suas atividades seguindo os preceitos da ciência e considerando um determinado padrão de normalidade, isto fez com que todos os outros que fugiam deste padrão eram considerados anormais e careciam de apoio e estudo.

Buscava nessa cidade pacata o padrão uniforme de movimentos para as pessoas respeitando outra cultura, diante disto ia privando seres de ter a própria identidade, ou de simplesmente serem o que querem e como querem viver. Normalmente ocorria orientação apenas diante do perigo, pois é necessário para que haja o desenvolvimento total do ser humano.

 Parecia em alguns momentos que o Dr. Bacamarte buscava um sujeito a sua semelhança, e que durante muitos estudos e idas e vindas, conseguiu enxergar que ele era apenas mais um nessa multidão, tendo assim seus defeitos, suas loucuras e percebendo que buscava a perfeição tão ilusória, esquecendo-se de que é realmente viver e o sentido dela.

Esta reflexão nos torna tão sensata como qualquer outro assunto ao percebemos que, nós de um jeito ou outro nos alienamos as muitas coisas, nos deixamos por gosto ou para não ser tão diferente dos outros, e nem ao menos percebemos o quanto estamos envolvidos com certos assuntos que acabamos nos apropriando tanto se tornando alienistas ou alienados de um sistema social e político.

Esta ideia pode ser percebida quando assistimos á televisão. Este meio de comunicação favorece a um consumo exagerado. Diante disto temos a certeza de que tipo de alienação que falo do ter isso ou ter aquilo, ser assim e assado, é claro que se ponderarmos isto não será visto como ameaça ao nosso crescimento. Mas será que já sabemos o que queremos, e qual o nosso limite de ponderação. Será que as falsas facilidades em qualquer assunto nos remete a tentação do ter e nos coloca em enrascadas, imaginemos nossas crianças, que por muitos momentos sozinhos neste mundo tem que saber se colocar para serem respeitados, e diante da falta de maturação e experiências destas crianças, como sobreviver e sair ileso sem dar braços a torcer nessa vastidão do ter, como trabalhar ideias, enfatizando o ser.

Diante de uma busca infinita de ser, ter e de mostra um poder muitas pessoas procura sempre exemplos, dos quais muitos estão fora de sua realidade. Com isso as fazem sofrer, provocando até mesmo em algumas situações a perda de sua identidade pessoal, passando a viver como esse seu exemplo, outros são cobrados a terem a identidade que outros escolhem. Como exemplo percebemos em alguns casos pessoas seguem carreiras e fazem as mesmas coisas que os pais fizeram, por serem exigidos a ter esta postura, embora muitos desses exemplos inicialmente são os que nos cercam, são admiráveis exemplos que nos fazem lutar e ir atrás de um ideal que por vezes parece ser impossível, movendo-nos a essa perseguição da vida.

Quantas vezes queremos privar alguém que amamos de passar por uma situação de tristeza, achando que a pessoa não merece, não é não merecer é aprender, o que podemos fazer é tornar - se solidário e estar ao lado, para ouvir, colaborar no que a outra precisa. Apenas falar, você estar ao lado, mas não querer poupar deste sentimento, pois se torna um fortalecimento, aquilo que passamos mesmo a perda tendo alguém do lado já é bem confortante.

Infelizmente muitas vezes criamos seres incapazes de ouvir e entender os outros, por viver em um mundo que idealizamos ser perfeito, privando de coisas que achamos não ser necessário, mero engano, estamos deixando de acreditar nas forças desta pessoa e demonstramos que ela não é um ser capaz de conseguir, chamamos isto também de passar a mão na cabeça, e quando faz algo errado, também tendo medo de chamar a atenção conversar, mostrar onde errou por insegurança deste alguém não te amar mais, por você ter corrigido na hora certa, com certeza jamais esquecera que se lembrou e mostrou que pode ser diferente, que está pessoa vai sim te amar por você ter ajudado a crescer emocionalmente e saber o que é certo e errado.

Passamos por diversas fases na vida da descoberta do prazer da rejeição do bem querer, da tristeza da perda do não lembrar para não ferir, do lembrar para que possamos dar-lhes direção, precisamos disto tudo, pois ao privarmos uma pessoa de conhecer sentimentos que comuns, quando a vida exigir não estará preparado, precisamos conseguir a dominar as feras que existem em nós, controlarmos e muitas vezes também se descontrolar, chorar colocar pra fora sentimentos, respeitar aqueles que aos nossos olhos são diferentes, pois trás dentro de si sua história, seus pensamentos, desejos, alegrias, tristezas, amor, ódio, razão entre outros.

Retornando ao conto de Machado de Assis, o Alienista seria nos dias de hoje pessoas que não se conformam com aqueles que mesmo diante da dificuldade, da fome, da falta de dinheiro, de não ter um carro zero, que esteja pagando as parcelas com muito suor, que sorri que faz seu churrasquinho na laje, que empurra seu carro despedaçado por falta de gasolina, que ama dança e vive apenas se importando de ter saúde, cada um com suas expectativas e felicidades.

E no acreditar que nós estamos sempre certos e que não fizer do jeito que fizermos e mandarmos não vai dar certo, não daremos a oportunidade para este ser humano crescer, perceber o que é bom, mau, a ser forte, autônomo, etc., estamos simplesmente fazendo esta pessoa que não quer ser o que queremos, a se perder em muitos caminhos os levando a conflitos dos quais ao pensarmos estar fazendo o bem sem analisar, sem ouvir, escutar, perceber o outro como pessoa que pensa, quer, e tem seus próprios sonhos, nos tornamos este Alienista que age e pensa ser um modelo ideal, ao querer que pessoas sejam iguais a ele, pois ele acredita que é uma pessoa que é modelo.