Reflexão da ação docente

 Na realização do estágio obrigatorio na faculdafe de Pedagogia percebeu-se que para desenvolver uma ação docente com características emancipatórias e que possibilite a aprendizagem dos alunos há necessidade do conhecimento da realidade da escola, dos alunos e do entorno. Freire afirma que:

 ...como prática de liberdade, a dialogicidade comece, não quando o educador-educando se encontra educando-educadores em uma situação pedagógica, mas antes quando aquele se pergunta em torno do que vai dialogar com estes. (2011, p. 115)

  Antes de começar seu trabalho na sala de aula o professor precisa conhecer seus alunos, buscando através do diálogo subsídios para uma ação docente pertinente com a realidade percebida.

 Partindo dos conhecimentos prévios o professor, através do seu planejamento, buscará atividades pedagógicas coerentes com as necessidades destas crianças. Ele deve estar preparado para o dia-a-dia da sala de aula, apropriado dos conteúdos a serem ensinados e compartilhados com os alunos. O papel do professor é ser um mediador entre o aluno e o objeto de estudo, assim sendo, o professor deve estar atento as linguagens dos alunos, suas formas de entender e “ver” o mundo, sabendo várias formas de explicar e mostrar o conteúdo, pois há diferentes formas do professor entender o aluno, assim como do aluno entender o professor. O educador não deve ser um transmissor de conhecimento, ele deve buscar a troca, o diálogo entre ambos, compartilhando, construindo e reconstruindo conhecimentos. Freire (2011, p.95) afirma esta concepção acreditando que: “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.”

 O professor deve estar em constante pesquisa, seja de sua turma e seus alunos, como nos fatores que interferem na aprendizagem deles, repensando sua prática doscente.

 Como diz Becker:

O educador, na educação problematizadora, refaz e reconstrói constantemente, o seu conhecimento na capacidade de conhecimento de seus educandos; estes passam a investigar criticamente a realidade em diálogo com o educador que, por este mesmo processo dialógico, torna-se também um investigador critico. (in Hoffmann 2010, p. 46).

    Através do diálogo na sala de aula entre aluno e professor ambos tornam-se mais atentos e críticos com a realidade existente, e com um olhar crítico buscam a construção e reconstrução de conhecimentos necessários, esse movimento se faz necessário em função das múltiplas formas que se dá a aprendizagem.

    A aprendizagem segundo Vasconcellos, acontece partindo do conhecimento existente no aluno, do seu interesse e querer, da sua necessidade, aí sim há a possibilidade da construção de novos conhecimentos. Para que o aluno aprenda, ele deve ver o objeto de conhecimento como necessidade, querer aprender, e o professor propiciar o que o aluno precisa.

Ora, se não há motivação, não há matéria prima disponível, portanto, não há como se dar novo conhecimento (pode haver memorização mecânica, mas não construção). (Vasconcellos, 2003, p.29)

    O professor sabendo como o aluno aprende, ele deve estar atento ao processo de aprendizagem. Ainda muitos professores se esquecem de seu papel, que de uma forma bem sintética, Vasconcellos afirma: “é educar através do ensino!” Partindo desta afirmação o professor deve definir pra quem ensinar, o que ensinar, a quem, quando, como, pra quê, etc. Cabe a cada educador desenvolver um processo de ensino adequado as necessidades de seus alunos e a escola, respeitando sua proposta pedagógica. Caracterizando os processos de ensino, basicamente seria a busca pelo desenvolvimento e transformação progressiva do aluno, seu crescimento intelectual e pessoal. A forma como o professor conduz os processos de ensino refletem na concepção da aprendizagem do aluno. Como dito anteriormente, o processo de aprendizagem deve ser coerente com a realidade da turma, por que o que faz com que esta seja satisfatória é a relação do aluno com o objeto de estudo, promovendo aprendizagem, que só é significativa se faz parte do aluno, da sua necessidade e de seu querer. Por isso que desde o inicio do curso de pedagogia se faz necessária a parceria com a escola. O conhecimento da realidade, a pesquisa do entorno faz toda a diferença na hora de planejar as atividades pedagógicas, no diálogo com os alunos na sala de aula, na avaliação de cada momento, etc.

 Na realização do estágio, apesar do pouco tempo, se vai conhecendo os alunos, suas particularidades, o tempo de cada um e se busca respeitar a heterogeneidade da turma. Isso também interfere na forma de avaliá-los, conhecer suas diversidades faz com que avaliamos de acordo com elas, respeitando suas peculiaridades individuais, sua forma de aprender e de demonstrar suas dificuldades. Ao professor a observação e acompanhamento dos alunos são fundamentais para um trabalho de qualidade e que respeite as diferenças dos sujeitos.

 Para o educador que busca sempre melhorar é necessário estar em constante estudo e aprendizado e também refletir sobre sua pratica docente. Esta reflexão deve-se tornar ação, que seria a práxis necessária para o crescimento como profissional. Atualmente, a formação docente é orientada para a pesquisa, para a ação-reflexão-ação, para a autonomia e para a responsabilidade do professor. Essa abordagem- a formação docente voltada para a pesquisa - considera a formação profissional como inerentemente política e sintonizada com o mutável contexto social. Para Nóvoa:

É preciso que os professores assumam a responsabilidade do seu próprio desenvolvimento profissional e que participem como protagonistas, na implementação das políticas. (1997, p. 19)

    Seguindo esta linha de professor pesquisador é fundamental para compreender a realidade, localizar as necessidades, e realizar um plano de ação condizente. Em toda a trajetória como educador se fará a reflexão sobre a prática e ação reflexiva, este é um processo fundamental para aqueles que acreditam na educação e na transformação que ela é capaz de fazer.

“Para quem não perdeu a sensibilidade, este é o ponto de partida: a necessidade de transformação!” (Vasconcellos, 2003, p.28). Partindo da ideia de Vasconcellos todo educador deve ter como meta esta ‘transformação’ em seus alunos, pessoal, intelectual e social, que ele busque cada vez mais mudanças e crescimento em sua vida, na sua comunidade e no entorno em que vive, só assim a educação vai cumprir seu papel de transformar a sociedade.

Referências Bibliográficas

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 50º Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.

HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: Uma prática em construção da pré-escola à universidade. 30º Ed. Porto Alegre: Mediação, 2010.

NÓVOA, Antonio. Formação de professores e profissão docente. IN: NÒVOA, Antonio Os professores e a sua formação docente.Lisboa:D.Quixote,1997.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Para onde vai o professor? Resgate do professor como sujeito de transformação. 11º Ed. São Paulo: Libertad, 2003.

 WWW.escoladossonhosclaudia.blogspot.com.br/2009/07/oprocesodeensinonaescola.ht O Processo de Ensino na Escola. Pesquisa realizada dia 07/09/14.

 WWW.aprendizagemdopensar.blogspot.com.br/2011/08/libaneo4capoprocessodeensino Aprendizagem do Pensar. Pesquisa realizada dia 07/09/14.