Nada é mais incompreensível do que os movimentos da sociedade em suas respectivas paixões, sejam políticas, eclesiásticas ou afetivas. Assim sendo, que o espírito que permeou as ações de aproximação e bondade entre os humanos no período pascal possa nos levar, políticos, dirigentes e sociedade, a reflexão do quanto tem feito mal ao nosso País embates midiáticos referentes à condução da Comissão de Direitos Humanos na Câmara Federal.

Isso aponta à plena conclusão da possível, urgente e necessária mobilização social em defesa de um Estado verdadeiramente laico e republicano, sem lado, sem paixões, mas, que respeite a todos os seus cidadãos. 
Um Estado no qual seus representantes tenham legitimidade e condições para dialogar respeitando todas as forças sociais, mesmo aquelas que contrariam a vontade segmentada de um determinado representante ou grupo por ele representado.

Lamentavelmente assistimos o descaminho de uma comissão estratégica para a consolidação das conquistas possibilitadoras de equidade entre os diferentes, por motivos diversos, porém dirigidos por uma mesma Constituição Federal.
A intervenção teológico-política na comissão de direitos humanos na Câmara dos Deputados Federais em Brasília, só pode servir para seus fins privados de dominação, prejudicando a laicidade do Estado;  fruto maior das históricas batalhas, por vezes, sangrentas entre diferentes correntes de interpretação social, compondo uma desigualdade entre classes minoritárias e outras dominantes.

A proclamação da Constituição Federal (1988), trazendo a cerne declaração que todos são iguais, traduzindo, todos merecem respeito.  Nesse particular, os limites do querer teológico e do dever político por si são marcados com tanta clareza e exatidão, que a vista mais ordinária não pode deixar de distinguir se alguma postura parlamentar pertence a uma ou a outra.

Portanto para assegurarmos imparcialidade nas questões polêmicas, principalmente àquelas ligadas as minorias sociais, precisamos estabelecer distinções e limites não hierarquizados de valores, o que nos leva a pôr essa discussão no mundo racional das virtudes, não das idéias, a mediação desapaixonada de quem milita em um ou outro segmento, encontrando assim o meio termo para o sucesso relevante, esperado da referida comissão, no firme propósito da igualdade e respeito entre todos os entes sociais.