O segundo capítulo do livro, Identidade e Diferença: A perspectiva dos Estudos Culturais, do autor Tomaz Tadeu da Silva, permite fazermos uma reflexão de que como o individuo constrói sua identidade ao longo de sua vida, através de elementos culturais adquiridos por meio da herança cultural, assim a identidade atribui diferenças entre os seres humanos, pois ela se evidencia a partir da consciência da diferença e do contraste do outro.

De acordo com a leitura do texto, surgiu uma indagação: Como a Identidade e a Diferença são produzidas socialmente?

Nota-se que a questão da diferença e da identidade não podem ser restringidas ao ponto de respeito e tolerância para com a diversidade, pois são construídas culturalmente e socialmente e por isso devem ser discutidas e problematizadas.

Diante disto é possível observar que a sociedade esta impregnada de conceitos e quer impor um modelo de identidade a todos, onde a identidade dos sujeitos deve ser igualitária de acordo com a cultura produzida no seu tempo histórico. Tendo os sujeitos que agir e pensar igual ao que foi socialmente estabelecido. Não podendo refletir pessoalmente, pois corre o risco de ser excluído do meio social, por ser diferente dos demais. Por à sociedade considerar que tudo aquilo que não é idêntico ao estabelecido passa a ser discriminado e não-reconhecido.

A identidade não é estável, individual, mas constrói-se ao longo de um processo de discursos, práticas e costumes sociais, passando por mudanças e transformações ao longo do tempo, então por conta de uma sociedade globalizada e em constantes transformações não há mais uma identidade fixa, imutável e única, os seres humanos se diferenciam a todo instante.

Para saber a identidade de um sujeito é preciso inseri-lo dentro de práticas e concepções em diferentes momentos sociais, permitindo a ele se identificar com seus valores e costumes. A diferença passa a existir no meio social a partir do momento em que passa a existir o outro e seus caracteres por definir as diferentes características que me identifico

Assim, podemos perceber a função política exercida pela escola, pois ao reproduzir e valorizar uma identidade única acaba por estimular a discriminação ou a segregação promovendo assim a exclusão do diferente, ou seja, dos sujeitos que não obedecem, não correspondem ou não se comportam conforme sua natureza.

Talvez se nós autorizásse-nos e passássemos então a conhecer a nós mesmos, a sentir o que somos e o que o nosso corpo diz, pudéssemos reconhecer o outro, assim como a nós, na complexidade que nos constitui enquanto sujeito de relações, reflexões, sentimentos, necessidades e de profundas e inúmeras possibilidades.

Por isso a necessidade de uma educação que seja voltada para a diversidade, possibilitando a todos os estudantes uma educação multicultural, onde todos possam ser reconhecidos pelo que realmente representam, como um ser de relações e de características distintas, em meio à sociedade.

 

SILVA, Tomaz Tadeu. A produção social da identidade e da diferença. In: SILVA, Tomaz Tadeu (org. e trad.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000. p. 73-102