“Princípios fundamentais:

II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. 

“Art. 1º. – São deveres fundamentais dos psicólogos:

c) Prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho dignas e apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios, conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na ética e na legislação profissional”;

Como já disse anteriormente, não sou psicóloga, mas advogada. Em que pese não atuar diretamente na área, sei que os psicólogos enfrentam as mesmas dificuldades que eu, no tocante às condições básicas de estrutura física, técnica e instrumental para uma atuação digna e eficaz, em prol dos que mais precisam.

Infelizmente, fazemos parte de uma sociedade em que somos acostumados a conviver com a escassez de recursos básicos. Como promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas, eliminando negligência e discriminação, crueldade e opressão, quando a prática é a da extirpação das camadas menos favorecidas economicamente?

A impressão que fica é que aqueles que “podem”, a tudo terão acesso. Pobres daqueles que, por falta de sorte, vierem sem um tostão no bolso do pai ou na bolsa da mãe; estão fadados a passar seus anos implorando pela atenção dos gerentes de um Estado que, a cada dia, demonstram que sua prioridade é encher os próprios cofres (os deles; não os do povo).

Por mais que psicólogos, médicos, advogados, e tantos outros profissionais, que tenham boa vontade, se esforcem, sempre se deparam com a falta de recursos e interesse governamental para praticar os direitos que, não só estão presentes no Código de Ética dos profissionais da Psicologia, mas na própria Constituição Federal.

Como praticar o dever de prestar serviços de qualidade em condições dignas e apropriadas, se aqueles que são sujeitos passivos nessa relação, muitas vezes, não sabem como chegar a nós e, se vamos a eles, poucos têm a ofertar, vez que residem em locais tão esquecidos e à míngua? Vez que, por não acreditarem nas políticas públicas, mesmo que vejam os nossos serviços serem oferecidos de forma gratuita, compreensivelmente, desconfiam das nossas verdadeiras intenções? A fé no outro está sendo dizimada. Resta-nos, apenas, assistir a este show de horrores.

O problema de, no Brasil, ser um profissional de qualidade está, antes de tudo, na falta de interesse do governo de, com as incontáveis verbas recebidas, praticar os deveres que lhes são conferidos. Se a realidade fosse outra, todos os profissionais seriam mais valorizados e, consequentemente, satisfeitos; mas, principalmente, teríamos uma sociedade mais justa e igualitária.

Boa vontade, da nossa parte, profissionais, não falta. Faltam, sim, condições mínimas para praticar o que estudamos na graduação, nos cursos de extensão e, principalmente, as ordens que gritam as nossas consciências.

É bem mais do que um conjunto de regras a serem seguidas, recheadas de verdades que devem (deveriam) ser colocadas em prática. A ética profissional é uma necessidade daquele que exercita a sua profissão, mas, principalmente, que deseja fazer jus à raça a que pertence: a humana!

                                                             Lavínia Lins. 

Fonte de pesquisa:

http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/Co%CC%81digo-de-%C3%89tica.pdf