Referências Bibliográficas: VESENTINI, J.W. Repensando a geografia escolar para o século XXI.O Ensino da Geografia na Escola do Século XXI. São Paulo, Plêiade, 2009

No Início deste capítulo o autor coloca o ensino de geografia em um paradoxo, a geografia pode-se tornar uma disciplina enfadonha e sem utilidade, ou a mesma pode ter uma relevância na educação básica, mesmo com todas as transformações que o mundo vem passando, como revoluções tecnológicas oriundas do processo de globalização. A geografia enquanto disciplina passou por crise após a Segunda Guerra Mundial, chegando a ter sido retirada dos currículos escolares em alguns países como os Estados Unidos, incluída nos conteúdos de história e sociologia, na ditatura militar a geografia se fundiu com a história, deste modo chegando até diminuir sua carga horária, em função de um projeto de governo que contemplava o ensino técnico e as ciências exatas, mas, a partir da terceira revolução industrial e a intensidade da globalização, o panorama contrário ao ensino mudou, nos Estados Unidos dividiram esta disciplina das chamadas ciências humanas, deixando- a independente e com autonomia epistemológica, assim, aumentando a sua carga horária semanal na educação básica. Um dos fatores explicativos para ressurgimento da geografia enquanto ensino, fora as reformas de países desenvolvidos como Alemanha, Japão e Coreia, que tinham uma proposta universalista de educação, este modelo trouxe impulso para o desenvolvimento econômico destes países.

Algumas campanhas iniciadas nas décadas de 1960 e intensificadas em 1990 nos Estados Unidos foram determinantes para o fortalecimento desta disciplina em sala de aula, uma delas foi o combate ao “ analfabetismo geográfico”, que foi idealizada pelo Governo daquele país e realizada nas escolas e universidades. Outro elemento fundamental para o a ressurgimento da geografia foram as diversas organizações de geógrafos como Associação Americana de Geógrafos, que realizaram um papel ativo e constante na consolidação desta disciplina enquanto ciência e importância escolar. Paradoxalmente na França a geografia escolar no mesmo período, se fragmenta, por meio de um projeto político –pedagógico que a insere em outras ciências, o Vesentini chama de novas disciplinas escolares que tomaram o lugar na geografia, diferentemente como nos Estados Unidos, na França as associações de geógrafos são rivais, politicamente e epistemologicamente, a consequência e a fragmentação desta disciplina no país, alimentando a discussão entre geografia humana e física. O esforço político de profissionais da astronomia, economia e geologia, onde o mercado era cada vez mais restrito motivou em grande medida a diminuição da carga horaria da geografia nas escolas da França, enquanto que nos Estados Unidos houve uma reformulação nos Parâmetros Curriculares da Geografia escolar, inserindo fundamentalmente os conteúdos como geopolítica, relações internacionais, demografia, questões ambientais, globalização, entre outros.

A questão ambiental está no bojo do processo de valorização da geografia escolar em qualquer parte do planeta, pois trabalha muito bem a relação sociedade- natureza, para tanto foi pioneira a abordar questões climáticas, efeito- estufa, relevo dos países, etc..... Procurou-se trabalhar nas escolas temas mais atuais, dando um dinamismo para esta ciência em sala de aula. A crise ambiental se torna debate constante na mídia e nos governos dos países, a partir de 1960 e em 1972 com conferência de Estocolmo, esses conteúdos ganham força e acaba sendo assimilado nas escolas em várias partes do mundo, dando valorização para esta disciplina.

A questão ambiental no mundo perde espaço, com os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, que nos próximos 8 anos a grande preocupação dos governos no mundo era o combate ao terrorismo internacional.  

A geografia que se propõe para o século XXI é baseada em outros pressupostos, diferente dos tradicionais, onde a memorização tem grande penetração, a proposta fundamental para a geografia na escola do novo século, seria uma disciplina analítica e crítica, mas, não com pretensão de revolucionaria, e nem de separar geografia física de humana, onde o aluno através da reflexão possa compreender muito bem o processo de globalização, associando a escala local.

O autor procura elucidar a construção ideológica acerca da irrelevância do livro didático, que fora construída na academia, por meio de teses e trabalhos científicos, mas, que ao mesmo tempo mesmo com todas as ressalvas do livro didático, o mesmo é essencial para as aulas na educação básica, cabe um esforço muito grande do professor em ir além do livro e buscar outras alternativas no processo de ensino e aprendizagem, e a utilização do material é imprescindível em países desenvolvidos.