Referência: BACCI, Denise de La Corte; PATACA, Ermelinda Moutinho. Educação para a água. Estudos Avançados 22 (63), 2008

Carlos Allan Madureira Cruz (UEPA)- [email protected]

O texto ressalta a importância da água na atualidade, em suas múltiplas dimensões como:  a manutenção da vida no planeta, a sobrevivência dos seres vivos; a água é formada por dois elementos químicos o hidrogênio e oxigênio, onde a existência do planeta está atrelado a presença da água, a mesma fora transformada em recurso hídrico, que em muitos locais do mundo pode acabar ou diminuir, com o uso indiscriminado pela humanidade, como já acontece em muitos países da África e Ásia, por se tratar de um recurso esgotável. Soma-se a isto a contaminação dos lençóis freáticos, rios, lagos, mares e corpos de água em geral, o aumento exponencial da população mundial é um determinante no entendimento da crise hídrica no mundo, pois a distribuição dos mananciais de água ao redor do mundo é de forma desigual e desproporcional.

Grande parte dos conflitos hídricos no mundo estão associados na relação demanda-oferta, em países do oriente médio existem uma demanda muito grande, para uma baixa oferta de água potável, onde grande parte das reservas de água no mundo estão nos oceanos e mares, água salgada que não é própria para consumo, resultando em muitos conflitos, a exemplo de Israel pelas colinas de Golã.

Neste sentido as autoras propõe discutir a educação para a água nos aspectos espacial e temporal; a crise de água no mundo é reflexo também de uma quebra de disciplina da humanidade ao longo da história de gerenciamento e preservação deste bem natural, essa crise começa na passagem do feudalismo para o capitalismo. O advento de uma técnica mais avançada na idade moderna, permitiu na pós-modernidade o aumento do consumo da água na indústria e na agricultura, quando sabe-se que grande parte da água consumida no mundo é por esses dois setores, o longo processo histórico levou a separação entre o homem e a natureza, de modo que apesar de toda tecnologia, a sociedade não avançou proporcionalmente no que tange a educação para o uso racional da água.

Nesta perspectiva de fragmentação é que possível conjecturar a ideia de a educação ambiental está associada a uma questão cultural, não basta ter o conhecimento e a tecnologia, é extremamente necessário uma cultura de preservação de usos dos corpos de água, fato este que deveria ser exercitado ao longo do processo histórico da humanidade, para tal compressão o conhecimento, ainda que superficial da geociência, em particular a geologia, que visa trabalhar tecnicamente o meio ambiente de forma integrada, mas, ao mesmo aprofundada, deveria ter maior destaque na educação básica.

Desta forma, a temática da água no planeta poderia ser melhor trabalhado tanto na educação formal, bem como na informal do ponto de vista ético e moral; em algumas instituições observa-se trabalhos mais relevantes com a finalidade criar no aluno uma consciência ambiental, baseado em estímulos de competências e habilidades e um dos projetos citados é o da bacia hidrográfica do Ribeirão Anhumas, que visa fomentar ações no plano individual para o coletivo.

A temática da água deve ser trabalhada em sala de aula de forma contextualizada, tendo como ponto de partida o estudo de bacias hidrográficas, partindo do local para o global, explicando e aplicando os conceitos, mudanças antrópicas, disponibilidade hídrica, ciclo hidrológico e fundamentalmente sobre os órgãos reguladores da água como a Política nacional de Recursos hídricos (Lei n° 9433/97).

As autoras citam algumas experiências positivas de educação ambiental de outros autores como a Pontuschka e o projeto de educação ambiental: Educando nas águas do Pirajuçara, que consiste em um curso promovido pelo grupo TEIA-USP que visa unir teoria e pratica no entendimento desta bacia hidrográfica nas dimensões física, histórica, social, econômica e ambiental e que por sua vez, objetiva promover projetos e ações de educação ambiental nas escolas da região, utilizando-se de redes virtuais como fonte multiplicadora, o curso visa também promover horizontalidades entre escola e sociedade civil organizada.

Ações como esta são importantes na busca de uma consciência ambiental na qual a humanidade ao longo do processo histórico se perdeu em detrimento do que Morin (2003,2004) classifica de separação do conhecimento, por isso é fundamental pensar o conhecimento de forma integrada, na busca pela preservação da água e da sobrevivência do homem no planeta.