ASPALAVRAS DAS IMAGENS 14

REDONDILHAS E OUTROS POEMAS

 (Reunião de mais poemas que ilustraram algumas das minhas fotografias, em particular sobre os sítios, publicadas no facebook, durante os últimos meses)

 (A) penas...

Ah! como a medicina caminha!
À doença nua e pura
Que a ciência diz sozinha
Enfrenta-a, e com bravura!

Quando é o ser que sucumbe,
À doença farta e dura
Ou faz de conta e confunde
Ou nada porque não cura!

Breve de S- Pedro de Vir a Corça:

 Podia o sino,
se ainda lá estivesse,
não digo dar as horas -
p´ra que servem elas? -
mas tanger às vezes
que o silêncio dura

tão duro!

Oh se os meus sentidos,
sem ruído assim,
soubessem ser vigília:
armassem sentinelas!

Subir aquele monte…

Subir aquele monte,
oh Deus!
não é cansado, 
que esteja.

Ao jugo:
"Alto! Calvário?"

a força cresce
e sobeja!

 Exemplos

Tantos conselhos ouviu!
Tempo longo
p´ra ser cauto.
Oh!
velho e sapiente?

Um jovem, porém, chegou.
Sabia mais. Mais prudente.
Vinham-lhe aos lábios exemplos.
Exemplos vistos…
… exemplos.

Meta da volta a Portugal frente à estátua de Amato Lusitano

Meta do giro bípede
Que em Portugal anda em volta:

A estátua 
do meu Amato
lembra ali,
que o giro, enfim,
mais fecundo
e com saber,
dá volta,
vai pelo Mundo.
Tem outra força
e solta.

Vista de Castelo Novo

 Oh como o ninho

agora se acomoda!
Os campos ao longe
já turgem plenos de águas.
Ficam-lhe as rochas 
chegadas com seu musgo
verdinho.. sedoso...

Acaso temem fráguas?

 Muralhas de Castelo Branco

 Velhas, se calha, 

as muralhas
adornam-se
lembrando assaltos
batidos.
Ou foram mesmo batalhas?
Dos dois lados houve saltos.

Vejam porém mais afrontas:
ataques tão fementidos
que as adargas mesmo prontas
nem valem... 
tais os bandidos!

 À vista da Igreja dos Mártires e da casa onde nasceu Pessoa

‘Ó sino da minha aldeia’
choroso, sim!
Não vi já o Pessoa
que te sentiu de voz cheia.
E oh! se a razão era boa!
Tocaste a alma.

Em mim,

chora, oh! da tua ameia!

Vês mar agreste e canoa
um salteador, terra alheia,
e um rumo que detesto…
à toa.

Vida que passa…

Ah o relógio da clepsidra!

Seu tempo não tem segundo
Tal como a vida que passa!
Atesta de um lado a medida
Que sobe e estreita do fundo,
Enquanto do outro se gasta.


Está cheia quando esvaída.

Vista de Castelo Novo, com as nuvens baixas

O silêncio é oiro sem medida?

Depois do vento,
os frágeis limbos maduros
ficarão caídos
a amaciar meus passos.

Além terei linimento.

Além, Lourenço!

E os rogos
p’lo alto
serão ouvidos
com fala
ou em silêncio?

As rosas do Natal

cercaste, firme, este frio
e a míngua que ultraja a nudez;
abriste as pétalas sedosas
p’ro Menino
cuidaste a vez

com cores as mais vistosas
- amarelas quentes… vermelhas -
teces o manto mais puro;

oh! Mãe,
cobre o Menino com elas;

floriram com tanto frio
na Noite Santa, desnuda,
para aos homens darem o exemplo
que é sempre tempo de ajuda!

Portugal

O Portugal

que espera
venturas
e outro mundo -
as ditas, como outrora, “presentes” ou promessas,
e o dito, a sério – 
pode,
sentido ou iracundo,
confiar do além
a graça das remessas.

 António Lourenço Marques