RECUPERAÇÃO DE ADOLESCENTES DEPENDENTES QUÍMICOS: UMA PROPOSTA NA CIDADE DE ITUMBIARA – GOIÁS

 

 

Amanda da Silva Evangelista

Anália Franco P. Simões Andrade

Clésio de Paula Júnior

Elizângela Marques Lacerda

Gabriela Boel Parreira

Josilene Maria Tobias¹

Uélem Camargo Passos²

 

RESUMO

 

Este artigo discute a importância de uma Clínica de desintoxicação para adolescentes dependentes químicos cidade de Itumbiara-GO. Apresenta como metodologia a pesquisa qualitativa, aplicamos um questionário com vinte perguntas a oito profissionais, sendo três da educação, dois da saúde, um do judiciário e dois da administração. Todos os entrevistados são do âmbito público. A partir de então, notou-se que os entrevistados concordam e aprovam a construção e manutenção de um local especializado para a recuperação de dependentes químicos e que existe nesta cidade demanda para tal. Acreditam na importância do trabalho do psicólogo neste processo, não apenas junto ao adolescente dependente, mas também, auxiliando os familiares deste. Assim, justifica-se a importância e o papel desse profissional dentro do processo de desintoxicação química.

 

Palavras-chave: adolescência, droga, dependência, tratamento, desintoxicação, família, psicólogo, política pública.

 

 

1. Introdução

 

A dependência química é uma doença cerebral onde os contextos sociais em que se desenvolveu e se manifestou têm importância crítica. Um dos elementos sociais envolvidos é a exposição a estímulos condicionantes, ou seja, na vontade de consumir drogas e mesmo nas recaídas, quando expostos ao ambiente favorável. Segundo Tiba (1998) desde os tempos mais remotos o ser humano se drogou e não existem evidências de que deixará de acontecer. O consumo de diferentes substâncias psicoativas no lazer ou em rituais e festas, com papel agregador de comunidades, são comuns a todas as culturas, e o uso social e religioso de drogas prazerosas, capazes de modificar o humor, as percepções e sensações, tem sido uma constante ao longo da história humana.

As drogas estão presentes em qualquer época da vida de uma pessoa. No entanto, na adolescência, período marcado por mudanças e curiosidades sobre um mundo que existe além da família, representa um momento especial no qual a droga exerce forte atrativo.

E com a preocupação da grande demanda de usuários de drogas na cidade de Itumbiara-GO, também considerando que neste ano o Projeto Interdisciplinar do Iles-Ulbra do Curso de Psicologia tem como tema principal Políticas Públicas. E ainda mais sabendo que a elaboração do mesmo deve integrar as demais disciplinas por meio de um tema debatido socialmente como, em nosso caso, as drogas, o que segundo Fazenda (1999) não se ensina, nem se aprende: vive-se, exerce-se. O que caracteriza a atitude interdisciplinar é a ousadia da busca, da pesquisa: é a transformação da insegurança no exercício de pensar e de construir. Essa insegurança pode se diluir na troca, no dialogo e no aceitar o pensar do outro. Exige a passagem da subjetividade para a intersubjetividade. Neste sentido, a prática interdisciplinar, implica na vivência do espírito de parceria, de integração entre teoria e prática, conteúdo e realidade, objetividade e subjetividade, ensino e avaliação, professor e aluno, reflexão e ação, etc.

Refletindo e questionando sobre a questão referida, decidimos que iríamos pesquisar se haveria um tratamento adequado de desintoxicação aos adolescentes dependentes químicos nesta cidade. Apesar de ser considerado importante verificou-se, que em Itumbiara existe uma casa, conhecida como a Casa do Caminho, que é integrada ao CAPS/CISME, porém atende adultos dependentes químicos e para os adolescentes há um Programa que abriga jovens infratores.

Porém, O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) caracteriza-se por ser um serviço de Atenção diária, que se propõe como alternativa ao hospital psiquiátrico e tem como principal objetivo promover a reabilitação psicossocial de seus usuários (FIGUEIREDO; RODRIGUES, 2004, p. 174 apud OPAS/OMS, 1990, p. 5).

Então neste caso, o CAPS/CISME na cidade de Itumbiara, além do atendimento psicossocial, também recebe dependentes químicos, mas adultos e não adolescentes, o foco principal de nosso trabalho. E para os adolescentes dependentes químicos há somente grupos de apoio como o Amor Exigente, mas não há internação para os mesmos o que muitas vezes, é mascarado pela família, problema este que tende a piorar na fase adulta. Sendo assim, pensamos em uma proposta de trazer aos adolescentes oportunidades de recuperação e respeito de si próprios em busca de soluções para seus problemas e onde possam ter de volta sua dignidade, sua felicidade e daqueles que o cercam. Assim, em comum acordo, sugerimos a possibilidade de implantação de uma clínica de desintoxicação para adolescentes dependentes químicos.

Vários fatores contribuem para problemas relacionados a tal assunto, todavia, o presente artigo foca-se no tema: Recuperação de adolescentes dependentes químicos: Uma Proposta em Itumbiara-GO. Que tange na principal questão: Itumbiara não conta com um local adequado e específico para que seus adolescentes dependentes químicos possam ser tratados.

Objetivo Geral: Propor a implantação de uma clínica para tratamento de desintoxicação aos adolescentes dependentes químicos em Itumbiara, assim como a contratação de profissionais de saúde qualificados, como: psicólogos, clínicos, psiquiatras, assistente social, fisioterapeuta, educador físico entre outros, formando uma equipe. Auxiliando não apenas aos adolescentes, como também aos seus familiares. E ainda possui como objetivos específicos:

- Descrever as características físico-estruturais desse espaço bem como a metodologia de tratamento;

- Identificar profissionais multidisciplinares para atuarem no projeto;

- Destacar o papel do profissional psicólogo neste projeto;

- Mostrar a importância do Projeto de Política Pública para a cidade de Itumbiara-GO.

Este projeto propõe a criação de um espaço para tratar jovens adolescentes dependentes químicos, análogo ao que existe para tratamento de dependentes químicos adultos. Propõe-se um espaço com possibilidade de internação, com medicação ou não conforme o caso. O local teria sala de estudos, sala de computadores, videoteca, quadra poli-esportiva, horta, refeitório e ambulatório. A participação da família em algumas atividades é fundamental, bem como o acompanhamento por equipes multidisciplinares como o psicólogo. É proposto também que haja cursos para estes adolescentes recuperados para que possam ser inseridos no mercado de trabalho de Itumbiara e região.

O Estado deve estimular garantir e promover ações para que a sociedade (incluindo os usuários dependentes, familiares e populações específicas), possa assumir com responsabilidade ética, o tratamento, a recuperação e a reinserção social, apoiada técnica e financeiramente, de forma descentralizada, pelos órgãos governamentais, nos níveis municipal, estadual e federal, pelas organizações não-governamentais e entidades privadas.

O acesso às diferentes modalidades de tratamento e recuperação, reinserção social e ocupacional deve ser identificado, qualificado e garantido como um processo contínuo de esforços disponibilizados, de forma permanente, para os usuários, dependentes e seus familiares, com investimento técnico e financeiro.

As ações de tratamento, recuperação, reinserção social e ocupacional devem ser vinculadas a pesquisas científicas, avaliando-as e incentivando-as e multiplicando aquelas que tenham obtido resultados mais efetivos, com garantia de alocação de recursos técnicos e financeiros, para a realização dessas práticas e pesquisas promovendo o aperfeiçoamento das demais.

Na etapa da recuperação, deve-se destacar e promover ações de reinserção familiar, social e ocupacional em razão de sua constituição como instrumento capaz de romper o ciclo consumo/tratamento, para grande parte dos envolvidos, por meio de parcerias e convênios com órgãos governamentais e organizações não-governamentais, assegurando a distribuição descentralizada de recursos técnicos e financeiros.

No Orçamento Geral da União devem ser previstas dotações orçamentárias, em todos os ministérios responsáveis pelas ações da Política Nacional sobre Drogas, que serão distribuídas de forma descentralizada, com base em avaliação das necessidades específicas para a área de tratamento, recuperação, redução de danos, reinserção social e ocupacional, estimulando o controle social e a responsabilidade compartilhada entre governo e sociedade.

A capacitação continuada, avaliada e atualizada de todos os setores governamentais e não-governamentais envolvidos com tratamento, recuperação, redução de danos, reinserção social e ocupacional dos usuários dependentes e seus familiares deve ser garantida, inclusive com recursos financeiros, para multiplicar os conhecimentos na área. (www.senad.gov.br).

Neste processo, a sociedade passa a desempenhar um papel fundamental, principalmente para os grupos mais pobres da população que terão condições de acesso ao tratamento por meio de serviços públicos ofertados pelo Estado no papel de compensador das desigualdades sociais.

Nossa sugestão é baseada em um modelo utilizado nos EUA que recuperou em média 70% dos internos na Clínica Chestnut, em Illinois A técnica americana incorpora a participação da família no tratamento, além das demais atividades oferecidas. Nesse modelo poderão ser admitidos adolescentes infratores dependentes químicos que desejem sua desintoxicação, como também os jovens encaminhados pelas secretarias de Saúde e Educação dos municípios (Jornal O Globo, SP, 27/01/2009).

 

2. Adolescência

Adolescência é a fase do desenvolvimento humano que marca a transição entre a infância e a idade adulta. Com isso essa fase caracteriza-se por alterações em diversos níveis - físico, mental e social - e representa para o indivíduo um processo de distanciamento de formas de comportamento e privilégios típicos da infância e de aquisição de características e competências que o capacitem a assumir os deveres e papéis sociais do adulto.

A maioria de nós utiliza a palavra adolescência como se o termo se aplicasse a um conjunto bastante preciso de anos, tal como os anos que vão dos 12 aos 20, ou o período que se inicia no começo da escola de segundo grau. Na realidade, a faixa etária relevante é imprecisa quanto a seus limites. Se desejarmos incluir os processos físicos da puberdade nesses anos de adolescência, precisamos, então, pensar na faixa etária como tendo seu início antes dos 12 anos, em especial no caso no caso das meninas, algumas das quais começam a puberdade aos 8 ou 9 anos. E na outra extremidade, não está claro que seja adequado referir-se a um jovem de 18 anos que tenha um trabalho e uma pessoa e uma esposa e filho como adolescente.

Faz mais sentido pensarmos a adolescência como o período que se situa, psicológica e culturalmente, entre a meninice e a vida adulta, ao invés de uma faixa etária específica. Trata-se do período de transição em que a criança se modifica física, mental e emocionalmente, tornando-se um adulto. O momento dessa transição difere entre as sociedades e entre os indivíduos em uma cultura. Entretanto, todas as crianças precisam passar por esse período de transição de modo a atingir o estado adulto. Em nossa cultura, esse estágio costuma ser um tanto prolongado, durando dos 12 aos 18 anos, até mesmo mais no caso dos que vão à universidade, vindo, assim, a postergar alguns aspectos do estado total de adultos.

Pelo fato de serem tão surpreendentes as mudanças físicas e emocionais que são parte dessa transição, o período da adolescência adquiriu uma reputação de ser cheio de “tempestade e estresse”. Trata-se de uma descrição que exagera bastante o grau de turbulência emocional que a maioria dos adolescentes vivencia. No entanto, a importância do processo é difícil de ser exagerada, iniciando-se pelas notáveis mudanças físicas da puberdade. (BEE, 1997, p. 318).

E neste período da vida, em que tudo é novidade, os adolescentes acabam acreditando que nada poderá atingi-los, que podem tudo e quaisquer coisas, que não serão prejudicados. E assim tão seguros de si, ficam dependentes de aceitação em grupos sociais.

 

 

2.1. Drogas

 

O termo droga tem origem na palavra droga, proveniente do holandês antigo e cujo significado é folha seca. Esta denominação é devido ao fato de antigamente, quase todos os medicamentos usarem vegetais em sua composição. (www.senad.gov.br).

O uso de drogas é um fenômeno sociocultural complexo, o que significa dizer que sua presença em nossa sociedade não é simples e coloca importantes desafios. Não só existem vários tipos de drogas, como também são vários os efeitos por elas produzidos. Assim, seu uso e abuso devem ser compreendidos levando-se em conta o contexto em que a droga é usada, o momento da vida do individuo que a consome e qual a relação que esse usuário estabelece com a substância (SEIDL et al, 2008).

 

 

2.3. Droga e adolescência

A fase da adolescência, além de fazer parte de uma construção histórica e de uma produção cultural, também expressa às formas singulares de como cada pessoa é, vive e sente a transição da infância para a vida adulta. São próprias dessa fase a busca de identidade e curiosidade, que incluem a realização de múltiplas experiências. As ações para alcançar esses objetivos não têm, em geral, a intenção de adotar um comportamento, mas de viver uma situação para conhecer, sentir e integrar-se. E isso também ocorre com o consumo de substâncias psicotrópicas. Um jovem não se torna “usuário” de uma de alguma droga de uma hora para outra. Existe o momento de experimentação, que pode ou não dar origem ao uso sistemático (SEIDL et al, 2008).

Em seus estudos Pires (2007) relacionou algumas razões pelas quais os jovens experimentaram drogas pela primeira vez, baseando-se em uma pesquisa realizada na USP com um grupo de pacientes em fase de recuperação sendo 42% curiosidade; 20% influência de amigos; 18 % para se desinibirem; 11 % para experimentarem sensações diferentes; 5% para fugirem dos problemas; e 4% para agredirem os pais, para auto-afirmação, para se sentirem outra pessoa etc. e quanto à iniciação: 90% usaram droga pela primeira vez em grupo; 79% começaram pela maconha; 36 % foram iniciados entre os 14 e 15 anos.

Rehfeldt (2006) entende que a adolescência é momento mais difícil na vida humana, o período em que surge a crise da puberdade. Você não é mais criança, mais ainda não é adulto. De repente, o próprio corpo, a alma, a vida, tornam-se incertos. É o momento de opções para o futuro: estudo ou trabalho, o que estudar ou qual profissão iniciar; buscar a independência ou continuar em casa? Nunca um jovem nessa idade dispôs de tantas informações e opções e, ao mesmo tempo, de tão poucas certezas, esse é então um momento perigoso, o indivíduo está frágil e aberto para a vida, sendo o momento em que devem estar preparados para saber fazer escolhas.

Nos Temas Transversais apresentados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) encontramos no tema Saúde subsídios que reforçam esse pensamento.

 

[...] A puberdade e a adolescência exigem especial atenção dos jovens para o controle do corpo - incluindo respiração, repouso e relaxamento. Forja-se nessa fase uma nova visão de si e do mundo ao se reeditar todo o desenvolvimento infantil em busca de definições de caráter social, sexual, ideológico e vocacional. A elaboração desse momento evolutivo se faz dentro de um tempo individual e de uma forma pessoal, por meio de reformulações contínuas da imagem corporal e do exercício de situar-se constantemente na família e na sociedade. As diferentes modalidades da arte são recursos para a ampliação das possibilidades motoras e expressivas do corpo e dos movimentos na ação e na comunicação de sentimento emoções e necessidades (BRASIL, 2002, p. 276).

Feijó (2007) descreve droga como qualquer substância capaz de provocar modificações fisiológicas ou comportamentais nos organismos, alterando o psiquismo (psicotrópicas) e atuando no sistema nervoso central (SNC) de três maneiras distintas: deprimindo, estimulando ou perturbando as suas funções. São tantas as drogas disponíveis no mercado que foge ao propósito deste trabalho abordar cada uma delas. As mais disseminadas são: maconha, haxixe, skank, cocaína, crack, LSD, morfina, heroína, ecstasy, merla, cola de sapateiro, thinner, esmalte, lança-perfume, cheirinho da loló, clorofórmio, benzina, xaropes e gotas antitussígenas, anorexígenos, ansiolíticos, antidepressivos, anticonvulsivantes, esteróides anabolizantes, cipós alucinógenos, cogumelos, lírios, angel dust (pó-de-anjo), PCP, poppers (nitrito de amilo), além das drogas socialmente aceitas, como a nicotina e o álcool.

Daí existe o real e grande perigo, a apresentação às drogas, de início podem expressar curiosidades àquelas drogas consideradas lícitas como o cigarro, por exemplo, mais adiante a curiosidade tende a alastrar-se cada vez mais, conduzindo-o às demais, como vemos todos os dias nos telejornais, adolescentes cada vez mais jovens se envolvendo com drogas e chegando até a cometer crimes em função de sustentar o seu vício. Faz-se necessário reconhecer que o fenômeno moderno das drogas é produto da própria vida em sociedade, das rupturas nas relações afetivas e sociais e da desproteção de seus membros. Atualmente, as drogas são distribuídas segundo regras financeiras e comerciais do mercado, como todas as demais mercadorias, ocupando um lugar altamente lucrativo na economia e uma posição própria no modo de organização social (BRASIL, 2002)

 

2.4. Dependência química

Devemos entender a dependência química como uma doença bio-psíco-social, formada por componentes biológicos, psicológicos e de contexto social. É claro que as estratégias de abordagem do problema devem incluir, igualmente, elementos biológicos, psicológicos e sociais. Por isso não deve ser tratada apenas a doença cerebral subjacente à dependência, mas tratar, sobretudo, as alterações emocionais do paciente, bem como abordar os problemas sociais (BALLONE, 2005).

 

 

3. Políticas Públicas

É função do Estado, promover o bem-estar da sociedade, para isso é necessário que se desenvolva uma série de ações e atuações diretamente em diferentes áreas por meio de políticas públicas.

[...] políticas públicas são um conjunto de ações e decisões do governo, voltadas para a solução (ou não) de problemas da sociedade [...], ou seja, políticas públicas são a totalidade de ações, metas e planos que os governos (nacionais, estaduais ou municipais) traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público [...] (CALDAS, 2008, p. 15).

 

 

3.1. Políticas Públicas para o Adolescente

            Entretanto, com relação ao adolescente foi só a partir da década de 80, que a sociedade brasileira empreendeu grandes esforços na consolidação de políticas públicas voltadas para a redução da mortalidade na primeira infância erradicando doenças como a poliomielite e outras grandes viroses, reduzindo mortes provocadas pela desidratação, desnutrição, saneamento, fazendo com que o Brasil alcançasse a chamada onda jovem³.

 

 

3Fenômeno que ocorre quando um país atinge como um resultado um aumento da qualidade e expectativa de vida, um ponto ótimo na relação entre a população jovem e idosa, de tal forma que a economia nacional pode contar com um numero expressivo de trabalhadores jovens enquanto a geração anterior ainda se encontra em idade produtiva dispensando altos investimentos em previdência social.

Todavia, o Brasil deixou de aproveitar essa oportunidade, não apenas em decorrência da falta de postos de trabalho para o jovem, fruto da economia recessiva, mas também devido ao acirramento da violência e das práticas de risco.

As propostas aprovadas pela IV Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (2002) se resumem no pacto pela paz, que envolve uma agenda de enfrentamento da violência, da qual crianças e adolescentes são consideradas as maiores vítimas.

Entre essas ações encontramos o Estatuto da Juventude com o objetivo de propor e acompanhar a consolidação de políticas em saúde, educação, trabalho e justiça como parte do Plano nacional da Juventude e o Programa Primeiro Emprego.

O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, que considera as crianças e adolescentes como seres humanos em desenvolvimento e atribui à família, à sociedade e ao Estado, em regime de responsabilidade compartilhada, a função de protegê-los. Entre seus princípios norteadores destacam-se:

- Crianças e adolescentes são cidadãos sujeitos de direitos;

- Toda a sociedade deve envolver-se na garantia desses direitos;

- Substitui-se a sanção pela proteção.

As demandas da sociedade devem ser apresentadas por meio de grupos organizados, denominados Sociedade Civil Organizada – SCO - a fim de solicitarem bens e serviços que julgarem necessários à sua comunidade.

 

 

3.2. Ações que podem ser desenvolvidas:

  • Busca de parcerias para somar esforços e viabilizar recursos;
  • Atuação conjunta com outros órgãos na elaboração do projeto básico;
  • Atuação conjunta de todos os envolvidos, pais, alunos e comunidade escolar;
  • Disseminação do Projeto e de resultados de outras experiências semelhantes;
  • Buscar parcerias nas áreas extracurriculares de informática, música, esportes;
  • Apresentação do projeto às Secretarias de Educação Estadual e Municipal.

 

 

4. Amor exigente

     O Amor Exigente é uma organização não-governamental internacional, sem fins lucrativos, mantida por voluntários.

Fundado nos Estados Unidos, o movimento foi trazido para o Brasil pelo padre Harold Joseph que, em 1978 iniciou o trabalho de tratamento e recuperação para farmacodependentes. Hoje, 411 grupos de ajuda funcionam em 17 estados brasileiros.

O Amor Exigente é um grupo de ajuda mútua, humanitária e ecumênico, uma proposta de educação que vem em socorro das famílias e dos jovens que se envolvem com drogas. O movimento chega até a comunidade por meio de reuniões semanais, apresentando-se como uma solução amorosa para pais que lutam pela recuperação de filhos dependentes de tóxicos ou qualquer outro comportamento inaceitável. As palestras são proferidas por profissionais com reconhecida experiência na área de dependência química, como neurologistas, psicólogos, psiquiatras.

O Amor Exigente funciona em Goiás há mais de 10 anos, e conta com quatro regionais, em Santa Helena, Itumbiara, Goiânia, Jataí e Uberaba (MG) que atendem semanalmente cerca de 30 mil famílias em inúmeros municípios.

 

 

4.1. Tratamento Psicológico

            O tratamento da Dependência Química é um processo que conta com várias ações: psicoterapia, medicamento, internação. Entretanto não são todas as pessoas que necessitam de todas as ações. O tratamento deve ser individualizado, ou seja, ele deve ser projetado de acordo com as necessidades do paciente e da família. Não existe um tratamento único que atenda a todos os dependentes químicos. O terapeuta deve avaliar cuidadosamente cada caso, discutir com o jovem e com a família o plano de tratamento mais adequado. Alguns precisarão tomar medicamentos, outros não. A grande maioria não precisa ser internada, mas alguns precisam. Outros terão como indicação uma psicoterapia, ou terapia familiar, assim por diante. Só o terapeuta pode discutir com o cliente qual é a melhor opção para ele.

Se internado, o tratamento psicológico pode auxiliar e/ou complementar o tratamento psiquiátrico/medicamentoso funcionando como suporte motivacional bem como auxiliar na abstinência. O psicólogo pode seguir diferentes abordagens e independente disso irá trabalhar com o lado emocional ligado ao problema das drogas, mas sem receitar medicamentos. Muitas abordagens psicológicas consideram a família do paciente um componente importante do tratamento e por isso o seu envolvimento é bastante frequente. Existem vários tipos de tratamentos, em grupo ou individuais, que atendem às diferentes necessidades e características das pessoas. A abordagem mais utilizada atualmente é a chamada cognitiva. Pode-se usar também a abordagem comportamental, com treinamento de habilidades, entre outras. A psicanálise clássica não se mostrou eficaz. É importante deixar claro que, se o paciente precisar ser medicado ou passar por uma desintoxicação será por meio do psiquiatra.

 

 

5. Metodologia

Para a formação teórica deste artigo, foi realizada sob referencial bibliográfico. Segundo Gil (1991), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida como pesquisas bibliográficas. As pesquisas sobre ideologias, bem como aquelas que se propõem à análise das diversas posições acerca de um problema, também costumam ser desenvolvidas quase exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.

O método cientifico apresentado foi o hipotético-dedutivo. Também foi empregado a pesquisa de campo de caráter exploratório visando adquirir informações sobre o tema pelo levantamento de hipóteses. Segundo Clemente (2007, p. 01), um trabalho é de natureza exploratória quando envolver levantamento bibliográfico entrevista com pessoas que tiveram ou tem experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a compreensão.

Entretanto para podermos ter a informação que na cidade de Itumbiara não possuí um local para recuperação de adolescentes dependentes químicos visitamos o CAPS/CISME – Centro Integrado de Saúde Mental Emmanuel, situado À Avenida Equador nº13, Bairro Dom Veloso, - Itumbiara – GO. Telefone: (64) 3404-1388. Com esta informação, fomos até um local onde o tratamento para recuperação de dependentes químicos é oferecido de forma gratuita, ou seja, onde o poder público é o autor e responsável por tal procedimento para aprendermos e assim, podermos ilustrar como seria viável tal local aqui na cidade de Itumbiara-GO. Elegemos para tal visita a cidade de Uberlândia-MG, onde sabíamos existir tais instituições que cuidam de adolescentes dependentes químicos.

Conforme Tozoni-Reis (2005), a análise e interpretação dos dados consistem nos resultados obtidos na coleta dos mesmos, que foi possível por um questionário aplicado e respondido pelos entrevistados.

O estudo se caracterizou de cuidados éticos de modo que os sujeitos participantes, antes da aplicação do questionário, assinaram um termo de livre esclarecimento, concordando com a participação, os objetivos da pesquisa bem como o caráter sigiloso das informações obtidas, conforme previsto na Resolução 0196/96 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL 1996).

 

 

6. Resultados e Discussões

Perguntas feitas à Secretaria Municipal de Educação da cidade de Itumbiara – GO.

O entrevistado A respondeu que:

Não contam com apoio quando recebem dependentes químicos. Não recebe verba para este fim. Que na cidade de Itumbiara o CAPS/CISME e o Grupo Amor-Exigente servem de local para o encaminhamento destes adolescentes, bem como aos seus familiares. E que na cidade em questão não possui o CAPS –I. Não tem dados sobre a idade destes adolescentes e tão pouco ao sexo. Acredita que os psicólogos podem ajudar os adolescentes dependentes químicos, já que a cidade não possui um centro de apoio gratuito a eles. E que baseado em relatos feitos no Grupo Amor-Exigente, os dependentes químicos não enxergam e não conseguem sair da situação. Que os familiares muitas vezes não tem consciência deste fato. Ainda sobre o grupo Amor – Exigente, as famílias os procuram e tentam mudar seu comportamento, passam para estudos semanais a entender que dependência química é uma doença incurável, porém tratável. Respondeu que os professores ainda têm muito medo e sempre relatam que precisam de uma maior e melhor formação para se sentirem capazes de atendê-los. Os jovens muitas vezes se sentem discriminados e não se interessam muito pelo professor. Em minha opinião a implantação de um CAPS – IA em Itumbiara para auxiliar os adolescentes dependentes químicos seria benéfico. Aqui na Secretaria Municipal de Educação há o projeto Educação e Prevenção e fazem com Ação, que inclui na matriz curricular uma disciplina chamada Prevenção e Qualidade de Vida, que tem por objetivo informar e formar crianças e jovens para que possam e queiram dizer não às drogas. E que a orientação que dispomos quando enfrentam casos de adolescentes dependentes químicos é a de procurar ajuda no CAPS/CISME e para atender o dependente e a família de procurar o grupo de apoio Amor-Exigente. Não me considero (a) preparado (a) para enfrentar situações com adolescentes dependentes químicos. E que pela Lei, os portadores de adicção, dependendo da quantidade de droga que ele possui é tido como doente passível de tratamento. Pela sociedade é visto como vagabundo, criminoso, que não deveria fazer parte da sociedade.

Complemento da entrevista com a Secretaria Municipal de Educação da cidade de Itumbiara – GO.

Hoje dia 26/10/2010 às 09h00min, eu Gabriela Boel Parreira, a fim de realizar parte do projeto interdisciplinar, fui à Secretaria Municipal da Educação para realizar coleta de dados sobre adolescentes dependentes químicos. Assunto este já antecipado no evento que comemorou “O dia do Idoso”, no espaço Arraiá, nesta mesma cidade, com a Secretária Municipal de Educação, que se colocou pronta a nos auxiliar e informou para que procurássemos um (a) funcionário (a).

Na data acima citada, fui conversar com a funcionária em questão e expliquei o objetivo da visita, que se tratava de apurar dados referentes a alunos da rede pública com suspeita de dependência química. O (a) funcionário (a) explicou que não existe como diagnosticar o aluno dependente de álcool e drogas, mas relatou que eles haviam feito um questionário nas escolas a fim de verificar os alunos no ano de 2008 e no início deste ano.

Pedi uma cópia do resultado final do questionário, com o objetivo de enriquecer o projeto interdisciplinar em questão. Porém, o (a) funcionário (a), respondeu que teria que verificar com sua (seu) superior a possibilidade de nos fornecer tais dados e que assim que tivesse a resposta entraria em contato para que pudéssemos ter acesso aos mesmos. Informo que até a data de 05/11/2010 não obtive retorno. Assim ratifico que não poderemos inserir tais dados no projeto em questão.

Questionário aplicado a um profissional da educação. Que possui anos de experiência na área educacional, atuando em diversos setores.

O entrevistado B considera que:

Seria muito bom se na cidade de Itumbiara-GO fosse implantado uma clínica onde adolescentes dependentes químicos usufruíssem de tratamento para desintoxicação gratuito. Que a construção desta, seria viável, porém sua manutenção ficaria a cargo da sociedade. Não acredita na recuperação de dependentes químicos quando não tratados, pois o poder da química é maior que a vontade e a força da família. Que na cidade não existe tratamento gratuito aos mesmos e que seja construída uma clínica com profissionais do ESTADO e a sociedade o custo de manutenção (medicação). Acredita que os três poderes; o Executivo, o Legislativo e o Judiciário se unissem, poderíamos ter aqui em Itumbiara uma clínica de qualidade onde os adolescentes de nossa cidade poderiam receber tanto atendimento físico quanto psicológico a eles mesmos bem como seus familiares. Sugere talvez um pouquinho mais de boa vontade por parte dos três poderes e da sociedade para que o município instale uma clínica para que os adolescentes dependentes químicos recebam tratamento adequado e gratuito. Relata que a média de idade dos adolescentes dependentes químicos que chegam à escola é de 10 a 15 anos. E são na maioria do sexo masculino. Com relação ao que é oferecido ao adolescente dependente químico aqui na cidade, só conhece o Grupo Amor-Exigente. E que quando o adolescente dependente químico está em surto é levado ao hospital municipal pela família ou a pedido da família e lá é feito medicação paliativa. Acredita que os psicólogos podem ajudar os adolescentes dependentes químicos antes do vício sim, depois não. Conversando com alguns, pode notar que eles têm a certeza de que a vida deles é curta, principalmente os usuários de crak. Os familiares dos adolescentes dependentes químicos tem consciência deste fato. As famílias procuram auxiliar seus jovens com relação à dependência química, mas na maioria das vezes encontram muitas portas fechadas ou clínicas caríssimas. No âmbito escolar, os profissionais recebem os adolescentes dependentes químicos da mesma forma que recebe os outros. Esses jovens às vezes usam da droga para agredir os professores, apedrejar seus carros. A implantação de um CAPS – IA em Itumbiara para auxiliar os adolescentes dependentes químicos seria benéfico. Nas escolas há a aula de P.Q.V. – PREVENÇÃO E QUALIDADE DE VIDA. Não dispõem de nenhuma orientação quando enfrentam casos de adolescentes dependentes químicos. Não se considera preparado (a) para enfrentar situações com adolescentes dependentes químicos.

Questionário aplicado a um segundo profissional da educação. Que possui experiência na área educacional, atuando em diversos setores.

O entrevistado C considera que:

Será extremamente benéfico para nossa sociedade, termos em Itumbiara uma clínica onde adolescentes dependentes químicos usufruíssem de tratamento para desintoxicação gratuito, tendo em vista que as drogas têm se disseminado principalmente entre os jovens. Considero financeiramente viável a construção e manutenção de uma estrutura. Pois nosso prefeito tem feito e mantido inúmeras obras e esta é muito necessária. Acredito na recuperação de dependentes químicos quando tratados. Já presenciei casos onde pessoas foram tratadas e se recuperaram. Em Itumbiara existe pouco e ineficiente tratamento, precisamos de uma clínica para internação de grande porte. Acredito que os três poderes; o Executivo, o Legislativo e o Judiciário se unissem, poderíamos ter aqui em Itumbiara uma clínica de qualidade onde os adolescentes de nossa cidade poderiam receber tanto atendimento físico quanto psicológico a eles mesmos bem como seus familiares. Mas basta nosso prefeito querer, ele faz. Sugiro formação de bons profissionais, estrutura física, convênios com SUS e outros. Há um local para onde os dependentes químicos possam ser encaminhados para intervenção, como o CAPS/CISME, Amor-Exigente (paliativos). Não sei a média de idade dos adolescentes dependentes químicos que chegam à instituição, mas a maioria é do sexo masculino. Quando o adolescente dependente químico está em surto, acredito que ele é encaminhado ao hospital municipal. Acredito que os psicólogos podem ajudar os adolescentes dependentes químicos. Os adolescentes dependentes químicos demonstram pouco interesse em abandonar o vicio e baixa auto-estima, com pouca expectativa para o futuro. Seus familiares tem consciência deste fato. As famílias procuram auxiliarem seus jovens com relação à dependência química. Existem mães que chegam a trancar seus filhos dentro de casa. No âmbito escolar faltam cursos de formação e sensibilidade por parte dos profissionais da educação que não sabem lidar com essa situação que na verdade deveria ser resolvida pela área da saúde. Em minha opinião a implantação de um CAPS – IA em Itumbiara para auxiliar os adolescentes dependentes químicos seria benéfico. Temos em Itumbiara no âmbito educacional algum procedimento para ajudar a distanciar os adolescentes das drogas. A orientação que dispomos quando enfrentamos casos de adolescentes dependentes químicos, é encaminhá-los para o Conselho Tutelar ou para a promotoria. Não me considero preparado para enfrentar situações com adolescentes dependentes químicos.

Perguntas feitas à rede de saúde pública da cidade de Itumbiara – GO.

            O entrevistado D respondeu que:

Na Secretaria Municipal de Saúde especificamente não fazem nenhum tipo de tratamento com adolescentes dependentes químicos, mas que existe um programa junto ao CREAS – CENTRO DE REFERENCIA ESPECIALIZADO DE ASSISTENCIA SOCIAL - que trabalha com adolescentes usuários de drogas e também CAPS/CISME. Possuem apoio quando recebem adolescentes dependentes químicos, através do CREAS, órgão ligado à FUNSOL – FUNDO DE SOLIDARIEDADE de Itumbiara. Não recebem verba para o tratamento dos jovens em questão. Não possuem dados referente à questão da média de idade dos adolescentes dependentes químicos nem tão pouco sobre o sexo. Não possui a informação do é oferecido aos dependentes químicos e nem aos seus familiares em Itumbiara. Relatou que nesta cidade não possui o CAPS I-infantil. E que quando O que quando o adolescente dependente químico está em surto; geralmente, o primeiro atendimento é realizado no CAPS/CISME ou na Unidade Básica de Saúde mais próxima da residência, e caso necessário o dependente é encaminhado para internação no Hospital Municipal Modesto de Carvalho de Itumbiara – GO. Acredita que os psicólogos podem ajudar os adolescentes dependentes químicos, pois o psicólogo é um profissional que lida com as origens de qualquer problema emocional, social ou psicológico. Que é muito subjetivo saber se os adolescentes dependentes químicos enxergam sua situação. Que cada caso é um caso. As famílias têm conhecimento dos fatos. Para ajudar aos jovens com dependência, procuram profissionais especializados na área de psicologia e/ou psiquiatra. A implantação de um CAPS – IA em Itumbiara para auxiliar os adolescentes dependentes químicos seria benéfico. A orientação que dispõem quando enfrentam casos de adolescentes dependentes químicos, é encaminhá-los aos órgãos competentes. Todos nós quando temos algum problema, seja ele de ordem física, emocional ou psicológica, somos sim passíveis de tratamento. Hoje já existe profissional especializado em várias áreas.

Perguntas feitas ao CAPS/CISME da cidade de Itumbiara – GO.

O entrevistado E respondeu que:

A implantação de uma clínica onde adolescentes dependentes químicos usufruíssem de tratamento para desintoxicação gratuito, seria de grande importância, levando em consideração que Itumbiara só oferece tratamento gratuito para maiores de idade. Considera financeiramente viável a construção e manutenção de uma estrutura assim, pois a demanda de dependência química tem crescido bastante, considero até um problema de saúde pública que deve ter mais atenção dos nossos governantes. Não acredito na recuperação de dependentes químicos quando não tratados, pois a dependência química é uma doença e como toda doença precisa de tratamento. Em Itumbiara qualifico o tratamento aos adolescentes dependentes químicos ruim, pois como disse antes, tratamento só existe para população maior de idade. Um centro de reabilitação gratuito seria muito bom. Acredito que se os três poderes: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário se unissem, poderíamos ter aqui em Itumbiara uma clínica de qualidade onde os adolescentes de nossa cidade poderiam receber tanto atendimento físico quanto psicológico a eles mesmos bem como seus familiares, pois se há uma demanda então só falta à ação, e com certeza se os três poderes citados acima se unissem seria mais fácil e rápido. Quando todos trabalham em uma direção, tudo acontece. Nossos governantes juntamente com a população precisam abrir os olhos para esta nova realidade e juntos lutar em benefícios dos que necessitam de tratamento. Aqui, não fazemos nenhum tipo de tratamento com adolescentes que são usuários de drogas, como também não recebemos nenhum apoio para tal. Pois esta instituição não pode receber menores de idade. No CAPS a verba é federal, com uma ajuda municipal. Além das comunidades particulares, só existe o CAPS em Itumbiara para esse tipo de tratamento. No CAPS é oferecido tratamento terapêutico e medicamentos aos pacientes e para a família, suporte psicológico. Não temos aqui na cidade o serviço oferecido pelo CAPS I – Infantil. Quando o adolescente dependente químico está em surto é encaminhado para os leitos psiquiátricos no Hospital municipal. Acredito que os psicólogos podem ajudar os adolescentes dependentes químicos, já que Itumbiara não possui um centro de apoio a estes jovens. As famílias procuram auxiliar seus jovens com relação à dependência química. Pelo menos as famílias que trabalhamos aqui no CAPS, são orientadas para atuar na prevenção. A implantação de um CAPS – IA em Itumbiara para auxiliar os adolescentes dependentes químicos seria benéfico, pois não há outro tipo de mecanismo de tratamento. Não recebemos no CAPS adolescentes com dependência química, mas quando chegam até nós, chamamos o conselho tutelar para encaminhamento. Considero-me preparado (a) para enfrentar essas situações, pois há dois anos trabalho com dependência química e a doença é a mesma só muda a idade.

Perguntas feitas à Secretária Administrativa da Prefeitura Municipal de Itumbiara-GO.

            O entrevistado F respondeu que:

É necessário e imprescindível, termos em Itumbiara uma clínica onde adolescentes dependentes químicos usufruíssem de tratamento para desintoxicação gratuito, mas hoje temos de forma geral (faixa etária) a Comunidade Paulo Tarso, Comunidade “Gera Vida” que iniciaram o trabalho. O encaminhamento destes adolescentes acontece de forma direta ou através de entidades como CREAS/CISME/FUNSOL. É importante a construção de uma clínica, pois a realidade e a sobrevivência destes jovens, além da possibilidade de evitar maiores problemas sociais ocasionados pela dependência química. Agora a manutenção não é tão simples, a construção de profissionais não é a custo baixo, porém o que se deve pesar nesta situação é a cura, a recuperação dos adictos, evitando além do desfalecimento da pessoa e família, outros custos advindos de necessidades de tratamento mais profundo e de situações ocorridas na sociedade, fruto desse grande mal que a droga faz. Com certeza acredita na recuperação de dependentes químicos quando tratados mesmo as drogas com nível mais agudo de dependência, acredito, dependendo da entidade, da família e também da pessoa que dependendo do envolvimento nem tem forças, nem virá para encontrar a saída. Acredito que o centro dos melhores métodos está Deus como encontro da pessoa, numa relação próxima de amor, afeto e de possibilidade de uma vida nova. Há um trabalho que é desenvolvido para a dependência química aqui em Itumbiara, tanto os grupos de Amor-Exigente, comunidade terapêuticas, porém o foco hoje está mais agressivo, estratégico e generalizado. Nesse aspecto o tratamento também precisa correr contra o tempo. A cada minuto antecipado, mais a chance da recuperação, menos estragos a droga faz ao adolescente e jovem. Com certeza acredito que se os três poderes: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário se unissem, poderíamos ter aqui em Itumbiara uma clínica de qualidade onde os adolescentes de nossa cidade poderiam receber tanto atendimento físico quanto psicológico a eles mesmos bem como seus familiares.  Gostaria de acrescentar que entidades formadas para atendimento destas situações que na verdade tem sua construção pessoas, familiares que passaram ou passam por tal situação. A atitude deve ser emergente, unindo os poderes, as igrejas, entidades tanto filantrópicas como de classe e tomar consciência de que existe o “Problema” e que não podemos nos furtar dele e precisamos apresentar a solução com base na solidariedade, responsabilidade e amor. A Prefeitura de Itumbiara tem buscado através de convênios, envolvimento para fazer esse trabalho, porém como já disse, ele deve ser mais atuante e grandioso para abranger o maior número de pessoas possível. Acho que as falas anteriores resumem as ações para a instalação dessa clínica em Itumbiara e a Prefeitura é parceira nesse processo, dando continuidade aos já existentes.

Perguntas feitas à Chefia de Gabinete da Prefeitura Municipal de Itumbiara-GO.

O entrevistado G respondeu que:

No momento em que o mundo inteiro une-se com o objetivo claro de interromper a farta distribuição de drogas contaminando cada vez mais as famílias e destruindo sem nenhuma piedade nossa juventude, torna-se necessário como parte desse projeto a construção de clínicas de recuperação como tábua de salvação para aqueles que já foram vítimas desta desgraça que corroem aos poucos o que o homem tem de mais nobre, a dignidade. Em nosso cotidiano, existem coisas que nos furta o direito de escolha, situações como o fator da droga é tão grave que acaba fugindo da responsabilidade dos governantes e dividindo com toda a sociedade a obrigação de arcar com o peso do ônus financeiro e moral que a causa requer. De acordo com as pesquisas já feitas por setores competentes, é sabido que cada pessoa tem um organismo diferente, é lógico que, sendo assim, aquilo que prejudica muito um organismo poderá prejudicar menos o outro. Partindo deste principio, chega-se a conclusão que alguns viciados poderão até deixa vício sem ajuda, conhecemos casos assim, só que a maioria não tem esta força, ou este equilíbrio. Sendo de fundamental importância a ajuda de setores especializados. Não há como negar que a situação de tratamento aos adolescentes dependentes químicos em nossa cidade deixa muito a desejar e em todo país. Se no Brasil ainda não existe uma estrutura a altura das necessidades, imagine em nossa cidade. O fato, é que não se admite mais o uso de subterfúgio como arma de solução para o problema, povo e governantes unidos em uma única responsabilidade deverão abraçar esta causa, arregaçar as mangas e gerar mecanismos que venham resolver colocando obstáculo firme na questão das drogas. Sem dúvida, com os três poderes unidos, Executivo, Legislativo e Judiciário, só iremos resolver nossos problemas de maneira harmoniosa. Os poderes vivos da nação não tem se furtado de suas responsabilidades, só que os segmentos organizados tem também a obrigação de participar como células vivas da sociedade que estão inseridas e a obrigação ou o dever não só de cobrar, mas estender a mão com recursos e idéias. Existe no Congresso Nacional uma grade a título de debate já há algum tempo e deverá dentro em breve virar Lei, a obrigatoriedade da União de disponibilizar recursos exclusivos para atender esta área, sendo assim, somado a contra partida do estado e município, só dependerá da boa vontade dos governos, agora, como o problema vem de forma grave atingindo também as classes mais abastadas com certeza teremos muito mais força na realização destes projetos.

Perguntas feitas ao poder: judiciário da cidade de Itumbiara – GO.

O entrevistado H respondeu que:

É imprescindível uma clínica de desintoxicação, porque é muito grave a quantidade de jovens que acabam cometendo furtos. Primeiro, é uma obrigação a oferecer o tratamento. Segundo, há uma grande demanda a oferecer e se justifica a construção. A recuperação de dependentes químicos quando não tratados é raro ocorrer, quando ocorre depende muito dos familiares e da pessoa; em regra eu não acredito. Em Itumbiara não existe tratamento para adolescentes dependentes químicos. Quando tratados, são em outro município. Acredito que os três poderes; o Executivo, o Legislativo e o Judiciário se unissem, poderíamos ter aqui em Itumbiara uma clínica de qualidade onde os adolescentes de nossa cidade poderiam receber tanto atendimento físico quanto psicológico a eles mesmos bem como seus familiares. Acredito principalmente de uma ação do poder executivo de criar políticas públicas, será melhor do que mandar para fora ou deixar sozinhos. Sugiro que o poder executivo desenvolva políticas públicas para enfrentar esse problema.

 

Procuramos entrevistar pessoas em diferentes setores da sociedade e que estão a par deste assunto em diferentes áreas de atuação. Diante das respostas ao questionário aplicado, verifica-se que realmente, aqui na cidade de Itumbiara carece de política pública no que tange a uma orientação eficaz, prevenção e tratamento de desintoxicação aos adolescentes dependentes químicos. Mesmo sem dados, pudemos apurar junto ao questionário respondido que existe uma demanda de adolescentes dependentes químicos e que há a necessidade de um tratamento proveniente de Políticas Públicas. E também existe uma falta de informação, pois alguns entrevistados acreditam que o CAPS/CISME recebe estes adolescentes dependentes químicos, porém como pudemos constatar nas respostas do entrevistado deste local, não recebem estes adolescentes.

Todos os entrevistados consideram importante e necessário a implantação de uma clínica para desintoxicação para adolescentes dependentes químicos. E que acreditam que com a união dos poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, como também a união social, seja o caminho mais adequado para que este projeto possa de fato acontecer concretamente, beneficiando assim, toda a comunidade. Neste âmbito é destacado que é um problema de ordem social também e não apenas algo que pode ser deixado a cargo dos governantes. É ressaltado que o trabalho do psicólogo seria de relevante importância, tanto para o usuário no processo de desintoxicação e pós, como oferecendo suporte psicológico ao familiar do adolescente.

 

 

7. Conclusão

Como foi mostrado na introdução deste artigo, adolescência é uma fase do desenvolvimento humano que marca a transição entre a infância e a idade adulta. Com isso essa fase caracteriza-se por alterações em diversos níveis - físico, mental e social - e representa para o indivíduo um processo de distanciamento de formas de comportamento e privilégios típicos da infância e de aquisição de características e competências que o capacitem a assumir os deveres e papéis sociais do adulto. É uma etapa da vida cheia de descobertas, desejos. O que muitas vezes levam o adolescente a não terem limites e por vários motivos, quer seja de ordem emocional, financeira, social, psicológica ou mesmo querer fazer parte de um grupo, fazem com que nesta fase, os adolescentes cometam alguma aventura, o que podem os levar facilmente a conhecerem o mundo das drogas e com isso acarretam muitos problemas pessoais e sociais; como o tráfico de drogas, trafico de armas, violência, crimes cometidos muitas vezes pelo efeito da droga ou no caso de um furto por exemplo, para financiar o vício.

Baseado nestas e em outras informações de autores citados neste, buscamos saber o que é oferecido à cidade de Itumbiara-GO, no que tange tratamentos de desintoxicação gratuitos aos adolescentes dependentes químicos. E como resposta, soubemos que, nesta cidade, infelizmente não há opções precisas a este problema. O que existe são opções paliativas, como a internação para medicação temporária no hospital municipal e segmentos organizados como o Amor-Exigente, e atualmente foi inaugurada a Comunidade Paulo Tarso da Igreja Gera Vida que atende usuários de drogas.

De acordo com as observações e as impressões pessoais realizadas pelos pesquisadores, tivemos certa dificuldade em obter respostas ao questionário por parte de alguns entrevistados, principalmente no que se refere à obtenção de dados. Algumas respostas foram imprecisas e de acordo com o que presenciamos, houve constrangimento em algumas respostas de alguns entrevistados. Esclarecemos que a maioria das pessoas procuradas para nos auxiliar na realização desta pesquisa, nos receberam receptivamente e se disponibilizaram de imediato à colaboração do mesmo.

Assim, acreditamos que o objetivo inicial deste artigo foi alcançado, o de levar ao conhecimento público que a cidade de Itumbiara-GO, vive uma realidade de que muitos dos seus adolescentes estão em dependência química e que não existe um local para que tenham o direito a um tratamento, possam desintoxicar, e assim, terem direito a um futuro, vivendo com dignidade, tendo seus direitos cumpridos e respeitados.

Não nos focamos nas diversas formas de prevenção, não que não sejam importantes, pelo contrário. Mas nos atemos ao fato real e concreto de que o adolescente que está em dependência química precisa ter a opção de um tratamento digno e humano.

E nós, os pesquisadores deste, concordamos que com a união do Executivo, Legislativo, Judiciário, seguimentos da sociedade e toda a comunidade haveríamos de conseguir que a construção e manutenção de uma clínica de desintoxicação pública para adolescentes dependentes químicos fosse de fato realizada e assim poder oferecer uma saída para tão grave problema, que já é de ordem social. Estamos cientes das dificuldades que haveriam de surgir, mesmo que poucos adolescentes pudessem ser realmente desintoxicados e que finalmente abandonassem as drogas, porém, acreditamos que o ser humano é digno de confiança e que lutar pelo seu bem estar vale à pena.

 

 

 

 

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