Durante todo processo histórico social do ato de educar é analisado quando, onde e como as concepções pedagógicas têm atuado sobre a realidade educacional, dentro de seu contexto vivencial. Em alegação ao regulamento capitalista, a Pedagogia Liberal enfoca as veemências individualistas, bem como a propriedade privada. Dela surgem as tendências: tradicional, escola nova: diretiva e não diretiva e tecnicista.O período tradicional arcaico tem suas amostras na prática pedagógica no Brasil deste a colonização, com o monopólio jesuítico e o liberalismo clássico. Sendo assim, seu ensino restringiu-se a cultura de um caráter verbalista, autoritário de conteúdos enciclopédicos, idealizado na figura de um professor detentor do conhecimento que preparar um aluno passivo, requerendo dele por meio de provas escritas e discussões orais a reprodução de conceitos encontrados nos livros. Com Herbart, ganha um novo eixo filosófico atendendo aos aspectos intelectuais e morais para o individuo assumir seu lugar na sociedade.

A escola nova como é chamada a tendência Liberal Renovada Progressista, alcança seu auge entre 1930 e 1940, com suas vertentes: diretiva e não diretiva surge com o Manifesto dos Pioneiros, liderado por Fernando de Azevedo. Delineia como pressupostos teóricos a aprendizagem como processo de descoberta em um ambiente estimulador, seus principais representantes são: Dewey, Mentessory, Clapaderè, Pieget, Anísio Teixeira. Dentro destes aportes encontra-se arraigado o interacionismo, a psicologia do desenvolvimento, a biopsicologização em uma concepção filosófica humanista moderna que predispõe a fazer uma equalização social. Para este objetivo, concretizar-se a escola em seu papel democrático, valorizando os conhecimentos dos alunos, para então selecionar os conteúdos que serão ensinados. Diante disso, os aspectos afetivos dos alunos são à base de toda avaliação individual do desenvolvimento, pautado na socialização, interesse, responsabilidade. O professor neste contexto é auxiliador, criador de condições para o aluno aprender, visto que o aluno é o centro do processo ensino-aprendizagem.

A não diretiva outro ramo da escola nova, também resguarda aspectos funcionais, favorecendo o amadurecimento emocional e autônomo do sujeito, sendo a motivação da aprendizagem o eixo de busca da auto-realização. Resseau e Roger são os teóricos com total estudo ao método não diretivo, pautado na psicologia terapêutica, que ajuda no desenvolvimento da personalidade e organização pessoal. Sua filosofia firma-se nas habilidades mentais, assim o aluno em uma formação individual desempenhará sua função social, por intermédio de soluções de situações problemas. Cabe então, aos conteúdos ensinados nenhum valor adicional, já que os mesmo serão consistentes em experiências reconstruídas pelo os alunos em debates, seminários, relatórios, trabalhos em grupos.Através de um relacionamento autentico com o professor,que torna-se um especialista nas relações humanas.

Embasada na modificação de desempenho o ensino tecnicista é um processo de controle e condicionamento da operalização, buscando a eficiência, racionalidade, produtividade. Seu predomínio se efetua em 1978 com as leis 5.540/68 e 5.692/71, que compreendia segundo Skinner, Ganá, Bloom, Cosete Ramos uma psicologia de comportamento instrumentalista dos ambientes, norteado na análise lógica do neopositivismo. Articula-se em formar indivíduos ao mercado de trabalho, com conteúdos sistematizados em manuais, devendo o aluno provar produtividade no final do processo de ensino para sua contratação, criando por esta via a fragmentação do ser estudante e professor que age apenas como elo cientifico com a prática de trabalho.

Marcando o segundo tempo da historicidade educacional comportada pela Pedagogia Progressista, que perpassa uma contradição a função da instituição escolar que ora era condicionada pelos aspectos sociais, políticos e culturais, ora possibilitava uma transformação social através da compreensão destes pontos pelos sujeitos. A tendência libertaria é fundamentada na autogestão e autoritarismo, rejeita toda forma de governo, preocupando-se com a educação de pessoas mais livres. Freinet, Lobrat e Mauricio Trautemberg ganharam conotação por afirmarem a filosofia do anarquismo com objetivo de desenvolver mecanismos de resistência a ação dominadora do estado. Os conteúdos trabalhados neste panorama não são exigidos, pois serão convertidos na prática, sem previsão de avaliação, onde o professor é orientador e catalisador que realiza reflexões.

As manifestações da tendência libertadora iniciam-se em 1964 no Recife com o movimento de cultura popular e projeto de educação de adultos. A teoria do comportamento aplicada à educação, em uma concepção dialética de aprendizagem mútua. Considerava que a educação deveria partir da problematização, pois como sujeitos políticos, transformarão a realidade por meio da conscientização e de uma formação autônoma. Paulo Freire, Moacir Gadoti, Rubem Alves sintetizam aspectos filosóficos e esquadrinham um papel de escola de formação de consciência política das relações sociais. Assim os conteúdos nascem dos temas geradores provenientes da realidade dos educadores em práticas emancipadoras. A relação pedagógica é baseada na cultura do grupo, onde professor e aluno são sujeitos do ato do conhecimento.

Em 1979 a prática pedagógica propõe uma interação entre conteúdo e realidade, com enfoque na produção histórico-social, é a tendência histórico - crítica. Os pressupostos teóricos defendem a inter-subjetividade, mediada pelo professor, ou seja, a interação professor –aluno- conhecimento- contexto -histórico social, permite a transformação. Dermeval, Jamil, Goudêncio, Luiz Carlos, Acácia e Libâneo, apoiados nas corretes de Vigotski, Lúria Leontiev e Wallon do materialismo histórico dialético, valoriza a escola como espaço de socialização do saber elaborado. Assim os conteúdos abordados são culturais e universais sendo indispensável à compreensão da pratica social. A conotação avaliativa diagnostica serve para a formulação de intervenções, pressupondo a tomada de decisão, ou seja, o aluno organiza as mudanças necessárias, o professor direciona o processo pedagógico, interferindo e criando condições a apropriação do conhecimento em uma relação interativa.

Portando vê-se que no bojo histórico da educação, a palavra mudança sintetiza as peculiaridades questionadas na produção de uma pratica educativa que realmente possibilitasse ao sujeito que estava sendo formando agir fundamentado nos princípios cidadãos, hoje é o mesmo mover esperanço que está à regular a formação do ser humano na sociedade vigente.

REFERÊNCIAS

Feiges, Maria Madselva Ferreira. Concepções e Tendências da Educação e suas Manifestações na Prática Pedagógica Escolar. Universidade Federal do Paraná. Setor de Educação. Departamento de Planejamento e Administração Escolar. Curso de Especialização em Organização do Trabalho Pedagógico.