Estamos em julho de 2014, exatamente após a conquista do tetracampeonato mundial pela seleção da Alemanha em território Brasileiro, este artigo não se trata de uma avaliação da copa do mundo, da sua organização, do seu impacto cultural no país e na visibilidade que o Brasil teve no mundo a partir dela, mas sim da parte de futebol especialmente na receita que fez da fracassada seleção dos anos 2000 vir a ser tetracampeã mundial de futebol.

Para iniciarmos precisamos voltar a 16 anos atrás, mais precisamente na copa de 1998, onde a antiga seleção alemã tinha um único jeito de jogar, pelo alto, entre os zagueiros, cabeceando firme para dentro das redes, movimento que era repetido à exaustão, jogo após jogo, futebol de pouca técnica e quase nenhuma movimentação, naquele estilo de jogo avançaram na copa da França até as quartas-de-final aos tropeços, onde enfrentaram uma seleção estreante em copas a da Croácia e levaram acachapantes 3 a 0, com a eliminação vexaminosa saíram da copa. Dois anos mais tarde em 2000 na Eurocopa os alemães caindo em um forte grupo com Inglaterra, Portugal e Romênia, foram eliminados na primeira fase, fazendo apenas um ponto e um único gol na competição.

As eliminações em 1998 e em 2000, foram o estopim para a Alemanha sentir o golpe e o utilizá-lo de forma positiva para dar a volta por cima, autoridades foram a público e tornaram o desempenho da seleção assunto de estado, o governo traçou um plano ambicioso: em uma década, a Alemanha deveria voltar a ser uma potência futebolística. Para tanto o governo logo colocou seu plano em ação, a ideia era ter mais jogadores locais nos principais times e melhorar a qualidade do jogo, foram criados Centro de Treinamentos públicos, espalhados pelo país, passaram a deixar de acreditar na sorte, e passaram a estudar futebol Jürgen Klinsmann e Matthias Sammer, que haviam parado de jogar, foram estudar para ter direito de serem técnicos.

Na Alemanha que cuida dos assuntos futebolísticos é a DFB sigla em Alemão da Associação Alemã de Futebol, desde de 2001 a entidade adotou novo sistema para as competições nacionais, reformaram a Bundesliga, seu campeonato nacional, parecido com nosso campeonato brasileiro, os clubes passaram a ter, entre uma série de exigências, que apresentar a cada 4 meses atestados financeiros de orçamento positivo, se aprovados podem jogar a liga, caso contrario os clubes perdem pontos e podem até serem eliminados das competições, impor uma rigorosa política financeira foi um dos meios de evitar extravagâncias entre os clubes, a pratica praticamente extinguiu as dividas dos clubes, entre as equipes da principal divisão nacional menos de 8% tem dívidas, enquanto no Brasil os clubes com dívidas é praticamente 100% e somando todas ultrapassam fácil a marca dos 5 bilhões de reais. Atualmente a DFB conta com 366 centro futebolísticos e conta com mais de mil treinadores e tem cerca de 25 mil jovens de 9 à 17 anos desenvolvendo seus talentos perto de suas casa, sem vínculos com clubes, enquanto aqui no Brasil atualmente o processo é inverso a nossa Confederação Brasileira de Futebol é um órgão privado, e não possui nenhum projeto de formação de jogadores além das seleções de base (sub-15, sub-17 e sub-20), que só pinçam jovens talentos que já treinam em algum clube.

O Plantio foi feito a mais de uma década e atualmente está se colhendo o resultado, como em uma boa lavoura quanto mais qualidade, estudo, tecnologia se utiliza, melhor será a colheita, Mario Goetze, de 22 anos, autor do gol do título alemão na Copa de 2014, André Schürrle, de 23 e Thomas Müller, de 24, são bons exemplos da nova escola de formação Alemã.

Quem sabe toda essa fórmula funcione para o Brasil, que possamos assim como a Alemanha aprender com a derrota, que possamos deixar de acreditar somente na sorte, no peso da camisa amarelinha, em talentos individuais, como nossos únicos meios de vitória, que possamos sim aliar essas características do Brasileiro a um futebol bem estudado, aplicado nas categorias de base, que nossos treinadores e dirigentes não sejam apenas ex-jogadores de futebol, mas sejam mais do que isso, estudiosos e profissionais dedicados que continuamente passem por formações e reciclagens, que nossa confederação invista em centros tecnológicos para formação de atletas e dirigentes do futebol para que possa dar as condições necessárias para atingirmos os nossos objetivos.