Paulo Roberto Alves Falk¹

Dyane Paes Pereira²

RESUMO

O presente estudo relaciona as classes econômicas dos praticantes da modalidade Tênis de Campo, proporcionado pelo Programa Segundo Tempo do Ministério do Esporte, na cidade de Ponte Alta/SC caracterizando a validade de programas sociais para a melhoria da qualidade de vida e transformação da sociedade. Também evidencia formas de massificação do Tênis de Campo através de materiais alternativos e de baixo custo para que se efetive como modalidade de grande aceitação nacional, proporcionando benefícios próprios do Tênis aos seus praticantes. A classificação foi obtida através da aplicação do questionário da Abep que classifica a classe econômica familiar e a renda mensal destas. A amostra foi composta de 26 estudantes do ensino fundamental, todos do sexo masculino, praticantes da modalidade Tênis de Campo do núcleo de Ponte Alta devidamente cadastrados no programa. Os resultados obtidos indicaram para as classes socioeconômicas A1, A2 e B1 não houve nenhum classificado, para a classe B2 houve 1 (um) indivíduo (3,85%), para a classe C1 houveram 07 (sete) indivíduos (26,92%), na classe C2 08 (oito) indivíduos (30,77%), na classe D encontramos 09 (nove) classificados (34,61%) e somente 01 (um) na classe E (3,85%).Encontramos ainda com estes dados, resultados de média de renda familiar em R$ 801,07. Outro dado significativo foi de que nenhum chefe de família cursou ou esta cursando curso superior. Concluímos que a presença das classes menos favorecidas deve-se à adaptação do Programa e adequação de materiais alternativos na prática da modalidade Tênis de Campo.

Palavras-Chave: Tênis de Campo, classes econômicas, massificação.

ABSTRACT


This study concerns the economic classes of practitioners of the sport of Tennis Field, Second Time program offered by the Ministry of Sports in the city of High Bridge / SC showing the validity of social programs to improve the quality of life and transformation of society. It also shows how the mass of Tennis Field through alternative materials and low cost to be effective as a means of great national acceptance, providing the benefits of tennis to their practitioners. The classification was obtained through the application of the questionnaire that classifies the Abep economic class and family income of these. The sample was composed of 26 elementary school students, all male, practitioners of the sport of Tennis Field of the core of High Bridge duly registered in the program. The results indicated for the socioeconomic classes A1, A2 and B1 there was no classified for Class B2 was one (1) individuals (3.85%) for the C1 class there were 07 (seven) subjects (26.92% ), Class C2 in 08 (eight) subjects (30.77%) in Class D are 09 (nine) ranked (34.61%) and only 01 (a) in class E (3.85%). Are still with these data, results of average family income of R $ 801.07. Another fact was that no significant head of the family attended or attending this university. We conclude that the presence of the poor due to the adjustment program and the suitability of alternative materials in the practice of the sport of Tennis Field.
Keywords: Tennis Field , economic classes, massification.

INTRODUÇÃO

De acordo com Brechbühl (1982) no tênis a idéia do jogo é devolver a bola batendo do seu campo com o auxílio de uma raquete por cima de uma rede, na área de jogo do adversário, desencadeando trocas de bolas através de movimentos simples e adaptados à situação. É uma ação global das capacidades do corpo e da mente traduzidos pelos movimentos que levam à obtenção de resultados, ou seja, acertar a bola.

Assim como a maioria dos países, o Brasil conheceu o tênis por intermédio dos imigrantes ingleses, geralmente engenheiros, comerciantes e diplomatas que levavam na bagagem a famosa "caixa" criada e comercializada por Wingfield, onde constavam livro de regras, raquetes, bolas e rede (Teles e Salve, 2005). Mas muito tempo se passou e desde a vitória de um dos torneios do Grand Slam, em Rolland Garros em 1997 pelo brasileiro Gustavo Kuerten, o Guga, o Brasil sofreu um aumento da demanda pela prática de tênis. Em 2007, dez anos após este fato, o Ministério do Esporte agregou a seu programa de inclusão através do esporte a modalidade de tênis de campo. O programa denominado Segundo Tempo é um programa estratégico do Governo Federal que tem por objetivo democratizar o acesso à prática e à cultura do Esporte de forma a promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens, como fator de formação da cidadania e melhoria da qualidade de vida, prioritariamente em áreas de vulnerabilidade social (Ministério do Esporte, 2003). O tênis até então sendo considerado esporte de elite, trazendo este rótulo desde o tempo do Império Romano, onde recebia a denominação de "Jogo do Balão", através de seus legionários, este esporte se espalhou por todas as regiões do mundo antigo, recebendo em cada lugar contribuições e denominações diferentes, fazendo menção especial ao "Palacorde", que já despertava admiração em toda aristocracia francesa onde recebeu a denominação de "Jogo do Rei"; outro lugar onde era praticado apenas pelos 'Lordes' era a Inglaterra, onde há registro do primeiro torneio de tênis (Wimbledon, 1877) o qual é disputado até hoje (MESQUITA, 1972). Estes fatos históricos acabaram por rotular o tênis como sendo um esporte de elite e mesmo assim ele passa a integrar um programa destinado a comunidades carentes, sendo praticado por crianças e adolescentes expostos aos riscos sociais que integram o público-alvo do referido programa. A inclusão desta modalidade esportiva na iniciação de crianças e adolescentes justifica-se por proporcionar o incremento da atenção e concentração, Torok e Bueno (1983) afirmam que no Tênis, o aspecto da concentração é fundamental para a prática do mesmo, sendo assim, a componente atenção é primordial para que se desenvolvam os aspectos inerentes ao mesmo. Mas para se tornar educativo o tênis no âmbito escolar deve ter uma série de características diferenciadas do tênis desporto, pois ele deve sempre buscar o lúdico e o desenvolvimento geral da criança e deixar de lado o espírito agonístico do desporto, tornando-se um meio e não um fim em si mesmo. Devem prevalecer os aspectos de cooperação e socialização característicos do ensino fundamental (Pinto e Cunha, 1998) fundamentando a importância no aspecto cognitivo. Em relação à parte física SIQUEIRA (1991) afirma que o Tênis é um jogo que envolve movimentos físicos de outros esportes tais como: correr, saltar e arremessar, e usa atributos básicos de rapidez, destreza e resistência. "Para controlar isso, você conta com uma qualidade chamada coordenação motora". Para Bang (2007) Como atividade física, o Tênis proporciona benefícios físicos e mentais, além de ser uma boa opção de lazer. Ainda afirma que são muitos benefícios proporcionados pela prática do Tênis observados de acordo com a idade, sexo e intensidade da prática esportiva. Alguns deles: controle da gordura corporal, condicionamento físico, combate ao estresse, ganho de massa muscular e massa óssea e prevenção de doenças crônico-degenerativas como diabetes e pressão alta.Conjuntamente com os benefícios oferecidos pela modalidade ao desenvolvimento dos praticantes, Santa Catarina de acordo com Lois (2007), nos últimos dez anos, entre 1997 e 2007 tornou-se referência pelo surgimento de fenômenos esportivos no cenário nacional, entre elas o tênis através de Gustavo Kuerten. Neste mesmo estudo o autor afirma e demonstra os diversos contratos e patrocínios que o atleta conseguiu em virtude de seu sucesso no Tênis, servindo como estímulo a pratica massificada desta modalidade. Através disto Santa Catarina incluiu no programa Segundo Tempo do Ministério do Esporte, através de uma parceria entre o Núcleo de Estudos em Tênis de Campo (NETEC) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com a empresa Guarani Tênis, oferecendo assim alternativas para se disseminar a prática desta modalidade pelas diversas camadas sociais. A explicação desta parceria e viabilidade do projeto é explicada no site da própria empresa onde diz: Buscando a viabilidade do ensino do tênis nas escolas, foram desenvolvidos pelo Núcleo de Estudos em Tênis de Campo da Universidade Federal de Santa Catarina (NETEC-UFSC), em parceria com a Empresa Guarani Indústria e Comércio, um material especial para a iniciação do Tênis pelas escolas. Estes materiais foram adequados para utilização da metodologia do Mini-Tênis desenvolvida pela Federação internacional de Tênis, à qual vem sendo aplicada com sucesso em diversos países. Como explica Patrícia Medrado, ex-atleta da modalidade e atualmente responsável pela implantação do tênis em escolas da rede publica de São Paulo, em seu site que os programas de iniciação e inclusão através do Tênis utilizam de metodologia simples e lúdica (mini-tênis) que facilita o aprendizado por utilizar materiais adaptáveis (raquetes e quadras menores, bolas sem pressão e redes baixas), com regras simplificadas. Contextualizamos o Tênis, seu breve histórico, seus benefícios e alguns dos motivadores para a massificação da modalidade em Santa Catarina e em todo o nosso país. Mas encontramos em autores o estigma excludente de crianças à prática do Tênis, de que ele é um esporte muito caro por causa do custo das raquetes e bolas oficiais (Pinto e Cunha, 1998). Desta forma entendemos a importância de programas de Tênis, destinados às classes mais baixas de nossa população, que é exatamente o que este programa do Governo Federal conjuntamente com as parceiras catarinenses já citadas no estudo vem implementando no estado.

MASSIFICAÇÃO DO TÊNIS ATRAVÉS DO PROGRAMA SOCIAL – SEGUNDO TEMPO DO MINISTÉRIO DO ESPORTE

O Segundo Tempo é um programa do Ministério do Esporte, em parceria com o

Ministério da Educação promovido pela Secretaria Nacional de Esporte Educacional (SNEE), destinado a possibilitar o acesso à prática esportiva aos alunos matriculados no

ensino fundamental e médio dos estabelecimentos públicos de educação do Brasil, principalmente em áreas de vulnerabilidade social. No Manual de Diretrizes e Orientações do Programa Segundo Tempo é apresentado seu objetivo central:

Democratizar o acesso à prática esportiva por meio de atividades a serem realizadas no contra-turno escolar, de caráter complementar, com a finalidade de colaborar para a inclusão social, bem-estar físico, promoção da saúde e desenvolvimento de crianças e adolescentes, principalmente em situação de vulnerabilidade social, portadores de necessidades especiais e jovens que estão fora da escola, no sentido de possibilitar a sua inclusão no ensino formal

(BRASIL, 2006).

Através de uma prática simples e utilizando materiais alternativos os autores BUDINGER (1982), JAQUET (1984) e DHELLEMES e BECHADE (1988), sugerem que este esporte poderia ser oferecido, na iniciação, a uma grande gama de crianças e adolescentes, popularizando-o nas demais camadas sociais reduzindo assim o conceito de o Tênis ser um esporte para a elite. Segundo as diretrizes do Programa Segundo Tempo, vem-se trabalhando neste sentido, uma vez que busca parcerias com prefeituras e em entidades privadas disponibilizando todo o material e professor capacitado, sendo o objetivo principal deste programa promover a pratica inclusiva de crianças e jovens carentes a atividades de esporte e lazer no seu contra turno escolar, afastando-os assim dos riscos sociais existentes em sua sociedade. O lazer cresceu muito e passou a ser valorizado no último século, está em plena expansão como necessidade imperiosa, valor latente em todas as classes sociais, em especial, entre os jovens (Bonalume, 2007). O Programa foi lançado no ano de 2003 pelo Ministério do Esporte e somente no ano de 2007 seus idealizadores incluíram a modalidade de tênis de campo no quadro de atividades oferecidas pelo programa. Por se tratar de um projeto social que atende milhares de crianças e adolescentes carentes este é um dos meios onde elas entram em contato com esta modalidade, suas regras e materiais de jogo. Wernek (2000) aponta uma consideração importante para o enfrentamento das barreiras, no tocante ao lazer, que pode ser, inclusive, estendida ao trabalho: "e traz à tona a necessidade de repensar o lazer não como uma estratégia para reforçar as contradições vividas no cotidiano, mas para encontrar novas arestas lúdicas, críticas e criativas para enfrentar esses limites em nossa realidade.". Para viabilizar esta pratica aos jovens carentes houve uma preocupação em buscar materiais de baixo custo. No estado de Santa Catarina na Universidade Federal, foram criadas e testadas alternativas de materiais de tênis, raquetes, bolas e redes adaptadas para a iniciação dessa modalidade.

As formas de viabilizar esta massificação do tênis, são através destes recursos oferecidos pelo programa:

- Materiais: cada núcleo do programa é atendido com a cedência destes materiais: Raquetes de polietileno de alta densidade, 40 (quarenta) unidades, confeccionadas em dois tamanhos e nas cores: verde, amarelo, vermelho, azul e outras;

Redes de nylon com acabamento em nylon resinado, 04 (quatro) unidades, possibilitando atender até 40 (quarenta) alunos simultaneamente;Suportes de sustentação confeccionados com material resistente, 08 (oito) unidades, que dão estabilidade às redes;

Bolinhas do tipo soft, 100 (cem) unidades, próprias para o aprendizado do mini-tênis; Sacolas resistentes, 02 (duas) unidades, para acondicionamento e transporte dos materiais;

Apostila contendo todas as instruções, metodologias e técnicas para o ensino do mini-tênis, desenvolvida pela Federação Catalã de Tênis;

Recurso Áudio-Visual (fita de vídeo e cd-rom), com conteúdos elaborados para suporte da capacitação e consulta permanente.

- Estagiários: Cada modalidade terá um estagiário de educação física, pedagogia ou áreas afins, para ministrar e organizar as atividades do programa. É oferecido capacitação nas modalidades para aperfeiçoamento e melhora do quadro de estagiários envolvidos no programa. Para Keller & Bastos (1999) ter uma filosofia definida no trabalho educacional parece ser um ponto fundamental no processo ensino-aprendizagem. A modernidade educacional exige mecanismos que possam formar profissionais que deixem de ser meros repetidores de estruturas cunhadas, muitas das quais ultrapassadas, e os transformem em seres pensantes, críticos e abertos à busca de novos conhecimentos e que se adaptem aos fatos e às situações, procurando soluções por sua própria iniciativa.

- Lanche: É distribuído lanche gratuito oferecido pelo programa no intervalo das atividades. Conforme cita Mendes (2007) o fato de ser servido um lanche para os participantes nos dias em que eram realizadas as ações do programa, também foi um aspecto destacado (...) ela afirma também que moradores de baixa renda conferem relevância na distribuição dos lanches e alguns participantes em dias de chuva com a interrupção das atividades compareciam ao local somente para receber a alimentação.

-Locais das atividades: Através de parceria com as prefeituras da localidade de execução do programa são oferecidas estruturas para execução das modalidades, em específico em nosso estudo, do tênis. De acordo com Nogueira e Sampaio (2006) A urbanização das cidades, o excesso de veículos, o aumento da violência e outros fatores restringem a atividade física das crianças que acabam ficando muito tempo assistindo televisão, jogando vídeo game ou diante do computador, gastando poucas calorias e aumentando as chances de se tornarem obesas, a falta de estruturas físicas para se praticar atividades físicas é uma problemática nacional, sendo assim importante que os responsáveis pelas atividades utilizem do improviso para que a prática seja semelhante com a modalidade proposta, para Piaget (NOBREGA, 1999), a inteligência é vista como o sofisticado ato de tatear que se usam quando não se sabe ao certo o que fazer. Inteligência tem a ver com improviso. É o processo de improvisar e refinar o improviso. E é neste sentido que Marcelino (2006) nos coloca a necessidade de que:

... ao tempo disponível corresponda um espaço disponível. E se a questão for colocada em termos de vida diária da maioria da população, não há como fugir do fato: o espaço para o lazer é o espaço urbano. As cidades são os grandes espaços e equipamentos de lazer (p.66).

Para Bonalume (2007) é perceptível que o lazer não se concretiza de maneira igual em todas as camadas da sociedade. Diversos fatores impedem ou retardam o desenvolvimento quantitativo e qualitativo igualitário: inexistência ou insuficiência de espaços e equipamentos coletivos de esporte, lazer e cultura, falta de tempo, falta de recursos e, até mesmo, a falta de uma atitude pró-ativa para com o lazer.

AMOSTRA

Nosso estudo foi realizado com uma amostra de 26 crianças e adolescentes, todos do sexo masculino, pois não houve procura de meninas para esta modalidade, praticantes da modalidade Tênis de Campo no núcleo de Ponte Alta/SC. Este núcleo esta localizado na cidade de Ponte Alta, segundo dados do IBGE (2007), com população de 5.080 habitantes, sendo 861 destes matriculados no ensino fundamental. Todos os componentes da amostra devidamente cadastrados no Programa Segundo Tempo até dezembro de 2008.

OBJETIVOS DO ESTUDO

Definir a classe socioeconômica predominante dos praticantes da modalidade Tênis de Campo na cidade de Ponte Alta/SC através do programa Segundo Tempo oferecido pelo Governo Federal.

MATERIAIS E MÉTODOS

Utilizamos para estabelecer a classe socioeconômica de cada participante do Tênis de Campo, o questionário da Abep (2005) que define o Critério de Classificação Econômica Brasil que, enfatiza sua função de estimar o poder de compra das pessoas e famílias urbanas, abandonando a pretensão de classificar a população em termos de "classes sociais". A divisão de mercado definida abaixo é exclusivamente de classes econômicas (Abep, 2005).

Quantidade de itens:

 

0

1

2

3

4

Televisão em cores

 

 

 

 

 

Rádio

 

 

 

 

 

Banheiro

 

 

 

 

 

Automóvel

 

 

 

 

 

Empregada Mensalista

 

 

 

 

 

Máquina de Lavar

 

 

 

 

 

Videocassete ou DVd

 

 

 

 

 

Geladeira

 

 

 

 

 

Freezer

 

 

 

 

 

 

 
 

PONTUAÇÃO

 
 


Item

 

 

 

 

 

Televisão em cores

0

1

2

3

4

Rádio

0

1

2

3

4

Banheiro

0

4

5

6

7

Automóvel

0

4

7

9

9

Empregada Mensalista

0

3

4

4

4

Máquina de Lavar

0

2

2

2

2

Videocassete ou DVd

0

2

2

2

2

Geladeira

0

4

4

4

4

Freezer

0

2

2

2

2

 

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primário incompleto Analfabeto / Até 3a. Série Fundamental

0

Primário completo / Ginasial incompleto Até 4a. Série Fundamental

1

Ginasial completo / Colegial incompleto Fundamental completo

2

Colegial completo / Superior incompleto Médio completo

4

Superior completo Superior completo

8

Itens

0 1 2 u +CORTES DO CRITÉRIO BRASIL

Classe Econômica

Pontuação

Média Nacional

Renda familiar por classes

A1

42-46

0,9%

R$9.733,00

A2

35-41

4,1%

R$6.564,00

B1

29-34

8,9%

R$3.479,00

B2

23-28

15,7%

R$2.013,00

C1

18-22

20,7%

R$1.195,00

C2

14-17

21,8%

R$726,00

D

8-13

25,4%

R$485,00

E

0-7

2,6%

R$277,00

Fonte: Abep, 2005.R

 

Através deste questionário podemos contextualizar o modelo de jogo e aprendizado através do esporte que devemos incutir nos participantes, pois o sistema educacional pode criar no indivíduo um novo ser social, é no sistema educacional que o sujeito vai ser inserido num modelo de vida em sociedade, desenvolvendo formas de consenso ou pacto social, tendo oportunidades de experimentar e exercer certos padrões de sociabilidade, ou seja, a internalização da moral social e do grupo (de Paula, 2005).$ Bourdieu (1998), ao falar sobre as desigualdades sociais, destaca que os mecanismos de eliminação e exclusão ocorrem durante toda a carreira escolar, por meio de democráticas oportunidades de acesso que nada mais são do que resultado de um processo de seleção discriminatório, cujo peso é exercido com rigor desigual sobre os indivíduos de diferentes classes sociais. Oportunizando atividades de cunho elitista como o Tênis o Governo através do Programa Segundo Tempo ensaia uma tentativa de educar e aproximar classes sociais através do esporte. De acordo com o Ministério do Esporte, no documento sobre Política Nacional do esporte e do lazer, resultante da I Conferência Nacional do esporte e Lazer, "o esporte e o lazer são direitos sociais e, por isso, interessam à sociedade, devendo ser tratados como questões de Estado, ao qual cabe promover sua democratização, colaborando para a construção da cidadania" (Ministério do Esporte, 2006).

DADOS OBTIDOS E RESULTADOS

Os dados encontrados a partir do questionário da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa de 2005 baseados na classificação socioeconômica da amostra encontraram os seguintes resultados:

A1

A2

B1

B2

C1

C2

D

E

00

00

00

01

07

08

09

01

Para as classes socioeconômicas A1, A2 e B1 não houve nenhum classificado, para a classe B2 houve 1 (um) indivíduo (3,85%), para a classe C1 houveram 07 (sete) indivíduos (26,92%), na classe C2 08 (oito) indivíduos (30,77%), na classe D encontramos 09 (nove) classificados (34,61%) e somente 01 (um) na classe E (3,85%).Encontramos ainda com estes dados, resultados de média de renda familiar em R$ 801,07. Outro dado significativo foi de que nenhum chefe de família cursou ou esta cursando nível superior.

DISCUSSÃO

Os resultados obtidos no estudo confirmam a importância de programas governamentais para comunidades de todas as classes sociais e nos comprova a eficácia na transformação de comunidades através do esporte. As ONGs trabalham em ação complementar a escola, algumas utilizando o esporte numa abordagem educacional, com objetivo de mobilizar grupos, ensinando-lhes condutas, atitudes de convivência e formando opiniões para reestruturar costumes e valores nas comunidades de baixa renda (HELLENSON, 1985 apud PAES, 2001). Nosso caso específico não é uma ONG, mas sim um programa social do Governo Federal com objetivos semelhantes, educação através do esporte que Paes (2001) enfatiza:

O jogo proporciona alegria e prazer independente de competição, é um instrumento importante nas aulas de Educação Física, que permite ensinar o esporte mantendo a ludicidade, desenvolvendo seus fundamentos básicos e estimulando aspectos do comportamento humano (PAES, 2001).

Para Zaluar (1997) valores éticos e humanos se perdem nesse vasto mar de desigualdade social e em meio a tudo isso as crianças são as mais atingidas, pois para ajudar no sustento da família trocam à escola por trabalhos precoces. Na cidade em que abordamos o estudo é um caso muito freqüente, crianças e adolescentes em meio a adultos trabalhando para ajudar no sustento familiar. Estas crianças muitas vezes sentem-se rejeitadas pelo mundo e acabam tornado-se mais agressivas, sem habilidades sociais e não cooperativas, tendem a interpretar o comportamento dos outros como hostil e por serem rejeitadas pelos colegas e sociedade, muitas vezes, são empurradas para grupos com iguais características, normalmente outras crianças agressivas ou delinqüentes (BEE, 1996).Ainda Zaluar (1997) define que um problema leva a outro e a desestrutura familiar é um fator onipresente na vida da maioria das crianças desfavorecidas, os pais sem condições de estruturar suas famílias se tornam violentos, viciados e alcoolizados, aumentando o abismo existente entre eles, sem diálogo, afeto e educação. Entendendo como eficaz Tubino (2001) define o esporte educação como uma atividade humana no processo educacional, para a formação de pessoas, sendo considerado um caminho essencial para o exercício futuro da cidadania. Concordando com o autor entendemos que pela grande maioria da amostra 69,23% encontrarem-se classificados nas classes econômicas C2, D e E com renda familiar mensal abaixo dos R$ 726,00 seria impossível às crianças e adolescentes pertencentes a estas famílias praticarem Tênis de Campo, devido ao custo de materiais e dificuldade na obtenção de locais adequados à prática organizada desta modalidade com monitoramento de pessoal capacitado e orientado para este fim.

CONCLUSÃO

Neste estudo evidenciou-se presença marcante das classes C1, C2 e D de praticantes do Programa Segundo Tempo no município de Ponte Alta, expostas aos riscos sociais, os dados encontrados vem de encontro ao objetivo principal do Programa do Ministério do Esporte. Verificando a aceitação à prática da modalidade de tênis de campo destas classes menos favorecidas, desta forma oportunizando o contato, conhecimento e extração dos benefícios desta modalidade no desenvolvimento físico, cognitivo, psicológico e social da amostra.

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