Introdução

O Forte Príncipe da Beira é uma majestosa relíquia da arquitetura militar luso-brasileira. À margem direita do Rio Guaporé no estado de Rondônia estas localizado. Essa obra de D. Luiz de Albuquerque Mello Pereira e Cáceres em terra tão distantes erigiu esse marco da soberania nacional.

As muralhas enormes simbolizavam a ousadia e audácia dos idealizadores. A construção em si foi um ato heróico contra as artimanhas naturais da Amazônia como animais selvagens, diferenças climáticas, doenças tropicais e ainda a ameaça de confronto com povos vizinhos. Esse forte é um símbolo de fé e vontade, retrata bem a presença do homem e seu esforço para preservar a integridade territorial da colônia portuguesa na América.

 

DESENVOLVIMENTO

 

                            O Real Forte Príncipe da Beira é considerado um dos marcos mais monumentais da ocupação portuguesa na Amazônia. Seu intuito era guardar a fronteira do Brasil, seus limites entre o império português e espanhol. Quando a ocupação da região já estava consolidada, perdeu sua função e acabou abandonado.

 

2.1. ORIGEM DO NOME

                            A origem do nome do Forte Príncipe da Beira se deu a uma homenagem ao príncipe herdeiro da coroa Portuguesa D. José de Bragança, futuro príncipe do Brasil, que então era ainda apenas Príncipe da Beira, esse titulo manteve até o ano de 1777 quando sua mãe D. Maria I de Portugal subiu ao trono, ele passou a se chamar Príncipe do Brasil. Esse forte teve inicialmente seu nome Forte de Nossa Senhora da Conceição.

 

2.2. CONSTRUÇÃO

                            A construção desse forte exemplifica a visão geopolítica da diplomacia portuguesa do século XVIII, que aproveitando-se do Tratado de Madri em 1750 procurou assegurar a posse do território. Em grande parte, financiadas pelas receitas geradas pela Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão. Projetada pelo arquiteto italiano Domingos Sambucetti, que infelizmente faleceu de malaria durante a obra, tendo sido substituído pelo Capitão de Engenheiros Ricardo Franco de Almeida Serra,  a construção esta localizada às margens do Rio Guaporé, na fronteira do Brasil com a Bolívia, no município de Costa Marques em Rondônia. A pedra fundamental da construção foi lançada em 20 de junho de 1776 e as obras foram concluídas em agosto de 1783. O primeiro comandante foi o Capitão de Dragões Jose de Mello da Silva Villena. D. Luiz de Albuquerque Mello Pereira e Cáceres criou esse baluarte, visando inicialmente a consolidação do domínio português na calha do Rio Guaporé, diante da ameaça expansionista do Vice-Reinado do Peru. A idéia não era uma construção similar a do Forte Coimbra, mas sim uma verdadeira fortaleza com todos os requisitos da Engenharia Militar. Para tal empreitada foi escolhida uma lomba da Serra dos Parecis, dois quilômetros a montante de Conceição, na margem direita do Rio Guaporé. A falta de recursos, as longas distancias, a aproximação dos espanhóis, bem como todas as dificuldades foram registradas por D. Luiz de Albuquerque quando disse: “A soberania e o respeito de Portugal impõe que neste lugar se erga um forte, e isso é obra a serviço dos homens de El-Rei, nosso senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalho que isso dê... é serviço de Portugal. E tem que se cumprir.” O Real Forte Príncipe da Beira é um quadrado de conformidade com o sistema Vauban ou de praças, que utiliza a fortificação de bastiões, possuindo um perímetro de 970 metros, construído sobre um quadrado, medindo cada face 118 metros e 50 centímetros e tendo em cada ângulo um baluarte de 59 metros sobre 48 metros na máxima altura, em cada baluarte (são quatro no total) há 14 canhoneiras, sendo três por flanco e quatro por face. As cortinas, que ligam os baluartes entre si, medem cada uma 92 metros e 40 centímetros, e a gola 22 metros. O fosso, de largura variável, entre um metro e 50 centímetros e três metros, atinge a de nove metros em frente ao baluarte da Conceição, tendo em todo seu desenvolvimento dois metros de profundidade. Esse fosso obrigava o ingresso através somente da ponte elevadiça que conduzia à monumental e única porta com cerca de três metros de altura, aberta na muralha norte. No seu interior, existiam quatorze residências, destinadas ao comandante e aos demais oficiais, uma capela, um armazém e depósitos.

                            As pedras usadas na construção, inicialmente, eram trazidas de Belém, por via fluvial (Rio Amazonas, Madeira e Guaporé); posteriormente, passaram a vir de Albuquerque ou de Corumbá, em Mato Grosso, subindo a calha do Rio Paraguai e seus afluentes da margem direita e dali eram transportadas por terra. Essas pedras percorriam mais de mil quilômetros antes de atingir a área do forte. As peças de artilharias levaram muito tempo para chegar em seu destino. Dados confirmados em documentos registram que quatro de seus canhões, os de bronze, calibre 24, foram enviados do Pará somente em 1825, sendo transportadas pelo Rio Tapajós, uma viagem que levou cinco anos para se completar. Referido em documentos a mão de obra teve a quantidade de duzentos homens, mas estima-se que aproximadamente mil homens tenham estado envolvidos na edificação do forte, entre indígenas e escravos africanos.

 

2.3. ABANDONO

                            Após o término do primeiro comando existe um vazio histórico com mais de um século. Está registrado que apenas em 1889, o velho forte foi desativado por medida de economia do governo recém-instalado. A partir dessa data, tiveram inicio os saques e depredações, tanto por brasileiros quanto bolivianos. Tudo que pudesse ser aproveitado e carregado foi retirado pelos que por lá transitavam. Os canhões foram espalhados ou até mesmo vendidos para navios ingleses em Antofagasta na costa do Pacífico.

 

2.4. REDESCOBERTA

                             Em 1914, Marechal Candido Mariano Rondon, em suas explorações pela região, encontrou vestígios da fortificação e constatou o abandono do rico e histórico patrimônio, já depredado e danificado. Restava apenas ruína do que fora o Majestoso Real Forte Príncipe da Beira. Em 1930, o general retornou em inspeção ao mesmo local, deixando registrada sua passagem em uma placa alusiva à data em que foi criado um contingente especial de fronteira. Desde a passagem de Rondon o exercito esteve presente. Primeiro, com o 4º pelotão de Fronteira; em 1954, com o 7º pelotão de Fronteira e, em 1977, com o 3º pelotão Especial de Fronteira. Em 1950, o monumental forte foi tombado pelo Instituo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Atualmente, o 1º pelotão de Infantaria de Selva Destacado, pertencente ao 3º batalhão da 17ª Brigada de Infantaria de Selva, é o responsável pela preservação e manutenção desse riquíssimo patrimônio histórico.

CONCLUSÃO

 

                            A discussão sobre o Real Forte Príncipe da Beira, procurou evidenciar que esta obra foi criada para determinados fins, cumpriram sua função primeira e guardam uma história, cuja memória de sua origem é, atualmente referenciada. Esse monumento cumpriu sua função e passou por períodos de inércias, mas foi revigorado e hoje presta importantes informações históricas e culturais para a versão mais moderna da economia e lazer, o turismo.

                            Essa construção em 2009 foi selecionada para a escolha das sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo. A obra demonstra a força da engenharia portuguesa e a garra do trabalhador brasileiro em demarcar território na região amazônica. O espaço produzido pelo homem é mutável na sua estrutura e função, e atualmente se constituem em importante acervo da nossa história e paisagens formidáveis de se contemplar, como atrativos turísticos.


REFERÊNCIAS

 

REAL FORTE PRÍNCIPE DA BEIRA. Wikipedia, a enciclopédia livre. (Acesso em 06.09.2014)

TEIXEIRA, Paulo Roberto Rodrigues. Forte Príncipe da Beira. Rondônia, 2009.

CASARIN, Rosalia; VIEIRA, Vera Hiroko Okazaki. Funções Sociopolíticas do Real Forte Príncipe da Beira. Mato Grosso: Unioeste, 2011.

MATIAS, Francisco. Formação Histórica e Economica de Rondônia. Porto Velho: 2010, 3 ed, INDAM.