Re-dimensão e trans-formação  na Poesia Homérica
por Platão: areté kaì technaì


Introdução

    Tomemos o poema Ulisses, de Fernando Pessoa:

Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo,
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.

    Em que relevo poderemos colocar, nas linhas que se seguem, a Poesia Épica – em especial Homero e sua Odisséia? Que valores nos são legados pelo legendário poeta e por que ainda se nos mostram tão fecundas suas fantásticas narrações? É possível, por assim dizer, em nossa modernidade, um diálogo com este poema – já que dele nos dista esta barreira indelével de mais de duas dezenas de séculos?

“É clássico aquilo que persiste como rumor mesmo onde predomina a atualidade mais incompatível”

Nossa proposta aqui é considerar este diálogo como plenamente possível, dada a amplitude de abordagens que nos seriam permitidas realizar acerca do Poeta. Abordaremos especialmente um Homero, dentre tantos outros – e que para nossa exposição consideramos fundamental: o Pedagogo. E desta forma abrir espaço para discussões abertas nos diálogos de Platão (aqui especificamente Íon e República) acerca da poesia pedagógica homérica. Discutimos a perspectiva platônica, pois o que se pode dizer do Pensamento Ocidental – aqui focalizando a educação – sem omitir este filósofo cuja obra é sempre “matriz” quando se trata de uma análise mais séria e aprofundada no tocante a nossa tradição ocidental?
Sem dogmatismo algum a perspectiva platônica pretende ser tratada. Procurar-se-á, todavia, avaliar em que circunstâncias Platão se remete a Homero, que relevo lhe é dado e em que outras miradas sua crítica pode ser re-dimensionada.

1 -  Poesia épica: dimensão de formação
   
“Y si consideramos que las formas de prosa literaria que tuvieron una acción educadora más eficaz, es decir, la historia y la filosofia, nacieron y si desarollaron directamente de la discusión de las ideas relativas a la concepción del mundo contenidas en la épica, podemos afirmar, sin más, que la épica es la raíz de toda educación superior en Grecia”
   
    A afirmação de Jaeger nos coloca diante de nosso objeto primeiro – e é decisiva: Homero é o educador dos gregos, por excelência. Seus versos constituem a pedagogia de sua época, bem como o suporte dos valores daquela comunidade, e detêm a responsabilidade pela manutenção de sua cultura – aqui no mais amplo sentido.

[...] no deja de ser evidente que Homero, como todos los grandes poetas de Grecia, no debe ser considerado como simple objeto de la historia formal de la literatura, sino como el primero y el más grande creador y formador de la humanidad griega

    Desta maneira, a epopéia homérica não é somente uma obra literária (esse conceito é esparso e para nosso estudo pouco ou de nada serve) mas é a pura representação, para a cultura de sua época, de mais alta sumidade enquanto instância formadora. Sempre Jaeger:

La gran epopeya no representa sólo un progreso inmenso en el arte de componer un todo complejo y de amplio contorno. Significa también una consideración más profunda de los perfiles íntimos de la vida y sus problemas, que eleva la poesía heroica muy por encima de su esfera originaria y otorga al poeta una posición completamente nueva, una función educadora en el más alto sentido de la palabra. 

La evocación del ejemplo de los famosos héroes y de los sagas forma, para el poeta, parte constitutiva de toda ética y educación aristocráticas. 

    Ingênua seria, por uma leitura superficial desta última citação, a acepção de que a educação homérica é elitista. Não só a educação da época difere da concepção moderna, quanto o conceito de aristocracia nada tem a ver com a conotação pejorativa de nossa sociedade contemporânea. Aprofundarmo-nos em tal questão poderia nos desviar do tema central a que se propõe o texto. Todavia, a respeito do tema, o autor da Paidéia é bastante conciso:

Pero es evidente que la nobleza es para el poeta un problema social y humano que considera desde una cierta distancia. Esto le capacita para pintarla como un todo objetivamente, com aquella cálida simpatía por el valor de la conciencia y la educación de los verdaderos nobles que, a pesar de la aguda crítica de los malos representantes de la clase, hace testimonio tan indispensable para nosotros.

    O poeta é o que declama; é aquele que detém a Verdade de seu tempo. É o que narra todas as glórias de um povo. A verdade é o seu discurso e seu discurso é em si a prova de sua verdade.  Ele é a memória preservada de um povo – ressalte-se para os gregos de então o não-esquecimento é a verdade, daí a palavra alethea. O poeta: aquele que encanta, excita, preserva, prescreve, louva.

Em sua condição de mestre da verdade, o poeta era um porta-voz das divindades, especificamente das Musas, filhas de Mnemosyne, a memória, que, trazendo em seu bojo passado, presente e futuro, possibilitava uma onisciência de caráter mântico. 

1.1. – A questão dos valores

    Afirmamos que Homero é o educador da Grécia por excelência. Em virtude de tal atributo, é impossível retratar a sua dimensão pedagógica sem nos atermos a um importante quesito de sua obra: os valores difundidos na epopéia como os padrões de condutas exemplares as quais deveriam ser seguidas pelos jovens guerreiros helênicos. O sentimento do dever, o culto e a devoção aos deuses, o apego às tradições da família são valores legados pela tradição que a pedagogia homérica sustenta. Dentre esses valores, um atributo em especial se destaca:.
     
El tema esencial de la historia de la educación griega es más bien el concepto de areté, que se remonta a los tiempos más antiguos. [...] En el concepto de la areté se concentra el ideal educador de este período en su forma más pura. 
   
    Seria pueril se, de nossa parte, afirmássemos ser possível definir a areté homérica com todo seu rigor semântico. O problema torna-se não somente filológico, como também ontológico e tal dimensão não é a que mais interessa nas linhas que se seguem. O que podemos vislumbrar, considerando a poesia homérica como experiência originária – pois esta é nossa única via de acesso –, é a constituição de valores a que a palavra nos remete.
    A areté está, antes de mais nada, indissociada do conceito da nobreza helênica. Mas ela é muito mais do que isso – ela o perpassa – e em dimensões estéticas e éticas muito mais profundas. A areté é razoavelmente traduzida aqui por excelência. Está também arraigada ao conceito do dever, mas responde pelo belo. É a beleza em sua instância mais pura. E é também o atributo da força, da coragem, da vitória e da superação,  é a plenitude. Ela não só se dá no plano divino, mas se estende ao homem (tomo como exemplo as competições do funeral de Pátroclo na Ilíada e a disputa atlética entre Odisseu e os Feácios)  e até mesmo o animal (a respeito, a areté do cão).    
   

1.1.1 – Léxico homérico?

    Parece-nos, pois, que à guisa das questões dos valores nobres em que enquadramos a areté, uma série de palavras-chave complementariam também as “virtudes” do mundo homérico.
    Louvável é a hospitalidade a ser reservada para com o estrangeiro: a ela os gregos denominaram por Xenia. Sua dimensão é o bem tratar o forasteiro, prática ritualística constante no mundo homérico (Como a recepção de Telêmaco no palácio de Menelau, no Canto IV, e a de Odisseu pelos Feácios no Canto VIII).
O grande modelo de conduta é o herói Odisseu e a ele é atribuída uma série de qualidades: prudência (que os gregos tomam por daifronos); paciência (talassifronos); bem como astúcia e engenhosidade (polymétis, polyméchanos).
    Num outro pólo está a hybris. Ela é o excesso, a desmedida. Os hybrizontes são aqueles que, arrogantes, a nada se submetem, de tudo arrogam-se, pilham, violam as determinações divinas e vangloriam-se: estes terão (como os pretendentes de Penélope no Canto XIX da Odisséia) seu fim merecido, uma vez que o nómos (regras, leis do destino) lhes imporá, mais cedo ou mais tarde, a necessária vingança (némesis) e isto é inevitável.


1.2 O poeta, o enciclopedista

O poeta é uma fonte, por um lado, de informações essenciais e, por outro, de instrução moral básica.

    Esta última seção visa não só remeter ao que foi dito anteriormente, mas preparar o poema homérico para a dimensão que a posteriori lhe será dada, a saber, não só como uma obra da ficção do imaginário mas também como a fonte de todo um conhecimento, seu legado, “uma compilação de conhecimentos herdados.”
    Todavia, o ataque que à poesia homérica será empreendido não se instaura puramente em seu conteúdo imagético-ficcional: é antes de mais nada, instaurada por uma forma mais rigorosa de conhecimento: o reinado da epistéme, que está prestes a começar. O poeta como enciclopedista: nós o conferimos este atributo por estar presente em seus versos toda uma estrutura fundamental de valores, coisas, costumes, práticas ritualísticas, bem como seu “código ético”. Todavia:

A linguagem épica, de fato, é empregada para preservar as técnicas apenas como uma parte da educação geral. Por conseguinte, as descrições são sempre mais simbólicas do que detalhadas. O fato de que assim fossem fazia, indubitavelmente, parte da objeção de Platão: o poeta não era um perito.

2 – Diálogo filosófico: trans-formação

    Atenas vislumbra seu destino: engendrado por seu crescimento, sua prosperidade e  o florescer iconoclasta e revolucionário de seu novo pensar que infalivelmente está atrelado a todo peso e força mágica de sua tradição originária. Vaticina Platão:

Contudo, para onde a razão, como uma brisa, nos levar, para lá devemos seguir.

    A nova Atenas, ainda atrelada a suas delimitações, vislumbra uma revolução: não voltará nunca atrás – seu horizonte só se alarga. É neste contexto conturbado e revolucionário que o grego vislumbra a mais radical de suas experiências: preludia-se o domínio da Razão.
    E essa revolução inevitavelmente vai se estender à figura do paidagogós. À nova sociedade que se forma, ao novo sistema que se impõe, à nova dimensão do pensamento. Tudo isso vai desembocar num violento embate à tradição educacional grega. É o momento em que o poeta pedagogo vai dar lugar ao Mestre, que vangloriará a razão em seus discursos, inaugurando o Diálogo filosófico como nova forma de ex-posição. E, além de tudo isso, ironicamente, afirmará que só sabe que nada sabe: “o diabólico Sócrates”.



2.1 – Os poetas segundo Platão: mímesis

    A Verdade assume novo sentido. A epistéme aqui inicia o seu reinado (uma tradução razoável desta palavra seria o que ao longo dos séculos se conformou por conhecimento). O poeta não mais tem valor se levado por sua emoção ou pela beleza de sua narrativa. Tomará força a interpretação do que por ele é dito – recitar agora um poema seria uma atividade hermenêutica? 

O que à primeira vista está em jogo nesse texto é uma indagação a respeito da arte do rapsodo, com vistas a determinar se esta corresponde ou não a uma techné. Essa questão só pode ser integralmente dimensionada uma vez relacionada ao estatuto da poesia na Grécia arcaica e à mudança dessa concepção na Grécia Clássica, na qual vivia Platão.

    O outro grave problema é o da representação da realidade – a poesia é colocada não mais como verdade: ela é uma representação, muitas vezes tosca, secundária (platonicamente falando) do que as coisas realmente são no mundo que é regido pela razão e onde todo conhecimento é erigido pela epistéme e deve passar pelo crivo dialético.
     Estamos aqui diante do que dissemos no final de 1.2: o poeta não é um perito. E o julgamento platônico é conciso: a poesia, já que é uma imitação, não deve ser levada a sério pois é apenas uma ilusão, e não o conhecimento puro e racional.


2.2 – A República platônica expulsa os poetas

    Já no livro III da República Platão adverte quanto aos poetas: eles são imitadores e denigrem a imagem que se deve ter dos deuses. Deve-se, pois, ter muito cuidado com eles, os “criadores de fantasmas”.
    É, no entanto, no livro X que tal posição se solidifica e define: os poetas têm de ser banidos do Estado, pois têm “a capacidade de corromper, mesmo as pessoas mais honestas.”
   
Em suma, o alvo de Platão no poeta são precisamente aquelas qualidades que aplaudimos nele: sua universalidade, seu domínio do espectro das emoções humanas, sua eloqüência e sinceridade assim como sua capacidade de dizer coisas que somente ele pode dizer e revelar em nós mesmos aquilo que somente ele pode nos revelar. Todavia, para Platão, tudo isso é uma espécie de enfermidade, e temos de indagar por quê.
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3 – O problema das technaì

A única tecnologia verbal possível e disponível que garantisse a conservação e fixidez da transmissão era a da fala rítmica, habilmente organizada em padrões verbais e rítmicos, singulares o bastante para preservar sua forma. É esta a gênese histórica, a fons et origo, a causa motora daquele fenômeno que chamaremos de “poesia” 
   
Se era essa a causa motora da afirmação plena da poesia homérica, ela se manteve enquanto tal durante um bom período de tempo. Conforme Auerbach:

    A exprobração freqüentemente levantada contra Homero, de que ele seria um mentiroso, nada tira da sua eficiência; ele não tem necessidade de fazer alarde da verdade histórica do seu relato, a sua realidade é bastante forte; emaranha-nos, embrulha-nos na sua rede, e isto lhe basta. Neste mundo “real”, existente por si mesmo, no qual somos introduzidos por encanto, não há também nenhum outro conteúdo, a não ser ele próprio; os poemas homéricos nada ocultam, neles não há nenhum ensinamento e nenhum sentido oculto.

Esta era a sua techné. No entanto, já na Grécia Clássica a poesia homérica não se enquadrava nesta modalidade particular: mantinha sua integridade, no entanto, tendo de passar pelo crivo filosófico que lhe exigia uma estrutura de discurso incompatível com sua natureza: não possuía a nova techné que lhe era exigida, dada a nova autoridade, que passava a ser a razão. Assim sendo, vislumbramos o ataque de Platão no diáogo Íon: pela techné filosófica ela não se legitima, pois o poeta não é um conhecedor, um especialista ou physiologóis – logo ela só pode ser divina pois, do contrário, é mera falácia.

4 – Nova dimensão para a poesia épica?
   
Seria muito ingênuo que lêssemos no que Platão diz acerca dos poetas – em especial Homero – sua repugnância e total condenação desta arte. Pois que cuidados devemos tomar quanto à esta leitura? Se Platão toca esta questão com tanta veemência, é porque decerto os versos homéricos tinham um poder muito grande na época. Todavia, a pedagogia que Platão encerra na República, prioriza uma nova realização, uma perspectiva de novos problemas: o cidadão da pólis é o novo produto – e nasce no seio, no aflorar dos problemas metafísicos. E Platão, visando instaurar sua metafísica a qualquer custo, vê-se impelido a silenciar os poetas.
Mas é em sua forte exortação (diríamos hybris?) que de forma alguma vemos o desmerecimento ou desprestígio dos versos homéricos: vemos sim, uma forma nova assumida. Os cantos homéricos não são mais tidos como formadores, mas são, nesta conjuntura trans-formado(re)s, de-formadores, porque desvirtuam a valorização racional vigente. Num Estado como o da República, não têm espaço. Diz-nos Nietzsche:

Platón há dado realmente a la posteridad el  modelo de una obra de arte nueva, de la “novela”  que puede ser considerada como la fábula de Esopo infinitamente perfeccionada, y en la qual la poesía está supeditada a la filosofía dialéctica de la misma manera que, más tarde y durante largos siglos, esta filosofía fue subordinada a la teología, es decir, como “esclava”. Tal fue na nueva condición a la que Platon redujo la poesía, bajo la influencia diabólica de Sócrates.

    Devemos atentar para a concepção de Nietzsche, embora ela seja bastante radical. Sem dúvida, o platonismo deflagra a poesia nas malhas da dialética e isso lhe custa bastante caro: durante séculos os intérpretes de Platão têm tentado subverter o sentido desta hybris platônica – ou seria némesis? Todavia, não há duvidas: de forma alguma o que conhecemos por poesia hoje pode ser algo comparado ao que critica Platão em seus diálogos. O ataque que Platão empreende centra-se na dimensão conteudística e pseudo-epistêmica da poesia de sua época, mas isto de maneira alguma nos leva a crer que Platão quisesse demolir a Poesia: pelo contrário, ele a re-dimensiona a partir de uma conjuntura em que o lógos se instaura, ela cede o seu lugar ao discurso filosófico – mas seguido outro caminho. Seria a dimensão do sagrado?


Conclusões

    Procuramos mostrar de que maneira nos seria possível fazer uma leitura da Odisséia de Homero como vinculada à questão da educação, apoiando-nos nas observações de Werner Jaeger e Eric Havelock. Em seguida, vislumbramos através dos diálogos platônicos de que maneira o surgimento do discurso filosófico como nova pedagogia se deu, seu contexto propício e a crítica empreendida à sua tradição anterior (no caso aqui, à poesia de Homero).
    Pretendemos analisar de um modo diverso a “expulsão dos poetas” no livro X da República: não como uma repugnância do filósofo à arte poética em si, mas como a possibilidade a posteriori de uma nova dimensão da poética e suas novas technaì frente nova estrutura que se faria vigente, sem perder

Seu incomensurável poder de sedução, sua potência persuasiva, o caráter proteiforme das vozes que nela se expressam, bem como a perturbadora eclosão, por ela suscitada, das temíveis forças do imaginário, que parecem ter sempre assombrado a controladora razão ocidental



BIBLIOGRAFIA

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Estudos:

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           Editora 34, 1996.