Razões modernas do medo.

 

Todos os dias, como se fosse um ato religioso, as televisões despejam em todos os lares, trágicas notícias de crimes e mais crimes praticados por menores.

Entre dezesseis e dezoito anos o assassino é menor. Livre das amarras da responsabilidade social mínima do respeito à vida. Matam por prazer, sem a mínima necessidade. Se é que a morte possa ser necessária em algum momento.

Famílias de luto se espalham pelo Brasil, de Norte e Sul, Leste a Oeste, sem que tenhamos a menor reação.

Mas e os direitos dos “pobres” assassinos? Haverá que ser respeitado, sob o manto de uma pretensa impossibilidade de posicionar-se diante de seus atos criminosos. E direito das vítimas?  Que se danem as vítimas!

Mas os assassinos são menores. Menores????

Menores somos nós e nossos filhos, diante de tantas monstruosidades explícitas, levadas a termo pelo puro prazer de desfrutar de uma impunidade patrocinada pela hipocrisia reinante.

Para alguém minimamente inteligente, o ato criminoso torna o menor MAIOR.

Porque foi, afinal, uma escolha dele. Uma opção dele. Tornar-se maior pelo ato consumado de tirar uma vida sem a menor chance de defesa de sua vítima.

Mas não há agravantes aqui. São menores e isso é atenuante.

Dê-lhes um ou dois anos numa casa de recuperação que nada recupera. Solte-os nas ruas de novo, para que pratiquem seu esporte favorito: matar!

Nosso modelo de impunidade se estende de cima até embaixo. Sai de Brasília e se espalha pelo país como uma peste, mais negra que a peste negra. Transforma as ameaças da gripe H1N1 numa piada.

Quem é pai, quem é mãe sabe de tudo isso e não consegue dormir enquanto os filhos não chegam a casa à noite.

Muitos criminosos maiores, carregam menores “à tiracolo”, para assumirem os crimes praticados. Por quê? Porque menores são inimputáveis.

Então a proposta é simples: se o menor comete o crime, por este ato assume a maioridade. Sem nenhum crime, permanece menor até os dezoito anos. Simples assim.

Porque, se ao completar dezesseis anos, pode votar, também haverá de responder pelos seus atos.

Imagino algo mais ou menos assim: quando temos o primeiro filho(a), conhecemos, finalmente, nossos pais. Quando temos o segundo filho(a), conhecemos Deus. Pois quando ambos entrarem em conflito, saberemos que nosso amor por eles não se divide, não toma partido. Talvez por isso mesmo, ser Deus, é uma tarefa apenas para Deus.

E tudo isso acontece, porque faz parte da raça humana unir-se e procriar-se, ter família. Viver.

Tudo isso é, então, inevitável, como pelas palavras de Vinícius de Morais em seu poema Enjoadinho:  filhos, filhos, por que tê-los, mas se não tê-los, como sabê-los?”

Em síntese, assim como nós, Deus não deve estar gostando nada de tudo isso.