Razão e Erudição na Época Moderna

Isac Ferreira

Resumo

O artigo tratará de uma visão teórica da autora Maria Amélia Garcia Alencar sobre a razão e a erudição na época de transição entre o Feudalismo e o Capitalismo. Serão considerados como métodos a se chegar ao objetivo proposto, a crítica erudita e a crítica interna dos documentos, dando ênfase ao caráter de historiador como um investigador da pesquisa.

Palavras-chaves: erudição, razão e crítica interna.


Introdução

Entre os séculos XVI e XVIII, a Europa Ocidental passou por uma longa fase de transição, que marcou a passagem do feudalismo ao capitalismo. A influência da igreja católica passou a ser desafiada por uma verdadeira paixão pelas descobertas. O humanismo substitui o teocentrismo medieval. Com a enunciação das leis naturais, levou-se a libertação dos dogmas medievais que passaram a serem questionados. No século XVII se abriram as duas grandes vertentes do pensamento moderno: o empirismo, de Francis Bacon, e o racionalismo, de René Descartes. O empirismo questiona o caráter da verdade, enquanto que o racionalismo, busca superar tudo o que provoca incerteza no homem. O homem renascentista fez da História a história das paixões humanas. Para Descartes, as humanidades eram inúteis na busca de um conhecimento sólido e incontestável. Página: 29-32.

A CRÍTICA ERUDITA

A crítica erudita consiste numa análise rigorosa dos documentos antigos, a fim de se verificar sua autenticidade e veracidade. Não se pode fazer História que se pretenda científica sem uma segurança em relação aos documentos com que o historiador trabalha. Apesar dos grandes progressos da erudição e das ciências auxiliares, a História pouco avançou durante os séculos XVI E XVII. Muitos historiadores desse período pouco se preocuparam com a verdade. A crítica erudita foi percussora, de certa forma, da crítica interna (que surgiu no século XIX) e fez com que os historiadores fossem diretamente as fontes. Os processos da história erudita estavam definitivamente firmados, enunciando, as regras que o Positivismo imporia no século XIX. Página: 32-35.

GIOVANNI BATTISTA VICO

Giovanni Battista Vico foi uma espécie de precursor do desenvolvimento da história nos períodos que se seguiram. Segundo ele, a História pode ser objeto de conhecimento humano, sendo processo pelo qual os seres humanos elaboram sistemas de linguagem, costumes, leis, governos etc., a História é, para Vico, a história da gênese e do desenvolvimento das sociedades humanas e de suas instituições. Defendendo o caráter cíclico das sociedades humanas, Vico estabeleceu que a um período heróico segue-se um período clássico. A este último, segue-se um período bárbaro. Para conhecer uma sociedade, esse autor propunha o estudo da língua, o uso da mitologia, a utilização da tradição e uma melhor compreensão dos grupos humanos. Página: 35-37.

O SÉCULO DAS LUZES E A HISTÓRIA

O século XVIII é marcado pelo movimento que ficou conhecido como Iluminismo e, que propunha, que os homens daquele tempo se tornassem muito otimistas quanto ao poder da razão de conhecer e reorganizar o mundo. Sua reivindicação básica era liberdade. Era como se a humanidade atingisse a maioridade, continuando ao movimento que se iniciara no Renascimento. Os filósofos envolvidos com as novas idéias organizaram a publicação de uma imensa obra, a Enciclopédia, cujos verbetes são escritos por diversos autores, como, Voltaire, Diderot, entre outros. No campo político, o direito divino dos reis passou a ser contestado, formulando-se novas teses sobre a origem do poder. Na economia, a intervenção do Estado passava a sr contestada e os economistas liberais pregavam a doutrina do laissez-passer, ou seja, a auto-regulação dos mercados. " A visão de história do século XVIII é menos a de um edifício acabado, de contornos bem delimitados, do que a de uma força agindo em todos os sentidos"(Cassirer, 1997, p. 268-269). Página: 37-39.

VOLTAIRE E A AMPLIAÇÃO DAS PERSPECTIVAS DA HISTÓRIA

Voltaire foi poeta, filósofo e historiador. Aprofundou-se na história política e social para criar várias obras históricas. Voltaire compreendeu que o objeto da história devia ser o estudo dos motivos e das paixões que guiam as ações humanas. Valorizou o uso cuidadoso da documentação, atento a veracidade dos fatos descritivos, selecionando acontecimentos que considerava relevantes. Preocupou-se com a clareza e concisão de seus textos e utilizou os princípios da pintura e do teatro. Para Voltaire a história não é um gênero imutável e a maneira de a conceber liga-se ao movimento científico em geral. Pregava a necessidade do desenvolvimento da ciência da demografia e da história econômica, mas nem sempre conseguiu ser fiel aos princípios por ele mesmo estabelecidos. A crítica erudita possibilitou segurança no trabalho com a documentação. A noção de documento foi também ampliada. Libertada da religião, a História constituiu-se como ciência. Página: 39-41.

Referências Bibliográficas

ALENCAR, Maria Amélia Garcia. Razão e Erudição na Época Moderna. In. A História da História. Goiânia-GO.: Ed.Universidade Católica de Goiás, 2005, pp. 29-41.