Raposo hoje acordou um pouco quebrado, afinal Matilda o fez dormir no sofá da sala por causa do episódio do cinema prometido e não ido.

Ou melhor, Raposo acordou no sofá do Jean Claude, uma vez que era lá que o gatinho dormia.

Ou melhor, o sofá era do Jean Claude, a Sala era do Jean Claude, a Casa era do Jean Claude.

É assim que é.

Jean Claude era o dono da casa.

O dono do Raposo.

E até o dono da Matilda.

Ele simplesmente deixava os dois conviverem com ele no mesmo espaço, afinal eles sempre lhes davam leite, comida e quando ele permitia uns carinhos e afagos.

Como disse antes, Jean Claude achava que era um cachorro, pois cuidava da casa como se o fosse.

Até Bono, o Pastor Alemão do vizinho se sentia intimidado por ele.

Ai de quem tentasse passar pelo portão, JC(Jean Claude)avançava com suas unhas de Wolverine Tupiniquim e créu, lá saia o intruso carimbado e ardido.

Raposo um pouco entrevado e acabado se dirigiu até a cozinha pra preparar o café, tropeçou várias vezes em JC que insistentemente lhe pedia seu café da manhã.

Raposo até que tentou driblar a bola de pelo faminta de quatro patas, mas não deu.

JC sempre vencia.

E o pior aconteceu.

"Caramba, acabou a comida do JC"

Lá foi Raposo torto, faminto e sonolento ao mercado comprar o banquete de JC.

Estacionou o carro, entrou no EXTRA, driblou 5 donas-de-casa-sem-atenção-passando-em-cima-do-pé-de-todo-mundo, 3 crianças-que-saco-brincando-no-mercado, 4 maridos-lesados-ouvindo-rádio-pra-passar-o-tempo e enfim, chegou a prateleira dos bichinhos.

Procurou a latinha preferida de JC e ao se virar para colocar as 3 latinhas no carrinho.

ZUNSSSPPPPP....

Passa uma criança a toda derrubando lata, lata, lata e Raposo.

"Que droga, mercado parece até sabonete de motel, tem sempre um pentelho que a gente não sabe de quem é."

"Cadê seu papai criancinha fofinha dos infernos?"

"Sai pra lá tio, eu sou o Super-Homem, não me atrapalhe."

"Super-pentelho, é o que vc é, sai daqui senão te taco uma tonelada de Kriptonita,seu peste."

Bom, agora é só ir até a caixa, pagar e ir pra casa.

"Senhor, a sua carteira de identidade por favor?"

"O que, minha filha, carteira de identidade pra pagar 3 latinhas de comida de gato?"

"É norma do mercado senhor."

"Então tá, chama essa Norma aqui e diz que eu quero ver a carteira de identidade dela, a sua e a do dono do Mercado, antes de mostrar a minha."

Depois de discussão, reclamação, objeção, cutucão, palavrão, enfim Raposo consegue voltar pra casa com as latinhas da discórdia.

"Toma Jean Claude, come e não me enche o saco."

"Miauuuuuursrsrsrsr"

Raposo, porém notou que JC estava um pouco arrepiado, talvez irritado, porque será?

Sem que Raposo notasse, BONO, o Pastor Alemão do vizinho o seguiu e entrou em casa, agora é tarde.

Passa a cem por hora Bono e Jean Claude atrás, derrubando, lata, sofá, cadeira, Raposo, tudo que aparece pela frente.
Crew.
Pow.
Zunsk.
Raposo tenta separar os dois e depois de muitos dentes, unhas,línguas, patas, enfim, consegue.

Raposo todo marcado toca no vizinho pra entreguar BONO, ou o que restou dele.

"Pereira, vê se você segura seu cachorro em casa senão meu gato vai acabar com ele."

"Raposo, o Jean Claude tem que ser interditato, ele não é uma gato ele é um louco."

"Olha quem fala.O Bono passeia com a camisa do América, sapatinho pra chuva e foge de gato.Quem será o louco?Ou é louco ou afrescalhado"

Enfim, Raposo, volta pra tomar seu café.

Ué cadê o café?

Cadê a mesa que ele tinha posto?

"Raposo, eu já guardei tudo né, isso lá são horas de se tomar café? Vê se acorda mais cedo"

Ai, Matilda, você tem sempre razão.