TENTÁCULOS DE PERNAS - DEPENDÊNCIA PSICOSSOMÁTICA

Parou em frente à churrascaria Carne na Brasa, em Luiz Correia. O sol estava sobre sua cabeça. De tanto calor sua sombra se escondeu no próprio corpo. Era um dos poucos dias que não ventara na cidade.Olhou ao lado da churrascaria a uma mata de arbustos secos, como se quisesse ver a superioridade humana do homem, sua concentração não foi tão eficaz, o que viu causou-lhe náuseas, a amplidão vibrante como chamas irrequietas e hipnóticas, em breve arrepiou-lhe o crânio a certeza de que as respostas se encontram à toa, por isso correu ao almoço. Enquanto comia, do lado de fora, duas moças bonitas lhe sorriam. Como não se submeter à dominação máscula do homem? Mesmo pensando, ora por outra era abatido pelos trejeitos faceiros e viçosos das garotas. Sua derme viril confirmava que fazia parte da principal criatura da criação, mas novamente foi ao nocaute e agora deu vazão a esses pensamentos. Por que me sinto atraído àquelas garotas se nunca as vi? Deve existir alguma mandinga hereditária ou coisa parecida. Sei que há fatos físicos que me prendem a elas, a mente acelera, o coração saltita histérico e a face sorrir ao me aproximar, entretanto, quero saber onde fica a raiz desse tresvario, talvez seja feitiçaria ou uma dependência psicossomática estabelecida ainda na fecundação. É talvez seja isso, é, é isso mesmo. Ficou feliz por suas máximas conversacionais colherem arquétipos de ciência e, embora fosse intimismo, para ele está saçaricando à língua de Camões só comprovava que fazia parte do gênero mais equilibrado da criação. Não daria mole para duas sirigaitas frescas prontas para colheita. Enquanto viajava as duas chegaram ao balcão. Um velho que estava sentado ao lado ofereceu-lhes refrigerante, elas ignoraram a voz esmaecida do sexagenário. O velho insistiu, elas viraram à mesa onde o rapaz estava comedidamente esperando o almoço.

– Aceitam uma água? Falou educadamente o jovem.

Elas se achegaram. Puxaram cadeiras e sentaram. Após apresentações, sentiu-se confortado; havia impressionado as garotas com o nome que naquele instante se deu, Travolta; era nome de estrela de Hollywood; com toda a empolgação convidou-as a acompanhá-lo. As primas aceitaram o convite para seu aperreio. Por um instante ele suou frio e sua garganta deu um nó. O dinheiro que tinha era quatro reais, como se não bastasse era a primeira vez que vinha ao restaurante, se ao menos conhecesse o proprietário, ou um dos garçons; fez mil passeios transcendentes a busca de dinheiro para pagar os três pedidos e o refrigerante; tudo custaria quinze reais. Dirigiu-se ao garçom que estava escorado sobre o balcão de atendimento.

– Está vendo minhas primas, elas não são daqui; eu estou com pouco dinheiro; é o seguinte, eu quero saber se dá para você pagar...

– Tu tá me achando idiota, cara? – Interrompeu o garçom ­ – Eu tô aqui pra receber dinheiro e não para alimentar um morto de fome que nem tu.

– Peraí, peraí... O que eu quero dizer é... Bom... Não sei se devo dizer...

– Bom, cara, eu tenho mais o que fazer; dá licença!

Nesse momento o garçom é segurado pelo braço e escuta ao ouvido um cochicho:

– Olha, se você descolar esse almoço, eu marco um programa com qualquer uma delas contigo; é só você escolher.

O garçom pensou, foi até à mesa onde estavam as garotas e disse:

– É com você, amanhã.

Nívia se assustou:

– O quê que é comigo?

Ele vem amareladamente esbarrando nas mesas e diz:

– Não é nada não, gata, é que meu amigo é um brincalhão, só isso.

– Brincalhão é você, imbecil – retrucou o barman ao sair.

As moças silenciosas esperavam uma explicação, enquanto os olhos dele caíram no abismo do olhar de Nívia, ficou descontrolado, sem respostas. Surge um clima desagradável. Porém ele não queria perder aquelas duas, quem sabe daria um jeito de sair com elas; já pensou uma noite com cada uma, ou com as duas. O problema da falta de dinheiro retornou à memória, foi quando pensou na proprietária.

– Bom, mas não disseram seus nomes.

– Desculpa pela falta de modos, sou Nívia e esta é Clécia. Somos primas.

– Sim, sei.

– Como sabe, se nunca nos viu?

– Percebi pelo formato do rosto e pelo sinal bastante discreto atrás, no pescoço.

– Você é bastante observador. É investigador da policia? Disseram entre risos marotos.

Ele aceitou como um elogio.

– Não, não! Sou estudante. Faço psicologia na Federal, moro num apartamento aqui próximo – Ao pronunciar o que fazia, a folha que era levada pelo vento parou, o garçom que servia a mesa ao lado não progrediu, o feijão na panela por um instante ficou sem borbulhar, tudo ao seu redor paralisou para que aquelas orgulhosas palavras lhe saíssem dos lábios como a força imponente de um virilem combate. Logo após, as pessoas se entreolharam, mas nada disseram, engoliram a seco, enquanto continuava – Estou a dois anos aqui.

– Ah! Deve ser legal fazer faculdade ... Mas disse que não é daqui, de onde é, então? Interrogou-o Clécia.

– Sou de ...

Eram duas meninas bonitas, agradáveis, se dissesse que era do Sossego, povoadozinho, estéril e pobre, de Piripiri, pertencente ao coronel João Neres, não pegaria bem, teria que explicar onde fica, como é o lugar, o que fazia lá. Dizer que nascera e fora criado numa cabana de massapé, circuncidada de mato, de animais e de um monte de gente que, além de o chamar pelo nome de certidão que já lhe era um ultraje, ainda davam-lhe um sobrenome asqueroso, seria horrível. Como odiava àquelas pessoas, não parava de escutar lhe chamando de Raimundo Bostinha. Caso dissesse tudo isso seria um asco; precisava de fato abalar.

– Teresina! Sou de Teresina. Moro no bairro, oumelhor, ali no centro. Nesse instante foinovamente atraiçoado pelo pensamento, lembrou-se dos quatro reais, dos três almoços, do refrigerante e de sua posição de gênero na sociedade. Entalou com água, ficou vermelho. Tentou manter a calma. Só tinha dinheiro para pagar seu almoço, nunca havia almoçado naquele restaurante, aliás, não conhecia nem um dos funcionários do estabelecimento. Ergueu-se, impromptamente.

– Só um minuto, já volto.

Passou entre as poucas mesinhas armadas a esperar os clientes que nunca as lotavam. Depois do balcão havia uma parede de gesso separando o espaço de atendimento da cozinha. Encontrou uma mulher branca, magra escorrida, olhos fundos semelhantes à morte. Notou que estava muito ocupada, hesitou em falar, lembrou-se, porém, das gatas que acabara de conhecer. A carne chiava esfumaçando na frigideira. Precisou falar alto:

– Ei, senhora! Senhora, por favor, venha aqui.

A mulher estava suada, quase dissolvendo. Ele deu um jeito na voz para que ficasse impressionante e disse:

– Oi! Sou acadêmico da Universidade Federal do Piauí e estou com um probleminha, coisa que podemos facilmente resolver; estou com duas amigas de graduação, elas querem almoçar só que estou sem dinheiro aqui, eu quero saber se eu posso ficar devendo, amanhã eu pagarei. A cozinheira deu uma olhada pela vidraça para as clientes e disse:

– Rapaz, crie vergonha. Se você sabe ler deveria já ter lido o cartaz ao lado do balcão.

– Não! A senhora não vai me fazer essa desfeita. Olhe, se você pôr almoço na minha mesa além de pagar eu farei propaganda do seu restaurante na universidade.

A mulher pensou um pouco e logo após:

– Duda! Duda! – Gritou a mulher ao balconista – Entregue duas resmas de panfletos de propaganda ao colega aqui.

Ele retorna à mesa com um saco enorme, evitou comentários. Ao menos se sentiu mais aliviado.

– Achamos que estivesse passando mal – Disse Nívea.

– Não! Não! Fui lavar as mãos.

Não demorou o almoço estava posto. O velho que jazia recostado ao balcão, nunca tinha ido à escola, como dizem era analfabeto de pai, mãe, vizinho e geração, mas tinha experiência.

– Mininu, tome cuidado, muié é bicho, é vício indomável. Você deve ser machu. Mostre quem é o que canta por último, sinão tu vai se istrepá só pro causo de balanço das pernas.

As moças gargalharam fortes a ponto de chamar a atenção de um casal que acabara de entrar.

– Todo homem é besta, é banco. Disse Clécia entre risos.

Raimundo ficou espantado, ele era todo moderado. Aspalavras tiniam em sua mente. Será se ele estava sendo naquele instante besta e banco? Caindo na sensualidade das adolescentes, fez da cara lambida dinheiro para bancar a conta? É besta, é banco? As reflexões por minutos lhe roíam seus trejeitos de pseudo–riquinho petulante, deixando-o amacacado.

Da entrada ouvi-se uma fala seca. Uma mulher ainda viçosa.

– Tu já táqui, cabra véi? Não te disse que si ti pegasse puessas bandas tu ia se arrepender, véi duma figa?

– Não, benzinho, só vim conversar cum Duda, mas já tava ino.

– Depois de véi tá ficando fresco, conversano cum macho. Passa! Passa agora pra casa!

Do vasto salão se ouviam sarcásticas gargalhadas. As garotas rolavam de rir, enquanto Raimundo se empanturrava de vergonha.

– O bicho mais valente é o homem, mas também o mais fácil de botar cabresto – Disse Cléciaesperneando em gargalhadas.

O garoto estava desconcertado, não esperava atitudes tão extenuantes a sua cultura. Pagara almoço para duas criaturas que nem sabiam se comportar diante de uma mesa – Fora ridículo. Fora besta e banco? Fora. Deus! Besta com cabresto, banco falido de cara lambida – pensou atocaiado.

Este foi o almoço mais demorado a qual participara; as meninas comiam vorazmente, vez por outra, caroços de arroz escorriam na saliva sobre a pele do queixo. Tomou um nojo por aquilo, não mais conseguia conversar olhando para as fisionomias que, há poucos instantes, achava-as lindas, olhava para suas próprias mãos enquanto dizia alguns monossílabos espaçados earrependidos. A mesma velocidade com que foi fascinado por elas, as enojou.

Agora ia a sua casa, novamente, pensativo, agora com duas temáticas novas, as suas pueris reflexões filosóficas diárias, a de que o homem é fraco quando se submete às curvas do corpo da mulher – nessa fragilidade deve haver alguma razão de natureza espiritual – e a de quê a mulher é uma jararaca-verde pronta a dar bote, bastando para isso receber oportunidade. Estava praticamente convencido que a serpente original foi vítima primária da mulher. Certamente ela estava enciumada da beleza da serpente, pois como afirmam teólogos a serpente do Éden era um dos mais belos animais, tinha asa e era colorida. Então foi isso, fez a serpente pecar para que Deus a tornasse um animal asqueroso e inútil. Esses seus pensamentosquase se ouviam por quem por ele passasse.

Na semana seguinte foi à universidade o Duda, procurando em cada bloco o Travolta; passou a manhã inteira perguntando, ninguém conhecia tal pessoa. Ao retornar, à Carne na Brasa a dona Angelina estava fumaçou como a peste em noite de churrasco no inferno:

– Aquele caboco, come de graça, dá comida às putinhas e ainda destrói meus pranfeto.

– Cuma é que é?Retrucou Duda.

– É isso mermo, queimou nossos pranfeto, mas num vai fica assim não, eu já sei onde mora aquele bandido.

Á noitinha, batem a porta de Raimundo. Ele mal abre a porta sente como se fosse uma marreta na cara, vai ao chão. Duda o levanta e o joga sobre o sofá.

– Nóis vei cunversar, canalha.

– Só um minuto pra quê tanta agressão. Eu tenho que me explicar.

– Que tal pelo pagamento – Interrompe dona Angelina que está para "fechar o paletó" de tanta zanga.

– Então, desde aquele dia que estou com constipação, já fui ao clínico geral e olha só a quantidade de medicamentos que tive de comprar – Fingindo decepção mostrar algumas unidades de drogas.

– Isso não justifica não, seu bandido. O pessoal da universidade disse que tu queimou nossos pranfeto, isso é verdade?

– Olhe primeiro, o nome é panfleto e enquanto haver destruído seu material é mentira. Tudo foi um acidente, acredite.

– Eu qué é meu diêro. Quano tu miorá me pague, seu safado.

Duda fez jeito de dar-lhe uma tapa. Ele medrosamente prometeu pela sua santa mãezinha levada pelo cão que pagaria tudo. Os dois saem cochichando, deixando-o semipronto para a cova.

Estava ainda arquejando quando ouve batidas cautelosas na porta.

– Quem é?

Uma voz arrebatadora diz:

– Clécia.

Seu espírito selvagem dizia "abre!", o homem supremo que havia em si dizia "não abre!". E por segundos os cães latiam "abre!", "não abre!" "abre!", "não abre!" Nesse qüiproquó de caninos, aquele venceu.

– Estava preocupada, soube que estava doente.

– Verdade, mas não preciso de sua piedade.

– Homem, deixe de besteira! Além do mais se você não me quisesse ver não teria aberto a porta.

Os batimentos cardíacos do rapaz foram a mil. Tentou reagir machistamente, mas não disse nada, embora tentasse.

– Mas eu não ligo pra seu desprezo, bobinho – Ao dizer isso lhe fez um carinho e foi à cozinha.

Ele passou a contemplá-la, não precisa ter a visão do super-homem para ver o branco corpo malicioso daquela garota, suas roupas permitiam ver a tudo.

– Tome esse chazinho, querido Travolta, você vai ficar bonzinho já, já.

Sentados a mesa ela não disse mais nada. Terminado o chá, ela falou chorando:

– Preciso pagar a conta de luz lá de casa.

– Que chato – Interrompeu Raimundo.

– Então, vim saber se ... é ...

Raimundo eriçadamente afobado pelos olhados fagos da Clécia disse:

– Quanto custa?

Ela não teria ouvido frase mais bonita.

– Cem reais.

Ela recebe o dinheiro, faz-lhe um cafuné e sai.

– Eu achei que a gente ia ficar – Disse inconformado Raimundo.

– Depois Travolta, depois. Agora tenho que ir pagar a conta.

Ela se foi desaparecendo pela escuridão de agosto, enquanto em si, ele não aceitava ser picado pela cascavel novamente. Será se de fato era um banco, gênero de segunda classe? Seu intimismo o sufocava.

Quinze dias após levar uma surrar em sua própria casa, ainda sofria com a pressão daquela noite. Mas precisava continuar a vida. Chega à universidade. O pátio estava cheio de calouros. Passa entre os novos universitários, vai à sua sala, quando no grande corredor se depara com Dona Angelina. Ele faz meia volta, se escondeu entre o monte de alunos, pelo destino que não é cego, esbarra em gente conhecida. Procura não dá atenção. Mas não tem jeito já havia sido visto pelas filhas do coronel João Neres, dono da terra onde houvera nascido:

– Bostinha! Ei Bostinha!

Ouvisse a gargalhada rítmica e uníssona. Alguém vem dá-lhe uma tapa na orelha e diz:

– E aí, Bostinha.

E outro:

– Bostinha!

E mais outro:

– Zé bostinha!

De repente, o coro "Bostinha, nhá,vá pro banheiro, ro". E repetiam.

Ele sai correndo direto para casa. Não olha para ninguém, só compreende que o segredo humilhante de sua existência como macho estava desmascarado. Não tinha cara para retornar aos amigos. Como varonil, não chorou, apenas líquido de ódio descia pela suas narinas. Era certo que mataria o satanás de um único murro se o desgraçado ousasse cruzar-lhe o caminho. Mas o cão maldito é esperto, não foi, porém mandou uma agente. Chega esfumaçado em casa e antes mesmo de abrir a porta, sente um perfume diferente capaz de retirar o cheiro de enxofre de sua alma.

– Você parece entristecido.

– E não quero conversar, Nívia – Retrucou.

– Só, Travolta, que...

– Não sou Travolta. Menti. Sou do meio do mato e me chamo Raimundo Bostinha – Disse entre urros.

– Não importa se mentiu, o que desejo ser neste exato momento, é transforma-me em sua verdade.

Ele retira-se enraivado e vai à cozinha. Ela o acompanha calmamente como quem está disposto a chorar também.

– Não! Não faça nada! A última vez que alguém me fez algo, me levou o dinheiro que não era meu. Saia daí! Já!

– Não quero seu dinheiro – Diz isso abraçando-o fortemente – Espero algo mais – Completou.

– Sei que as mulheres são víboras peçonhentas, quando dão a língua é para inocular o veneno. Sabe mais o quê? Não quero mulheres! Não quero ver mulheres, não aceito conselho de mulheres, não aceito ...

Nívia interrompe:

– Carinhos de mulher?

Ele ficou estático e como da outra vez tartamudeou poucos monossílabos. Ela o leva ao quarto que era dele.

– Tá vendo que eu não pensava em dinheiro, Mundinho?

Ele engrossou a voz e disse com olhar desconfiado:

– Espero sinceramente que não.

A semana foi curta. Então resolveram se amancebar. Foi nessa vida que ela o convenceu a estudar novamente. Enquanto ele estudava, ela cuidava dos afazeres domésticos; ela aprendeu o horário exato do retorno dele da universidade. Por isso determinava tempo para tudo. Para ele tudo melhorou após está amigado há mais de um mês com Nívia. Conseguira ir pessoalmente ao Carne na Brasa e pagaro que devia na mão da própria dona Angelina, não se importava mais com os insultos na universidade. Não mais se importava com as críticas ao Bostinha. Tudo estava bem. Havia entendido que para ele a mulher certa não era uma emissária de satanás, ofídio do inferno, cheia de artimanhas, era alguém para viver ao lado, de igual valor, um ser dócil que pudesse compartilhar as dores e as alegrias. A única coisa que o intrigava era a sedução, isso sim era de fato peculiaridade pérfida feminina, os trejeitos indutores de desejos estavam na carne da mulher e ainda que se sentisse em perigo estava muito feliz. O dia amanhecia e o céu lhe dizia sorrindo "Bom-dia" e sua alam sentia-se plenamente realizada. Em pouco tempo entendeu que nem toda mulher vitimou a serpente no Éden. Nívia era uma que nasceu para amar e respeitar seu companheiro. Passava o dia alegre e ia dormir satisfeito. Na universidade todos perceberamprogresso em seu desempenho curricular, com isso passara a reunir pessoas a redor de si. De fato tudo estava posto corretamente sobre a mesa de sua vida.

Mas numa quinta-feira, voltou cedo.

– Morreu o pai do nosso professor – Respondeu contente à face decepcionada de Nívia.

– Preciso sair – Disse ríspida a mulher.

– Peraí, amor. Cheguei agora, temos muito a conver...

Não completou a frase, pois ela corre ao orelhão da esquina e fala:

– Hoje não, Duda.

– Por que não?

– O banco-besta chegou cedo.

Enquanto isso, da varanda a ouvi-la, ele ameliamente simula cara de macho.