Doce noite cúmplice:

Súplicas d’amor no ar;

 

A cama nos convoca

Pra ginástica dos corpos

 

Insaciáveis, suados.

A batalha de carícias

 

Nesse arco de fogo

Queimando desejos.

 

No entanto por que

Esta indecisão toda?

 

Por que separar o que

Já nasceu colado,

 

Misturado, grudado

(Joio e trigo que seja)?

 

Lá fora, a noite atropela

Os sentimentos, veloz.

 

Aqui dentro estamos

No espelho, juntinhos,

 

A silhueta na parede,

As pegadas no lençol.

 

Vamos inaugurar em

Nosso destino, agora,

 

A era do afeto (primeiro)

Da cumplicidade

 

Perceptível não só

Nas horas do prazer

 

Senão nos momentos

Amaros e cruéis?

 

Vamos nos tornar

Um dois três mil?

 

Vamos triplicar o

Infinito dentro de nós?

 

2.

 

Moderninho ou atrasado

Montecchio ou Capuleto

Rapidinho ou pré-datado

Platônico ou aristotélico

Calminho ou estressado

Gilmar F. ou Zarfeg T.

Queridinho ou desamado

Dramático ou ridículo...

 

3.

 

(in)spirado ou (out)opsiado:

Quer namorar comigo?


(A.      
Zarfeg)