Quem paga a conta...

 

            A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 333/04, acaba de ser aprovada pelo Plenário, o que aumenta o número de vereadores de 51.748 para 59.791. Isso em tempos ditos “normais”, poderíamos até entender como resposta ao povo que, através das Câmaras municipais, tem gestionado em favor do que poderíamos denominar como aumento de representatividade. Ora, em tempos de véspera de eleições presidenciais, isso repercute apenas como mais uma maneira de puxar votos ao governo, nesse momento, preocupado com a busca de aliados para eleger seus indicados.

            Paralelamente à divulgação da aprovação da PEC, o governo também divulga o “rombo na Previdência”. Vamos entender assim: A notícia, transmitida em horário nobre, anuncia ao segmento de aposentados e pensionistas que sua luta é vã. Responde à luta desses em favor de um reajuste idêntico ao do salário mínimo. Atualmente, vitimados pelo período neoliberal de Fernando Henrique, 8,1 milhões de aposentados e pensionistas que recebem acima do salário mínimo, tem sido afrontados com um percentual que mal corrige a inflação do período e ignora as históricas e enormes perdas acumuladas pela categoria. O fato contraria flagrantemente o discurso do Presidente da República, o qual, em campanha à presidência no ano de 2002, empenhou seu compromisso com o segmento, quando declarou que iria recuperar o poder de compra dos aposentados e pensionistas, concedendo-lhes a recuperação das perdas de seus benefícios.

            De outra parte, todos os brasileiros estão preenchendo, corrigindo suas declarações de renda, apavorados com a fome do “Leão” e, sabendo de antemão, que todo esse trabalho é devido a impostos que jamais nos darão um justo e efetivo retorno. Somos taxados pelo que se denomina “renda”. Há que se discutir o que significa renda para o contribuinte e qual o seu significado para o governo. Num país em que é preciso ter-se o benefício do Bolsa–Família para minimizar a miséria existente, em que o desemprego só diminui para afiliados e afilhados políticos, em que aposentados e pensionistas não tem direito à igualdade de tratamento previsto na CF/88, taxa-se a quem? À quase extinta classe média!

Somos eu e você, aqueles que tem, por próprio esforço, um diploma de graduação, um emprego formal, disputado na competência, que pagamos tributação sobre até o ar que respiramos. E vamos continuar pagando pelo empreguismo casuístico de novos políticos, alimentado a existência de indivíduos que carregam dólares na cueca e cujas declarações de renda não são publicizadas, e sendo taxados pelo minguado provento que recebemos na inatividade. Onde está a tão falada transparência? Triste realidade do povo brasileiro!