Que Escola Pública Queremos?

         Artigo de opinião

     A sociedade humana está cada vez mais se afastando do que realmente tem sentido: amor, solidariedade, bondade, paz, respeito, caráter, ética, etc., e tantos outros predicados e adjetivos que poderíamos apontar aqui. Entretanto, sabemos hoje que muitas famílias estão se desestruturando devido a vários fatores, sendo que um deles provavelmente é a falta de união, a violência nos lares, e acreditamos que seja também atribuída a baixa instrução escolar de muitas pessoas, as quais devem ter suas razões que as impediram de ter acesso a uma boa educação escolar. O fato é que as famílias estão transferindo para a escola toda a responsabilidade de educar seus filhos, muitas vezes gerando um certo desconforto em alguns educadores, não sentido apoio das próprias famílias ao aplicar regras de conduta para os alunos. Esses pais pouco presentes na vida escolar dos filhos, delega toda a responsabilidade educacional e pedagógica a escola e seus professores.

      Atualmente, convivemos no espaço escolar cotidianamente, com as diversidades culturais, sociais, econômicas, étnicas, de gênero sexual, físicas, etc. Na escola, é importante que os educadores tenham sensibilidade e percebam as diferenças que ocorrem dentro da escola, no meio até mesmo dos colegas educadores, cada qual com suas características próprias. Percebendo isso, o profissional educador poderá realizar seu trabalho dentro da perspectiva que ele espera. Seu planejamento, baseado num currículo em que esteja inserido o tema Diversidade, ele terá mais confiança e provavelmente obterá bons resultados no seu trabalho.

     Em nossa escola, percebemos que os conflitos de convivência são muitos, mas também sabemos que não é só na nossa escola que ocorrem conflitos, mas em todas as escolas do nosso país. Porém, sabemos que conflitos ocorrem e são necessários, devido justamente pela diversidade no espaço escolar, dentro de um cotidiano que envolvem pessoas de culturas e ideias diferentes. É ai que está a razão de se trabalhar mais a Diversidade, tanto em sala de aula, quanto em todo espaço escolar. É necessário que se inclua nos currículos escolares o tema Diversidade e que haja mais discussão e projetos voltados para essa realidade que convivemos diariamente. Os educadores devem conscientizar os alunos de que é no espaço escolar que construímos e adquirimos nossa identidade social e cultural,- já que a sociedade como um todo, delegou a escola o direito e dever de educar o jovem para a vida-, nossa forma de ser e pensar, respeitando sempre o outro. A partir do momento que respeitamos o direito do outro, teremos condições de obter respeito também.

     A escola que queremos é aquela inclusiva, não só na teoria, mas na prática. Uma escola mais humana e integralizada, na qual todos seus membros sejam conscientes do seu papel na sociedade, e que o professor seja reconhecido pelo seu trabalho e pelos seus projetos. Lembrando que professor é o mediador de conhecimento, ajudando o aluno a desenvolver sua criticidade e saber seu real valor e seu papel na sociedade em quanto sujeito transformador dessa sociedade tão carente de melhores pessoas.

     Há uma necessidade de formação humana integral, cujos aspectos científicos, tecnológicos, humanísticos e culturais estejam incorporados. Isso implica na competência técnica, compromissada com a ética na atuação profissional, pautada nas transformações sociais, políticas e culturais necessárias à edificação de uma sociedade igualitária.

Finalizando, o fato que a democratização da educação é o melhor caminho para uma universalização da educação de qualidade, em que educadores e educando juntos fortaleçam seus laços até mesmo afetivo para a construção de uma escola boa, cujo aprendizado seja de qualidade, voltada para a realidade dos alunos respeitando-se a diversidade como um todo.

     De acordo com Libâneo:

A razão pedagógica, a razão didática, está associada à aprendizagem do pensar, isto é, a ajudar os alunos se constituírem como sujeitos pensantes, capazes de pensar e lidar com conceitos, para argumentar, resolver problemas, para se defrontarem com dilemas e problemas da vida prática. Democracia na escola hoje, justiça social na educação, chama-se qualidade cognitiva e operativa do ensino. ( Libâneo, 2002 ).

     Paulo Freire disse numa frase famosa: “o mundo não é, o mundo está sendo”. E o educador tem o papel de orientar o aluno a aprender a “ler o mundo”.

Elisete Amador Pereira.

Graduada em História pela Universidade Federal de Goiás.

Pós- graduada em Gestão e Organização da Escola pela Universidade do Norte do Paraná- UNOPAR.

Professora do Ensino Médio na Escola Carlos Hugueney em Alto Araguaia- MT.

Faz parte do PAC do Ensino Médio.

Bibliografia

LIBÂNEO, José Carlos. DIDÁTICA, Cortez Editora, 1996.

                                                                    Alto Araguaia- MT

                                                                                  2014