IV
O CONSELHO

Minha vida não era nada fácil; entretanto não era tão difícil. Na verdade, havia momentos: momentos tristes e momentos felizes. Igualmente, talvez você não concorde comigo, mas é preciso entender que na vida temos muitos sonhos; sonhar é muito bom, porém é necessário lembrar que a vida não é feita apenas de sonhos.
Sonhei, amigo leitor, e sonhava acordado: sonhei com Julia-na ― era só com ela que sonhava, a minha vida girava em torno dela, de uma forma que tudo que fazia era para ela e por ela.
Realmente é difícil entender, talvez você fique pensando. Sinceramente falando, é complicado; você só entendera esta história se estiver apaixonado e não lhe digo apenas apaixonado e sim verdadeiramente amando, como amei Juliana.
Não! Vou logo adiantando: este romance não é um romance romântico, mas, sim, sou romântico. Dizem até que sou ingênuo, o que na verdade sou sim, pois a vida me fez desse jeito, um ser diferente, completamente diferente.
E se for noite e estiver com sono, não feche a página desse livro antes de ler o final desse capítulo, o que tem nele é de sua importância, é algo bastante interessante, mesmo, preciso dizer que, bom se estiver estressado (a); trate-se de se acalmar, pode ir para a cozinha fazer um chá; esperarei ansiosamente a sua volta, não se preocupe, não é isso que quero, quero apenas que pense, isto é, se poder pensar, não que você não possa você pode, mas não só pode como deve.
Amigo (a) leitor (a), você, sim você que está aí, talvez deita-do (a) a ler estas páginas, páginas que contam parte de minha vida, quer um conselho? Não se irrite, se quiser, leia o capítulo anterior e verás algo que precisa saber.

V
A VIAGEM

Você deve ter entendido o meu conselho; aceite- o, se quiser, mas agora vamos a uma página muito importante de mi-nha vida.
Morava eu numa pequena cidade do interior, tinha eu um sonho de ir para uma cidade maior. Meus pais deram-me a opor-tunidade de morar com o meu tio: peguei uma autorização e viajei sozinho de ônibus; a viagem era muito cansativa, havia várias paradas, paradas estas que demorava muito.
Depois de cinco horas de viagem, o ônibus parou numa ci-dade, várias pessoas entraram e outras saíram; uma garota entrou e pediu para se sentar junto de mim. Como eu estava sem acompanhante aceitei, e não havia como não aceitar uma vez que ela era linda; perguntei seu nome ela respondeu que se chamava (imagine quem?) exatamente Juliana. Eu disse que se chamava Icaas e que estava indo para uma cidade que, por ironia do destino, era a mesma, que a dela. Nós conversamos muito, sobre várias coisas.
― Você tem namorado? ― perguntei.
― Não! Ainda não encontrei.
Fiquei muito feliz com aquela resposta: eu também não tinha namorada, mas a partir daquele momento que vi Juliana a amei e não havia como não amá-la, porque sua beleza era incalculável. Tudo bem, ela não era perfeita, afinal, ninguém é, mas a sua beleza era exatamente incomparável, tinha apenas um defeito: algumas espinhas, apenas algumas espinhas, nada mais, o que não me fez menos feliz.