Muito se debate sobre cientificidade da história, mas não há um consenso. Os positivistas de Auguste Comte defendiam a história como ciência que era constituída através de um método similar aos das ciências numéricas e naturais e mais a frente os marxistas a defendiam com sua teoria dos modos de produção e as escolas que se seguiram se apoiavam em outras ciências humanas para sustentar o argumento de que a história é uma ciência que possui seus próprios métodos de investigação.

O método científico histórico se baseia na análise de documentos, nas pesquisas arqueológicas e em estudos de outras ciências como a sociologia. Há uma gama de informações que podem ser convertidas em história, um estudo sobre população em determinadas condições de renda em tal época, por exemplo, pode ser usado como base pra uma pesquisa que investiga algum fato dessa época, e, por se basear em fontes comprovadas, o método científico é valido firmando assim a história como uma verdadeira ciência

Outro argumento a favor da cientificidade da história é mostrado por Wilheim Dilthey na sua obra "Introdução as ciências do espírito". Dilthey tenta estabelecer um fundamento filosófico autônomo para as ciências humanas, tendo a História como base para se extrair o conhecimento científico. Ou seja, a criação de uma ciência empírica que tenha como objeto as realidades humanas lhe parecia uma conseqüência natural ao desenvolvimento das ciências.

Mas nem todos crêem no caráter científico da História, se critica a validade do método histórico, por não ser algo constante, algo que se baseia em fatores humanos que são imprevisíveis. Como se explica que em um lugar com as mesmas condições que a França pré-revolucionária teve não tenha estourado uma revolução de magnitude considerável?

O filósofo Hans-Georg Gadamer mostra no livro "O problema da consciência histórica" que as ciências humanas tentam usar de artifícios empíricos e tenta identificar que a idéia de método científico é normalmente identificada como método indutivo pertencente apenas as ciências naturais, pois na história o método usado é o interpretativo, "A interpretação tal como hoje a entendemos, se aplica não apenas aos textos e à tradição oral, mas a tudo que nos é transmitido pela história (...) Em todos esses casos, o que queremos dizer é que o sentido daquilo que se oferece à nossa interpretação não se revela sem mediação, e que é necessário olhar para além do sentido imediato a fim de descobrir o "verdadeiro" significado que se encontra escondido."

E como último argumento temos o próprio criador do método científico Renê Descartes que em seu "Discurso do método" desconstrói toda a razão filosófica e histórica: "A respeito das outras ciências, por tomarem seus princípios da filosofia, acreditava que nada de sólido se podia construir sobre alicerces tão pouco firmes." Ou seja, ele dúvida das ciências humanas por elas não terem bases que estejam isentas de discussão.

Apesar de tender a uma visão menos cientificista da história, não posso discordar de que a história seja em parte uma ciência, pois mesmo tendo o fator da imprevisibilidade, há um método com regras claras e que se apóia na sua própria tradição histórica. Comte, Marx, Bloch e tantos outros desenvolveram seus estudos de maneira que não se pode negar que a história seja também ciência, uma ciência diversificada que não deve ser comparada com as ciências exatas e da natureza.