QUANDO UM NÃO QUER, DOIS NÃO BRIGAM

"Deixai os insensatos e vivei; andai pelo caminho do entendimento"(Prov. 9:6)

I – INTRODUÇÃO

Estamos no século XXI, vivendo uma evolução fantástica das ciências e tecnologias, todavia, as pessoas vivem em conflitos, agredindo-se e destruindo-se pela falta de amor e discernimento.

Jesus já nos dizia: "Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração". Mas, diante de tanta competitividade, o "eu" fala mais alto e as vidas vão se enrolando, deixando levar ano após ano pela irracionalidade.

Eu costumo observar muito as pessoas, não para julgá-las mas como forma de aprendizagem. Quem trabalha no serviço público tem que se policiar e ter cautelas, pois o 'disse me disse' é constante e uma palavra mal colocada poderá gerar um mal estar entre os colegas. Daí, julgo ser virtuosa a pessoa que mais ouve que fala.

Trazendo o tema desta meditação para dentro das Escrituras Sagradas, encontraremos sábias recomendações que irão orientar os recém casados e aqueles que somam já alguns anos de convivência, mas que estão aquém de uma verdadeira harmonia na relação conjugal. Não pretendo ser uma orientadora de relacionamentos mas contribuir de alguma forma aqueles que amam e se separam por falta de sabedoria ou mesmo por desconhecerem os ensinamentos de Jesus Cristo.

Pegando o exemplo de Pedro, a historia dele nos mostra que se tratava de uma pessoa que amava muito a Jesus, tinha uma família e filhos, era trabalhador, todavia, seus métodos de defesa refletiam impulsos impensados. Vejamos alguns:

a)Quando Jesus avisou aos discípulos que iria embora (subir aos céus), o mestre lhe respondeu: "para onde vou, não me podes seguir agora, mas tarde, porém, me seguirás" (João 13:36-37). Pedro lhe perguntou por que não poderei ir agora ?(...)Então, disse Pedro a Jesus: 'Por tidarei a própria vida'. Observem que ao falar, Pedro não refletiu. Primeiro, porque estando andando com o Mestre há alguns anos, ele era sabedor da missão do Cristo. Segundo, ele não mensurou o valor de suavida em relação a continuação da evangelização iniciada por Jesus e repassada para os discípulos. Terceiro não pensou na família e nos filhos, como chefe e cabeça da família, competia a ele o sustento. Quarto, desde o inicio, Jesus explicava da importância dele morrer na cruz, pois o seu sacrifício seria para salvação e libertação dos homens.

b)Certo dia, Jesus convida a Pedro, João e Tiago para subirem ao monte com o propósito de orar. E quando começou a orar, o rosto de Jesus se transfigurou e suas vestes resplandeceram de brancura. E eis que dois varões lhes falava. Eram Moisés e Elias, os quais apareceram em glória e falavam da sua partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém. Pedro e seus companheiros achavam-se com sono, mas conversavam acordados. Então, viram a sua gloria e dos varões que com Jesus estavam. Ao se retirarem estes de Jesus, disse-lhe Pedro: Mestre, bom é estarmos aqui; então, façamos três tendas: uma será a tua, outra de Moisés, e a outra de Elias, não sabendo, porém, o que dizia (Marcos 9:1-8). Ali, Pedro não discerniu o tempo de Jesus. Aprendemos aqui que Pedro se deixou mover pela ansiedade de permanecer sob aquela nuvem de gloria que os envolvia e embora aos olhos humanos essa atitude seja vista como impensada, Pedro estava repletode emoção e a sua vontade era já permanecer ao lado de Jesus. Também, vemos algo precioso para a nossa vida espiritual. Saber esperar o tempo de Deus é algo surpreendente porque na espera, o Senhor nos prepara para receber dele algo extraordinário, que no fundo do coração desejamos dia após dia.

c)Quando Jesus já aguardando a sua prisão, foi ao Getsêmani com os seus discípulos, mando-os sentar enquanto iria orar. Mas, levou consigo a Pedro, Thiago e João e lhes confessou: "A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui e vigiai" (Marcos 14: 34). Em seguida, Jesus é preso e antes disso, Pedro lhe havia confessado que daria a própria vida por ele. Tiramos importantes lições neste texto. Pedro seguiu a Jesus de longe quando ele era levado pelos guardas para ser julgado. Pedro sentiu medo e quando foi reconhecido entre a multidão, por ser um seguidor de Cristo, ele o negou, embora Jesus já o tivesse dito que o negaria por três vezes. Pedro o amava muito e Jesus sabia disso, porque era o próprio Deus, em carne e sangue. E Pedro, não se esqueceu da sua palavra, tendo chorado e se arrependido de ter negado a Cristo. Vemos aqui também que a fragilidade do ser humano é imensa e o próprio Deus tem sã consciência disso. Razão porque nos diz a Bíblia ser o Pai longânime, misericordioso para conosco.

Embora certas atitudes nossa possa se mostrar incoerente, intempestiva, não amorosa, e em certos momentos sermos fracos e medrosos, Jesus nos deu um tesouro, tipo bussola para nos guiar por um caminho de luz, o Espírito Santo. Porque a vida é assim, nós erramos, mas temos o dever de reconhecer os erros e fazer cessar atitudes que nos levem a perder aqueles a quem amamos. O Espírito Santo nos convence do pecado e da justiça e do juízo.

II – A VERDADEIRA SABEDORIA

A palavra de Deus nos diz: "Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das Luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de variação" (Tiago 1:17).

Certamente, o viver em plena paz é algo desejado por todo ser humano. Acredito que duas pessoas que contraíram casamento desejem ter uma vida de amor, harmonia, progredindo no seu dia a dia. O casamento significa a união de um homem e uma mulher que desejem construir uma família, pois assim Jesus nos disse: "Eis que deixará o homem a seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher e se tornarão os dois uma só carne".

Ora, se duas pessoas se amam por que existem tantas separações? A resposta está no modo de viver, da maneira como cada um vê a relação e da forma como esta relação é cultivada. Vejam o que nos diz um texto do livro de Efésios 5: 21 a 31: "Sujeitavos uns aos outros no temor de Cristo. As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da Igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a Igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo submissas ao seu marido. Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo Igreja grandiosa, sem mácula, nem ruga, nem cousa semelhante, porém santa e sem defeito. Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela se cuida, como também Cristo o faz com a Igreja; porque somos membros de seu corpo. Eis que deixará o homem a seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher e se tornarão os dois uma só carne. Não obstante, vós, cada um de per si, também ame a sua própria esposa como a si mesmo, e a esposa respeite ao marido".

Mesmo que a mulher não conheça o evangelho ela tendo um amor verdadeiro pelo marido, Deus a guiará em sabedoria para honrá-lo, ser sincera, saber valorizar o seu marido, elogiá-lo e fazer desse homem o seu mestre e senhor. Portanto, a fidelidade não é exclusiva daqueles que freqüentam Igrejas nem se dizem crentes. O caráter de uma pessoa depende da forma como ela foi criada.

III- ASPECTOS COMUNS NUMA RELAÇÃO DE MARIDO E MULHER

A mulher bem sucedida profissionalmente, que ganha mais que o marido, jamais deverá alegar ou se quer mencionar esta questão com o marido porque dependendo do ton da conversa, o homem se sentirá diminuído e até certos casos, humilhado pelo fato de ter um salário a menor. Este é um dos pontos de discórdia entre os casais e que gera brigas e discussões que não levam a nenhum lugar.

Outro ponto controverso e perigoso ao casal é o fato da mulher moderna não querer se submeter ao seu marido. A submissão, a meu ver, é importantíssima para uma vida a dois. Primeiro porque dar satisfação dos nossos atos ao marido faz parte da própria relação porque se um deseja ser livre e solto, não deve casar. Segundo porque é gostosa a relação de convívio onde após um dia de trabalho, fora de casa, se pode partilhar com o outro as experiências vividas, do trabalho realizado e, muitas vezes, confidenciar situações de desconforto no convívio com os colegas e chefes de serviço.

O ciúme é algo prejudicial e demoníaco. Ele é o fruto de medos e inseguranças que o diabo semeia na mente humana. Acredito ser normal uma esposa perguntar ao marido por que chegou mais tarde que o horário de costume e vice-versa. Essa indagação, nesse sentido, significa preocupação, cuidado - porque quem ama gosta de estar ao lado do amado.

Brigar por falta de dinheiro. Esse talvez seja o maior motivo das separações de casais. Volto a dizer que a mulher, quase sempre, é a causadora desse tipo de desarmonia. Em primeiro lugar, marido e mulher têm que ter um mesmo objetivo, planejando suas vidas dentro de um mesmo orçamento. As prioridades devem estar listadas e os supérfluos deixados à parte.Segundo, o casal não deve gastar tudo que ganha num mês, sob pena de nunca prosperarem. Terceiro, a compulsão de comprar tudo que vê é uma doença extremamente silenciosa que poderá dar causa ao divorcio.

A infidelidade (adultério) deixou de ser crime. No tempo do Brasil Colônia esse crime era punível com a morte da mulher. Depois, veio uma pena mais branda, sendo esta condenada a serviços forçados, ficando o homem livre. Hoje, a legislação criminal aboliu o adultério, existindo, em alguns casos, ação de indenização, que é cabível nos casos de danos ou ofensa à honra, já tendo o STJ julgado alguns casos. Mas, a meu ver, não existe causa mais grave e que motive uma separação conjugal que a traição. Ela fere e destrói qualquer relacionamento e quase sempre, entra a ação do diabo, colocando na mente do ofendido a semente do medo, que é o antídoto ao amor, segundo a palavra de Deus.

O Pr. Creflo Dollar nos afirma que a raiz do medo é a ira, estando o egoísmo ligado ao medo. Logo, o medo se camufla de defesa ou egoismo, impedindo assim uma pessoa de caminhar e refazer a sua vida. A pessoa traída é desconfiada e quase sempre incorre no erro de projetar a outra pessoa as características daquele que o feriu. Veja como o Apostolo João fala acerca do medo (I João 4:16-18): "E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele. Nisso é em nós aperfeiçoado o amor, para que, no dia do Juízo, mantenhamos confiança; pois, segundo ele é, também nós somos neste mundo. No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado em amor".

IV – A RECONSTRUÇÃO DE RELACIONAMENTOS

Ser manso não significa ser passivo. Em todo relacionamento deve existe diálogo, tolerância e compreensão. Se um gosta de gritar, melhor é calar que revidar com gritos e palavras ofensivas. Esperar o momento certo para acertos é ser racional e educado. Uma das formas de mostrar ao cônjuge que o (a) ama é expressar moderação na forma de agir sem contudo usar de cara feia ou revides para com o outro. Os pontos polêmicos devem ser discutidos e jamais deixar as coisas acumular, porque a energia retida explode em momento adverso.

A palavra de Deus nos afirma que o fruto do espírito se encontra naqueles que têm um caráter de Cristo, convertidos,ovelhas do Senhor, que não vivem pecando. Logo, há uma presunção de que aquele que vive a palavra pode evitar inúmeros dissabores num relacionamento, principalmente se já são maduros e vividos.

Certas atitudes de alguns casais se restringem a fase inicial de um relacionamento, porque creio que filhos educados por pais que tenham o temor a Deus,jamais irão trair, desfazer um casamento. Todavia, para aqueles que traíram, poderá houver reconhecimento do erro e a outra parte perdoar. O perdão se não for verdadeiro, não surte efeitos capazes de restaurar um relacionamento. Porque o que libera perdão jamais deverá trazer à tona a ofensa sofrida.

A firmeza de caráter é um ponto positivo para o casamento. As decisões tomadas a dois devem ser honradas. Se ambos resolvem fazer uma poupança para aquisição de um bem, o propósito deverá ser concluído. Voltar atrás e desviar-se do objetivo comum causa discórdia.

A gratidão além de ser importante é um ato nobre, expresso por pessoas que reconhecem o valor do próximo e que sabe agradecer pequenas atitudes. Se há algo que me choca é ver pessoas que apenas desejam receber favores, amor, atenção e presentes de outras sem, contudo ser grato. Eu, como mãe, ensinei isso a minhas filhas e quando elas me cobravam além daquilo que eu não poderia dar, eu sentava e dialogava com elas, explicava o motivo pelo qual não seria possível atendê-las e fazia um parâmetro entre o ato de dar (abrir mão de algo em detrimento de outra pessoa) e a atitude correta de quem recebe (ato de valorizar o doador, agradecendo de coração e não só de boca).

O elogio é outro ponto forte num relacionamento. Imaginem um homem que trabalha 12 horas por dia e ao chegar a casa encontra a esposa de cara feia, vendo novela e não lhe dá atenção, não lhe dirige um sorriso ou um gesto de carinho, ou, se quer, arrumou a mesa para o jantar ou não providenciou a comida. Creio que atitudes como essas deixam o homem triste e desolado porque antes de casar, essa pessoa imaginava um lar acolhedor, uma esposa sábia, amorosa e não uma mulher indiferente, seca, desprovida de atitudes que devem estar presente no dia a dia de um casal.

Também nos deparamos com o inverso, homens egocêntricos, incapazes de ser cortes ou demonstrar uma atitude carinhosa, que reclamam de tudo e por mais que a esposa corra para manter a casa em ordem, preparar uma comida fresquinha, ele sempre reclama do cardápio e nunca a elogia.

Meus amados, o amor é como uma plantinha que deve ser cultivada, que precisa de carinho, de ser regada, para ter uma saúde vital. As pessoas que não conseguem enxergar as virtudes de outros é doente, egoísta, porque cada ser humano tem seus pontos positivos e negativos. Portanto, nós temos que aprender a valorizar os outros e não vê o próximo cheio de defeitos.

Alguns casais alegam que a rotina prejudica a relação. Eu, particularmente, não creio nisso. Eu admito que a falta de diálogo, o cansaço e o estresse possam causar desânimo e deixar o casal sem estímulo para sair de casa, mudar a rotina. Eu não acredito que duas pessoas que se amam fiquem estressado com a companhia do outro e daí parta para a agressão, alegando, posteriormente, a rotina.

V – CONCLUSÃO

Não existem receitas para um casamento feliz assim como não há um manual para criação de filhos. Deus criou pessoas diferentes de forma que dependendo da estrutura emocional de cada pessoa esta poderá construir uma vida diferente ou conduzi-la ao fracasso.

Quando nos conscientizamos de amar uma pessoa, esse sentimento deve ser pleno, aceitando aquela pessoa com as suas virtudes e defeitos, porque não existe um só ser sem defeito.

O respeito para com o cônjuge é tão importante assim como Deus é para nossa vida. O início de um divórcio se dá pela falta de respeito de um para com o outro. Portanto, nunca rebaixe o seu cônjuge ou discuta com ele diante das pessoas. Alias, a discussão esteja fora dos seus hábitos, porque a palavra dita a seu tempo é como maçãs de ouro em salvas de prata ( Provérbios 25:11).

Fechando esta meditação, vamos ao livro de Mateus 5:5-9, que nos relata algo que Jesus falou ao pregar sobre as bem-aventuranças: "Bem aventurados os mansos de coração porque herdarão a terra" e "Bem aventurados os pacificadores porque serão chamados filhos de Deus". Isso significa dizer que se a mansidão estiver em cada um, não haverá lugar para a discórdia e esta não se instalará no lar; e se houver bom senso as questões difíceis serão conduzidas e solucionadas da melhor forma, porque os mansos são também pacificadores.

Paz seja no coração de todos !

Zenaide Alcântara de Sousa

Irmã em Cristo Jesus