Fabiana Melo

Rio Verde GO 

Livro:01

Atendimento Educacional Especializado: Deficiência Visual

 Capítulo I. Inclusão Escolar de Alunos Cegos e com Baixa Visão

1. Quando falta a visão

3. Alfabetização e aprendizagem

1. Quando falta a visão

            A criança que enxerga é estimulada a uma comunicação visual desde cedo, cercada de muitas luzes, brinquedos coloridos, tendo a possibilidade de acompanhar tudo o que passa a sua volta.

            O olho é um órgão do corpo humano responsável por um dos sentidos mais importantes: a visão.A cegueira é ocasionada por distúrbios significativos do órgão da visão, não permitindo o funcionamento eficiente da visão, acarretando limitações e restrições no campo visual.No caso da cegueira total, o sentido da visão encontra-se completamente acometido.

            A cegueira é congênita ou precoce quando a perda da visão ocorre no período compreendido do nascimento à idade de cinco anos. As crianças cegas ou precocemente cegas têm sido geralmente consideradas pelos educadores como semelhantes em suas características e necessidades, já que, a imagem visual não é retida pela criança que fica cega até a metade de sua primeira década de vida . No caso da cegueira adquirida, quando a perda da visão ocorre a partir dos seis anos de idade, as pessoas cegas são capazes de se recordar das experiências visuais anteriores à perda da visão: fatos, imagens, ambientes etc.

            A perda do canal de informações visuais nos cegos resulta  em maior ênfase em outras modalidades sensoriais. Considerando capacidade informacional, a audição está fora de colocação do sistema visual, mas fica em primeiro lugar em relação a compensar sentidos, especialmente para comunicação e orientação espacial. Isto implica em realçados requerimentos para o processo auditivo.
            A audição humana faz parte de um sistema muito especializado da comunicação. O sistema auditivo permite monitorar os eventos ambientais que possam representar situação de perigo, permite o processamento de eventos acústicos como a fala, tornando possível a comunicação como expressão do pensamento e, também, permite separar os sons da fala na presença de ruídos, analisando seletivamente sons que ocorrem ao mesmo tempo.

            As informações tátil, auditiva, sinestésica e olfativa são mais desenvolvidas pelas pessoas cegas porque elas recorrem a esses sentidos com mais freqüência para decodificar e guardar na memória as informações.

Sem a visão, os outros sentidos passam a receber a informação de forma intermitente, fugidia e fragmentária.

             O olfato tende a desempenhar função importante, na dinâmica de orientação. “É comum que o cego diferencie o ambiente a partir dos odores característicos que o circundam: conhece a sapataria pelo cheiro de couro, a farmácia pelo de medicamento e assim por diante.” O tato é fundamental, a pessoa cega poderá se comunicar através do tadoma,quando falamos em tadoma, estamos nos referindo ao método de vibração do ensino da fala. A criança que está sendo ensinada no tadoma tem que colocar uma e inicialmente as duas mãos na face da pessoa que está falando. Com bastante treino e prática a possibilidade de se comunicar através deste método tende a ser grande sistema pictográfico.

            Desta forma acreditamos que comunicação não é apenas linguagem. Comunicação pode ser a "Linguagem Interna" que é construída de experiências de vida e esta, tem um poder tão grande que foge aos sentidos humanos; tem entre outras qualidades, a luz, o som, o ar, o toque, o movimento, a sabedoria e o talento.

 

3. Alfabetização e aprendizagem

 

            As crianças cegas têm baixo desempenho na compreensão de associações, uma vez que a falta de experiências limita a capacidade de ligar idéias a objetos, mesmo quando estes são simples. A linguagem amplia o desenvolvimento cognitivo porque favorece o relacionamento e proporciona os meios de controle do que está fora de alcance pela falta da visão.

            Para que o aprendizado seja completo torna-se necessário fornecer-lhe uma programação sistemática de experiências, dando ênfase a aprendizagem concreta e à auto-aprendizagem.

            O deficiente visual tem menos motivação e oportunidade de estabelecer contactos sociais, uma vez que não pode, como os que vêem, apreender os comportamentos e normas sociais dos que o rodeiam para os imitar. Está também bem documentado o facto de o deficiente visual ter por norma uma baixa auto-estima, apresentando frequentemente altos níveis de ansiedade e insegurança e falta de capacidade de decisão.    

            É importante que receba estímulo, que a leve a sentir interesse pelo mundo que a rodeia, lhe expandindo horizontes, permitindo conhecer, relacionar e vivenciar experiências em primeira mão para garantir que esse aprendizado seja algo significativo para ela.

3.1 Espaços Físico e Mobiliário

            O espaço escolar, que compreende inclusive o mobiliário, deve ser preparado de forma a receber todo e qualquer aluno, oferecendo condições propícias para o aprendizado, troca e interação das pessoas, futuros cidadãos.           É fundamental pensar este espaço de maneira que permita o aluno se movimentar e percorrer toda a sala de aula, para que se sinta à vontade de ir e vir quando desejar. Manter o mobiliário sempre dispostos no mesmo lugar e qualquer mudança na disposição dos mesmos, é preciso que os alunos sejam avisados evitando assim, acidentes e até mesmo para que se adaptem as mudanças. Faz-se necessário que se crie um espaço na sala onde os alunos façam o uso de materiais e tenham a responsabilidade de guardá-los tornado assim parte se sua rotina para que se sintam confiantes e independentes.

3.2 Comunicação e Relacionamento

            A chegada de alunos portadores de deficiência visual na escola, desperta curiosidade, rejeição, provocando grande impacto na escola. Os professores manifestam dificuldades para  se comunicarem com esses alunos, é tudo muito novo e confuso deixando-os assustados e incapazes.É necessário quebrar esse gelo, dialogar, conhecer melhor esse aluno, evitando criar hábitos errôneos e atitudes discriminatórias. A família ocupa um papel de fundamental importância para que essa criança possa desenvolver suas possibilidades, pois ela aprenderá à medida que puder ser livre para explorar e descobrir a si mesma.

3.3 O sistema Braille

     O surgimento do sistema de escrita e leitura criado por um cego cujo sobrenome lhe deu a designação, Sistema Braille, passou a abrir novas portas para a comunicação, educação e cultura de pessoas portadoras de deficiência visual. O Sistema Braille, utilizado universalmente por pessoas cegas, foi inventado na França por Louis Braille, um jovem cego, reconhecendo-se o ano de 1825 como o marco dessa importante conquista para a educação e integração dos deficientes visuais na sociedade. No sistema de escrita e, principalmente, de leitura Braille, através de um método lógico de pontos em relevo, distribuídos em duas colunas de três pontos para cada símbolo ou letra, uma pessoa cega pode, através do tato das pontas de seus dedos, ler o que, com um aparelho especial denominado reglete e uma pulsão, "desenhou" anteriormente. O domínio do Braille é extremamente importante, por isso, os professores devem incentivar e ajudar os seus alunos ao estudo e aperfeiçoamento deste. Dado que é através dele que vão tomando contacto com a estrutura dos textos, a ortografia das palavras e a pontuação.O Braille promove o desenvolvimento pessoal do deficiente visual que o aprende, porque o torna mais autónomo, diminui-lhe o isolamento social, enriquece-o culturalmente, permite-lhe a expressão de sentimentos e ideias. Permite também ao cego combater o isolamento social.Assim como a escrita convencional abriu um novo mundo para o homem comum, o Braille fez o mesmo para os portadores de deficiência visual. E mais, o Sistema Braille impulsionou uma revolução para os deficientes visuais, através dele as pessoas cegas podem resgatar sua cidadania. Alfabetizando-se elas tem condições de estudar e estudando tem mais chances de conseguir emprego e ter um emprego significa estar socialmente incluído e ser independente. Na verdade é importante estarmos cientes que os alunos cegos podem e devem participar de todas as atividades desenvolvidas na escola.