Qualificações do Presbítero

Parte VI

 

·         Texto Bíblico: 1 Timóteo 3:2 – Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro...

 

·         Considerações:

1.       “É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro...” Hospitaleiro: filo,xenoj  (1Tm 3.2; Tt 1.8; 1Pe 4.9). A palavra quer dizer “amigo do estrangeiro”. A hospitalidade fazia parte do ensino de Jesus (Lc 10.34-35; 11.5-8) e, os discípulos em sua missão deveriam contar, ainda que não essencialmente, com a hospitalidade das cidades e aldeias que visitariam (Mt 10.11; Lc 10.5-9). O próprio Jesus usufruía da hospitalidade (Mc 1.29; 2.15). Vemos que os missionários dependeram inúmeras vezes da acolhida de irmãos fiéis, sendo inclusive Gaio elogiado pelo apostolo João por seu caráter hospitaleiro (At 10.6, 23; 16.15; 28.7; Rm 16.23; 3Jo 1,5; Fm 22). A prática da hospitalidade é recomendada a toda Igreja (Rm 12.13; 1Tm 5.10; Hb 13.2; 1Pe 4.9).

2.       As palavras “hospitaleiro” ou “hospitalidade” tem seu cognato do latim hospes, que significa “convidado”. Sendo assim, “Hospitalidade” refere-se ao ato de tratar os outros calorosa e generosamente. Em outras palavras, como “convidados” especiais. A hospitalidade sempre foi um tema vital tanto no Antigo como no Novo Testamento. O apostolo Pedro também presbítero da igreja de Cristo, disse: “Sede, mutuamente, hospitaleiros, sem murmuração” (1 Pedro 4:9). Esta é a primeira das duas habilidades ou dons que Deus exige que um bispo (supervisor) possua.

3.       Apolo, escritor da Epístola aos Hebreus, disse: “Não negligencieis a hospitalidade, pois alguns, praticando-a, sem o saber acolheram anjos” (Hebreus 13:2). Apolo faz o link com o texto referente à hospitalidade de Abraão para com os anjos em Gênesis 18 (vv. 1–8,16, 22; veja 19:1). Alguns irmãos me perguntam vezes por outras: - pastor será que ainda é possível acolhermos anjos “sem o saber”? ao que respondo: - o texto de Hebreus 13:2 não diz isto; o versículo se refere ao que aconteceu tempos atrás. Há pouco proveito na especulação sobre isto ser ou não possível hoje em dia—ainda que fosse, jamais saberíamos! A idéia principal da passagem é que devemos tratar todo estrangeiro como se ele viesse diretamente do Senhor (veja Mateus 25:35, 38, 40)!

4.       Um bispo tem de ser “aquele que ama ser um anfitrião”. Paulo elogia Gaio em Romanos 16:23 por hospedá-lo e toda a igreja. Ser um anfitrião não implica necessariamente oferecer uma refeição para os hóspedes. Gaio abriu as portas de sua casa para o apóstolo Paulo e a igreja, supostamente para encontros. Em muitos exemplos de hospitalidade na Bíblia, o anfitrião ofereceu aos hóspedes um lugar para repousar, se alimentar e nutrir os seus animais. O versículo em 1 Pedro 4 ensina que hospitalidade é uma forma de expressarmos nosso amor pelo povo de Deus. Trata-se de algo que fazemos com vibração e disposição. É um meio através do qual podemos usar nossos dons para ministrar em benefício dos outros, sejam quem forem, e a outros no corpo de Cristo. No sentido mais amplo, hospitalidade consiste em compartilhar aquilo que Deus nos deu com outros cristãos, para a edificação deles e a motivação mútua. Trata-se de uma recepção e de um tratamento generoso e amigável a hóspedes ou estranhos. 

·         Conclusões:

1.       Todo cristão tem de ser hospitaleiro, principalmente um bispo da igreja. Convém a um bispo ser um exemplo em sua comunidade para o povo de Deus. E compete a ele, também, ensinar as pessoas sob seu cuidado a serem hospitaleiras.

2.       Cristo deu presbíteros à Igreja para a edificação e preparação do povo de Deus. Os presbíteros devem estar predispostos e felizes em compartilhar os dons com os demais, sobretudo com aqueles sob sua tutela.  Isso poderia significar providenciar comida e abrigo, utilizando a casa de alguém para reuniões, ou até disponibilizando-se para os visitantes ou para aqueles necessitados de conselho.

3.       Todo o povo de Deus, e especialmente os presbíteros, não devem ser insensíveis com os estranhos e visitantes, e sim calorosos, generosos, amigáveis e gentis, tentando satisfazer as necessidades deles e, assim, manifestar amor e compaixão, que Nosso Senhor Jesus demonstrou quando esteve na terra, e que Ele ainda demonstra em sua fidelidade e na providência benevolente para todas as nossas necessidades e de todas as Suas criaturas (cf. Salmo 104).

4.       Talvez alguns estejam relutantes, pensando:“Mas a minha casa não é grande nem bonita o bastante para receber pessoas”, ou: “Eu teria vergonha de oferecer aos outros o que nós comemos”. Vejamos quais pensamentos devem estar por trás da verdadeira hospitalidade e quais não devem: em primeiro lugar, a virtude da hospitalidade diz: “O que eu tenho, seja muito ou pouco, é um presente de Deus. Quero usá-lo para Ele” e não: “Quero impressionar você com o que eu tenho”. Em segundo lugar, a hospitalidade sussurra: “O que é meu é seu, use-o!”, em vez de gritar: “Isto é meu! Veja!” Em terceiro lugar,  a hospitalidade procura servir em vez de buscar elogios. A hospitalidade faz um visitante sentir-se em casa, enquanto o “entretenimento” mundano pode fazer o convidado sentir-se constrangido. Não é tanto o presente que está na mão que importa, mas a generosidade que está no coração. Jesus disse que “quem der a beber, ainda que seja um copo de água fria”, “por ser este meu discípulo”, “de modo algum perderá o seu galardão” (Mateus 10:42). Que Deus nos ajude a cultivar a arte da hospitalidade.