Qualidade de vida nas organizações
Publicado em 28 de junho de 2013 por Sandy Katherine Weiss de Almeida Straub
2.1 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
Quando falamos de qualidade de vida no trabalho, torna-se essência abordarmos o conceito de QVT, que segundo Limongi-França:
O conceito de QVT pode ser entendido como as ações de uma organização com o objetivo de implantar melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho. (FRANÇA, 2004, p.54)
Albuquerque e França (2002) diz mais, que essas mudanças precisam ocorrem fora do ambiente de trabalho, proporcionando condições de desenvolvimento humano e satisfação durante a realização do trabalho. Ainda neste contexto, Conte define QVT como:
Um programa que visa facilitar e satisfazer as necessidades do trabalhador ao desenvolver suas atividades na organização, tendo como idéia básica o fato de que as pessoas são mais produtivas quanto mais estiverem satisfeitas e envolvidas com o próprio trabalho. (CONTE, 2003, p. 61)
Segundo o autor o principal objetivo de um programa de QVT é a integração dos interesses dos empregados e das organizações, ou seja, ao melhorar a satisfação do trabalhador, melhora-se consequentemente a produtividade da empresa.
Umas das ferramentas necessárias é um investimento em QVT para evitar e diminuir os grandes números que se referem a doenças do trabalho, absenteísmo acidente, insatisfação, desmotivação, afastamentos, enfim, uma série de situações que intervêm relativamente no desempenho profissional e organizacional. Enfim, como Conte (2003) comenta que o conceito de qualidade de vida no trabalho requer que as organizações sejam capazes de oferecer um trabalho qualificado, em vez de tarefas, e de juntar novamente o trabalho ao indivíduo e à sua existência.
2.2 ABORDAGEM CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO
A abordagem clássica originou pelo fato do crescimento acelerado e desorganizado das empresas, por haver a necessidade da eficiência e a competência das organizações.
Surgiu no século XX os primeiros trabalhos sobre Administração. Taylor (Administração Científica) dando visão mais as tarefas e Fayol (Teoria Clássica) que prioriza as estruturas.
Segundo Conte (2003), Taylor se preocupou primeiramente em aumentar a produtividade com meios de aplicações e técnicas de engenharia industrial, tentando assim diminuir o desperdício e perdas que as indústrias norte americana teve.
Já Fayol se preocupava com a eficiência e as partes envolvidas principalmente aos que exerciam um cargo e executada tarefa. Ao contrário de Taylor que estava centrado nas tarefas. Mas os dois tinham o mesmo objetivo: buscando ter uma organização mais eficiente.
Através de Elton Mayo, surge a Teoria das Relações Humanas, quando começa os estudos do ser humano, sua forma de agir nas organizações. Definindo o homem social, e o homem econômico.
Taylor se dedicou aos estudos do trabalho da Administração Científica, aumentando a capacidade e a produção gerando assim níveis desconhecidos na história.
Apesar dos discursos de Taylor, dizendo que o trabalho intelectual era o fator de desenvolvimento, os operários recebiam pouca atenção. É preciso aplicar o conhecimento a cerca do trabalho, dos trabalhadores e das atividades, com espírito empreendedor.
2.3 AS TEORIAS PSICOLÓGICAS
De acordo com a ética discursiva, é definido o homem como um ser capaz de pensar e agir sozinho, refletindo continuando a ter diálogos com outras pessoas, fundamentada na justiça, na verdade e na autenticidade. Entendendo-se assim que o ser humano não consegue viver fora de seu ninho, longe de pessoas, mas entende-se também que o mesmo deve obediência e responsabilidade, ocasionando discussões na relação, empregado - empregador. Assim, Aguiar comenta:
A ética discursiva está fundamentada no imperativo categórico de Kant, que norteia o julgamento moral da razão prática, onde o ser humano jamais deve ser visto ou usado como meio, mais somente como fim em si mesmo. (AGUIAR, 2000, p. 96).
Dessa forma, como o autor coloca há todo um conceito ético, que consiste na moral do indivíduo. Neste contexto, a psicologia organizacional se preocupa com o homem em relação ao seu ambiente de trabalho, dando suporte para que o indivíduo se adéque a organização, aplicando processos manipuladores que façam com que ele tenha opiniões próprias incorporando a filosofia da organização.
Existe uma diferença da ética discursiva para a Escola de Relações Humanas, pois a ética discursiva afirma que o homem tem vontades e necessidades, já a Escola de Relações Humanas, descreve quais seus sonhos, e necessidade para sua alta-realização. Aguiar comenta:
O trabalho, para alguns é fator de salvação afetiva, de maneira que aliado a sublimação passa ser responsável por recuperações da saúde mental. (AGUIAR, 2000, p. 99).
2.4 MODELOS DE QVT
Muitas pesquisas foram feitas, estudos desenvolvidos sobre a qualidade de vida no trabalho, cada um desenvolveu um modelo para avaliação da QVT, dos quais se destacam os seguintes: Modelo de Walton (1973), Modelo de Belanger (1973), Modelo Hackman e Oldham (1975), Modelo Lippit (1978), Modelo Westley (1979), Modelo Werther e Davis (1983), Modelo Nadler e Lawler (1983), Modelo Eda Fernandes (1996), Modelo Gonçalves (1998) e Modelo Limongi-França (1996, 2004 e 2005).
- Modelo LIMONGI FRANÇA (2005).
Avaliar a QVT, Limongi-França (2004) apresenta o modelo Biopsicossocial e Organizacional, que envolve os aspectos psicológicos, sociais, biológicos, e organizacional, conforme quadro.
Para Limongi, (2004), o fator biológico é o trabalho onde o ser humano está inserido, sendo o fator psicológico como processos emocionais e afetivos, com relação à realização do trabalho, já a dimensão social desvenda valores socioeconômicos, valores coletivos e culturais para que possam intervir na realização das atividades laborais e o fator organizacional focando o investimento em pessoas, o humanismo e a competitividade.
De acordo com Limongi-França (2004), o fator biopsicossocial tem uma visão holística e integral do ser humano com suas potencialidades psicológicas biológicas, e sociais que respondem ao mesmo tempo às condições da vida.
2.5 O TRABALHO E A QUALIDADE DE VIDA
A maior parte da vida de em trabalhador é centrada no trabalho, tendo pouco tempo para o convívio com a família, amigos, entretenimentos e outras atividades sociais. Segundo Schermerhorn (1999), os acontecimentos no local de trabalho, geram grande influência em nossa vida pessoal, e familiar. Logo os acontecimentos pessoais também são levados ao nosso ambiente de trabalho. Neste contexto, Drucker, também faz uma afirmação:
Qualidade de vida é a avaliação qualitativa da qualidade relativa das condições de vida, incluindo-se atenção aos agentes poluidores, barulho, estética, complexidade etc. (DRUCKER, 1997, p. 101).
Dessa forma, conseguinte, a qualidade de vida no trabalho constitui na qualidade de vida de cada um, uma vez que não se pode dissociá-la da essência do próprio homem. Dependendo na maneira que a empresa trata seu funcionário isso pode gerar conseqüências que são refletidas em ambientes externos, para muito além das fronteiras do espaço do trabalho. Por isso, cabe às organizações a preocupação com as práticas motivacionais, com o intuito de que o indivíduo encontre nesse ambiente um motivo para melhor desempenhar e desenvolver suas habilidades profissionais
Relata Vasconcelos (2001), que nesse contexto que outras ciências têm dado grande contribuição ao estudo do desenvolvimento da QVT, tais como: Engenharia, Administração, Economia, Psicologia, Ecologia, Saúde, Ergonomia, e Sociologia, todas decididas em desenvolver e criar processos que beneficiem a relação trabalhador-organização, em favor da melhoria das condições humanas do trabalho, visando à maior produtividade aliada à satisfação do homem.
Toda essa definição, segundo Vasconcelos (2001), só é possível quando o trabalhador encontra no ambiente de trabalho categorias conceituais que podem ser transformadas em fatores motivacionais que impliquem os critérios a seguir:
- 1. Compensação justa e adequada: visa medir a qualidade de vida no trabalho, tendo como parâmetro o salário recebido pela tarefa realizada, observando-se a sua equidade a outros membros que desempenhem as mesmas funções tanto na organização onde trabalha como também de profissionais de outras empresas.
- 2. Condições de trabalho: responsáveis pela medição da QVT, de acordo com as condições que se apresentam no local de trabalho, com base nos seguintes critérios:
2.1 Jornada de trabalho: mede o número de horas trabalhadas, dentro ou não da legislação trabalhista, e sua relação com o trabalho desempenhado.
2.2 Carga de trabalho: mede a quantidade de trabalho que exerce cada turno.
2.3 Ambiente físico: avalia as condições de bem-estar e conforto do local de trabalho e organização para seu desempenho.
2.4 Material e equipamento: avalia a quantidade e a qualidade dos materiais disponíveis para execução do trabalho.
3 Uso e desenvolvimento de capacidade: verifica a QVT referente as oportunidades que o trabalhador tem de aplicar, no desenvolvimento das suas tarefas, os seus talentos, habilidades e competências profissionais.
4 Oportunidade de crescimento e segurança: verifica a QVT quanto às oportunidades oferecidas pela instituição para o desenvolvimento e crescimento pessoal do trabalhador e para a segurança do emprego, tendo como base perspectivas de ascensão profissional e grau de permanência (segurança).
5 Integração social na organização: examina o grau de integração social na organização, observando igualdade de oportunidades, apoio social, trabalhos em equipe em detrimento do individualismo.
6 Constitucionalismo: fiscaliza o grau de cumprimento dos direitos do empregado na organização, como direito trabalhista, privacidade, liberdade de expressão e aplicação de normas e rotinas e suas influências no trabalhador.
7 Trabalho e espaço total de vida: pela medição do equilíbrio existente entre a vida particular do empregado e sua e a vida no trabalho, observando-se a jornada de trabalho e vida em família, além de horários de chagada e saída na empresa.
8 Relevância social da vida no trabalho: responsável pela medição da QVT quanto à percepção e compreensão do empregado com relação à responsabilidade social da organização com a comunidade, seu relacionamento com os empregados quanto à qualidade de prestação de serviços, além de medir qual a visão do empregado sobre a instituição.