O processo do envelhecimento vem normalizando a qualidade de vida dos idosos através da definição de metas e lutando para alcançá-las. O Diabetes Meliitus do tipo 2 é uma das doenças crônicas mais comuns que afetam as pessoas idosas, estando associada ao aumento de prevalência de problemas micro e macrovasculares nessa população. É considerado um importante problema de saúde, uma vez que freqüentemente está associado às complicações que compromete a produtividade, a sobrevida dos pacientes e o seu bem-estar. A qualidade de vida em idosos portadores de Diabetes Mellitus Tipo 2 é prejudicada em decorrência da doença. A noção de qualidade de vida engloba os recursos e o direito a "gozar" a vida. Palavras-Chave: Processo do Envelhecimento; Qualidade de Vida; Diabetes Meliitus do Tipo 2.

INTRODUÇÃO

O processo de envelhecimento e sua conseqüência natural, a velhice, continuam sendo uma das preocupações da humanidade desde o inicio da civilização; a impressão que ainda hoje se tem é justamente o inverso. A história está aí para demonstrar que as idéias sobre a velhice são tão antigas quanto à origem da humanidade. Poucos problemas têm merecido tanta atenção e preocupação do homem como envelhecimento e a incapacidade funcional comumente associada ao mesmo tempo. (FREITAS, 2006)

No Brasil, segundo as projeções estatísticas da Organização Mundial de Saúde (1985), entre 1950 e 2025, a população de idosos crescerá 16 vezes contra cinco vezes a da população total. As últimas projeções para 2025, colocam o Brasil, em termos absolutos, como a sétima população de idosos do mundo, isto é, com mais de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. (FILHO; NETTO, 2006)

A grande diferença está relacionada às condições nas quais se deu esse envelhecimento. Nos países desenvolvidos, essa transição demográfica ocorreu gradualmente ao longo de um período, conseqüente a um maior desenvolvimento, incluindo o Brasil, essa mudança foi brusca e desesperada. (FILHO; NETTO, 2006)

Os determinantes da boa qualidade de vida na velhice variam de sujeito para sujeito e para idosos, é possível que qualidade negativa de vida seja equivalente à perda da saúde. As pesquisas que descrevem o impacto de uma doença na qualidade de vida de um indivíduo ou de uma população são de grande importância para nortear a distribuição do dinheiro público aplicado em saúde, bem como para proporcionar subsídios para a eleição de metas de políticas públicas condizentes com a atual visão sobre saúde. (AZEVEDO, 2005)

O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica muito comum na população idosa. É considerado um importante problema de saúde, uma vez que freqüentemente está associado às complicações que comprometem a produtividade, a sobrevida dos pacientes e a qualidade de vida. (AZEVEDO, 2005)

O presente estudo objetiva-se caracterizar o processo de envelhecimento juntamente à qualidade de vida de idosos portadores de Diabetes Mellitos tipo 2. O referido instrumento será efetuado à base de uma pesquisa exploratória bibliográfica.

DESENVOLVIMENTO

Segundo Netto e Britto (2001) pode-se considerar o envelhecimento como a fase final do todo continuum que é a vida, começando com a concepção e terminando com a morte. Ao longo desse continuum é possível identificar fases como desenvolvimento, puberdade e maturidade nas quais podem ser evidenciadas por marcadores biofisiológicos que representam pontos de transição entre uma fase e outra. O envelhecimento, por sua vez, é aquele período de vida que, segundo autores, sucede a fase de maturidade e é caracterizado por declínio das funções orgânicas, e em decorrência, acarreta maior suscetibilidade à eclosão de doenças que terminam por levar o idoso à morte. Essa diminuição da capacidade funcional é caracteristicamente linear em função do tempo.

As teorias do envelhecimento bem sucedido vêem o sujeito como pro-ativo, regulando a sua qualidade de vida através da definição de objetivos e lutando para alcançá-los, acumulando recursos que são úteis na adaptação à mudança e ativamente envolvidos na manutenção do bem-estar. Sendo assim, um envelhecimento bem sucedido é acompanhado de qualidade de vida e bem estar e deve ser fomentado ao longo dos estados anteriores de desenvolvimento. (SOUSA, 2006)

De acordo com Freitas (2006) a prevalência e a incidência do diabetes mellitus vem crescendo como conseqüência do aumento da população idosa, da urbanização e industrialização, do aumento da obesidade e da inatividade física e do aumento de sobrevida dos diabéticos, principalmente. O termo DM se refere a um espectro de síndromes de distúrbio metabólico de carboidratos que são caracterizadas por hiperglicemia.

O DM é a forma mais comum de alta prevalência nos idosos, apresentando graus variáveis de deficiência e resistência à ação da insulina. A resistência pode proceder o aparecimento da deficiência insulínica que se acentua com a evolução da doença. Os pacientes afetados apresentam tipicamente hiperglicemia sem tendência habitual à cetoacidose que, entretanto, algumas vezes ocorre devido à presença de infecções ou de outras comorbidades que contribuem para o aumento de resistência insulínica, exacerbando a produção de hormônios anti-regulatórios. O DM 2 é uma das doenças crônicas mais comuns que afetam as pessoas idosas, estando associada ao aumento de prevalência de problemas micro e macrovasculares nessa população. Representa no idoso um grande desafio para a saúde pública, envolvendo a capacidade de toda uma equipo multidisciplinar para atender a todas as necessidades de um tratamento ideal. Frequentemente o DM 2 se associa à obesidade, especialmente víscero/abdominal, surgindo muitas vezes após ganho de peso associado ao envelhecimento, caracterizado por menor tolerância à glicose. (FREITAS, 2006)

Robbins (2005) relata que a patogenia do diabetes tipo 2 permanece um mistério. Os fatores ambientais como sedentarismo e hábitos alimentares são importantes ao discutir sobre obesidade. Os dois efeitos metabólicos que caracterizam o diabetes tipo 2 são (1) uma redução na habilidade das tecidos periféricos de responderem à insulina e (2) disfunção das células beta, que se manifesta pela secreção inadequada de insulina diante da resistência à mesma e à hiperglicemia. Na maioria dos casos, a resistência à insulina é o evento primário, sendo seguido de graus variáveis de disfunção das células beta.

Filho e Netto (2006) afirmam que a elevação dos níveis de glicemia e o aumento da intolerância aos hidratos de carbono são observados em mais de 30% dos indivíduos idosos de ambos os sexos. O nível plasmático de glicose de jejum aumenta aproximadamente 2 mg/dL por década após os 40 anos, enquanto a glicemia plasmática, duas horas após sobrecarga de glicose por via oral, aumenta de 8 mg/dL a 20 mg/dL por década. As causas para essas alterações são multifatoriais e estão relacionadas à síntese, secreção, dinâmica e sensibilidade periférica à insulina.

A apresentação clínica do idoso diabético é, em geral, mais discreta que a do jovem, no qual a polifagia, poliúria e polipsia são mais evidentes. Devido a esse fato, o idoso diabético desconhece ser portador da doença, sendo diagnóstico frequentemente realizado através de exames quase rotineiramente requisitados em indivíduos dessa faixa etária. Acredita-se que, em conseqüência da escassez e da pouca intensidade dos sintomas clínicos, o diagnostico poderá ser deixar de ser suspeitos ou é feito tardiamente. Por este motivo não é raro, que o diabetes seja detectado somente quando a sintomatologia clínica caracteriza quadro agudo e grave, como acontece nos casos de coma hiperosmolar, de quadro focal neurológico e, raramente, de cetoacidose diabética. O diabetes, às vezes, é somente diagnosticado quando do surgimento de uma ou mais complicações da doença. Assim esses pacientes passam a ter conhecimento do fato de serem diabéticos quando sobrevêm distúrbios visual (como catarata, glaucoma, retinopatia), neuropatia (mononeuropatias, paralisia ocular, bexiga neurogênica etc.), nefropatia e vasculopatia periférica. (FILHO; NETTO, 2006)

Às vezes, o idoso pode apresentar apenas perda de peso, fraqueza, nictúria e ou infecção atípicas ou repetidas, como dentária, furunculose, vulvovaginite etc. É necessário lembrar que muitas vezes os aspectos clínicos da doença tendem a mudar com a idade. Assim, pode ocorrer redução da necessidade de insulina devido por exemplo, à associação da glicosúria, hipertensão arterial, insuficiência coronariana e arteriopatia periférica. (FILHO; NETTO, 2006)

Freitas (2006) argumenta que as evidências aponta que o diagnóstico do diabetes meliitus 2 deve ser feito precocemente. Níveis elevados de glicemia em jejum, principalmente pós-prandial, estão relacionados ao aumento de riscos para doenças cardiovasculares. A avaliação na população geral não tem sido preconizada para os idosos, exceto em pacientes de alto risco, com história familiar de diabetes meliitus 2, obesidade, hipertensão arterial ou hiperlipidemia. Com base nas histórias familiar e clínica a glicemia em jejum deve ser realizada a cada três anos, enquanto naqueles com fatores de risco adicionais, os testes devem ser feitos a cada ano ou até mais frequentemente. A investigação adequada para diabetes meliitus 2 proporciona meios para identificar os indivíduos não diagnosticados que podem ser beneficiados pela intervenção precoce. O diagnóstico clínico no idoso pode ser dificultado pela sua clínica peculiar, em que sintomas clássicos do diabetes meliitus, como poliúria e polidipsia, podem estar ausentes.

Filho e Netto (2006) relatam que os critérios para diagnóstico desta afecção de acordo com National Diabetes Data Group são: glicemia plasmática ≥ 126 mg/dL na presença de quadro clínico clássico; duas glicemias ≥ 126 mg/dL na ausência de quadro clínico clássico; glicemia de jejum basal < 126 mg/dL, com glicemia > 200 mg/dL duas horas após a administração de 75g de glicose por via oral. A proposta dos dois primeiros critérios assinale-se que, quando os níveis glicêmicos encontram-se ≥ 126 mg/dL, não há necessidade de realizar o teste a tolerância à glicose. Para o diagnostico de intolerância aos hidratos de carbono, a glicemia plasmática de jejum deve estar entra 110 mg/dL e 126 mg/dL ou entre 140 mg/dL e 200 mg/dL duas horas após a administração de 75g de glicose por via oral. O diagnóstico deve ser confirmado sempre pela repetição em outro dia, salvo se houver valores inequivocamente alterados. A glicose casual é definida como aquela medida há qualquer hora do dia sem observar o intervalo da última refeição.

Nunca deve ser feito o diagnóstico de diabetes meliitus com base em resultados de glicofita. Deve ser lembrado que, além da variação individual da excreção da glicose pela urina em indivíduos normais a uma serie de medicamentos que interferem com esta determinação. (FILHO; NETTO, 2006)

Kauffman (2001) comenta que o diabetes é um distúrbio sistêmico, e a função de todos os sistemas de órgãos do corpo humano pode ser afetada por esta condição. A demora na cicatrização dos ferimentos é uma complicação do diabete relacionado ao controle metabólico deficiente, à insuficiência arterial, à neuropatia e a outros fatores. As úlceras do pé diabético são a principal causa da alta taxa de amputação dos membros inferiores nos diabéticos, cuja ocorrência apresenta probabilidade 10 a 13 vezes maior do que nos indivíduos não-diabéticos. A prevenção das úlceras dos pés é a melhor terapia, e a prevenção começa com o exame cuidadoso da perna e do pé, junto com um programa agressivo de orientação para o paciente.

A neuropatia é uma condição comum, com a perda sensorial sendo mais prevalecente que a perda motora. O aporte proprioceptivo reduzido pode provocar déficit no equilíbrio e déficit motor que afetam tipicamente os menores músculos intrínsecos dos pés, alterando portanto sua estrutura e dinâmica de pressão. A orientação dos pacientes deve incluir recomendações para não andar de pés descalços, para testar a temperatura da água com o cotovelo e para a realização diária de inspeção nos pés. (KAUFFMAN, 2001)

Brunner e Suddarth (2004) apontam que as complicações macrovasculares diabéticas resultam de alterações nos vasos sanguíneos de médio e grosso calibres. As paredes dos vasos sanguíneos espessam-se, sofrem esclerose e eles ficam ocluídos por placas que aderem às paredes vasculares. A cardiopatia coronariana, doença vascular cerebral e doença vascular periférica são os três tipos principais de complicações macrovasculares que ocorre mais amiúde na população diabética. Apresenta-se um risco aumentado para complicações decorrentes do infarto do miocárdio. Os vasos sanguíneos cerebrais são afetados de maneira similar pela aterosclerose acelerada. As alterações oclusivas ou a formação de um êmbolo que se aloja em um vaso sanguíneo cerebral podem levar a crises isquêmicas transitórias e a acidentes vasculares cerebrais.

Os efeitos microvasculares são mais profundos na retina, nos rins e nos nervos periféricos, causando retinopatia, nefropatia e neuropatia diabéticas, respectivamente. O diabetes é a principal causa de cegueira e insuficiência renal crônica e no hemisfério ocidental, além de contribuir substancialmente para a incidência de eventos cardiovasculares a cada ano. Consequentemente, as bases das complicações ao longo prazo do diabetes é foco de varias pesquisas. A maioria das evidencias experimentais e clínicas sugere que as complicações do diabetes são conseqüências das alterações metabólicas, especialmente a hiperglicemia. (ROBBINS; COTRAN, 2005)

A Retinopatia é uma complicação freqüente do diabetes, e, embora a maioria dos casos seja da variedade não-profilerativa (com apenas alterações visuais mínimas) alguns pacientes evoluem para retinopatia proliferativa, que é uma causa importante de cegueira nos adultos. (KAUFFMAN, 2001)

Stevens e Lowe (2002) destacam que o diabetes pode acometer os olhos de cinco maneiras principais: etinopatia de fundo, que resulta de anomalias nos pequeno vasos da retina, levando exsudatos consistentes, hemorragias e microaneurisas; todavia, essas condições nem sempre afetam a acuidade visual. A retinopatia proliferativa é causada pela proliferação extensa dos pequenos vasos sanguíneos na retina. A deterioração súbita da visão pode resultar de hemorragia do humor vítreo pelos novos vasos em proliferação ou pelo desenvolvimento de descolamento da retina. Outra complicação como a maculopatia é causada por edema, exsudatos consistentes ou isquemia retiniana, e resulta em redução marcante da acuidade visual. Na formação de cataratas é extremamente estabelecida em paciente diabético. O gaucloma tem uma incidência aumentada em idosos diabéticos pela neurovascularização da íris, rubeosis iridis.

Os pacientes diabéticos tem tendência a desenvolver catarata, o que se deve à transformação da glicose em sorbitol através da enzima aldose-redutase. Pesquisas da Framingham Eye Study e Health and Nutrition Examinatios Study revelaram que a tendencia três vezes maior de sua ocorrência em diabéticos entre 50 e 69 anos do que nos não-diabeticos. Entretanto, em diabéticos com idade superior a 70 anos não houve aumento da prevalência. (FILHO; NETTO, 2006)

Kauffiman (2001) menciona que a nefropatia pode culminar insuficiência renal e é uma complicação grave do diabetes. O primeiro sinal de neufropatia diabética é proteinúria. Embora a prática de exercícios aumente a excreção urinária de proteínas, não existem evidências convenientes que ligue os exercícios à evolução da nefropatia.

Sabe-se que, com a idade, há queda de depuração renal. Por outro lado, o distúrbio da função dos rins pode acentuar no idoso quando o portador de diabetes apresenta concomitantemente hipertensão arterial. Sendo assim, o paciente diabético pode desenvolver hipertensão arterial (síndrome de kimmestiel-wilson) de qualquer forma, quando essas afecções coexistem, elas atuam sinergicamente, podendo levar a insuficiência renal. (FILHO; NETTO, 2006)

Segundo Robbins e Cotran (2005) a nefropatia diabética, são os rins os alvos primários do diabetes depois do infarto do miocárdio. São encontrados três tipos de lesão: lesões glomerulares, lesões vasculares renais, escpecialmente arterioloesclerose e piolenefrite, incluindo a papilite necrosante. A lesão glomerular é a mais importante.

Nettina (2003) cita que a síndrome hiperglicêmica hiperosmolar não-cetótica é uma complicação aguda do diabetes mellitus, principalmente do tipo 2. Caracterizada por hiperglicemia, desidratação e hiperosmolaridade, mais pouca ou nenhuma cetose.

O idoso vive relativamente com seus níveis glicêmicos elevados, até que ocorra uma descompensação aguda, que na maioria das vezes envolve algum fator precipitante que são: infecções (pulmonares urinárias, gastristestinais e cutâneas) medicações hiperglicemiantes, como fenitoína, propranolol, glicorticóides, diuréticos tiazídicos, furesemida e imunossupressores. Estresse físico agudo: hemorragia digestiva, AVC, IM, fratura óssea traumatismo crânio encefálico. Omissão, atraso ou esquecimento da medicação (insulina hipoglicemiantes). Estresse emocional, doenças endócrinas (hipertireoidismo, feocromocitoma, acronomegalia, e síndrome de cushing. (NETTO; BRITO, 2001)

A principal forma de descompensaçao hiperglicêmica no idoso é a hiperosmolaridade não-cetôtica (90%) típica do diabetes tipo 2. Devido à deficiênciade insulina plasmática associada a elevados níveis de hormônios contra reguladores (glucagon, noradrenalina, cortisol, GH) ocorre um aumento progressivo da glicose plasmática. Hiperglicemia, por sua vez, pelo chamado efeito de glicotoxicidade, inibe ainda mais a liberação de insulina e aumenta a resistência periférica à insulina. A glicemia elevada acaba ultrapassando a capacidade de reabsorção tubular de glicose pelos rins, levando a diurese osmótica excessiva, com perda de água livre e eletrólitos. Levando a sua desidratação celular com o volume para o espaça intravascular, em virtude da hiperosmolaridade. (NETTO; BRITO, 2001)

O quadro clínico da descompensação hiperomosmolar não-cetótica é de evolução lenta e compreende: desidratação progressiva, com sensação intensa de sede, mucosas secas, redução do turgor cutâneo, olhos profundos, taquicardia, hipotensão, até o choque hipovolêmico. (NETTO; BRITO, 2001)

Freitas (2006) afirma que para o idoso o planejamento terapêutico é, em geral, semelhante ao proposto para outras idades. Tem sido demonstrado que a abordagem multidisciplinar em diabéticos idosos traz resultados positivos. De inicio recomendáveis dietas e exercícios, e se não for bastante, cogita-se no uso de medicação.

Não obstante as dificuldades do manejo, os avanços terapêuticos têm demonstrado eficácia, já que, com o decorrer do tempo, pode-se observar aumento da sobrevida dos pacientes que apresentam a doença. Há evidências de que o controle intensivo da glicemia nos pacientes com diabetes tipo 2, tanto por meio de hipoglicemiantes orais ou insulina, substancialmente diminui o risco de complicações microvasculares, mas não de doenças macrovasculares. (ASSUNÇÃO, 2002)

No tratamento do diabetes, os recursos medicamentosos são empregados, geralmente, em um segundo momento da terapêutica, diante da incapacidade de controlar os níveis glicêmicos pela prática da dieta e de exercícios físicos. Entre os agentes medicamentosos disponíveis para a terapia do diabetes estão incluídos a insulina e os hipoglicemiantes orais (principalmente, biguanidas e sulfoniluréias). (ASSUNÇÃO, 2002)

As recomendações nutricionais e físicas devem ser individualizadas, considerando a ingesta de carboidratos, a qual deve ser fracionada ao longo do dia para evitar grandes cargas calóricas. O aconselhamento alimentar por nutricionistas é o ideal e a introdução da dieta nos idosos deve seguir um plano bem estabelecido, devido a grande dificuldade da mudança dos hábitos adquiridos ao longo da vida. As atividades físicas também devem ser individualizadas, pois nos idosos o risco de quedas está aumentando e associado às maiores taxas de fragilidade por incapacidade funcional, dificuldade visual, polifarmácia e, nos diabéticos, características agravadas por neuropatias periféricas, impossibilidade de hipoglicemia. Sabe-se que as quedas estão associadas com elevadas morbidades e mortalidades. (FREITAS, 2006)

Ferreira (2004) defende que os antidiabéticos orais promovem redução na incidência de complicações de diabetes semelhante à da insulina, sua boa aceitação pelos pacientes, simplicidade de prescrição e o freqüente aumento de peso associado ao uso da insulina fazem desses fármacos a primeira escolha no tratamento de indivíduos com diabetes tipo 2 que não respondem às medidas não-farmacológicas isoladas. Com a perda progressiva da função pancreática, típica do diabetes tipo 2, a insulina pode vir a ser necessária para o controle do quadro metabólico.

As sulfoniluréias estimulam a secreção de insulina e aumentam a sensibilidade dos tecidos-alvo a ela, diminuem a glicemia. As contra-indicações ao seu uso são situações de estresse importante (infecção, cirurgia, infarto), gestação e lactação. As biguanidas aumentam a sensibilidade da insulina no músculo esquelético, tecido adiposo e, especialmente, no fígado, reduzindo, a gliconeogênese hepática e aumentando a captação periférica de glicose. A metiformina é usualmente o antibiótico de escolha com diabetes tipo 2 e obesidade. (FERREIRA, 2004)

A arcabose é uma substância que inibe competitiva e temporariamente a atividade das enzimas alfaglicosidades, na parede intestinal, retartando a degradação dos carboidratos e a absorção pós-prandial dos glicosídeos no intestino delgado. Apresenta como efeitos colaterais freqüentes flatulência, intolerância gástrica, diarréia e dor abdominal. (FREITAS, 2006)

As tiazolidinedionas ligam-se a receptores nucleares PPAR, aumentando a sensibilidade da insulina no músculo esquelético e tecido adiposo como efeito menor no fígado. A rosiglitazona e a pior glitazona representam essa classe no mercado brasileiro. A troglitazona foi retirada do mercado em 2000, devido a sua hepatoxicidade. Esses fármacos têm a vantagem de serem usados em dose única diária e na presença de insuficiência renal, mas a desvantagem do preço elevado. (FERREIRA, 2004)

Segundo Freitas (2006) dados obtidos de vários estudos que tiveram a participação de idosos tem demonstrado que esta classe de drogas é efetiva nessa população, estando associada, entretanto, a significante retenção hídrica.

As metiglinidas (Glinidas) é um grupo relativamente novo, atuando como secretagogos estimulantes da produção pancreática de insulina na presença da glicose. Não há estudos específicos dessas drogas na população idosa. Apresentam absorção, ação e eliminação do que as sulfoniluréias. (FREITAS, 2006)

A introdução da insulinoterapia é resulado do inadequado controle da glicemia, apesar da adoção das medidas gerais e da utilização de hipoglicemiantes orais, além de ser indicada em situações de estresse, como infecções importantes, traumas, grande cirurgia, cetoacidose, coma diabético, coma hiperosmolar não-cetódico e controle glicêmico após infarto do miocárdio em diabético. (FREITAS, 2006)

Apesar de uso da insulina está se tornando mais comuns nos idosos, ainda têm sido subutilizada pelo receio de que seja complicada ou perigoso, entretanto, um grande número de pacientes diabéticos, devido a perda da função das células beta, ao longo dos anos, acaba requerendo suplemento exógenos de insulina. Seu emprego pode ser precoce nos diabéticos com hiperglicemia marcada por estado hiperosmolar. O primeiro passo para introdução com a insulina é a capacidade cognitiva do paciente, fundamental para aprender a manusear corretamente as canetas de aplicação da droga. O tratamento deve seguir uma seqüência bem definida. Inicialmente o hipoglicemiante oral em uso deve ser mantido. É baseado totalmente na determinação da glicemia, que pode ser feita por automonitoração. O esquema é sempre individualizado de acordo com a gravidade expressa pelos níveis de glicose. (FREITAS, 2006)

Ferreira (2004) cita que todas as insulinas disponíveis no Brasil têm concentração 100 U/ml. A via de administração usual é a subcutânea, mas a insulina regular também pode ser aplicada por via intravenosa e intramuscular, em situações que requerem o efeito clinico e mediato.

O fenômeno qualidade de vida tem múltiplas dimensões como por exemplo, a física, a psicológica, cada uma comportando vários aspectos. Entre eles a saúde percebida e a capacidade funcional são variáveis importantes que devem ser avaliadas, assim como o bem-estar, subjetivo indicado por satisfação. (FREITAS, 2006)

De acordo com Carvalho (2008) as pesquisas que descrevem o impacto de uma doença na qualidade de vida de um indivíduo ou de uma população são de grande importância para nortear a distribuição do dinheiro público aplicado em saúde, bem como para proporcionar subsídios para a eleição de metas de políticas púbicas condizentes com a atual visão sobre saúde. O Diabetes Mellitus é uma doença crônica muito comum na população idosa. É considerado um importante problema de saúde, uma vez que freqüentemente está associado à complicações que compromete a produtividade, a sobrevida dos pacientes e a qualidade de vida.

Sabendo que as doenças crônicas afetam de forma significativa a saúde do idoso, acarretando comprometimento financeiro, emocional e social dentre outros, a qualidade de vida em idosos portadores de Diabetes Mellitus Tipo 2 é prejudicada em decorrência da doença. O número de doenças associadas ao DM mostra-se correlação negativa com os componentes capacidade funcional, limitação por aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade e saúde mental. Neste aspecto, podemos notar que quanto mais doenças associadas o idoso diabético apresenta, pior é a sua qualidade de vida com relação aos componentes citados. O número de doenças crônicas associadas é importante determinante na qualidade de vida do paciente idoso diabético. Campanhas que buscam o diagnóstico precoce, bem como o oferecimento gratuito de medicamentos, associados ao acompanhamento rigoroso do tratamento para várias doenças crônicas que afligem a população idosa são de fundamental importância para uma melhor qualidade de vida nesta população. (CARVALHO, 2008)

Segundo Freitas (2006) a mudança de perfil de morbidade, com maior prevalência de condições crônicas, acompanhada de seqüelas, também crônicas, sem haver possibilidade de cura efetiva, desvia o objetivo da atenção à saúde: este não deve ser a eliminação da doença e, sim, melhorar a vida do paciente nos outros aspectos, dando suporte, encorajando e provendo os meios para enfrentar essa vida que traz em seu bojo um problema de saúde sério e de longa duração. Por fim, discute um terceiro fator, mas teórico e ideológico. Critica o modelo que concebe o ser humano como uma máquina onde ele é apenas um organismo biológico, faltando interesse no ser humano como agente social.

A qualidade de vida em idosos e sua avaliação sobre os efeitos de numerosos fatores, entre eles os preconceitos dos profissionais e dos próprios idosos em relação à velhice. O dono da vida, no caso o idoso, deve ter participação ativa na avaliação do que é melhor e mais significativa para ele, pois o padrão de qualidade de cada vida é um fenômeno altamente pessoal. Esta é uma questão não apenas metodológica, mas também ética. (FREITAS, 2006)

Os modelos de qualidade de vida vão desde a "satisfação com a vida" ou "bem-estar social" a modelos baseados em conceitos de independência, controle, competências sociais e cognitivas. O conceito de bem-estar mudou a partir de meados do século XX. Até aí significava, apenas, disponibilidade de bens materiais (comida, casa de banho, casa aceitável, acesso a serviços de saúde e de ação social, dinheiro suficiente). Atualmente relaciona-se, também, com dimensões menos tangíveis (sentido de segurança, dignidade pessoal, oportunidades de atingir objetivos pessoais, satisfação com a vida, alegria, sentido positivo de si). A noção de qualidade de vida também passa pela mesma alteração, engloba os recursos e o direito a "gozar" a vida. (FIGUEIREDO, 2003)

São prioridades da Enfermagem, prestar assistência ao paciente idoso portador de diabetes tipo 2, fornecer informação sobre processo da doença/prognóstico, autocuidado e necessidade de tratamento, prevenir complicações, identificar e ajudar com o controle da causa subjacente/processo da doença, corrigir e reverter as anormalidades metabólicas, restaurar o equilíbrio hidroeletrolítico e ácido/básico, enfocar a importância do uso adequado da medicação seguindo o horário e dosagem prescritos, instruir vias de administração no caso da insulinoterapia, encorajar na reeducação alimentar e prática de exercícios físicos. (DOENGES, 2003)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo investigou a qualidade de vida de pacientes idosos portadores de Diabetes do Tipo 2, destacando o processo do envelhecimento e características da doença.

O idoso diabético desconhece ser portador da doença, sendo o Diabetes Meliitus tipo 2 a forma mais comum de alta prevalência nesses sujeitos. É considerado um importante problema de saúde, uma vez que freqüentemente está associado a complicações que comprometem a produtividade, a sobrevida dos pacientes e a qualidade de vida.

Sabe-se que a mudança de práticas relacionadas ao estilo de vida é um grande problema para os portadores de doenças crônicas como Diabetes Meliitus, por conta das complicações crônicas decorrentes do Diabetes que possuem impacto direto sobre a qualidade de vida dos pacientes portadores desta patologia.

A qualidade de vida na velhice tem sido, muitas vezes, associada às questões de dependência-autonomia. As dependências observadas nos idosos resultam tanto de alterações biológicas (deficiências ou incapacidade) como de mudanças nas exigências sociais (desvantagens) e, frequentemente, as últimas parecem determinar as primeiras.

Fazem parte do tratamento específico do Diabetes as modificações no estilo de vida, com aumento de atividade física, dieta adequada com redução da ingestão de calorias (carboidratos), gorduras saturadas e colesterol, e terapia farmacológica.

A enfermagem pode intervir prestando cuidados como encorajar na reeducação alimentar e prática de exercícios físicos e orientar a respeito da adesão ao novo modo de vida.

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