Qual é o impacto da economia no meu negócio?

A crucial necessidade de interpretar os movimentos do mercado, a fim de antecipar o inesperado.

As pequenas e médias empresas (PME) mergulham no dia-a-dia de seus problemas de negócios a tal ponto, que acabam deixando passar despercebidos vários sinais e indicadores que, por certo, poderiam representar alertas importantes.

Sim, até mesmo o corriqueiro dos noticiários, dos jornais e revistas especializadas, traz movimentos importantes que deveriam ser interpretados com cuidado, profundidade e análise estratégica.

Por um triste vício cultural de grande parte dos empresários brasileiros, os planos estratégicos das PME acabam focando apenas "no quê e no como fazer", a fim de que possam alcançar os resultados esperados. Quando efetivamente existentes, somente uma minoria dos planos é realmente mais abrangente.

Não pregamos aqui o preciosismo clássico e rebuscado do planejamento estratégico, no entanto, não se pode conviver com incertezas, reações emergenciais e "achismos".

A maioria dos planos volta-se apenas aos processos básicos do negócio que geram resultados, deixando ao largo uma série de cenários complementares, fatores, projeções, tendências, análises, interpretações e provisões, que certamente ajudariam a lidar com as intercorrências externas e não previstas.

Certas intercorrências, direta ou indiretamente geradas por fatos e comportamentos no âmbito econômico do país, impactam a operação dos empreendimentos em dois pontos extremamente vulneráveis e nevrálgicos: a mobilidade de investimentos e o aumento dos custos operacionais.

Cabe aqui um breve comentário – quando nos referimos à mobilidade de investimentos, não podemos esquecer que a maioria das PME atrela tal mobilidade a linhas de crédito e giro, o que se traduz em maiores endividamentos.

Retornemos à análise dos sinais do mercado e do cenário econômico, tomando um exemplo simples e muito noticiado: a disparada dos preços do petróleo nos mercados mundiais.

Ao revermos a lista enorme de seus subprodutos – tintas, plásticos, borrachas, gases e lubrificantes industriais, GLP (gás de botijão), combustíveis, querosene de aviação, diesel dos transportes, asfalto, ceras, e até mesmo a goma de mascar – podemos imaginar os impactos gerados pela elevação desses custos.

Em rápida análise, os elementos de custos associados a transportes, alimentação, viagens, e alguns suprimentos, seriam direta e significativamente impactados na estrutura de custos da empresa.

Na outra ponta e, fundamentalmente relacionados, estão os índices de reajustes que vão de encontro aos contratos existentes, como o de aluguel do imóvel, por exemplo.

Não esqueçamos, também, que com a incidência de aumentos nas diversas cadeias verticais de preços, os índices inflacionários geram pressões em busca de ajustes nos salários e demais encargos – todos os empresários sabem o peso dessa estrutura em seus custos!

Quando falamos em análise e planejamento estratégico, não nos referimos a reações de última hora. Portanto, não basta buscar as variações dos índices de preços que medem o peso inflacionário, para, só então, correr com alguma medida de corte ou contenção.

Um plano de vôo consiste em prever todas as condições normais do percurso, assim como as eventuais variáveis climáticas, mas também, os possíveis planos de contingência para aas situações ou condições hostis que possam ser enfrentadas durante a viagem.

Sabemos que a aeronave não pode dar uma paradinha no acostamento e aguardar um tornado passar, para depois seguir viagem...

Para tanto, radares, instrumentos de análise e cálculo, assim como especialistas em planejamento, trabalham incessantemente, medindo, simulando e analisando todas as condições presentes e antecipando as futuras – repetimos – as futuras.

Em face de uma situação de potencial intercorrência, o planejamento lança mão das alternativas previamente definidas, tais como: redução de velocidade de cruzeiro; desvio de altitude a fim de evitar um eventual fenômeno meteorológico; ou mesmo, a mudança radical de rota.

A sobrevivência dos empreendimentos exige o mesmo grau de atenção e dedicação, a fim de que as situações de perigo, de pressões e dificuldades possam ser previstas e contornadas antecipadamente.

Quando essas situações são antecipadas, planos alternativos, de contenção, de provisões e contingenciamentos podem ser simulados, mensurados e discutidos muito antes de suas reais ocorrências, podendo até gerar mudanças radicais e estratégicas nos rumos do negócio.

O improviso e a intuição – essas brilhantes faculdades que tanto auxiliam e diferenciam grandes empresários e executivos – não podem ser utilizadas como princípios ou agentes contínuos de planejamento e gestão do negócio.

A estratégia, portanto, não pode ser um evento estático e isolado na empresa. O planejamento há que ser tratado como um plano de vôo – ininterruptamente medindo, analisando e extrapolando tendências, a fim de que projeções possam ser geradas como alternativas operacionais, protegendo e fortalecendo o ideal do negócio.