Estados Unidos não é mais membro da UNESCO
                      Qual a visão de Trump acerca do Multilateralismo e Cooperação Internacional?

Os Estados Unidos não faz mais parte da UNESCO. Trump usou como motivo o viés anti-Israel por parte da agência. Entretanto, essa não foi a única vez que o país se desligou do programa. Em 1984 os EUA saíram da agência, retornando apenas em 2003, numa visão estratégica após os atentados de 11 de setembro para combater a intolerância e terrorismo, usando a UNESCO como uma plataforma. Existe uma birra entre estes dois atores, onde, o governo norte americano ver a organização pró Palestina, logo contra Israel. Em 2011 os Estados Unidos cortou seu financiamento ao programa após Palestina ter sido admitida como membro.
Mas qual a visão de Trump acerca do multilateralismo e cooperação internacional? Sendo ainda mais abrangente, qual a visão das grandes potências acerca destas questões? As grandes nações são céticas em relação ao multilateralismo ou as Organizações Internacionais, de acordo com as mesmas, é perca de tempo participar destas conjunções de Estados em prol de alguma agenda. Um exemplo, a saída dos EUA do acordo de Paris sobre as condições climáticas do planeta. Trump decidiu não aderir a este acordo, pois, na visão dele, se aderisse iria afetar sua indústria nacional.
As Organizações Internacionais são tidas pelos países poderosos como plataforma para exercer o poder. As grandes nações apenas veem o multilateralismo interessante quando está alinhado com suas politicas externas. Os grandes atores utilizam as Organizações Internacionais para a realização dos seus interesses próprios.
"As OIGs não têm poder nem autoridade para fazer as decisões serem cumpridas, e os Estados optam por obedecer às regras e normas criadas, de acordo com seus interesses nacionais. Elas são tratadas como barcos vazios, existindo somente enquanto servem aos interesses dos Estados. As organizações são fundamentalmente instrumentos usados pelos Estados mais poderosos para atingir seus objetivos. Elas só exercem funções importantes quando expressam a distribuição de poder no sistema internacional. Apenas quando os atores mais poderosos acordam a utilização conjunta das OIGs para a realização de seus objetivos é esperado que elas se tornem efetivas. (HERZ E HOFFMANN, 2004)."
No que concerne a Cooperação Internacional, os Grandes Estados se utilizam deste meio também para exercer seu poder, se utilizando de vários discursos que acabam acobertando o real motivo da cooperação, mas que no fundo oque realmente as grandes potências buscam é a manutenção do imperialismo em detrimento dos países periféricos. Os países pobres acabam ficando dependentes e sofrem muitas influências, pois de acordo com a teoria do Sistema Mundo, os países ricos são os detentores das grandes tecnologias e produtos de alto valor agregado e os países pobres com produtos de baixa tecnologia e produtos de baixo valor agregado, servindo aos países ricos como mão de obra barata. A periferia do mundo é a região que os países ricos usam para desenvolverem suas tecnologias e instalarem suas multinacionais. A cooperação nos discursos é vista como uma grande realização em prol do país recebedor, mas em alguma coisa este país recebedor terá que ficar dependente do país doador. E é ai que está à visão da Cooperação dos Estados poderosos.
"A cooperação internacional serviria para os Estados manterem seu poder e crescimento, para conseguirem influência política, prestígio, vantagens geoestratégicas e intensificação do comércio, para garantirem investimentos ou, também, como forma de oferecerem subornos para as elites dos países em desenvolvimento em troca de apoios, por exemplo, em organismos internacionais. Dessa forma, as políticas de cooperação seriam inseparáveis das relações de poder, aonde não haveria espaço para considerações éticas. (MORATO, 2009, apud AYLLÓN, 2007)."
Visto que o sistema internacional é regido por uma extrema desconfiança entre os Estados, ainda no que tange a Cooperação internacional, o cumprimento dos projetos de cooperação detém certa insegurança por parte dos Estados.
"A cooperação internacional é dificultada pela natureza insegura do sistema internacional. Além do receio de que a cooperação acordada não será respeitada, os realistas salientam que a ausência de governo gera uma luta constante pela sobrevivência e pela independência. Logo, é impossível ignorar a posição dos outros atores na hierarquia de poder do sistema, pois os amigos de hoje podem ser os inimigos de amanhã. (HERZ E HOFFMANN, 2004)."
Sendo assim, essa é a visão de Trump e é de fato oque ele vem demonstrando nos seus discursos e de um modo geral, uma visão dos países poderosos. Trump enxerga que é mais vantajoso tratar as questões da Coreia do Norte e assuntos que envolvam disputas de poder e armamento bélico do que se envolver com o multilateralismo ou Organizações Internacionais.

BIBLIOGRÁFIA
BBC Brasil. As diferenças históricas que culminaram no anúncio da saída de EUA e Israel da Unesco. Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/internacional-41603726. Acessado em: 17/10/2017.
HERZ, M; HOFFMANN, Andrea Ribeiro. Organizações Internacionais: História e Práticas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
MACIEL, M. As Teorias de Relações Internacionais Pensando a Cooperação. Ed. Ponto-e-Vírgula. 5: 215-229, 2009.
*Marcos Pereira Reis é graduando 6° semestre em Relações Internacionais pelo Centro Acadêmico Jorge Amado, estagiário do UNICEF e compõe o Núcleo de Pesquisa e Extensão em Relações Internacionais (NURI) do Centro Acadêmico Jorge Amado.