Enquanto as técnicas de reprodução por inseminação artificial ou fertilização in vitro são aperfeiçoadas e caras, pesquisas investigam a má contribuição do estresse como um fator complicador para a fertilidade, o que abre perspectivas mais econômicas e saudáveis para se alcançar a gravidez. Pesquisadores estudam como o estresse, seja ele, crônico ou agudo pode levar prejuízos à função reprodutiva humana.

A médica norte-americana Sarah L. Berga, pesquisadora da Escola de Medicina da Universidade Emory, em Atlanta, defende que tratamentos psicológicos são capazes de resolver boa parte desta problemática. Em seu estudo já publicado na revista Fertility and Sterility em 2003, Berga relata 16 casos de mulheres, sendo que oito mulheres tratadas com a psicoterapia durante 20 semanas voltaram a ovular, em comparação com o grupo de oito mulheres que não fizeram o tratamento, das quais apenas duas voltaram a ovular. "O estresse crônico, seja ele emocional ou físico, exige demais do corpo", disse Berga em recente entrevista ao jornal The New York Times. "Seria bom que médicos e pacientes compreendessem a ligação entre estresse e fertilidade, de forma que soubessem oferecer outras formas de intervenção."

É comprovado que os níveis de estresse comprometam o desempenho sexual e as funções reprodutivas de homens e mulheres. O estresse é capaz de levar algumas mulheres à ausência temporária da menstruação (amenorréia).

"Uma pessoa que faz esportes adequadamente, que come direito, dorme direito e tem uma vida mais saudável é mais saudável - e não só na fertilidade. Ela tem menos risco de adoecer fisicamente. É bem claro de entender que o estresse atrapalha", diz Renato Fraietta, médico-assistente do setor de Reprodução Humana da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Entretanto, "há trabalhos que mostram que o mesmo homem fazendo espermograma no mesmo laboratório, mais de uma vez, apresenta mudanças no resultado conforme o período, pois se ele colhe o sêmen numa fase em que está estressado, por exemplo, morreu familiar ou está nervoso, o sêmen pode cair em 30%: pode ter um prejuízo tanto em qualidade como em quantidade.?

Um trabalho coordenado pela fisiologista Janete Anselmo-Franci, da USP-RP, mostrou que, em animais, um estresse provocado nos dez primeiros dias de vida pela separação de ratos recém- nascidos de suas mães durante dois minutos diários causou danos definitivos em regiões localizadas do sistema nervoso central desses animais, que levaram a mudanças no comportamento sexual e na capacidade reprodutiva durante a vida adulta deles. Não se pode inferir daí que o mesmo ocorra em bebês humanos sob estresse, e os estudos possíveis para comprovar uma relação desse tipo levariam décadas de trabalho. De qualquer forma, essas pesquisas reforçam a idéia de que algumas das dificuldades de reprodução humana estão ligadas a fatores estressantes do presente - e mesmo do passado.

Ainda que o estresse não apareça como causa da infertilidade de um casal que tenta engravidar, são grandes as chances de se apresentar como conseqüência do problema, tanto pelas pressões psicossociais como pela ansiedade gerada pelo próprio tratamento de reprodução assistida. "Mesmo em uma mulher jovem, fazendo o in vitro (que é o top de linha) e tudo correndo adequadamente, a chance que a paciente tem de engravidar é de 50% a 60% por ciclo", adverte Dr. Renato Fraietta. "Não é (um número) baixo, mas também não é garantia de que ela vá sair grávida, de nenhum consultório, em nenhum lugar do mundo." Além do alto custo, a dedicação exigida pelo tratamento ainda apresenta o risco de parecer uma perda de tempo e de ocasionar grande desgaste emocional, caso a tentativa de engravidar se frustre.

Portanto, o ideal seria o casal buscar diminuir os níveis de estresse da rotina de vida; aqueles que se submetem aos tratamentos modernos como fertilidade in vitro, por exemplo, o acompanhamento psicológico potencializaria as chances de concepção ou a psicoterapia resolveria em até 50% - conforme pesquisa de Sarah L. Berga - as chances na concepção de um filho.

Publicado por Psicóloga Carla Ribeiro

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