A Psicopedagogia Base Fundamental do Processo de Ensino e Aprendizagem

A psicopedagogia é uma área de actuação dirigida para o processo de aprendizagem humana, visto que o conhecimento é construído natural e continuamente pelo sujeito, no seu viver, não sendo exclusivamente do ambiente escolar. As acções humanas ocorrem simultaneamente com o processo de vida, assim, a Psicopedagogia auxilia várias áreas da actividade humana.

O Psicopedagogo é um profissional da educação envolvido com aprendizagem humana que congrega conhecimentos de Psicologia e Pedagogia intervindo neste processo, seja para potencializá-lo ou para amenizar dificuldades atendendo as necessidades individuais de aprendizagem, facilitando o desenvolvimento do indivíduo, grupo de pessoas ou instituições.

De acordo com DUQUE (2012:14) “A Psicopedagogia é um importante instrumento de trabalho para todos que se dedicam ao ensino.” Assim, podemos afirmar que a Psicopedagogia abrange o estudo das dificuldades e distúrbios de aprendizagem seguidos de tratamento preventivo ou terapêutico considerando que a aprendizagem está presente em vários momentos da vida.

A partir dos textos lidos vimos que historicamente a Psicopedagogia surgiu inicialmente com o termo “Psicopedagogia curativa” ou “acção terapêutica” sobre as crianças que experimentavam dificuldades ou lentidão. Hoje, em Moçambique, temos estes problemas como o fraco domínio da língua, escrita e leitura. Destaca-se George Mauco fundador do primeiro centro médico psicopedagógico na Franca. SÁ et al (2008:8) aventa outra possibilidade quanto ao surgimento da Psicopedagogia ao mencionar as tentativas de explicação para o fracasso escolar.

LIMA (s/d) citando Bossa refere que no Brasil a Psicopedagogia surgiu há 30 anos dedicada a pesquisa – em forma de grupos de estudos, que reflectiam sobre a prática educacional.                                       

Afirma-se que os primeiros cursos de Psicopedagogia foram oferecidos nos anos 90 e estes proliferaram pelo Brasil. E a partir dos anos 80, conquista âmbito nacional através da APP (Associação Paulista de Psicopedagogia), preocupados com os problemas de aprendizagem. Portanto, de acordo com Lima, desde 1997 a associação criou projecto de lei que dispõe sobre a regulamentação da profissão de Psicopedagogo, conselhos regionais e de Psicopedagogia.                                                                                                                                

A Psicopedagogia tem como objecto de estudo a aprendizagem humana, como se dá o aprender, como ocorrem as alterações na aprendizagem e como preveni-las. É nossa compreensão que é o papel do Psicopedagogo atender as necessidades individuais e organizacionais, daí o professor e o gestor escolar devem ter conhecimentos desta área de estudo. Nesse contexto o psicopedagogo identifica as dificuldades do estudante em dominar conteúdos de aprendizagem fazendo o uso de conhecimentos da Psicopedagogia e da Antropologia, analisa o comportamento do aluno e promove interacções em caso de fracasso.

No contexto moçambicano, a Psicopedagogia é uma disciplina que deve ser implementada em forma de seminários sistemáticos em instituições de ensino superior, devido o facto de haver muitos professores neste nível sem formação Psicopedagógica. Para além de trabalhar nas escolas, o psicopedagogo pode auxiliar os pacientes nos hospitais a manter contactos com os conteúdos escolares dependendo da gravidade das patologias. O psicopedagogo pode trabalhar em centros comunitários públicos ou privados, pode ainda orientar seus estudantes e familiares no processo de ensino e aprendizagem.

Para LIMA (s/d) o trabalho Psico-pedagógico pode adquirir carácter preventivo, terapêutico ou de treinamento o que amplia sua área de actuação, seja escolar, orientando professores, alunos realizando diagnóstico, facilitando o processo de aprendizagem, trabalhando as diversas relações humanas que existem nos espaços empresariais, realizando trabalho de treinamento de pessoal e melhorando as relações interpessoais nas instituições laborais como clínicas e hospitais. É importante salientar que a Psicopedagogia é uma área de interesse da educação que vem trabalhando em parceria com diversos profissionais que actuam em sua área de abrangência.                                                                     

Assim, concluímos que a Psicopedagogia actua em diversas instituições a mencionar: escolas, clínicas, empresas, organizações não governamentais e hospitais. O psicopedagogo é um profissional envolvido na aprendizagem humana que congrega conhecimentos de diversas áreas da educação para amenizar dificuldades atendendo as necessidades individuais de aprendizagem.

A aprendizagem está presente em vários momentos da vida, e com ela as dificuldades podem surgir em qualquer etapa da educação. SÁ (2008:9) afirma que a Psicopedagogia no Brasil hoje é uma área que lida com o processo de aprendizagem e suas dificuldades, e que, em sua acção profissional, deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e sistematizando-os.

Para nós, a Psicopedagogia pode ser vista na actualidade como um movimento de novas buscas, conhecimentos e informação. Assim, as perspectivas actuais do trabalho psicopedagógico são de apoio social no processo educativo tendo em conta as dificuldades dos alunos, professores e dos processos de aprendizagem evitando aspectos como exclusão social, apoiando os negligenciados na educação a superarem as barreiras das dificuldades e encontrando sucessos escolares.

Existem factores internos e externos ao próprio indivíduo, que podem facilitar ou inibir o processo da aprendizagem. Alguns destes factores estão relacionados com características das pessoas a quem se destina a formação. É necessário sublinhar uma aprendizagem acompanhada de práticas humanas aceitáveis para que os indivíduos em aprendizagem consigam associar e materializar a praticabilidade da aprendizagem. De forma contrária, os indivíduos serão confrontados com a desmotivação, e a falta de confiança com os seus professores. Assim, para que a prática pedagógica conduza ao sucesso da aprendizagem deve ocorrer num clima de confiança e partilha de experiências. Os objectivos devem ser explícitos no princípio da aula, do trimestre, semestre ou mesmo no princípio de uma actividade para que os alunos conheçam a direcção do percurso das actividades, assim estaremos perante uma aprendizagem consciente.

Nas teorias de aprendizagem, a que referenciar a psicologia Skinneriana que se baseia numa perspectiva do comportamento ligada ao meio. Segundo SPRINTHALL e SPRINTHALL (1993:226), esta teoria circunscreve-se ao meio que causa as mudanças no comportamento, porque as consequências da resposta influenciam a acção futura e porque estas consequências ocorrem no meio exterior através de estímulo e reforço. Porém, percebemos nós que, o experimentador no nosso contexto o pedagogo não pode forçar a ocorrência da resposta. As acções de reforço são práticas da maioria das situações. A interacção humana é caracterizada por um reforço inconsciente e o resultado consiste num leque de respostas que ajudam a aprendizagem.

Com relação ao tipo de respostas, de acordo com o autor acima citado refere que há dois tipos: respondentes e operantes. A primeira refere-se aquelas que podem ser automaticamente desencadeadas por um estímulo não-aprendido ou incondicionado. A posterior refere-se as respostas que não podem ser classificadas como respondentes, por exemplo, ao ralharmos ou levantar a mão para uma criança sem uma prévia análise crítica situacional e só nos damos conta depois da desnecessidade da prática da acção.

No campo das teorias de aprendizagem destaca-se o Jerome Bruner. Segundo SPRINTHALL e SPRINTHALL, o objectivo último do ensino é promover a compreensão geral da estrutura de uma matéria, isto é, compreendê-la de uma forma que permite que muitas outras coisas se relacionem significativamente com esse assunto. Esta teoria fundamenta-se em quatro princípios:

A motivação – refere-se as condições que se predispõem um indivíduo para a aprendizagem. Gostaríamos de sublinhar que esta motivação tem de ser intrínseca, partindo do interesse particular de aprendizagem ou da curiosidade e suas interacções quotidianas, paralelamente a línguas que é o meu campo de mediação e interacção com os alunos, as crianças, os aprendizes, não só aprendem as palavras, expressões idiomáticas, ou estruturas linguísticas mas também a razão porque se utilizam, isto é, a sua aplicabilidade tendo em conta o meio, a cultura e suas implicações. Torna se abstracto que o aluno aprenda a contar história de Portugal antes de aprender a contar pequenas histórias da sua cultura e do meio em que ele está inserido.

Activação – requer que o professor dê aos alunos problemas que sejam apenas suficientemente bons para serem discutidos e que a motivação intrínseca da curiosidade da criança possa, por si só, activar a exploração.                                                                                                                                              

Manutenção – consiste em ensinar assegurando que a criança não tenha uma experiência dolorosa. É sempre bom que deixemos que a criança experimente os objectos que lhe rodeiam, mas também é bom quando ela tem alguém para lhe mostrar as vantagens e desvantagens para melhor descoberta da aprendizagem.                                                                     

Direcção – relaciona-se com a exploração dos conhecimentos, segundo o autor é a função de dois factores: conhecer o objectivo e saber que a exploração de alternativas é relevante para alcançar o objectivo. Aí, a razão duma preparação cautelosa das actividades em consonância com os objectivos que se almejam ser alcançados, mas também através da aprendizagem pela descoberta, o professor pode levar os alunos a adivinhar respostas. Porém, nesta aprendizagem pela descoberta exige que o professor seja vivo, flexível e conhecedor da matéria e ainda tem que ser paciente, pois a aprendizagem pela descoberta não pode ser apressada.                      

Entretanto, trazermos evidências que se assemelham dentro da Psicopedagogia ao considerar a aprendizagem humana como objecto de estudo em todas as faixas etárias diante duma situação de aprendizagem.

Com relação as disciplinas da organização de aprendizagem, achamos bastante e de extremo valor a quinta d “raciocínio sistémico.” Encontramos mais interessante esta disciplina porque ela envolve as outras 4 disciplinas anteriores.

De acordo com SENGE (s/d) “a essência do raciocínio sistémico está na mudança de mentalidade, o que significa: ver inter-relações, ao invés de cadeiras lineares de causa e efeito, e ver processos de mudança ao invés de instantâneos.” Tendo o domínio desta disciplina, qualquer um poderá abandonar a atitude de culpabilizar os outros pelos fracassos da aprendizagem numa organização, mas perceber que os problemas podem derivar do próprio sistema da organização, e cada um tem um papel importante na solução das mesmas. Assim, é necessário que os membros duma organização de aprendizagem detenham propósitos claros do que pretendem e usem estratégias de aprendizagem dentro do contexto organizacional. No nosso contexto de organização escolar, é necessário considerar os objectivos escolares, o que os alunos querem aprender e as motivações do professor tomando em conta os objectivos particulares e da organização para o seu próprio desenvolvimento.

Bibliografia

DUQUE, C. (2008). Fundamentos de Psicopedagogia. CD/cd. Disponível em  www.googletag manager.com/ns. Acessado em 12 de Dezembro de 2012. 

LIMA, S. D. de. (S/D). Introdução a psicopedagogia. ISEE. Instituto Superior de Educação Equipe.

SÁ, M. S. M. et al. (2008). Introdução a Psicologia. 2ª ed. IESDE, Brasil.

SENGE, P. (s/d) A Quinta Disciplina.

SPRINTHALL N. A. e RICHARD C. S. (1993). Psicologia Educacional: Uma Abordagem Desenvolvimentista. Editora McGRAW-HILL, Portugal. 

Por Gregório Jorge Gonçalves                                                                                                                                Docente da Universidade Pedagógica de Moçambique – Delegação de Quelimane e Mestrando em Gestão e Administração Educacional