PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL NA TEORIA DE

HENRI WALLON E ANDRÉ LAPIERRE. Salvador/Ba Setembro de 2007. 

Autora: Francisca Marlete da Silva Santos

Curso: Psicopedagogia Clínica e Institucional

Pedagoga. Co-Autora do Livro: Infância e Adolescência Missionária – Roteiros para os assessores e coordenadores de grupos de crianças. E colaboradora do livro: Um passo adiante – Roteiros para encontros de jovens. POM/Agosto 2006. Professora do Instituto de Formação Teológica – IFETE e Faculdade de Tecnologia Ciência e Educação - FATECE do curso de Psicopedagoga Clínica e Institucional. Educadora com experiência desde a Educação Infantil ao Nível Superior. Atuou como: Coordenadora Pedagógica, Técnica Pedagógica, Diretora Administrativa e Psicopedagoga Clínica. 

1        INTRODUÇÃO 

Pretendeu-se neste trabalho desenvolver uma análise do pensamento, estudo e desenvolvimento da psicomotricidade relacional, na visão de Wallon, André Lapierre e Anne Lapierre. Partindo de um marco funcional da prática psicomotricista, pode-se posteriormente perceber as semelhanças entre seus estudos. Temos como meta, a pretensão de tornar as idéias mais pertinentes para uma concepção de psicomotricidade numa visão mais ampla e mais completa. Enfatizando que tanto Lapierre, quanto Wallon adotam uma linha de pensamento teorico-prático, ambos voltados para o conhecimento do eu e do mundo. A pesquisa descreveu a psicomotricidade relacional em sua prática na educação psicomotora, visando o comportamento do adulto diante da criança e seus movimentos psicomotriz, com o propósito de aprofundar aspectos positivos que venha ajudar a compreender a importância da linguagem no processo de reeducação corporal, na vida e no desenvolvimento do ser.  O autor deste método o educador francês André Lapierre, é fundador da Sociedade Internacional de Análise Corporal da Relação e escreveu entre outros títulos, ”O adulto diante da criança de 0 a 3 anos”. Esta obra mostra sua valiosa experiência em psicomotricidade relacional, unindo a teoria à experiência prática. Inicialmente, Lapierre trata da psicomotricista de maneira positivista (funcional), admitindo as faltas cometidas por seus antecessores também educadores, no início dos anos 70. Já no final da década, com a obra Simbologia do movimento (1977), que marcou o início de um novo período no âmbito educativo. Lapierre participa da passagem da psicomotricidade de cunho organicista funcional para o método relacional, termo este, criado por ele e contemporâneos como Aucouturier, Airton Negrine, no começo dos anos 80. Estes, por divergências na maneira de ver o educador frente à criança, se separaram. Negrini transferiu-se para a Espanha e desenvolveu a tese de doutorado intitulada “jogo e psicomotricidade”. A partir de então, passou a atuar  como psicomotricista desenvolvendo o viés relacional da psicomotricidade. Lapierre optou por uma  direção  terapêutica  e  deu  nova  denominação  ao  seu  trabalho  passando a se  chamar de Análise Corporal da Relação (Somatothérapies nº.2 mai 1989) Da Sociedade Internacional de Análise

_______________________________________________________________

* Para maior informação sobre a vida e obra do referido autor ler: LAPIERRE 2002, O adulto diante da criança de 0 a 3 anos. LOREZON, Agnes M.D,Psicomotricidade Teoria e Prática,1995.cap.I.

Corporal (SIAC) cuja sede se encontra em Newton (USA).Neste trabalho iremos focalizar o pensamento Waloniano buscando constatar sua grande colaboração no âmbito da aprendizagem e desenvolvimento da criança. Objetivou-se neste trabalho mostrar a psicomotricidade como um método  educativo  que por meio da linguagem corporal e do movimento do sujeito, vistas como ações psicomotoras, desenvolvem, às relações sócio-afetivas, através da instauração do diálogo tônico-corporal, do olhar, gestos , posturas, mímicas e imitações entre outros instrumentos próprios da psicomotricidade. Este método dirige-se igualmente à cultura, ao seu universo físico e conceitual, às relações com o meio em que a cognição emerge primordialmente, de modo que o sujeito possa ele próprio, descobrir o mundo e produzir por meio de manipulação do mesmo, contato, exploração, construção e desconstrução dos objetos. Com base na teoria Waloniana e partindo de uma vivencia pratica do educador André Lapierre e Anne Lapierre, entender a motricidade, a cognição e a afetividade como princípio das relações, destacando-se que a prática psicomotora, deve atender ao princípio da alternância funcional do desenvolvimento, conforme concebido por Wallon e fundamentado por Lapierre. De modo geral, esse método tem contribuído no entendimento do processo de desenvolvimento personalitico do sujeito, nas relações sócio-afetivas, cognitivas e psíquicas, cujo predomínio da ação é de caráter afetivo e cognitivo, voltado à construção do Eu e do mundo. Partindo do desejo de conhecer as contribuições de Wallon, para o estudo da psicomotricidade, para as crianças de 0 a 6 anos e de Lapierre, para crianças de 0 a 3 anos, eis o motivo que gerou esta pesquisa buscando em suas teorias psicomotoras a compreensão e contribuição desta prática, para educação infantil e suas relações interpessoais. Buscando assim, conhecer sua origem, atuação e desenvolvimento numa reflexão sobre a revalorização do corpo e suas reações. Após perceber que valores essenciais estão sendo excluídos da arte de ensinar é que procuramos compreender o desenvolvimento psicoafetivo pela psicomotricidade, esta deve promover recursos sociais, afetivos, lingüísticos, culturais, físicos, espaciais, materiais e pedagógicos que permitam ao sujeito estabelecer uma interação com seu meio, mobilizando neste, elementos para seu desenvolvimento, utilizando os meios que ela própria dispõe.

  1. 2.         A PSICOMOTRICIDADE

Pode se dizer que a prática da psicomotricidade foi se desenvolvendo inicialmente com base organicista e mecanicista, seguindo orientação geral da tradição pedagógica. Atualmente essa compreensão pode realmente se efetivar depois de um longo estudo histórico da evolução e noção do corpo.

Essa visão primordial a ser aprofundada, mostra que a cultura grega parte do pensamento de Platão, para quem o corpo é lugar de transição da existência humana. Tendo em vista que o pensamento da neurofisiologia contemporânea busca a prevenção e a cura. Assim, em 1906, Dupré publicou na Revue Neurologie, o resultado dos estudos sobre a psicomotricidade nos quais a define como síndrome da debilidade motora e em1925, reafirma este tema na obra, Magination et de l´émotivité, também empregado por Wericke (1874).

 O método psicomotricista limitava-se em resolver problemas apenas sintomáticos em doenças não vistas pela medicina exemplo: se a criança apresentasse disritmia, era encaminhada para exercícios do ritmo. Na visão organicista a criança era dividida, partilhada em órgãos e partes, conforme o problema se situava e, portanto devia ser resolvido.

Aos poucos essa prática no Brasil, parece se evoluir, mais na linha relacional encontrando outros caminhos e novas concepções buscando atuar de maneira mais harmoniosa visando alcançar a totalidade da personalidade na criança.

Nesse sentido, os profissionais buscam apoio nos trabalhos e pesquisas de Wallon (1932; 1950; 1966) Jean Piaget (1964) Freud (1968) e muitos outros. Essa evolução no Brasil, ocorreu por intermédio de profissionais vindos do exterior  principalmente da França, para ministrarem cursos inicialmente no Rio de Janeiro e conseqüentemente em outros estados proporcionando o acesso a obras especializadas, intercâmbio e participação de congressos. Com isto, dar-se à passagem da psicomotricidade organicista para um psicomotricidade relacional partindo das idéias humanistas e construtivistas na evolução da própria pedagogia, que pouco a pouco se desenvolveu em uma outra visão, a da vivência da criança e da descoberta de sua potencialidade e criatividade.

Percebendo que as perspectivas da prática psicomotora, passam pelo diálogo corporal, torna-se vivida numa busca simultânea de harmonia de acordo com o tônico dos gestos e das intervenções através do contato corporal conforme Lapierre e Aucouturier (1982), estas perspectivas vão surgindo como a percepção da relação entre o psicomotricista e a criança no sentido de permitir a observação do controle do corpo, do pensamento segundo o grau de maturidade atingida. Essa mediação dar oportunidade de reviver as etapas mal vividas pela criança, na possibilidade e espontaneidade permitida e estimulada a partir das contribuições infantis, trazendo assim alento para a direção do trabalho com a criança. No que diz respeito aos procedimentos metodológicos para se ter acesso à criança, Wallon elege a observação como um instrumento imprescindível e privilegiado a psicogenética e também da psicomotricidade relacional.

 A observação permite o acesso à atividade da criança em seus contextos, condição para que se compreenda o real significado de cada uma de suas manifestações; só podemos entender as atitudes da criança se entendermos a trama do ambiente no qual ela está inserida. GALVÂO (1995:36)

A observação da criança é um recurso objetivo que nos faz alcançar o real aspecto de suas ações. Na visão Waloniana, toda observação supõe uma escolha que direciona nossas expectativas diante do objetivo que queremos alcançar mediante nosso desejo e hipóteses e até mesmo de nossos simples hábitos mentais. É preciso que o observador se esforce para explicitar o máximo, as referências prévias que venham influenciar seu olhar de reflexão.

____________________________________________________________________________

Para maior informação sobre a história da psicomotricidade leia: Psicomotricidade Teoria e

Prática de LOREZON, Agnes M.D.1995. cap.I.

  1. 3.        A PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL E EMOÇÃO

A base da psicomotricidade relacional consiste em criar um espaço de liberdade propício para vivência da criança através de jogos, brincadeiras e outras atividades. Tem o objetivo de fazer a criança manifestar seus conflitos profundos e vivê-los simbolicamente. No âmbito educativo, este tipo de atuação servirá de precaução contra o surgimento de distúrbios emocionais, motoras e de comunicação que dificultem a aprendizagem.

Assim manifesta-se a práxis da psicomotricidade, pela aproximação corporal chegando-se à personalidade da criança. E pelo fato de se privilegiar a experiência vivida na sala e nos recursos, no trabalho individual e, sobretudo coletivo, pela utilização dos movimentos espontâneos da criança LOREZON (1995:81)

 

 

Conforme Lapierre (2002:18), a comunicação da criança exprime-se de modo infraverbal, psicomotor. O corpo nunca mente; todas as tensões positivas e negativas, e mesmo as inconscientes para o adulto são percebidas pela criança. A psicomotricidade estabelece uma comunicação de pessoa para pessoa, possibilitando a criança a expressar suas fantasias e libertar suas pulsões-mesmo as agressivas - com o máximo de permissividade e o mínimo de proibições. Para o psicomotricista, uma criança com um ano, dois anos, já compreende este nível de relação que parte da aproximação corporal motora do adulto respondendo as suas necessidades. Lapierre, defende o valor da educação na primeira infância pois essa etapa de 0 a 3 anos, é que se cristaliza a personalidade. É também nessa faixa etária que a atuação dos adultos deve ser mais decisiva na formação de crianças saudáveis e adolescentes equilibrados.

          Na experiência psicomotricista é visto que, se a formação que se adquire na escola inicialmente é crucial, à fase pré-escolar é mais ainda. Voltando-se para educação infantil, Lapierre mostra sua preocupação com o desperdício do potencial infantil e procura desenvolver uma metodologia que venha dar conta dos conflitos na primeira infância a fim de ajudar a superá-los. Aos poucos, ele toma consciência de que, ao expressar problemas psicológicos aparentemente atuais, as crianças, na verdade, escondem conflitos anteriores mais profundos. Então, busca as crianças nos dois primeiros anos, que de fato, estão construindo sua personalidade, lembra ainda que a transformação por quem passam as crianças de 18 meses a 2 anos é tão marcante a ponto de a crise da adolescência  não passar de uma reedição desta fase. É quando crianças e jovens desafiam o poder do adulto.

Para Wallon, a dimensão afetiva ocupa o lugar central, tanto no ponto de vista da construção da pessoa, quanto do conhecimento. Ambos se iniciam num período que ele denomina impulsivo-emocional e se estende ao longo do primeiro ano de vida. DANTAS ( 1990:85)

 

 

Conforme DANTAS (1990:45), Wallon vê o desenvolvimento infantil como uma construção progressiva. Na descrição da psicogenética, mostra esta construção como estágios, traçando algumas informações precisas para melhor compreendermos o indivíduo em suas diferentes etapas.

Ainda segundo a autora, para Wallon, a psicomotricidade parte de um ponto fundamental do desenvolvimento humano: a emoção. Que é extremamente original e tem uma nítida inspiração darwinista: ela é vista como instrumento de observância típico da espécie humana. Esta fornece a capacidade de mobilização e se não fosse essa capacidade de mobilizar poderosamente o ambiente o bebê não sobreviveria. Não é por acaso que o choro atua de forma intensa sobre a mãe: e esta função biológica é que dá origem a um dos traços característicos da expressão emocional. Sua alta contagiosidade e seu poder epidêmico. Neste sentido é que Wallon considera a emoção fundamentalmente social: ela fornece o primeiro e mais forte vínculo entre os indivíduos e supre a ineficiência da articulação cognitiva nos primórdios da espécie.

A emoção constitui também uma conduta com profundas raízes na vida orgânica... Desta maneira, a caracterização que apresenta da atividade emocional é complexa e paradoxal: ela é simultaneamente  social e biológica em sua natureza; realiza a transição entre o estado orgânico do ser e sua etapa cognitiva, racional, que só pode ser atingida através da mediação cultural, isto é social.A consciência afetiva é a forma pela qual o psiquismo emerge da vida orgânica:corresponde à sua primeira manifestação. DANTAS (1990:85)

 

 

 

Esta manifestação aparece gradativamente e tem origem no estágio impulsivo emocional que se dá no primeiro ano de vida, onde os movimentos são simples descargas de energia muscular em que as reações tônicas se apresentam. Neste estágio os movimentos são motivados pela emoção, havendo um excesso de afetividade devido a inaptidão para agir sobre o mundo. A linguagem utilizada nesta fase é corporal, através de contato, toques e posturas. A ação é sobrecarregada de afetividade emocional. Segundo Wallon é essa cultura da linguagem que fornece ao pensamento os instrumentos para sua evolução. E para que estas se desenvolvam, a criança precisa interagir com o “elemento cultural” isto é a linguagem e conhecimento da exploração do mundo dando início a uma nova fase a do estágio sensório motor, que na visão Waloniana é projetivo, e se encerra no terceiro ano de vida. È quando a criança desenvolve a função simbólica da linguagem voltando-se para uma exploração sensório-motora. Neste período há uma junção do corpo sentido com o corpo visto, ela precisa de gestos para se comunicar, dando início às relações cognitivas com o meio. Essa é também chamada fase da inteligência sensório motora, de Jean Piaget a que chamamos de vivência corporal. Ainda Wallon, afirma que a passagem de cada  estágio não é uma simples ampliação, mas uma reformulação.E com freqüência instala-se, nos momentos de passagens, uma crise que pode afetar visivelmente a conduta da criança.

È percebido que pela emoção a criança desenvolve uma afetividade que direciona suas primeiras reações com o mundo físico. È de fundamental importância que esta afetividade, seja explorada pela criança, pois é o marco fundamental do estágio sensório motor a qual discorre o desenvolvimento da função simbólica da linguagem que se projeta em ações e atos motores e predomina a relação cognitiva da inteligência prática e simbólica. È, portanto este mundo simbólico da criança, que deve ser visto pelo psicomotricista como principal instrumento de trabalho e que proporcionará ao profissional um relacionamento efetivo com as reações da criança e suas fantasias. Um dos meios de fazer a leitura da linguagem corporal é partindo deste ponto que é considerado essencial.

As emoções consistem essencialmente em sistemas de atitudes, que correspondem a uma determinada espécie de situação. Atitudes e situações correspondentes implicam-se mutuamente, constituindo uma maneira global de reagir, de tipo arcaico freqüente na criança.  WALLON (s/d:134)

Partindo deste pressuposto pode se dizer que a emoção é o comando das ações do corpo, pois ela dispõe desde o desenvolvimento psíquico aos incidentes externos e internos de uma pessoa numa totalização indivisa donde se considera que toda reação tem um tom de emoção. Afirma Wallon (s/d:136), que as influências afetivas que rodeiam a criança desde o berço, tem uma ação determinante sobre sua evolução mental, pois implica no desenvolvimento espontâneo de suas estruturas de base fundamental. 

O corpo é a expressão dos nossos desejos, necessidades e frustrações. Desde a mais tenra idade, a criança aprende a manipular o mundo e os objetos. Assim, os elementos psicomotoras e cognitivos caminham juntos um dependendo  do outro. Portanto a fase que vivenciada de 0 a 7 anos, é chamada de conhecimento do corpo ou corpo percebido. É nesta fase que acontece o ajustamento espontâneo de suas ações.

Lapierre (2002:65), ao tratar da evolução da criança, assim como em Wallon, também identifica seis fases características, percebida através da sessão psicomotriz, ao observar crianças de 0 a 2 anos de idade. A estas fases, ele chama de: inibição, agressividade, domesticação, fusionalidade, agressividade simbólica e jogo e independência. Verifica-se que, assim como acontece o desenvolvimento dos estágios um dependendo do outro, do mesmo modo a criança desenvolve suas diferentes fases de evolução correspondente, vivenciada de forma concreta na relação psicomotora.

 

 

 

 

 

 

  1. 4.         A PRÁTICA PSICOMOTRICISTA

 

Lapierre mostra a prática psicomotricista, como um método, uma maneira de atuar, uma possibilidade de estabelecer uma comunicação mais humana, mais verdadeira com qualquer pessoa, até mesmo com crianças da creche à escola.  Ao tornar-se especialista nesta dimensão educativa, afirma que iniciou este processo com crianças maiores e depois se voltou para bebes de 0 a 3 anos. Sua experiência na reeducação, foi conseqüência de observações, reflexões suscitadas na terapia com crianças em idade escolar e também com adultos.

Durante muitos anos trabalhei com crianças em idade escolar de (6 a 12 a) a título de uma “reeducação psicomotora” Essas crianças me eram encaminhadas  porque estavam em situação de fracasso escolar: dislexia, disortografia,disgrafia,falta de atenção,inibição, desinteresse pelo trabalho escolar debilidade mental mais ou menos contestada e contestável , de “inaptidão escolar” LAPIERRE (2002:13)

Em sua prática psicomotricista, Lapierre buscou entender a cada solicitação com um trabalho técnico “instrumental”, ou seja, baseado no sintoma. Por exemplo, a dificuldade de aprender a ler, a má organização espacial e outras queixas e solicitações que freqüentemente eram apresentadas pelos pais e professores. E aplicando exercícios psicomotriz via a possibilidade de superar tais dificuldades que por sua vez eram considerados como “distúrbio” e deles decorriam a inibição, agitação, agressividade ou passividade, inatenção, dispersão, ansiedade etc. Ainda podiam se verificar distúrbios de alimentação, sono, terrores noturnos e enurese. Quadro que apresenta o distúrbio escolar como um elemento relativamente menor. Nestes casos é necessário levar em conta uma reeducação de nível terapêutico voltado para os problemas afetivos, emocionais vinculados à vivencia do corpo e em particular no plano psicológico.Pois tais conflitos mal resolvidos são causa real e profunda do fracasso escolar. E, para alcançar tais conflitos é preciso despertar nas circunstâncias vivenciadas pela criança de modo que estes venham a se expressar de maneira simbólicas e sintomáticas, nas quais as dificuldades escolares não passam de um aspecto pequeno. Porém vale dizer que os conflitos que estão escondidos por trás de cada caso, é uma maneira de expressar algo de outro nível emocional psicoafetivo. 

Lapierre enquanto psicomotricista sentiu necessidade de trabalhar cada vez menos o nível pedagógico descobrindo um nível de comunicação profunda com a criança de escola maternal, de 0 a 4 anos.Pois ,percebendo que estas já estavam com sua personalidade estruturada, perfis de comportamentos adquiridos, instalados difíceis de serem modificados. Cumpria remontar mais, na gênese da personalidade e de seus conflitos. Assim chegou a creche, a crianças de 0 a 2 anos de vida, dos quais psicólogos e psicanalistas afirmam que esta fase é a base de toda estrutura psicológica da criança,onde formação da personalidade acontece nos primeiros anos de vida. Chegando a conclusão de que quanto mais tivermos contato com a criança nesta faixa etária, menos problemas, terão as  mais velhas.

Lapierre integra-se na visão Waloniana, quanto à estrutura de desenvolvimento da criança alternadamente entre o processo de construção e desconstrução de sua personalidade dando espaço para formação de modo progressivo. 

Wallon vê o desenvolvimento da pessoa como uma construção progressiva em que se sucedem fases com predominância alternadamente afetiva e cognitiva. Cada  fase tem um colorido próprio uma unidade  solidária, que é dado por um tipo de atividade.GALVÂO (1995:43)

Segundo a autora, esse desenvolvimento acontece em etapas diferentes ao qual ele denomina de estágios da psicogenética, percebido no primeiro ano de vida, na origem do estágio impulsivo emocional, que é fundamentalmente voltado para a emoção e dele se procedem aos demais estágios; sensório motor (projetivo), personalitico cuja tarefa central é o processo de formação da personalidade que possibilita, compactuar com seu mundo e suas idéias, imprimindo suas relações com o meio, abrindo caminhos para o estágio categorial. Estas fases impõem à necessidade de novas definições dos contornos da personalidade que se desestrutura devido às modificações hormonais próprios da adolescência.

Para Lapierre, cada fase expressa uma linguagem corporal que pode ser vista desde no início da formação personalitico da criança numa forma de comunicar sem palavras. Na psicomotricidade, essa comunicação acontece, sem imposição de idéias, onde a criança passa a desenvolver por meio de movimentos sua liberdade, sem  julgamento de valores. É a partir daí, que ela estabelece mais ou menos inconscientemente sua estratégia relacional. Neste tipo de contato, o psicomotricista, possibilita a criança expressar seus conflitos em nível profundo, de intimidade, atendendo suas solicitações, que pode se expressar por uma carência afetiva, que a aproxima de um estado de angustia. Por exemplo, a ausência dos pais. É, portanto percebendo no que ela faz que o psicomotricista busca decodificar: por que fez isso? Por que age assim? Por que essa outra agiu de outro jeito? E procura entendê-la decodificando o que se passa, se a relação entre esta ou aquela ação, tem a ver com a vida dessa criança. Aos poucos, o psicomotricista estabelece uma relação corporal autêntica, um contato que dá prazer a criança, logo, esse contato de prazer refere-se inconscientemente ao prazer sexual, que é denegado do prazer corporal do contato afetivo fusional; prazer arcaico sem nenhuma relação com a sexualidade adulta. Mas é esse prazer, que a criança procura e é também, o que o adulto pode expressar em seu contato. Aí está o importante papel da mãe ou da pessoa que a substitui na sua essência, que deve transmitir não somente a segurança material da criança, como também a segurança afetiva. 

O contato corporal ajuda a criança a viver simbolicamente o que na realidade não pode viver e dá vazão para o que está recalcado. A partir do momento que ela pode, por exemplo, “matar” simbolicamente, na brincadeira, percebe que não precisa matar na realidade, sendo apenas uma projeção de idéias próprias da fase sensória motora onde se concentra o período da exploração e interação com o meio desenvolvendo a função simbólica e a linguagem. Segundo Lapierre, antes dos 18 meses a criança ainda não a expressa, agressividade nesta fase, a única forma agressiva que observamos é a de “posse” do adulto ou de um objeto. Porém, a criança sente necessidade do adulto para ser acariciada, compreendida e assim estabelecer uma relação afetiva. Entre os 18 meses a dois anos, essa realidade muda totalmente. Com esse mesmo adulto, com quem tinha as mesmas relações e atitudes a criança começa a agredir. Poe exemplo; puxar a barba, cabelos, bater no rosto etc. Aparece finalmente a pulsão da violência considerada normal no desenvolvimento psicológico da criança. O desejo de “matar-lhe”, matar o poder do adulto. Esse pode ser o primeiro momento em que ela se sente dona de sua identidade. E com isso, quer dizer:“eu tenho meu próprio desejo, não tenho seu desejo”.A distinção entre o eu e o outro  se dá pela interação social e, pelas reações, identifica-se a criança no estágio personalitico, que vai até 6 anos, ela volta-se para o projeto de formação da personalidade, construindo uma consciência de si e a diferenciação dela com os outros por meio das relações sociais e, em função disso, há uma volta de predominância  das relações afetivas que, num estágio  mais avançado se expressa por palavras e idéias. Para Wallon, a construção do eu corporal é condição para a construção do eu psíquico, e são tarefas próprias do estágio personalitico.

A criança opõe-se sistematicamente ao que distingue como sendo diferente dela, o não eu:combate qualquer ordem, convite ou sugestão que venha do outro , buscando como confronto, testar a independência  de sua personalidade recém-desdobrada, expulsar o eu do não-eu. GALVÃO (1995:53)

Para Lapierre (2002:66), a fase, de destruição, refere-se a ”luta competição” busca de independência, a de domesticar expressa o adulto “vencido”. Ela passa a exercer seu poder sobre o adulto, transformando-o no que ela quer. Segundo o autor, na fase da agressividade é o momento certo de dizer “não”. Pois aos dois anos, ela já começa a dizer, “não quero”, logo vem a fase dos caprichos, “quero isso, ou aquilo”. É importante na psicomotricidade, vivenciar bem esta fase simbolicamente, para que não caia no nível do inconsciente, onde não se pode mais controlar. Wallon identifica nesta fase, uma etapa que tem aspecto de crise no qual se expressam freqüentes conflitos interpessoais. Em seguida, dá-se o estágio categórico onde a criança, graças a diferenciação de sua personalidade e a consolidação da função simbólica, faz importantes avanços no plano da inteligência. Avanços, que levam a criança a buscar seus próprios interesses e conquistas, do meio, predominando novamente, o aspecto cognitivo num esforço de auto-afirmação do seu eu, em predominância com o mundo. 

  1. 5.         CONTATO E EVOLUÇÃO PSICOMOTRICISTA

 

A psicomotricidade relacional respeita a individualidade e a liberdade da criança.  Ao trabalhar com a criança a relação psicomotriz, é preciso deixar que ela se expresse, fale, por que falando ela vive. A criança fala. O psicomotricista, não. Ou então fala o mínimo, para não reintroduzir a idéia de que o adulto é que manda.

Na sessão psicomotricista é dada à criança o poder de fazer e dizer  o que quer. O psicomotricista participa criando um espaço de liberdade onde o adulto possa intervir o mínimo possível, favorecendo uma relação na qual o adulto parece abandonar seu papel “educativo“, seu papel “pedagógico”, para se entregar a todos os caprichos da criança, onde ela, deve agir sobre o mundo físico, a fim de alcançar um desenvolvimento da direção cognitiva que a torne autônoma em sua ação. Lapierre, diz que nada é proibido numa sessão psicomotricista, apenas fazer mal ou causar danos aos outros. No mais, pode se fazer qualquer coisa, até “matar”, desde que trate de uma violência simbólica. Não há nada de mais é simplesmente viver o que quer viver o importante é que não haja culpabilidade. Porem, é preciso entender o porquê acontece isso ou aquilo partindo da reação da criança, se está bem, ou mal? Por quê?  Precisa perceber o motivo das reações, mesmo quando simbólicas.

Foi somente a partir daí que começamos a compreender, entrever o que poderia nos trazer esse modo de comunicação para o conhecimento da criança, na compreensão de seus problemas e na possibilidade de resolvê-los. LAPIERRE (2002:26)

Durante a sessão, a liberdade é essencial, pois esta, concedida à criança faz com que ela se sinta aceita, querida, e se comporte como é, e não como deveria ser. Essa é uma dimensão muito importante, que se evoluiu lenta e progressivamente mesmo sem ter a consciência de toda extensão do contato psicomotriz. Aos poucos, foram se diluindo as resistências e dando espaço para uma convivência num envolvimento afetivo emocional autêntico, ao nível de intimidade do ser. É como se fosse algo e esse “algo” é que dá a qualidade a plenitude, é um elemento profundo da relação. Uma troca, um desejo recíproco de abertura ao outro num processo regressivo. É como voltar à proteção da mãe. Isto também acontece com os adultos, há sempre uma regressão até esse momento, é mais ou menos como manter um contato privilegiado com a mãe.

É visto que depois de certo tempo de trabalho como psicomotricista, todo mundo consegue entrar nessa fase do ajuste, da compreensão, do pedido de ajuda, principalmente através desse tipo de relação. Esse contato e abandono corporal nos fazem compreender aquilo que nem palavras nem imagens podem transmitir. A verdade é que todo mundo busca alguma coisa que não teve na infância. É uma possibilidade de reestruturar o que ainda não foi bem estruturado.

  1. 6.         PRINCÍPIOS TEÓRICOS E EVOLUÇÃO DAS CRIANÇAS

 

Além do contato simbólico, o psicomotricista procura moldar seu comportamento de acordo com a necessidade e os problemas do estágio de evolução de cada criança. Esse contato simbólico busca restabelecer a relação afetiva da primeira infância. O que o psicomotricista ensina, parte do desejo da criança a quem permite uma evolução do desejo. Isso tem um objetivo pedagógico que não deve ser percebido de imediato, mas manifestado, ao longo das sessões psicomotricista. A partir de então se estabelece uma comunicação com a pessoa, com o individuo com quem, na medida do possível e pela intervenção, pretende chegar a harmonia dessa evolução a fim de evitar uma estruturação patológica, na personalidade dela. O psicomotricista está ali para comunicar. É certo que, as vezes pensamos em ensinar as crianças, mas na verdade aprende-se com elas. É a criança que nos ensina muitas coisas.

Para Lapierre, os estados de evolução da criança iniciam antes dos 18 meses de idade, desde a vivência fusional, isto é, o registro das sensações que contribuirão para a “experiência de vida”. Esta “capacidade” de responder a necessidade fusional da criança é um elemento fundamental para o desenvolvimento psicológico. O contato físico não é suficiente, mas a qualidade deste contato, torna-se eficiente  é  a resposta tônica da mãe ou de seu substituto.

Resposta tônica é o estado de tensão muscular involuntário que acompanha e exprime nossas tensões afetivas emocionais, que faz com que a consistência do nosso corpo seja diferente quando estamos ansiosos, satisfeitos ou deprimidos. LAPIERRE (2002:43)

A comunicação do contato é essencial para o recém-nascido, que não faz diferença do que vê, toca etc. esta comunicação se estabelece de modo simbólico e faz a criança compensar a frustração da voz, do olhar e do objeto. A voz se torna progressivamente linguagem por volta dos 2 a 3 anos, e o olhar torna-se imagem penetrante, objeto de percepção de si, do outro e do mundo.

Aos poucos a criança alcança seu mundo explorativo através dos objetos de contato, que por sua vez possibilita “sentir” as tensões, o corpo do outro. Existem para ela, vários tipos de objetos: o explorativo e o substitutivo, transicional e relacional. O objeto substitutivo é o mesmo objeto que serviu de mediador na comunicação afetiva, ele está carregado de afetividade e agora substitui o lugar da mãe do adulto amado e passa a compensar sua ausência, aliviando também suas tensões tônicas. Winnicot chama esse objeto de “objeto transicional” a criança leva-o sempre consigo. O objeto relacional é o que se torna meio de troca da criança com o adulto, não substitui mais a mãe e sim o seu próprio ser. Isso acontece entre os 14 a 18 meses é a primeira comunicação estabelecida pela criança, parte do desejo de dar algo ao adulto e da necessidade de ser recebida por ele. Também o adulto sente necessidade de ser recebido pela criança e logo quer dar algo à criança. Podemos dizer que essa relação resume-se na combinação destes cinco verbos. “pedir”-“dar”-“receber”-“pegar”-“recusar”, são termos fundamentais da ralação pois  partindo da realização desta necessidade, a criança afirma-se como sujeito.

 A partir dos 18 meses a criança apresenta “ciúmes” e agressividade, pois seu processo já está chegando à maturidade neurológica do desenvolvimento psíquico. Expresso pelas capacidades psicomotoras, que consequentemente vão concedendo o espaço de auto-afirmação da criança. Seus desejos, conquistas, autonomia e oposição. Esta autonomia segundo LAPIERRE (2002:55), não se dá, se conquista. A criança necessita do adulto para se opor a ele, necessita do conflito para reforçar sua determinação.

  1. 7.         VIVÊNCIA DAS SESSÕES

 

A prática da psicomotricidade, tanto para criança quanto para adulto exige o “está disponível”, parece fácil, mas é muito difícil se desenvolver uma disponibilidade corporal, não apenas de nível intelectual. Pois o que torna mais significativo nesta relação é o contato corporal, é a possibilidade de a criança tocar o corpo do adulto e ele também se disponibilize para que a criança o toque. Talvez seja a única relação pedagógica que se pode tocar, dando importância para o que fala o corpo. Esta disponibilidade corporal acontece na medida em que o sujeito coloca-se a disposição do outro.

Esta relação favorece melhor relacionamento do adulto com a criança, ao que parece que este adulto ainda não aprendeu a se comunicar com a criança. De fato, o problema da comunicação do adulto com a criança, não está na criança e sim no adulto. O que acontece com os educadores infantis é que eles ainda não aprenderam a se comunicar com crianças. É preciso que o adulto aprenda a se relacionar primeiro com o poder de ensinar, para saber o que deve fazer e se colocar como parceiro a fim de perceber mais suas necessidades do que simplesmente o que deve dar. Conforme Wallon a questão comportamental está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento da linguagem e do conhecimento.

A dificuldade da criança em permanecer parada e concentrada como a escola exige, provém da consolidação das disciplinas mentais que se desenvolvem lentamente e gradativamente e que não depende só de condições neurológicas, mas está estreitamente ligada a fatores de origem social como o desenvolvimento da linguagem e aquisição do conhecimento. GALVÃO (1995:76)

Lapierre mostra que na sessão psicomotricista estas condições podem estabelecer uma relação totalmente diferenciada e satisfatória tanto para a criança quanto para o educador. Pois, muitos conflitos e problemas expressos pelas crianças de 0 a 3 anos, na idade escolar refletem do que elas viveram na primeira infância e todos esses conflitos se alojam no inconsciente, como por exemplo, não se sentir aceitos ou queridos pelos pais.

As crianças não são conscientes do problema, mas os expressam de varias  maneiras, inclusive na adolescência, que é mais do que nada a reprodução da crise dos 18 meses, em nível mais intelectual, mais secundário. Ao que podemos chamar de retorno da crise da primeira infância. Estes conflitos, também são linguagens não verbais, que necessita ser ouvida, percebida e correspondida pelo adulto.

A psicomotricidade é, portanto, um instrumento que busca intervir na formação da criança em sua totalidade, possibilitando a harmonia corporal e psíquica, favorecendo um entendimento do eu e do mundo, mesmo na sucessão de estágios, onde há o princípio da alternância funcional entre as formas de atividades, que ora são predominantemente afetivas e voltadas para a construção do eu, ora são intelectuais voltadas para o conhecimento do mundo.

Todo material utilizado na sessão psicomotricista são importantes para o desenvolvimento da criança, assim como o envolvimento do adulto. Por exemplo, a criança brinca com objetos variados: bolas, aros, etc. O psicomotricista entra nesta brincadeira, participa, mas age como parceiro simbólico não como observador. O psicomotricista utiliza cada objeto conforme a solicitação da criança.

  1. 8.         RESULTADOS E EXPERIÊNCIAS

 

Poucas são as escolas brasileiras que proporcionam um espaço psicomotricista, mas alguma que tem buscado priorizar esta prática. È reservada uma hora e meia para a realização das sessões psicomotricista semanalmente. O que não impede que este tempo se estenda cultivando um espírito da psicomotricidade relacional, que busca mais do que ensinar comunicar e ajudar a criança a se comunicar a estar com os outros onde os conhecimentos intelectuais estão interligados em um contexto mais amplo.

 Pode se constatar que, as escolas ainda são espaços de cortes nas relações interpessoais do desenvolvimento afetivo da criança e do adulto. Não somente no Brasil, mas também em outros países. Existe pouco interesse em se cultivar uma educação saudável que possa ajudar a criança em seu processo de aprendizagem partindo de um conhecimento de si mesmo, para alcançar o conhecimento teorico-prático adquirido através de livros e outras técnicas. Se não aprendermos a ensinar a criança a sua própria linguagem corporal antes dos livros, não chegaremos muito longe e provavelmente, essa criança apresentará dificuldade de aprendizagem.

 No Brasil está sendo bastante requisitada a prática psicomotricista e está atingindo uma demanda nacional. Já existem escolas que trabalham diretamente com esse método, e tem sido sem dúvida um referencial, envolvendo a família e profissionais da educação. É valido dizer que, a psicomotricidade não é uma área especifica da educação, porém pode se estender a todas as pessoas interessadas na área  da comunicação humana ou em qualquer área do conhecimento.

  1. 9.         METODOLOGIA

 

A realização deste trabalho se deu a partir de leitura, pesquisa e reflexão tendo por base a teoria Waloniana sobre o desenvolvimento psicomotor e sobre a psicomotricidade relacional de André Lapierre e Anne Lapierre. Para expor as idéias foi utilizado um método de pesquisa descritiva bibliográfica por meio  da exposição e interpretação da psicomotricidade, em obras especializadas nesta área, partindo do olhar psicogenético de Wallon que fundamenta o desenvolvimento do método psicomotricista e também de outras fontes consideradas eficientes, adequando e apresentando as teorias e literaturas e estabelecendo correlações entre elas. Assim como a leitura de vários teóricos sobre a psicomotricidade, sua prática e desenvolvimento. Tendo como princípio a obra de André Lapierre e Anne Lapierre (2002), que trata da psicomotricidade relacional e da formação da personalidade da criança, da importância dos movimentos e da linguagem corporal. No presente trabalho, outros meios e instrumentos foram utilizados bem como pesquisa na internet e recursos da informática.

  1. 10.    CONCLUSÃO

 

De acordo com o material pesquisado na realização deste trabalho sobre a psicomotricidade relacional, principalmente a obra de André e Anne Lapierre (2002), foi mais uma oportunidade de aprofundar a importância do método e da prática psicomotricista e suas contribuições para a educação infantil.

Sem dúvida é um grande desafio cultivar na área da educação um método inovador, que se torna por sua eficiência, um referencial na educação em particular nas creches onde se alcança a criança de 0 a 6 anos, em plena formação da personalidade. Percebe-se que a prática psicomotricista é de grande importância para o desenvolvimento psicológico, afetivo e psíquico da criança e se faz necessário prosseguir num processo que tem dado bons resultados no que diz respeito à compreensão da criança em seu desenvolvimento relacional e afetivo.

   É valiosa a oportunidade de um maior aprofundamento sobre a teoria Waloniana e outros autores que complementam este trabalho. Pois este ajuda a perceber as influências do adulto na vida da criança, assim como a importância da determinação deste adulto para a formação da personalidade a partir da prática psicomotricista. Pratica essa, que, não se aprende em livros, mas com a experiência com as crianças.

  Todo curso de psicopedagogia, assim como a obra de Lapierre, trouxe  ferramentas importantes e necessárias para melhor se desenvolver as habilidades na área educacional, em particular com crianças de 0 a 3 anos de idade. Período considerado importante na construção da primeira infância que pode determinar toda a vida da criança. É preciso que a educação infantil possa valorizar as etapas vivenciadas pela criança na “primeira infância” afim de que possamos ter no futuro adolescente, jovem e adulto equilibrados.    

  1. 11.     BIBLIOGRAFIA

 

LAPIERRE, André e LAPIERRE, Anne, O adulto diante da criança de 0 a 3 anos. Psicomotricidade relacional e formação da personalidade. 1ª ed. Curitiba: ed. da UFPR: CIAR, 2002.

WALLON, H. A Evolução da Psicologia da Criança. Trad. Ana de Moura e Rui de Moura.  Rio de Janeiro: Editorial EAndes s/d.

LOREZON, M.M. Delabel, Agnés. Psicomotricidade Teoria e Prática 1º ed. Porto Alegre, 1995.

 

GALVÃO, Isabel, Henry Wallon: Uma concepção dialética do desenvolvimento Infantil - Pretópolis, R.J: Vozes, 1995.

DANTAS, Heloysa. A infância da razão, uma introdução à Psicologia da Inteligência de Henry Wallon, São Paulo, Manole, 1990.

OLIVEIRA, Gislene, Avaliação psicomotora à luz da psicologia e da psicopedagogia. Petrópolis, RJ: vozes, 2002.

PIAGET, J. O nascimento da inteligência na criança. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.

http://www.psicopedagogia.com.br/entrevistas

http://www.abpp.com.br/entrevistas.htm