RESUMO

 

Psicomotricidade na Educação Infantil

Esse artigo tem por objetivo fazer algumas considerações sobre a importância da Psicomotricidade na Educação Infantil, visando o equilíbrio e o desenvolvimento motor e intelectual da criança. A brincadeira, o jogo e o movimento são suportes da cultura infantil, pois é neles que a criança age com liberdade e espontaneidade. Pode-se afirmar que os jogos, as brincadeiras e o movimento propiciam um desenvolvimento físico, intelectual e uma maior compreensão do esquema corporal, elementos essenciais para o desenvolvimento de uma aprendizagem. A partir dessas concepções é que se descrevem neste artigo como estes três elementos contribuem para o desenvolvimento da criança no processo de escolarização, não havendo dúvidas de que estes contribuem para uma maior aprendizagem em sala de aula. Visto que, a estrutura da educação psicomotora é a base fundamental para o processo de aprendizagem da criança. Dessa maneira, compreendemos que a psicomotricidade contribui para o desenvolvimento global da criança.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Palavras-chave:  Psicomotricidade,  Educação Infantil, Aprendizagem.

ABSTRACT

 Psychomotor Childhood Education

This article aims to make some considerations about the importance of psychomotor Childhood Education, seeking balance and motor and intellectual development of the child. Play, play and movement are supporters of children's culture as it is in them that the child acts with freedom and spontaneity. It can be argued that the games, the games provide movement and physical development, intellectual and a greater understanding of the body schema, essential elements for the development of learning. From these notions is that this article describes how these three elements contribute to the development of children in the schooling process, there is no doubt that these contribute to greater learning in the classroom. Since the structure of psychomotor education is the fundamental basis for the learning process of the child. Thus, we understand that the psychomotor contributes to the overall development of the child.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Keywords: Psychomotor, Early Childhood Education, Learning

 

INTRODUÇÃO

A psicomotricidade é a capacidade psíquica de realizar movimentos. Não se trata da realização do movimento propriamente dito, mas a atividade psíquica que transforma a imagem para a ação em estímulos para os procedimentos musculares adequados.

Escrever, marchar, correr, dançar, são atividades fundamentadas no movimento de uma atividade motriz. Simples em aparência, necessita constantemente da intervenção coordenada por um conjunto neuromuscular em função de cada uma das situações em que se enquadra o sujeito ativo.

O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a formação da personalidade da criança. É a   representação   relativamente global,  científica e diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo. A própria criança percebe-se e percebe as pessoas e as coisas que a cercam, em função de sua pessoa. Sua personalidade se desenvolverá graças a uma progressiva tomada de consciência de seu corpo, de seu ser, de suas possibilidades de agir e transformar o mundo à sua volta.

É muito comum que, visando garantir uma atmosfera de ordem e de harmonia, algumas práticas educativas procurem simplesmente suprimir o movimento, impondo às crianças de diferentes idades rígidas restrições posturais. Isso se traduz, por exemplo, na imposição de longos momentos de espera – em fila ou sentada- em que a criança deve ficar quieta, sem se mover, ou na realização de atividades mais sistematizadas, como de desenho, escrita ou leitura, em que qualquer deslocamento, gesto ou mudança de posição pode ser visto como desordem ou indisciplina.

Além do objetivo disciplinar apontando, a permanente exigência de concentração motora pode estar baseada na idéia de que o movimento impede a concentração e a atenção da criança, ou seja, que as manifestações motoras atrapalham a aprendizagem. Todavia, a julgar pelo papel que os gestos e as posturas desempenham junto `a percepção e `a representação, conclui-se que, ao contrário, e a impossibilidade de mover-se ou de gesticular que pode dificultar o pensamento e a manutenção da atenção.

 

 

CONCEITO DE PSICOMOTRICIDADE

 

A Psicomotricidade é uma ciência que cuida da criança a partir do seu corpo e de

seus movimentos, seu trabalho inicial é levar a criança a sentir o seu corpo como um todo.

A Psicomotricidade é muito importante para a Educação Infantil. Por isso, os

conhecimentos sobre essa área tem sido cada vez mais ampliados fazendo com que se possa dar mais importância aos trabalhos que são realizados com os alunos, contribuindo de forma efetiva na aprendizagem.

No início a psicomotricidade foi introduzida nas escolas especializadas como um recurso psicopedagógico que visava corrigir distúrbios no desenvolvimento das crianças

especiais.  Já na década de 70 se percebia a necessidade de dar um lugar ao corpo e ao movimento na escola. A pré-escola começava a se orientar pela ideia de partir da ação para o pensamento.

A PSICOMOTRICIDADE E A APRENDIZAGEM

Psicomotricidade é a relação entre o pensamento e a ação, que também envolve a emoção. É a ciência que estuda o homem através do corpo em movimento. Segundo Lê Boulch (1987), é de grande importância a educação pelo movimento no processo escolar, uma vez que seu objetivo central é contribuir para o desenvolvimento motor da criança. 
Para Lê Boulch (1987), na educação infantil, a educação psicomotora possui um papel relevante na prevenção das dificuldades escolares, ou seja, ela promove um desenvolvimento total do individuo. Nessa etapa da vida escolar, exercícios corporais e atividade psicomotoras asseguram a noção espacial, o domínio corporal, permitindo que a criança satisfaça sua necessidade do movimento.
Sendo o corpo a origem das habilidades cognitivas, a estimulação do desenvolvimento psicomotor torna-se necessário no processo global de aprendizagem. Isso traz à criança habilidades necessárias para o jogo e a brincadeira. 

 

O MOVIMENTO COMO FORMA DE APRENDIZAGEM

A ação motora é um fator de grande importância no desenvolvimento infantil. Sabe-se que o sujeito se constrói na sua interação com o meio, e o movimento é uma das formas que a criança encontra para interagir com esse meio. Essa construção com o meio é uma forma de apropriação da cultura, seja para dominar os diferentes instrumentos da cultura, seja para participar das atividades lúdicas (jogos, brincadeiras, danças, esportes). 
O movimento também contribui para o domínio das habilidades motoras que a criança desenvolve ao longo da infância (andar, correr, pular, saltar, etc). Piaget (1992) em sua teoria sobre o desenvolvimento infantil já afirmava sobre uma inteligência motora, que é prática, sendo os movimentos reflexos, e a partir do contato com o ambiente a criança vai construindo um movimento intencional. Todas essas ações fazem com que a criança desenvolva habilidades para a aprendizagem, uma vez que está favorecida pelos estímulos adequados.
Esses estímulos, oferecidos pelo ambiente e pelo professor, fazem com que a criança adquira gradativamente uma maior autonomia nos seus esquemas motores, adquirindo novas habilidades. A criança inicia seus movimentos partindo do mais simples ao mais complexo. Por exemplo, quando ela começa a ter contato com uma bola, seus primeiros movimentos são simples: ela pega, faz tentativas de chutar, arremessar, e aos poucos, aumentadas as complexidades e com o tempo, ela joga futebol com a mesma. Vemos que aconteceu um progresso nesses movimentos e assim por diante. 
Segundo Wallon (apud DANTAS, 1992. P. 38), o ato mental se desenvolve a partir do ato motor, e a motricidade humana começa pela atuação sobre o meio social, antes de poder modificar o seu meio físico. Partindo dessas concepções, o trabalho com o movimento na Educação Infantil deve priorizar todas as competências motoras da criança e também diversificar os movimentos de andar, correr, saltitar, escalar, chutar, deslizar, rebater, rolar, andar em superfícies, entre tantos outros que valorizam o movimento e possam contribuir para o desenvolvimento pleno dessa criança.
Em suma, pensar numa educação voltada para o movimento é assumir que a aprendizagem do aluno se faz à medida que seu corpo e sua mente estão em totalidade. A dualidade mente e corpo não pode ser separada, como em algumas teorias antigas. Hoje, trabalhar estes dois aspectos de maneira única é a chave para que se alcance um pleno desenvolvimento e uma plena aprendizagem, em todas as etapas da vida.

 A BRINCADEIRA COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM

Segundo Oliveira (2008), brincar é o principal meio de aprendizagem da criança. Com isso, pode-se verificar que não há uma dissociação entre o brincar e o aprender, ambos estão interligados no processo de construção do conhecimento. A criança que brinca interage com o meio físico e social, tendo a oportunidade de conhecer o mundo que a cerca e agir sobre ele. Assim, ela adquire informações sobre este mundo e percebe-se participante do mesmo. A brincadeira expressa a forma como uma criança reflete, organiza, desorganiza, constrói e reconstrói o mundo, portanto, brincar é um veículo chave para o aprendizado. Brincar é o melhor caminho para uma educação integral. Segundo o Plano Nacional de Educação Infantil (2010, p. 53):
Quando uma criança brinca, ela entra em contato com suas fantasias, desejos e sentimentos, conhece a força e os limites do próprio corpo e estabelece relações de confiança com o outro. No momento em que está descobrindo o mundo, ao brincar testa suas habilidades e competências, aprende regras de convivência com outras crianças e com os adultos, desenvolve diversas linguagens e formas de expressão e amplia sua visão sobre o ambiente que a cerca.
Este pensamento é de vital importância para o entendimento de que a criança só se realiza plenamente no mundo através do brincar, seja este livre ou sistematizado. A brincadeira permite que esta criança que assim o faz, crie mecanismos de aprendizagem, em consequência disso, vê-se o seu desenvolvimento global vir à tona.
Quando se fala em desenvolvimento global, refere-se aos aspectos cognitivos, afetivo, sociais, físico-motores e linguísticos, que se englobam para criar um processo de aprendizagem pleno. As brincadeiras têm um papel decisivo na fase de alfabetização da criança, uma vez que gera mecanismos primordiais para o avanço da área.
Para Kishimoto (2008), a opção pelo brincar desde o início da educação infantil é o que garante a cidadania da criança, assim como ações pedagógicas de maior qualidade. Percebe-se que a criança não brinca somente por brincar. Ao realizar este ato, ela constrói uma imagem de mundo e de apropriação da cultura que a cerca. E as ações pedagógicas tornam-se mais prazerosas para a criança na medida em que ela aprende através do brincar.

O JOGO NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

O  jogo também é um grande aliado do desenvolvimento cognitivo. Além de ser diversão, o jogo permite que a criança esteja em contato com a realidade, confronte ideias e busque soluções. Piaget (apud La TAILLE, 1992, p.49), afirma que:
Os jogos de regras são paradigmáticos para a moralidade humana. Em primeiro lugar, representam uma atividade interindividual necessariamente regulada por certas normas que, embora geralmente herdadas das gerações anteriores, podem ser modificadas pelos membros de cada grupo de jogadores. (...) Em segundo lugar, embora tais normas não tenham em si caráter moral, o respeito a elas devido, é ele sim, moral (...) Finalmente, tal respeito provém de mútuos acordos entre jogadores e não da mera aceitação de normas impostas por autoridades estranhas a comunidade de jogadores.

Para Piaget (1992), muito mais do que estimular o cognitivo, o jogo também permite a consciência da regra, ou seja, existe a aceitação do outro, da perda e dos deveres que essa criança acompanhará até a vida adulta. 
Quando uma criança joga um jogo tradicional (por exemplo, a amarelinha), ela está mantendo uma cultura infantil que ultrapassa gerações, além de, é claro, aprender outras habilidades como sequencia numérica, destreza, atenção, etc. Os jogos também permitem que a criança aprenda com bastante facilidade os conceitos de alguns conteúdos trabalhados. Mas o professor tem de levar em consideração se o mesmo é pedagógico, se estimula o desenvolvimento intelectual e afetivo, se ele está adequado à faixa etária e se ele possui desafios que levem o aluno a refletir sobre o que está sendo jogado e como aquele jogo pode interferir de forma positiva na sua aprendizagem. 

IMPORTÂNCIA DO TRABALHO PSICOMOTOR COM A CRIANÇA EM IDADE PRÉ-ESCOLAR.

Percebe-se em Piaget (1992), Lê Boulch (1987) que a criança em idade pré-escolar necessita de uma educação voltada para o corpo, ou seja, ela não pode apenas ser um mero expectador da aprendizagem, e não pode aprender somente através de atos mecânicos. Uma educação voltada para o movimento corporal, relacionada com a brincadeira e os jogos, todos com uma intencionalidade, permite que a criança adquira gradativamente habilidades que a levem a uma educação que não separa corpo e mente.

DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR

 Desenvolvimento psicomotor abrange a aprendizagem da criança através de etapas realizadas por meio de percepções, ritmo, atividades corporais, dramatizações, jogos, brincadeiras;

Segundo Barreto (2000), “O desenvolvimento psicomotor é de suma importância na prevenção de problemas na aprendizagem e na reeducação do tônus, da postura, da direcionalidade, da lateralidade, e do ritmo.” A criança deve vivenciar seu desenvolvimento corporal quanto ao corpo e movimento de acordo com sua faixa etária, cultura e interesse.

Na visão construtivista do desenvolvimento motor, Jean Piaget dedicou grande parte de sua obra à pesquisa do desenvolvimento da inteligência da criança, partindo de suas experiências, classificou este desenvolvimento em quatro estágios:

a) Sensório-motor, o crescimento intelectual é evidente nas ações motoras e sensoriais da criança. É a fase em que aprende a andar pegar objetos, a utilizar as mãos.

(b) Pré-operacional, fase que se caracteriza pela expansão das representações mentais e pelo rápido crescimento da linguagem. No final do período pré-operacional, as crianças dominam considerável quantidade de representações e símbolos, entretanto os usam de uma maneira que mostram não compreenderem ainda as relações entre eles.

c) Operacional concreto inicia-se por volta dos cincos aos setes anos e estende-se até a adolescência. Esse período caracteriza-se pela compreensão de relações e raciocínios lógicos.

d) Inicio da adolescência o período das operações formais, passa a ser capazes de lidar com problemas que não dependem de instâncias concretas, elaboram hipóteses, raciocinam a partir de afirmações fictícias e imaginam soluções alternativas que não existem na realidade.

 Nesse sentido, vemos a importância de jogos e brincadeiras pedagógicas que facilitam o desenvolvimento da inteligência quanto motor.

Sugestões de Exercícios Psicomotores: engatinhar, rolar, balançar, dar cambalhotas, se equilibrar em um só pé, andar para os lados, equilibrar e caminhar sobre uma linha no chão e materiais variados (passeios ao ar livre)etc.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dessa maneira, conclui-se que a Psicomotricidade é de grande importância no trabalho com a Educação Infantil, pois, a partir do estudo do próprio corpo, a criança se situa em relação ao mundo em que vive, orienta-se e, aos poucos, vai conhecendo-se para desenvolver sua própria personalidade.

Pode-se afirmar que a Psicomotricidade tem realmente grande relevância no âmbito da Educação Infantil, devendo, porém, ser discutida em outras dimensões.

Com isso, não se está querendo dizer que a escola de Educação Infantil apenas "brinca", mas que a mesma possa aproveitar todos esses temas (o brincar, o movimento e os jogos) como uma ponte para um processo de ensino mais complexo em etapas posteriores, alcançando com este aluno um desenvolvimento pleno em todos os sentidos, transformá-lo num adulto que teve oportunidade de expressar-se enquanto criança, tendo uma infância feliz e consequentemente, se torne um adulto feliz e pleno.

                

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Le BOULCH, Jean. Educação Psicomotora: psicogenética na idade escolar.

OLIVEIRA, M.C.S.M. Do prazer de brincar ao prazer de aprender.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria da Educação Infantil. Plano Nacional de Educação Infantil. Brasília: MEC, 2010.


KISHIMOTO, Tizuko M. Jogo, brin