AZZI, Roberta Gurgel; TIEPPO, Mônica Helena; GIANFALDONI, Alves. A ciência da aprendizagem é a arte de ensinar: com a palavra, Skinner. In:________. Psicologia e Educação. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. cap. 7, p. 157-175.

   As autoras Mônica H. T. A. Gianfaldoni, Denize R. Rubano e Maria de Lourdes B. Zanotto, por meio do assunto ensino-aprendizagem, pretendem abordar a relação entre Psicologia e Educação. Para isso, observam educadores e educandos nos espaços educacionais, escolares e não escolares analisando o comportamento de ambos.

        A psicologia possui diferentes vertentes teóricas, uma das quais se tem preocupado em explicar como os homens aprendem. Mas, de quem maneira ou forma o homem aprende, e como é essa educação? As autoras ressaltam que uma dessas vertentes também se preocupa em explicar como o ensino deve ocorrer para possibilitar uma aprendizagem de qualidade. Dessa forma, é, portanto, perceptível que as teorias da psicologia analisam de modo peculiar o homem em sua “formação intelectual”, “fragmentando-o” e tornando-o se objeto de estudo, com uma “visão em diferentes ângulos”.

        Para frisar as diferentes vertentes teóricas da psicologia, destacam a Análise do Comportamento cujo elevado é B. F. Skinner. 

        Os indivíduos se diferem uns dos outros em relação com o mundo, expressão comportamentos distintos. E este, é o objeto de estudo da Análise do Comportamento. Entretanto, o termo indivíduo diz respeito a três “atores”: ao sujeito da ação (o que este faz, sente ou pensa); às ações públicas (o que desenha, o que escreve, o que narra...); e, às ações não públicas (gostar de desenhar, imaginar uma história para escrever, imaginar..., raciocinar). São sujeitos-objetos de estudo da Análise do Comportamento em relação com o mundo. Mundo? É notório que falar de “o mundo, no mundo”, é usar um termo generativo, isto é, que expressa vastidão, ou grande quantidade... Mas pode ser parcialmente entendido dessa forma, atentando distinguir mundo de ambiente; pois “nem tudo que está no mundo em nossa volta é ambiente para nós. Só será ambiente na medida em que nos afetar”, ou seja, (ex.:) ‘posso estar inserido no mundo (espaço) dos estudantes, mas se não dou atençãoao professor e converso durante as aulas, então não sou daquele ambiente’.

        A Análise do Comportamento interpreta o termo ambiente em dois aspectos: físicos e sociais, e em dois eventos: públicos e não públicos. Os aspectos físicos são: a luminosidade da sala de aula, a disposição das carteiras etc.; os aspectos sociais são: os acordosentre o educador e os educandos. Os eventos públicos (os quais mais de uma pessoa pode observar) é o sorriso do educador que o educando vê depois de dar uma resposte correta e que seus colegas também veem; os eventos não públicos é a “pressão” sentida por dentro, ou seja, “como o coração disparado do educando enquanto estava dando a resposta correta”. A Análise do Comportamento observa e denomina de ambiente os eventos que estão presentes no momento em que o indivíduo age, pensa ou sente e os eventos que acontecem depois dele agir, pensar e sentir. Concordamos com essa análise, pois o sujeito da ação, de certa forma “transfigura” os que estão em seu redor, no momento de seu ato e depois. Diante disso, é notório que a interação entre o indivíduo e o ambiente éconstruída ou modificada mutuamente.

A Análise do Comportamento frisa a “consequência” como um fator que o educador deve atentar no processo de aprendizagem, por ser o influenciador das respostas futuras- como nos níveis diferentes da vida de um indivíduo: nos níveis filogenéticos, ontogenéticos e cultural. Os níveis se diferem para tal processo: no filogenético as respostas que vem sendo selecionadas pelas consequências e que possibilitam a sobrevivência da espécie, sua história evolutiva; no ontogenético as respostas que vem sendo selecionadas pelas consequências e que possibilitam a sobrevivência do indivíduo, sua história de vida; e, no cultural as práticas que vem sendo selecionadas pelas consequências e que possibilitam a sobrevivência da cultura humana.

        As consequências, por meio dos níveis de vida do indivíduo, influencia diretamente em seu comportamento para com o ambiente que se inseriu, pode ser um reforçador positivo (quando a resposte mediante nível for expressa corretamente nas etapas da aprendizagem), ou um reforçador negativo (quando a resposta por meio do nível for expressa na retirada de algum evento ambiental, que poderia levar ao ponto positivo da aprendizagem). Quando o reforçador for negativo consequentemente causará incomodo ou danos à pessoa, iniciando o processo de punição. A finalidade desse processo é diminuir a frequência que o levou ao reforçados negativo por meios efetivos, entretanto pode gerar grandes danos em longo prazo.

        A punição possui dois grandes pontos negativos: o contra-ataque e o “emocional”, que são gerações de consequências. O contra-ataque é quando a pessoa punida pode aprender a contra-atacar seu(s) punidor(es) de forma agressiva, como por exemplo: o aluno que destrói a mobília, pincha as paredes, ataca os colegas ou até mesmo educadores e funcionários; o “emocional” é o inverso do contra-ataque, que a pessoa punida pode se retrair, inventar doenças ou até mesmo ficar doente, diminuir contatos sociais pensando em evitar novas punições ocasionando a raiva, o ódio, o desprezo e medo. É ressaltado, perceptivamente que o educador deve reforça os seus métodos para que o reforçador positivo interfira a punição, isto é, evitá-la.

        As consequências acima podem ser naturais ou arbitrárias. O reforçador natural é uma consequência direta do próprio responder; entendemos que este é subjetivo, pois seus educando voltar praticar, por exemplo, uma leitura da qual entendeu, não precisou portanto, de um outro individuo para isso. Entendemos que o reforçado arbitrário, é objetivo do educador ou alguém que esteja repassando algo, pois é uma consequência que depende não apenas do responder, mas, da ação de outro individuo, o qual possibilitará que a consequência ocorra ou não. Esse reforçador se torna importante para o reforçador natural, como por exemplo: elogiar o aluno organizado; sua consequência será a organização mediante o elogio.Outro importante exemplo: o educador dar uma boa nota ao educando; sua consequência é o desempenho para tirar outras boas notas. Dessa forma notamos que o objetivo do educador influencia o subjetivo do educando.

        Observamos que o ambiente, como o da sala de aula, é um “ator” influenciador da reciprocidade entre outros indivíduos no ato da aprendizagem. E esta, é definida como transformadora do comportamento, portanto estamos sempre aprendendo. Entretanto como reciprocidade, aquele que esta no processo de aprendizagem precisa daquele que se encontra no processo de ensino, como Skinner enfatiza: “o educando é o centro e o educador o pilar sobre o qual sistema se sustenta”. Portanto, aquele que esta no aprendizado necessita dos “métodos” que o educador utiliza para facilitar seu ensino de forma planejada. Skinner nos mostra três componentes para o planejamento: o primeiro refere-se ao planejamento de uma condição antecedente que facilite a ocorrência da resposta, neste caso, a representação de um modelo; o segundo se refere à ação que se quer que o educando realize; e o terceiro componente refere-se às consequências- para que uma ação seja aprendida, é indispensável garantir que ela produza consequências reforçadoras.

        A Análise do Comportamento propõem diferentes planejamentos: de que o planejamento de ensino deve ter um caráter sistemático (planejamento avaliado e revisto ao longo de sua realização); que o planejamento contemple tanto o que o educando quanto o educador devem fazer, como se fosse um cronograma para ambos. Esses planejamentos propostos possui uma finalidade central: de abordar a formulação dos objetivos: a primeira característica diz respeito à importância de os objetivos especificarem o que o educador deve fazer; a outra característica é a clareza com que se enuncia o que se espera que o educando faça.

        O planejamento será, portanto, um cronograma da qual facilitará organizadamente o método que utilizará com os educandos na finalidade de avaliar o progresso, pois esta é uma meta da importante da educação. É importante enaltecer que tal progresso só se faz sem restrições, isto é, respeitando as diferenças individuais, proclamando um ensino a todos.

Mas não cabe somente ao educador planejar de que forma deve proceder a seu ensino e a aprendizagem. Assim como os pais e o próprio educador, as instituições públicas e políticas devem investir na educação fazendo os seus planejamentos para conciliar ao do educador. Esses são atributos que ajudam no desenvolvimento e cada individuo e no “mundo como um todo”, pois a educação gera educação, produzindo respostas positivas e valorizadas para o ambiente a que se insere.