A psicologia cognitiva atual, cresce de um manifesto de fundação e de certidão de nascimento. Porém, como toda revolução que se preze tem uma data que sirva de referência simbólica, há quem situe a tomada do Palácio de Inverno da psicologia no dia 11 de setembro de 1956, por ocasião do Segundo Simpósio sobre Teoria da Informação ocorrida no “Massachusetts Institute of Technolog”. (M.I.T.). Tanta precisão pareceria excessiva, porém o certo é que o ano de 1956 costuma, por consenso, ter sido como a data de início da nova psicologia cognitiva. Neste ao foram publicados alguns dos trabalhos fundadores do novo movimento que não somente marcaram o rumo que haveriam de tomar os acontecimentos futuros, mas que também, retrospectivamente, informam-nos sobre as principais influências que ajudaram o trunfo da “revolução”[1].

Em seu conjunto, essas obras são suficientemente ilustrativas não somente das influências recebidas pela nova psicologia cognitiva, mas também das derivações que posteriormente tal psicologia iria tomar. Talvez a psicologia acabasse adotando um enfoque predominantemente cognitivo mesmo que não se houvesse produzido a revolução tecnológica estimulada pelas necessidades bélicas da Segunda Guerra Mundial, em conseqüência da própria evolução interna do cotidiano, porém o “tipo” de psicologia cognitiva que surgiu a partir de 1956 somente é compreensível se for considerada como uma conseqüência a mais do novo mundo cientifico aberto pelas “ciências do artificial”.

A psicologia cognitiva tinha uma longa e frutífera tradição, especialmente na Europa, onde a resposta ao fracasso do associacionismo estruturalista foi muito diferente do que aconteceu no outro lado do oceano: enquanto os psicólogos americanos se entregavam a uma nova forma de associacionismo, alguns psicólogos europeus, mantinham viva a chama de uma psicologia cognitiva baseada em preconceitos construtivistas. Eram duas maneiras diferentes de entenderem a psicologia, duas culturas científicas distintas. Resulta dificilmente acreditável, nesse contexto, a influencia dessa psicologia européia no nascimento do outro cognitivismo. Tal influencia vem sendo desmentida, em primeiro lugar, pelas próprias análises históricas realizadas sobre este período.

Porém, existe uma razão mais profunda, para desmentir essa possível influência que é o rumo seguido pela nova psicologia cognitiva com a adoção do processamento de informação. Embora certamente o trabalho nesse âmbito tenda a um fechamento crescente, uma nova mistura de condutismo e cognitivismo (Botella, 1986; Mohoney, 1974; Mayor e Labrador, 1984), é justo reconhecer que a maior contribuição teórica tem vindo de posições condutistas. No estado atual da psicologia, além de alternativas práticas como as terapias cognitivas (por exemplo, Mohoney e Freemam, 1985), isto equivale a dizer que os dias de vida do codutismo dependem da capacidade cognitiva e, mais especificamente, do processamento de informação, para propor uma teoria de aprendizagem teórica e praticamente mais progressiva que o condutismo e suas continuações atuais.

 


[1] A Análise das causas e efeitos desse triunfo podem ser encontrados entre outros, em Arnau (1982), Bruner (1983), Caparrós (1979,1980), Corretero (1986a), Cardner (1985), Kessel e Bevan (1985), Knapp (1986), Lachmam e Lacham (1986), Lachman, Lachmani e Butterfield (1979), Mayor (1980), Posner e Shulman (1979), De Veja (1984) e Zaecagnini e Delclaux (1982).