PROTESTOS PRO IMPEACHMENT, QUAIS SÃO AS VERDADEIRAS RAZÕES?

 
Luiz Tiago Vieira Santos[1]

A iminência das manifestações pro impeachment convocadas nas redes sociais para o próximo domingo (dia 15 de março), em várias cidades do país, suscita uma reflexão bem pertinente e que, certamente, deve vir acompanhada de profundo senso crítico. Não a crítica cética, isto é, duvidar por duvidar, mas sim uma reflexão crítica fundamentada no bom uso da razão. Cabem as perguntas: Quem está a organizar tais manifestações? Quais são as reivindicações? A pauta, se é que ela existe, representa os interesses da maioria, ou simplesmente são interesses tão difusos quanto os defendidos nas manifestações de junho de 2013?

No mínimo, essas são questões que precisam ser pensadas e, minuciosamente, repensadas. É verdade que o brasileiro está cansado de tanta corrupção, e tem que estar mesmo! É também verdade que os ajustes fiscais aprovados pelo Governo, no começo deste ano, correspondem a medidas duras, impopulares. Mais verdade ainda é o fato de que as referidas medidas batem com intensidade, de verdade, é na base da pirâmide econômica, ou seja, afetam principalmente a classe trabalhadora e isso está errado! Algumas mordomias neste país deveriam acabar e não é nem preciso listar aqui quais são, pois seria quase um pleonasmo, como subir pra cima, descer pra baixo, outra alternativa, entre outras.

Contudo, a grande revolta do povo brasileiro, sem dúvida é a corrupção escancarada nos últimos anos, começando pelo caso "mensalão" e desembocando agora no famoso "lava jato". Coincidência ou não, e isso vai depender de que posição partidária você tem, os fatos chegaram a público nos governos Lula e Dilma. Mas será que a corrupção é algo exclusivo do PT? Não estou aqui, caros amigos, querendo fazer defesa alguma. Apenas quero suscitá-los a refletir. A corrupção mais parece algo inerente à condição humana do que propriamente uma característica exclusiva dos partidos políticos. Até porque partidos são pessoas jurídicas e estas, como sabemos, são geridas por pessoas físicas, ou seja, simplesmente pessoas. A grande questão parece residir nas ações humanas, decerto. Onde houver homens, existe intrinsecamente o amplo desejo egoísta de somente se satisfazer, pouco importando as necessidades alheias. Nesse país, o país do "jeitinho brasileiro", tem sempre alguém querendo tirar vantagem em cima do "alter" (outro).

Certamente, é nesse tipo de atitude que reside a corrupção. Pois, no afã de conseguir satisfazer seus desejos, muitas vezes antiéticos e imorais, os homens não medem esforços para alcançá-los. Infelizmente estamos longe de encontrar uma solução pra essa questão, pois ela necessita de uma mudança nos paradigmas da própria natureza humana e isso, meus caros, é algo dificílimo de se alcançar e deve ser o resultado de um esforço continuo e crescente.

Ainda quanto as manifestações, ouço dizer quase como aquelas "músicas chicletes" do carnaval, que Karl Marx está ultrapassado e que no Brasil não existe "luta de classes". Se Marx estivesse vivo, certamente iria gritar: "Estão vendo!? Ainda estou errado? O fato é que essa luta, numa opinião bem modesta, nunca deixou de existir. Assumiu, somente, contornos diferentes na contemporaneidade. O que se vê hoje, no Brasil, e isso é inegável, é que a classe baixa e média está ocupando espaços os quais nunca antes tiveram acesso e isso deve incomodar bastante.

Por fim, é evidente o quanto é delicada a questão das manifestações e do desejo de depor a presidenta. É necessário, antes de qualquer medida, bom discernimento e não se deixar levar pelas investidas das "mídias sensacionalistas" que parecem, como já demonstramos aqui, estar mais preocupadas com a defesa de seus interesses do que com a necessidade da maioria. Para concluir, cabe uma reflexão: será que o impeachment, hoje, resolveria nossos problemas? Será que se o PT cedesse espaço ao PMDB, haveria início da cura para o mal que assola nosso país? Desejo boa sorte nas reflexões.



[1] Possui LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS NATURAIS pela UNIVERSIDADE TIRADENTES - UNIT (2009), com experiência docente na Educação Básica (Ensino Fundamental e Médio) nas disciplinas Ciências e Biologia respectivamente e na Educação Técnica (área da saúde) na disciplina Microbiologia e Parasitologia Humanas. Atualmente é graduando do BACHARELADO EM DIREITO pela UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – UFS (Currículo Lattes)