Propostas de incentivo da leitura em crianças e jovens: Dinâmicas e sugestões

Ana Paula Baptistella Faracini 1

O artigo apresenta formas de atrair as crianças e os jovens para o hábito da leitura, e como os pais e professores podem trabalhar para que isso ocorra, de modo que a leitura seja algo prazeroso, e não entediante ou obrigatória, associado apenas ao paradigma escolar como forçoso. Aborda ainda o conceito de leitura, sua importância, os tipos de leitura, as espécies ou categorias literárias, e como manter o hábito da leitura nos jovens, que muitas vezes perdem o interesse pela mesma. Além disso, mostra a riqueza da literatura do autor Monteiro Lobato, e em como ele inovou a literatura infantil.

Palavras – chave: Literatura infanto-juvenil; Importância da leitura; Categorias literárias; Monteiro Lobato.

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1 Graduada em Biblioteconomia na Escola de Ciência da Informação da UFMG. Pós-graduanda em Psicopedagogia Institucional pela Anhanguera Educacional. Pós-graduanda em Literatura Contemporânea, pelo Centro Universitário Barão de Mauá.

1 INTRODUÇÃO

A infância é o período mais adequado para se desenvolver a leitura, e tal preocupação deve ser mantida, um ato continuado, para que não se perca o interesse quando jovem. O que se vê ocorrer muito hoje em dia é que, os profissionais da educação das crianças tem uma liberdade maior para explorar a literatura por prazer, garantindo a imaginação e valorizando a interação do leitor com o livro. Quando se é jovem, ao contrário, a literatura se torna muito seletiva – o caso dos livros de vestibulares, obrigatórios – e presas a amarras editoriais, ou seja, o jovem não tem a possibilidade de interagir ao seu modo com o livro, mostrando sua visão, o que ele tem que saber são as respostas às perguntas das cartilhas anexas ao próprio livro. Portanto, o que se vê na literatura entre os jovens, diferentemente das crianças, é que, nas escolas, em sua maior parte, o estudo da literatura é caracterizado pela aprendizagem superficial, apenas para serem memorizadas para uma avaliação ou para o vestibular, e isto cerceia a liberdade do professor, e o aluno vê a leitura como algo obrigatório, precisa decorar um livro para ir bem no vestibular, a literatura para o jovem, nas escolas, é como uma prática a “educação bancária”, criticada por Paulo Freire, que se preocupa com quantidade em detrimento da qualidade.

A criança deve ter contato com o livro antes de entrar na escola, para não associar a leitura apenas com a situação escolar, mas também como algo de casa, do cotidiano, familiar, portanto, é conveniente o contato da criança com o livro antes da idade escolar, que faça parte dos seus brinquedos, mesmo que a criança não saiba ler, ela tem a associação com o livro desde cedo.

2 O QUE É LER E POR QUE LER

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN’s

Formar um leitor competente supõe formar alguém que compreenda o que lê que possa aprender a ler também o que não está escrito, identificando elementos implícitos, que estabeleça relações entre o texto que lê e outros textos já lidos; que saiba que vários sentidos podem ser atribuídos a um texto, que consiga justificar e validar a sua leitura a partir da localização de elementos discursivos.

Com base na definição do que é ler, proposta pelos PCN’s, leitura não é apenas o ato de reproduzir o texto ou contar a história, ela vai além de decodificar, inicia-se antes do contato com o texto e com além dele, como diz a famosa frase de Paulo Freire “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”, e a leitura leva em consideração, portanto, os aprendizados de vida, e as leituras anteriores àquela, fazendo o indivíduo que lê associar o atual texto com outros anteriores e estabelecer relações.

Uma outra definição é dada por Coelho (1997, p.24): “A literatura[...] é arte: fenômeno de criatividade que representa o Mundo, o Homem, a Vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática; o imaginário e o real; os ideais e sua possível/impossível realização”.

Literatura refere-se a um procedimento que nos faz adquirir aprendizados (de diversas maneiras) e experiência de si mesmo e do mundo, como um instrumento de formação do ser e de sua formação para melhorar relações com a sociedade. A natureza da literatura infantil é a mesma da que se destina aos adultos, a diferença á apenas seu receptor: a criança. Isso não significa que livros destinados às crianças não despertem o interesse dos adultos. (Exemplo: “Alice no País das Maravilhas” e “O Pequeno Príncipe” – livros infantis que se tornaram muito lidos pelo público adulto).

Através da leitura, o indivíduo desenvolve o poder de reflexão, imaginação e argumentação, além do que enriquece o vocabulário, e auxilia no desenvolvimento da escrita. A criança que gosta de ler geralmente adquire mais rapidamente a criatividade, a autoconfiança e o senso crítico, além disso, estimula o pensamento e transforma ideias. 

Através da leitura compreende-se o mundo através da visão dos personagens e/ou do autor, encontra-se ideias para solucionar questões (como as personagens fizeram em determinada situação), é uma forma de descobrir (e se preparar) para o mundo dos conflitos, empecilhos e soluções que todos vivenciam. Através da leitura, descobre-se outros espaços, tempos, ações e culturas. 

3 TIPOS DE LEITURA

Bambeger (1977 apud ROSSAFA, 2013) classifica a leitura em quatro tipos: Informativa (leitura de informação e interpretação); escapista (gosto pessoal, “escapar” da realidade, entrar em outros mundos); literária (busca da realidade) e cognitiva (compreensão de si mesmo e do mundo). Através de qual classificação, o aluno percebe a que mais lhe agrada, se aproximando de tal tipo, mas também reconhece a importância dos outros tipos, mesmo que no momento não seja de seu agrado.

4 AS ESPÉCIES OU CATEGORIAS LITERÁRIAS

Conto de fadas

Os contos de fadas partem de um problema que tenha vínculo com a realidade (por exemplo, carência afetiva, conflito entre pais e filho) que desequilibra a tranquilidade inicial. No decorrer da história, há a busca de soluções, porém, com a presença de elementos mágicos, tais como bruxas, fadas e gigantes. No final da história, após vencer todos os obstáculos, há a recuperação da tranquilidade e da ordem. Os contos de fadas mostram as crianças algo que elas gostam e que lhe atraem: o mundo mágico, mas também mostram a ela ensinamentos para a vida: nem tudo são só flores, na vida há bons e maus momentos, e é preciso enfrentar os medos e vencer obstáculos. 

Poesia

A poesia atua mais sobre as sensações/sentidos da criança do que sobre seu entendimento. Uma das características da poesia infantil é a exploração da sonoridade das palavras e dos ritmos que a impulsiona.Outro motivo que atrai as crianças para a poesia é sua brevidade (textos curtos, elaborados em versos e estrofes), bem como o uso de onomatopéias, que faz a criança associar sons com seus objetos animados ou inanimados.

Fábula

É uma narrativa de uma situação vivida por animais, que alude a uma situação humana e tem por finalidade transmitir uma moral.

Apólogo

Narrativa curta, de uma situação vivida por seres inanimados (objetos e elementos da natureza, e não os humanos ou animais), que adquirem vida e aludem a uma situação exemplar para os homens.

Parábola

Narrativa breve de um acontecimento vivido por humanos e/ou animais, onde se conclui, por comparação, um ensinamento moral. Tem na Bíblia uma de suas fontes mais ricas.

Alegoria

 É uma narrativa, em prosa ou em verso. Tem a presença se seres mitológicos, lendários. Seu conteúdo é mais voltado as divindades.

Mito

 Abordam os deuses e heróis lendários ou de situações onde o sobrenatural domina. Estão ligados a criação do mundo e do homem e a explicação mágica das forças na natureza, etc. O mito vem para explicar diversas coisas, tais como aos porquês  e para quês da existência dos homens no mundo.

Lendas folclóricas

Consistem em histórias imaginárias, que possibilitam a transmissão da herança cultural da coletividade, possibilita a criança ter contato com a cultura popular.

5. MANEIRAS DE INCENTIVAR A LEITURA EM CRIANÇAS

É importante respeitar a capacidade intelectual/cognitiva e faixa etária do leitor, contudo, em relação a este segundo, não deve ser seguido à risca igualmente para todos os leitores de uma determinada faixa etária, algumas crianças estão mais avançadas e outras menos avançadas nas indicações de leitura de acordo com sua idade, devido à isso, é preciso que se respeite os limites de cada um, mas sempre propondo avanços e melhorias, se uma criança de sete anos por exemplo, tiver vontade de ler a coleção de Harry Potter, deixe-a à vontade, e inclusive estimule-a, nunca diga que é um leitura muito longa ou avançada para a idade dela, fazendo-a desanimar, mostre interesse, e durante as pausas de leitura pergunte à criança o que ela está achando do livro, dos personagens, o que gostou ou não gostou, despertando assim seu pensamento crítico, sua reflexão acerca de diversos pontos e sua opinião como leitor, bem como, quando o adulto demonstra essa atenção pela criança, no que ela lê, ela se sente estimulada a continuar no processo de leitura. Daí que as indicações de livros para determinadas “faixas etárias” sejam sempre aproximativas, servem mais como “endereçamento”, para acomodação em seu local no acervo. Portanto, essas idades impostas não dizem respeito a uma obrigatoriedade de que uma criança deva ler apenas aquilo destinado a sua idade e ponto! A leitura é um processo democrático e deve ser instigante e atrair pessoas, portanto, a criança deve ler aquilo que a convém. 

O tipo de história apenas ilustrativa (sem texto, só imagens), também são de grande importância para as crianças, pois estas criam uma histórias a partir das cenas visualizadas, estimula a criatividade e a capacidade de associar imagens às ações e palavras. Além disso, a imagem é uma linguagem internacional.

As vantagens do tipo de história sem texto, ou imagéticas, são:

- “Estimula o olhar, como agente principal, na estruturação do mundo interior da criança, em relação ao mundo exterior que ela está descobrindo.” (COELHO, 1997, p. 181).

-“Estimula a atenção visual e o desenvolvimento da capacidade de percepção” (COELHO, p. 181).

- “Facilita a comunicação entre a criança e a situação proposta pela narrativa, pois lhe permite a percepção imediata e global do que vê.” (COELHO, 1997, p. 181).

- “Concretiza relações abstratas, que só através da palavra, a mente infantil teria dificuldades em perceber [...].”(COELHO, 1997, p. 181).

- “Pela força com que toca a sensibilidade da criança, permite que se fixem, de maneira significativa e durável, as sensações ou impressões que a leitura deve transmitir. Se elaborada com arte ou inteligência, a imagem aprofunda o poder mágico da palavra literária e facilita à criança o convívio familiar com os universos que os livros lhe desvendam.” (COELHO, 1997, p. 181).

Uma outra forma para incentivar o hábito e o gosto pela leitura, em sala de aula, é “personalizar” o ambiente da sala ou do local onde a atividade de ler ocorre, por meio da utilização de materiais diversos, tais como imagens, objetos, recortes de jornais e revistas, estantes com livros, cartazes com textos elaborados pelos alunos, etc.  Os materiais concretos são importantes à criança pequena, despertando seu interesse em conhecer as coisas, e tornando-o mais participativo.

Outro ponto importante para formar o espírito crítico em crianças, é saber se ela gostou ou não do que foi lido, e mais do que isso, porque gostou ou desgostou de tal história – isso é uma maneira de formar opinião própria nas crianças. Mas não é só o texto escrito que importa para uma discussão, é interessante que a criança opine a respeito do título (ele tem haver com a história? Por que a criança acha que o livro recebeu este título?) – o mesmo vale para as ilustrações (correspondem com o que está escrito?).

Tanto em crianças quanto em jovens, adultos ou idosos...o importante não é só ler, mas muitas vezes reler, tem um valor igual, segundo Abramovich (1997, p. 148) a releitura é uma “nova forma de nos aproximarmos de algo já conhecido e perceber mudanças”, em outras palavras, a releitura permite que você tenha pontos de vista e opiniões diferentes da primeira vez que leu o livro: um personagem que você não gostava, mas agora entende o porque dele ser de determinada maneira, um acontecimento que te dava uma certa opinião, mas agora tem outra, uma passagem que você não entendia muito bem, mas que agora entende...

Para inserir a criança na prática de leitura, é essencial que o adulto leia para ela. Abramovich (1997, p. 23) nos diz que o escutar pode ser o início da aprendizagem para se tornar leitor freqüente. Ouvir histórias pode despertar na criança sentimentos diversos e imaginações variadas. Segundo Peruzzo (2011, p.98), “as histórias podem fazer a criança ver o que antes não via, sentir o que não sentia e criar o que antes não criava.”  O que faz a criança ter mais interesse pela leitura oral, e também faz com que o texto ganhe vida, é a forma como ele é lido: a entonação utilizada, as expressões faciais e corporais. Para a contação de histórias, alguns aspectos importantes devem ser levados em consideração: é bom evitar descrições muito longas e detalhadas, deixando assim “em aberto” para o imaginário dos ouvintes, que na fase infantil se interessam mais pelos diálogos e ações, já as descrições detalhadas interessam mais aos jovens e adultos, os detalhes de um local ou época por exemplo, interessam bastante nas contações de histórias aos idosos. Mas, em relação às crianças, o contador de histórias deve saber utilizar as possibilidades da voz, tais como mudanças de tons de voz, uso de onomatopéias, imitação de ruídos e de sentimentos nos personagens, tais como o espanto.

É essencial notar se a escola incentiva as crianças no hábito da leitura e escrita de forma prazerosa, ou como um modo de penalidade a situações comportamentais em sala de aula, ou se a escrita e leitura são utilizadas apenas de cumprimento de conteúdos propostos, sem dar outros tipos de abertura na leitura para crianças.

Outra prática para inserir a criança no hábito da leitura, é que, o adulto já tenha o costume, o prazer em ler, transfere esse sentimento e hábito à criança, como diz a frase “adultos fazem, crianças imitam”, cabe muito bem de exemplo neste caso do hábito da leitura, sendo que este ato funde-se com o cotidiano escolar e extra – escolar da criança. Isso não quer dizer que pais que tenham o costume de ler terão filhos que são leitores assíduos, e não significa também que pais que não tenham o hábito de ler terão filhos que também não desenvolvam esse hábito, mas a possibilidade de os jovens estudantes criarem o hábito da leitura é muito maior quando vêem os pais como modelos de leitor.

Outro fator é estimular a leitura ainda no berçário, com bebês que ainda nem aprenderam a falar, pois dessa forma a criança pequena é capaz de identificar a grafia, e estabelecer uma relação com a escrita, além do que, a leitura inserida antes da criança entrar para a escola, associa tal hábito ao ambiente cotidiano, familiar. De acordo com Sandroni e Machado (1991, p.11), “um adulto que pega uma criança no colo e a embala com aquelas cantigas tradicionais, que brinca com o bebê usando as histórias, adivinhações, rimas e expressões de nosso folclore, que folheia uma revista ou um livro buscando as figuras conhecidas e pergunta o nome delas, está colaborando – e muito! – para uma atitude positiva diante da leitura.”

Silva (SILVA, E., 1981,apud ROSSAFA, 2013), recomenda: “incentivem o hábito de leitura no período da infância, sob o risco de, passada essa fase, tornar o processo irreversível, ou seja, não mais se conseguir o desenvolvimento de hábitos de leitura junto à população de adolescentes e adultos. Ou se adquire o hábito de leitura quando criança ou fica decretado a morte do leitor.”

6.  AS HISTÓRIAS DE MONTEIRO LOBATO

A um tempo atrás, o escritor Monteiro Lobato foi tachado de racista, devido ao fato que, em algumas passagens de livros, segundo alguns críticos, a personagem Emília expressa frases preconceituosas contra a personagem negra do livro, Tia Nastácia. Em relação – e também em oposição – à isso, de acordo com Coelho (1998, p.127),

Tia Nastácia, - o símbolo idealizado da raça preta, afetuosa e humilde, que está em nossa gênese de povo e foi a melhor fonte das estórias que alimentaram a imaginação e a fantasia de gerações e gerações de brasileiros. Aos que chamaram Lobato de racista, por criar essa personagem preta e ignorante, não perceberam que dentro de seu universo literário não há preconceito racial nenhum, pois Tia Nastácia é respeitada e querida por todos. E que, tirando-a do universo real onde a conheceu, ele estava apenas sendo realista.

Tia Nastácia é um símbolo de aconchego, e Emília é famosa por ser teimosa, fazer birra e alvoroço, não querendo dizer por isso que a personagem é preconceituosa.

De acordo com Zilberman e Magalhães (1987, p. 135), “Os cânones pedagógicos da literatura infantil, no Brasil, foram rompidos com a obra de Monteiro Lobato, iniciada em 1921, já com características capazes de criar novas expectativas de leitura na criança brasileira.”

O que muda com o surgimento da literatura de Monteiro Lobato, em comparação com grande parte das histórias, é que os personagens são crianças – logo, as outras crianças podem se identificar com a história, com os personagens. Além disso, os personagens tem qualidades e defeitos, coragens e fraquezas, como nós, na vida real. Suas histórias também não são centradas apenas em poucos personagens e determinados locais, mas mistura personagens de diversas histórias,como dos contos de fadas e folclore,e em reinos e tempos diferentes. Essa “quebra” de paradigma da literatura infantil imposta por Monteiro Lobato fica claro na seguinte passagem do livro Reinações de Narizinho, onde Pedrinho diz:

- Isso sim, não deixa de me intrigar, disse ele. Se Polegar fugiu é que a história está embolorada. Se a história está embolorada, temos de botar fora e compor outra. Há muito tempo que ando com esta ideia – fazer todos os personagens fugirem das velhas histórias, para virem aqui combinar conosco outras aventuras. (p.53). (Grifo nosso).

De acordo Zilberman e Magalhães (1987, p.137),

renovação dos moldes tradicionais é feita por Lobato em dois planos: o da retórica [...] e o da ideologia [...]. No plano retórico, observa-se o cuidado em despir a língua de qualquer rebuscamento que pretende, apenas, o efeito literário, em lugar do ornamento verbal, ganha a primazia a linguagem afetiva, e a elegância da frase literária é relegada pela espontaneidade do estilo infantil. [...] O vocabulário acolhe expressões de linguagem popular. [...] As onomatopéias são também um recurso bastante representativo da descontração lingüística do texto [...].

7. MANEIRAS DE INCENTIVAR A LEITURA EM JOVENS

Como já dito anteriormente, e aqui será reforçado, muitos crianças que gostam de ler, perdem o interesse quando jovens, mesmo quando o hábito nela começa desde cedo e os pais tem o costume da leitura, mas por que isso ocorre? Começa haver obrigatoriedade de prazo, uma espécie de maratona, onde um livro tem que ser lido dentro de um determinado período de tempo, além disso, ele é indicado, e não escolhido por cada aluno. Para se formar leitores críticos, é preciso que cada aluno dê seu parecer individual sobre determinado livro,questione ele,  e não que todos respondam a uma mesma ficha, geralmente elaborada pelas editoras, pois isso deixa a visão do jovem com enfoque em apenas alguns pontos. Se ele mesmo fizer sua análise (texto livre), ele expande muito mais sua capacidade de julgamento e compreensão do texto – algo que o ajudará não apenas nas aulas/provas de literatura, mas em todas as disciplinas. Pois o que se vê muito hoje em dia nos jovens é  que muitas questões respondidas erradas em vestibulares (independente da disciplina), é a falta de interpretação, de compreensão de texto, algo que tem que ser adquirido quando criança e mantido após seu crescimento. De acordo com Sandroni e Machado, (1991, p. 26): “ Mas não é obrigatório que toda a turma leia um determinado livro ao mesmo tempo. Pode-se fazer uma leitura em grupos, cada grupo escolhendo um livro diferente e comentando aspectos que lhe interessam quanto ao texto ou à ilustração, características estilísticas, comportamento das personagens, adequação da forma com o estilo, [...]. Este procedimento enriquece muito mais o repertório da turma.”

Em relação a leitura entre jovens, para criar e manter o hábito de ler, é importante a utilização da intertextualidade, ou seja, misturar histórias antigas com fatos modernos, criando assim uma roupagem nova a uma velha história. Isso pode ser visto, por exemplo, na série “Percy Jackson e os Olimpianos”, de autoria de Rick Riordan. Percy é um adolescente que descobre que o que eram mitos na verdade á realidade, e que ele é um semideus, filho de Poseidon. Na obra aparecem vários deuses da mitologia Greco-romana, bem como outros “seres mitológicos”, e também menções aos clássicos Ilíada de Homero. Porém, tal história de deuses e seres fantásticos é recontada e trazida para o século XXI, misturando realidade e ficção, além de ser repleta de aventuras. Neste sentido,segundo Silva (SILVA, G., 2014, p.56) “a contribuição maior da obra é justamente apresentar para esses jovens a importância da literatura clássica, num enredo adaptado, cheio de aventuras, suspense e, sobretudo, literariedade.” 

É claro que se deve ter a presença da leitura obrigatória, sem dúvida, principalmente nas séries de ensino médio, em livros de vestibular, afinal, se o professor apenas deixar que cada aluno escolha o que ler, sem obrigações e sem demandas de uma leitura específica, acaba – se criando entre os jovens uma acomodação, e é preciso prepará-lo com leituras obrigatórias, porém, tal obrigatoriedade pode ser feita de maneira dinâmica, onde os alunos apresentem da maneira que melhor lhe convier: uma peça teatral, uma apresentação em Power Point. Outra maneira é que todos os alunos leiam todos os livros, e em um prazo estipulado pelo professor, cada um traga o debate em sala de aula seus pontos de vista, suas dúvidas, o que mais gostaram e o que não gostaram, tendo o professor como mediador do debate. Dessa maneira, o aluno tem conhecimento da leitura obrigatória, de forma que não seja entediante.

CONCLUSÃO

Mostrou-se o que é ler e a importância de tal atividade, bem como a importância que os adultos tem no engajamento da leitura nas crianças, através de incentivos e da diversificação de materiais literários para desenvolver o gosto pela leitura, ampliando assim o leque de opções. Cabe tanto aos pais/responsáveis quanto a escola a formação de leitores, e tal formação deve começar desde cedo, para que seja mantida na fases seguintes (jovens e adultos), contudo, a leitura não deve ser vista pelas crianças e jovens – principalmente para este – como algo obrigatório, mas sim prazeroso, e a escola deve desenvolver atividades para que a leitura seja vista dessa forma.

Também viu-se os tipos de literatura e as espécies literárias, sendo que todas devem compor o acervo do leitor, tanto criança quanto jovem. Viu-se o valor de assuntos diversificados nos livros, e em sua função de tornar leitores mais reflexivos, críticos e conhecedores do mundo à sua volta. Abordou-se a relevância dos livros sem textos, que contém apenas imagens, em estimular a atenção visual e o desenvolvimento da capacidade de percepção.

Viu-se também a quebra de paradigma realizada por Monteiro Lobato no contexto da literatura infantil, onde o autor aproximou diversas categorias literárias em uma só literatura, e também na defesa desse grande autor, e em porque é precipitado dizer que sua literatura é racista.

Por fim, pode-se perceber que toda a literatura é essencial, e deve fazer parte do cotidiano das pessoas, independente de sua idade, como algo prazeroso, mas que, para que isso ocorra, deve haver preocupação por parte da família e da escola em formar leitores por toda a vida, com aprendizados sobre si e sobre o mundo.

REFERÊNCIAS

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