PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

ANDRÉIA FÉLIX AZARIAS
INTRODUÇÃO

As escolas e também algumas famílias tem apresentados algumas queixas com problemas escolares apresentados pelos alunos, as principais reclamações dos professores com relação a dificuldade de aprendizagem, vem sendo indisciplina, timidez, agressividade, problemas emocionais, evasão escolar, entre outros.
E por isso que é necessário investigar todos os aspectos que possam estar contribuindo de alguma forma para a problemática, a fim de intervir da melhor maneira possível.
Então após feita essa avaliação, torna-se muito importante a atuação do psicopedagogo. Sabendo das dificuldades apresentadas e suas origens propor um projeto de intervenção com recursos e estratégias, objetivando-se a ajudar a criança a superar suas dificuldades.
E os atendimentos têm se mostrado bastante eficientes no sentido de se atingir tal objetivo. Estes se constituem em encontros com elementos de intervenção que pode ser com a caixa de trabalho, material disparador entre outros, de caráter lúdico, individual ou em grupos de crianças, onde são realizados jogos, brincadeiras, produções artísticas, contagem de histórias e outras atividades que permitam a expressão da criança e que forneçam possibilidade de análise e desenvolvimento de habilidades que a criança necessite estar sendo desenvolvida de acordo com a avaliação diagnóstica.
DESENVOLVIMENTO
DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO IDENTIFICAÇÃO
Nome: B.T.
Data de nascimento: 07-02-93.
B. tem sete anos, mora com a mãe, está cursando o segundo ano e vem apresentando dificuldades de aprendizagem.
Durante o diagnóstico operatório, B. apresentou um resultado abaixo do esperado para sua idade cronológica. Para conservação de quantidade, mostrou-se não conservadora, ou seja, não conseguiu perceber que é possível alterar a forma sem alterar a quantidade.
Ao realizar a classificação de objetos, não conseguiu perceber a semelhança entre eles. Demonstrou que não possui domínio de planejamento, pois não consegue agrupar nenhum critério de classes. B. mostrou, ainda, que não sabe fazer a relação da parte com o todo.
Durante as provas operativas foi possível observar dificuldades em organizar e expor seus pensamentos, assim como rigidez para situações de mudanças.Essas dificuldades operativas podem estar interferindo na sua produção escolar, principalmente com relação ao raciocínio matemático.
Sua lateralidade apresenta-se cruzada (mão e pé = Direita e olho = esquerdo), assim com, mal definida; erra direita e esquerda em si e na examinadora; faz espelhamento de posições e gravuras.
Apresenta dificuldade de orientação espacial e percepção visual. Essas dificuldades podem estar aliadas à falta de atenção e concentração.
Apresenta bom raciocínio lógico verbal, porém demonstra dificuldades para memorização e para discriminação fonemática, com trocas auditivamente semelhantes. Essas dificuldades podem estar aliadas à imaturidade na percepção auditiva (solicitar exames).
Nas provas pedagógicas foi possível observar que B. sente "medo" de escrever "errado" e quando lhe solicitei para escrever palavra simples como "boneca", ela se retraiu e chorou. Só consegue escrever palavras que já automatizou como: BOLA, OVO.
Para copiar, ela sente dificuldades em transcrever as letras de caixa alta para a letra cursiva.
Ainda não entende a escrita como uma forma de representação gráfica que possui características próprias independente do objeto que representa, ou seja, a palavra trem é maior que telefone.
B. revela-se ansiosa, tensa e insegura, principalmente diante de situações em que o resultado depende dela mesma.
Essa insegurança e ansiedade fazem com que B. nem tente executar ou responder a alguma tarefa que pareça diferente ou nova, dizendo "não sei". Portanto, apresenta uma conduta evitativa para o que não sabe ou sente dificuldade.
A auto-estima de B.T., no momento, se encontra bastante rebaixada, pois sente que não é capaz de produzir o que lhe é solicitado, tendo que esperar aprovação de outrem para que possa apresentar algum resultado.
No que se refere à família, foi possível observar bom vínculo com o tio.
Quanto ao diagnóstico funcional orgânico, foi possível observar dificuldades em coordenar seus movimentos, o que pode estar vinculado à tensão muscular.
CONCLUSÃO: trata-se de uma criança com dificuldades de aprendizagem, que podem estar aliadas aos transtornos de saúde que ocorreram numa fase de grande importância para o seu desenvolvimento cognitivo e emocional*. Portanto, os obstáculos funcionais orgânicos, aliados a fatores emocionais, interferem diretamente em seu desempenho escolar.
INDICAÇÕES GERAIS: Neuropediatra; Exame da percepção da fala; Oftalmologista; Psicoterapia.
INDICAÇÕES ESPECÍFICAS: Psicopedagogia
*B, teve um grave problema de saúde e ficou internada dos 2 aos 5 anos de idade.

ANÁLISE DO DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO IDENTIFICAÇÃO
Nome: B.T.

? Resultado abaixo do esperado para sua idade cronológica.
- conservação de quantidade, mostrou-se não conservadora,
-classificação de objetos, não consegue perceber a semelhança entre eles.
-planejamento, não possui domínio, pois não consegue agrupar nenhum critério de classes.
-não sabe fazer a relação da parte com o todo.
? as provas operativas:
- dificuldades em organizar e expor seus pensamentos,
- rigidez para situações de mudanças.
Essas dificuldades operativas podem estar interferindo na sua produção escolar, principalmente com relação ao raciocínio matemático.
? lateralidade
-apresenta-se cruzada (mão e pé = Direita e olho = esquerdo), assim com, mal definida; erra direita e esquerda em si e na examinadora; faz espelhamento de posições e gravuras.
-dificuldade de orientação espacial e percepção visual. Essas dificuldades podem estar aliadas à falta de atenção e concentração.
-dificuldades para memorização e para discriminação fonemática, com trocas auditivamente semelhantes. Essas dificuldades podem estar aliadas à imaturidade na percepção auditiva (necessita de exames).
? provas pedagógicas
-sente "medo" de escrever "errado" ela se retraiu e chora.
-sente dificuldades em transcrever as letras de caixa alta para a letra cursiva.
-a escrita está no nível pré silábico
-ansiosa, tensa e insegura, principalmente diante de situações em que o resultado depende dela mesma.
Essa insegurança e ansiedade fazem com que B. nem tente executar ou responder a alguma tarefa que pareça diferente ou nova, dizendo "não sei". Portanto, apresenta uma conduta evitativa para o que não sabe ou sente dificuldade.
? auto-estima bastante rebaixada, espera sempre a aprovação de outro.
família, bom vínculo com o tio.
? diagnóstico funcional orgânico, foi possível observar dificuldades em coordenar seus movimentos, o que pode estar vinculado à tensão muscular.


Quando a criança começa a apresentar dificuldades escolares e falta de interesse, é necessário pesquisar a causa real do problema. Ela precisa de compreensão, orientação e instrução adequadas para superar dificuldades. É preciso oferecer recursos multissensoriais e desenvolver estratégias do ensino, de modo que o sujeito tenha sucesso no maior número de áreas possíveis, para fortalecer sua autoestima. Não devemos esquecer que cada sujeito tem um ritmo próprio para aprender.
Quando falamos em diagnóstico psicopedagógico, o psicopedagogo deve ter um olhar que compõe o todo, levando-se em conta a totalidade dos fatores envolvidos neste processo, tanto interno quanto externo. Dentre os fatores externos relacionados ao contexto em que a criança está inserida. E dentre os fatores internos são apontados biológicas (organismo e cognitivo) e psicológicas.
"É um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do processo recorrendo, para isso, a conhecimentos práticos e teóricos. Esta investigação permanece durante todo o trabalho diagnóstico através de intervenções e da "...escuta psicopedagógica...", para que "...se possa decifrar os processos que dão sentido ao observado e norteiam a intervenção". (BOSSA, 2000, p. 24).


No diagnóstico de B.T apresenta-se com dificuldades de aprendizagem, que podem estar aliadas aos transtornos de saúde que ocorreram numa fase de grande importância para o seu desenvolvimento cognitivo e emocional. Portanto, os obstáculos funcionais orgânicos, aliados a fatores emocionais, interferem diretamente em seu desempenho escolar.
Ao tratar sobre os fatores orgânicos, Paín (1985, p. 28) esclarece: "a origem de toda aprendizagem está nos esquemas de ação desdobrados mediante o corpo." Como o indivíduo é um todo e não partes que trabalham isoladas, é necessária uma integração entre anatomia, bom funcionamento de todos os órgãos, bem como do sistema nervoso central.
No que se refere aos fatores específicos, a autora afirma existirem diversas desordens específicas ligadas a determinadas áreas também específicas, as quais perpassam questões cognitivas e motoras. Quanto aos fatores psicógenos, subsidia-se na teoria psicanalítica, mas afirma que se devem levar em consideração também as disposições orgânicas e ambientais do sujeito. Ela destaca (1985, p. 32) que, na concepção de Freud, os problemas de aprendizagem não são erros, mas "[...] são perturbações produzidas durante a aquisição e não nos mecanismos de conservação e disponibilidade [...]"; é necessário procurar compreender os problemas de aprendizagem não sobre o que se está fazendo, mas sim sobre como se está fazendo.
Como proposta de intervenção procurando superara as dificuldades apresentadas por B.T proponho a seguinte intervenção:

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
MATERIAL DISPARADOR

? TEMPO: 50 minutos
? FREQÜÊNCIA: 2 vezes na semana
? ESPAÇO: consultório
? CAIXA DE INSTRUMENTOS E MATÉRIA-PRIMA: tesoura, lápis, borracha, apontador, canetinhas, lápis de cor, giz de cera e cola e massinha de modelar.
? MATERIAL DISPARADOR: jogo Cara a Cara


Visca idealizou a caixa de trabalho para se trabalhar com as dificuldades de aprendizagem. Ela seria composta de brinquedos e materiais escolhidos para representarem o mundo interno das crianças, suas fantasias inconscientes frente ao mundo (BARBOSA, 2000).

BOSSE, relata que a partir da Caixa de Trabalho de Visca, ela adaptou-se criando o material disparador, onde apenas derrubou as partes das caixa "literalmente" e a deixa comum a uso de todos, pois deparou com realidade econômica que torna-se praticamente inviável ao psicopedagogo dispor de materiais como: jogos, tesouras, caixas de lápis de cor etc. para uso exclusivo de um único sujeito. (BOSSE, 2010).

O atendimento individual para B.T. será trabalhado com o material disparador o jogo Cara a Cara, onde o objetivo é de fortalecer o vínculo afetivo com a psicopedagoga e também algumas possibilidades de trabalho para desenvolver algumas habilidades que ele necessita como: classificação/ dicotomia/seriação/ expressão oral/ organização do pensamento/ memória/ atenção, através de conversas e consignas. Ele ficará constante nos atendimentos para serem esgotados todas as possibilidades de aprendizagem ou seja fazer com que a aprendizagem da criança seja sempre cada vez maior.
Num primeiro encontro familiarizar-se um pouco com a criança, com uma questão aberta, explicando toda essa situação, apresentar os materiais que fazem parte dos atendimentos, estimulando-a a falar livremente e acompanhar descobrindo um pouco mais sobre o que gosta de fazer, etc. Após deixar manusear o jogo descobrir o que faz parte desse jogo e tentar ver se conhece, se sabe jogar, se não sabe levar a ele a pensar e descobrir como jogar, como fazer para aprender a jogar e assim com ele ir descobrindo e lendo as regras, proporcionando a familiarização com esse instrumento. A cada atendimento sempre procurar desafios para ela superar e assim, fazendo a intervenção de acordo com o que ela vai apresentando e interagindo com a psicopedagoga.

CARA A CARA
Jogo de Tabuleiro
O jogo admite dois jogadores ou dois grupos de jogadores, que têm um conjunto com 24 retratos diferentes. Sorteia-se uma carta para cada um e, por meio de perguntas, deve-se adivinhar a "carinha" que coube ao adversário.
Regras:
1. Cada jogador escolhe um dos tabuleiros, coloca-o com o lado da fenda virado para si.
2. Embaralhe as cartas amarelas e espalhe-as sobre a mesa. Cada jogador tira uma carta e coloca-a na fenda do seu tabuleiro. Mas cuidado! Não deixe seu adversário ver, pois esta é a cara que ele terá de adivinhar!
3. Agora, faça perguntas para ir descobrindo as características da cara que você tem que adivinhar. IMPORTANTE: cada um dos jogadores faz só uma pergunta de cada vez. Na hora de responder, cuidado para não falar demais! Diga só sim ou não. Pergunte por exemplo: "Tem olhos azuis?" Se a resposta for "não", abaixe todas as molduras com caras que tiverem olhos azuis, para eliminá-las da partida. Se a resposta for "sim", abaixe todas as caras que não tiverem olhos azuis. Depois, é a vez de seu adversário fazer uma pergunta e assim por diante.
4. Você pode perguntar ao adversário se a cara é de um homem ou de uma mulher. Mas esta não pode ser sua primeira pergunta.
5. Se você acha que sabe de quem é a cara do seu adversário, pode tentar adivinhar a qualquer momento. Se você adivinhar errado, perderá a partida. Se você adivinhar corretamente! Então você ganha a partida.
Mudanças podem acontecer, mas sempre devemos ter alguns cuidados, o porque que ele quer trocar, será por resistência ao novo ou por escolha de um novo material.
E ao fazer o atendimento com o jogo, procurar sempre fazer questionamentos, interagindo , fazendo relação com a situação de mundo dele, para que ele possa organizar seus pensamentos, e ir superando suas dificuldades.
Lembrando sempre de fazer os registros e análises das anotações feitas nos atendimentos, para acompanhamento de todo processo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos atuais problemas escolares apresentados pelos alunos, nas escolas, muito tem se falado com relação a dificuldade de aprendizagem, indisciplina, timidez, agressividade, problemas emocionais, problemas cognitivos, sociais e biológicos.
E então é necessário investigar todos os aspectos que possam estar contribuindo de alguma forma para a problemática, a fim de intervir da melhor maneira possível, fazendo uma avaliação diagnóstica.
E por isso é muito importante a atuação do psicopedagogo, sabendo sobre esse diagnóstico, fazer uma reflexão, para saber qual a melhor forma de intervenção necessária para trabalhar com esse meu paciente, usando os recursos e recorrendo a várias estratégias, objetivando-se a ajudar a criança a superar suas dificuldades.
E os atendimentos têm se mostrado bastante eficientes no sentido de se atingir tal objetivo. Estes se constituem em encontros de caráter lúdico individual ou em grupos de crianças, onde são realizados jogos, brincadeiras, produções artísticas, contagem de histórias e outras atividades que permitam a expressão da criança e que forneçam possibilidade de análise e desenvolvimento de habilidades que a criança necessite estar sendo desenvolvida de acordo com a avaliação diagnóstica.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, L. M. S. Intervenção Psicopedagógica no Espaço da Clínica. Curitiba: Ibepex, 2010.
BARBOSA, L. M. S. Caixa de trabalho uma ação psicopedagógica proposta pela Epistemologia Convergente, in Psicopedagogia e Aprendizagem. Coletânea de reflexões. Curitiba, 2002.
BARBOSA, L. M. Intervenção Psicopedagógica no Espaço da Clínica. Curitiba: Ibepex, 2010.
BOSSA, N. A. A. Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre, Artes Médicas, 2000.
OLIVEIRA, M.A.C. Psicopedagogia: a instituição em foco. Curitiba, Ibepex,2005.
PAIN,S. Diagnóstco e Tratamento e os Problemas de Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 1985.reimp.2008.