1. Introdução

É comum no ensino secundário geral se deparar com professores de Física com dificuldades em construir conhecimentos de forma prazerosa e contextualizada. Pois não é facial ensinar a física de forma conceitual com aulas expositivas, aulas que consideram o professor o centro de conhecimentos.

O presente trabalho intitulado “Proposta de Experiências Alternativas para o Estudo da Termometria -9ª Classe,” é uma discussão sobre o uso das experiências alternativas com alunos de ensino básico. Para aproveitar curiosidades dos alunos no tratamento de conceitos e fenómenos físicos presentes no seu quotidiano, quer dizer, abordar a física de forma mais intuitiva para que o aluno possa construir o seu próprio conhecimento por meio de experimentos. Contribuindo desta maneira para o entendimento dessa disciplina, que precisa ser ensinada tanto na teoria quanto na prática. Neste trabalho, foi proposto uma série de experiências alternativas àquelas sugeridas no programa de física, 9ª classe na abordagem da termometria. Chegou-se a este propósito após análise do programa de ensino de Física da 9a classe. Nele constatou-se haver um número reduzido de experiências sugeridas para o estudo da 1a unidade Termometria. Assim, para o tratamento do tema foram construídos dois termómetros alternativos (termómetro de ar e de água) para a realização de experiência na aula de (constituição e funcionamento de termómetro) e faz-se uma analogia entre termómetro de água com termómetro clínico e termómetro de ar com termómetro de gás. A ideia é promover o trabalho experimental nas aulas de física em particular para esta unidade, recorrendo aos recursos acessíveis e de baixo custo para a construção dos instrumentos. Acreditando que com o uso destes instrumentos possa-se alavancar o processo de ensino e aprendizagem de física.

A pesquisa permitiu em parte concluir que agregando um vasto leque de propostas experimentais para cada capítulo e tema a ser abordado na aula, é maior a possibilidade do professor conforme as condições que dispõe usar uma delas para ministrar a aula, propondo ou recomendando a outra para que o aluno realize em casa. 

O Trabalho está organizado em cinco capítulos. O primeiro capítulo: fornece uma introdução do conteúdo abordado na pesquisa, a justificativa do trabalho, bem como os objectivos: gerais e específicos.

No capítulo 2 apresenta-se a revisão da literatura, onde primeiro se faz uma síntese dos trabalhos relacionados a esta pesquisa, em seguida são abordados tópicos como: termometria, termómetros e sua tipologia, conceitos fundamentais atinentes à graduação e escalas termométricas. Principal enfoque dá-se à experimentação, às experiências propostas para a abordagem da unidade termometria. Ainda neste capítulo, aborda-se o uso de experiência com materiais de baixo custo e o seu papel no ensino de Física.

Os materiais utilizados, suas características técnicas, o universo e o tipo da pesquisa e as etapas da metodologia envolvidas no processo da abordagem do problema em questão são apresentados no terceiro capítulo. 

O capítulo 4 proporciona os resultados obtidos na pesquisa, aqui são apresentados todos os materiais e procedimentos usados na montagem das experiências, bem como a análise dos resultados. A prior faz-se uma comparação dos instrumentos construídos com os convencionais.

As principais conclusões, limitações e sugestões são delineadas no capítulo cinco. 

1.2. Delimitação do Tema e Linha de Pesquisa

A pesquisa foi realizada ao nível laboratorial. Os testes foram realizados no Laboratório de Física da Universidade Pedagógica Delegação de Nampula. A mesma teve um período compreendido entre Setembro de 2016 até Fevereiro de 2017. O estudo foi levado a cabo no âmbito da disciplina da Física molecular e termodinâmica, concretamente no estudo da termometria ao nível da 9ª Classe do ensino secundário geral.

1.3. Justificativa

Este tema surge na tentativa de diversificar o trabalho experimental nas aulas de física particularmente no estudo da termometria, após uma análise no programa de física 9ªclasse no item de experiências recomendadas.

De acordo com (MAVANGA et al., 2010:22), existem vários problemas no processo de ensino e aprendizagem de Física. Em Moçambique a inexistência de instalações e equipamentos laboratoriais nas escolas é que condiciona a não realização das experiências nas aulas de Física. é de salientar que o enquadramento de experiências na planificação de uma aula de Física é de carácter obrigatória. Pois as práticas laboratoriais ou trabalho experimental permite um maior aprofundamento e sistematização dos conhecimentos teóricos, assim como o desenvolvimento de capacidades e habilidades. Visto que o uso de experiências nas aulas de Física, melhora o ensino por parte do professor, facilita a aprendizagem e compreensão dos fenómenos naturais vivenciados por alunos no seio onde estão inseridos.

Segundo (PEREIRA et al., 2013:4), a grande vantagem de realizar actividade experimental é despertar curiosidade no aluno e em última instância ajudar a manter o contacto com os instrumentos; mostrar a ciência que está nela envolvida e exemplificar como ela está presente no nosso quotidiano, permitindo a existência de uma ponte que interligue o conhecimento científico com a realidade que o aluno está inserido. Os mesmos autores destacam ainda a importância do uso da experimentação que, para eles, tem sido uma ferramenta primordial de ensino. O trabalho experimental é apontado pelos professores e alunos como um agente minimizador das dificuldades enfrentadas no ensino tradicional. Os autores ressaltam que nos últimos anos essa nova estratégia vem sendo alvo de estudo de diversos autores e que os resultados desses trabalhos têm permitido a criação e publicação de uma vasta bibliografia sobre o assunto, onde são investigadas as vantagens, a importância e as tendências que surgem com aplicação dessa actividade no ensino de Física.

Este tema não é novo no campo das ciências exactas, e na Física em particular, pois mereceu estudo a luz de alguns autores como é o caso de (Salvador et al., 2014) portanto, chegam a concluir que este tipo de termómetro não é confiável porque é quase impossível graduar, não servindo assim para questões práticas.

Acredita-se que com o uso deste material possa melhorar a qualidade de ensino e aprendizagem para a aula da termometria (Constituição e funcionamento do termómetro), uma vez que vai ajudar aos estudantes a manter o contacto com os instrumentos.  

1.4. Contextualização do Problema

Desde o inicio de século XX, a experiência é usada como um recurso de aprendizagem nas aulas de Física, com objectivo de minimizar as dificuldades e desinteresse que os alunos apresentavam durante as aulas (PEREIRA et al., 2013:2). A partir dai, vários programas e currículos de ensino sofreram alterações no sentido de integrar a experiência como um método chave para o sucesso do ensino e da aprendizagem de física. Mas, olhando atentamente o programa de Física, 9ª classe (2010:16), do ensino secundário geral, observa-se que para cada aula é recomendada pelo menos uma experiência para a comprovação de fenómenos e verificação de leis. No entanto, nota-se que na Unidade I (fenómenos Térmicos) na abordagem da Termometria (constituição e principio de funcionamento de termómetro), são apresentadas algumas sugestões metodológicas, porém sem experiência recomendada. O curioso é o programa sugerir que o professor destaque esse assunto na forma expositiva, acreditando que os alunos tenham uma preconcepção de termómetro através do tratamento médico recebido para controlar a febre quando se vai ao hospital. Entretanto, este ponto abre uma visão crítica visto que em alguns locais dificilmente é realizado este procedimento. Isto é, muitas crianças crescem sem ver um termómetro durante este procedimento, o que de uma certa forma obriga o professor a trazer um modelo convencional para ilustrar durante a sua aula. É de sublinhar, que o objectivo desta aula proposto no programa é “Usar correctamente o termómetro na medição da temperatura de um corpo”. Ver-se-á, neste ponto a necessidade e a exigência de uma experiência para esta aula. Numa primeira fase, é difícil o professor realizar experiência por livre arbítrio, imaginemos numa situação onde não é obrigado e nem sequer sugerido pelo programa para realizar! O caso se agrava ainda mais. O facto é que essa ausência de sugestões das experiências alternativas no programa para esta aula, leva vários professores a recorrerem em uma aula totalmente expositiva. Neste âmbito, nota-se a dependência existente entre professor e currículo, em relação a realização das experiências na sala de aula, pois se o currículo não recomenda uma experiência para determinada aula, é remota a possibilidade da realização de experiência nesta aula. Com esta situação o autor levanta a seguinte questão:

Que meios experimentais podem ser agregados às experiências propostas no programa de Física, 9ª classe, na abordagem da termometria?

1.1. Objectivos:

1.1.1.      Objectivos Gerais:

  • Sugerir uma série de experiências alternativas para o programa de Física 9ª classe, na abordagem da Termometria.
  • Construir termómetros alternativos para aula da termometria 9ª classe.

1.1.2.      Objectivos Específicos: 

  • Criar dois modelos de termómetros (clínico e de gás) alternativos, para realização de experiências nas aulas durante a abordagem da termometria;
  • Usar concretamente um termómetro alternativo na medição da temperatura de um corpo;
  • Mostrar a constituição e o princípio de funcionamento de um termómetro convencional através de modelos alternativos; 

1.2. Hipóteses:

  • : A falta de materiais convencionais impossibilita a realização das experiências na aula de constituição e funcionamento do termómetro; 
  • : A elaboração de uma série de experiências alternativas, feitas com materiais de fácil acesso para agregar no programa de Física, 9ª classe, pode ser uma alternativa didáctica face ao número reduzido de sugestões experimentais (alternativas) na abordagem da termometria. 

CAPITULI II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Termometria

Termometria é a área que se ocupa na construção, medição, calibração de termómetros. Segundo ARCIPRETE & GRANADO (1982:12), é a parte da termologia que tem como objectivo o estudo e a medição da temperatura.

A seguir são apresentados alguns conceitos considerados primordiais na compreensão deste trabalho. O conceito de temperatura e termómetro neste caso torna-se alvo mais essencial para se focar, para já discutiremos o conceito de temperatura e de termómetro na forma macro e microscopia.

2.2. Conceito de Temperatura e Termómetro numa visão Macro e Microscópica

A abordagem de conceitos físicos, são diferenciados de acordo com o nível/ classe baseado nas teorias de aprendizagem. Com isso, vários conceitos principalmente da termologia (fenómenos térmicos) são apresentados subforma macro e microscópica. (INDE, 2010:8).  

O conceito de temperatura por exemplo para 9ª classe, é dado como o grau de aquecimento ou arrefecimento de um corpo, isto segundo (MENENZES & MALEIANE, 2001: 111). Mas para um nível subsequente, no caso de 12ª classe, esse conceito ganha uma visão mais pormenorizada (microscópica), a temperatura passa a ser uma grandeza que mede o grau de agitação das partículas (átomos ou moléculas) que constitui um corpo; (VILAANCULOS&COSSA, 2001:144). 

MÁXIMO & ALVARENGA (2006:45) focam na sensação térmica para definir a temperatura. De acordo com os mesmos autores, usando o tacto pode-se perceber entre dois corpos, qual é o mais quente e qual é o mais frio. Com isso segundo estes autores, pode-se saber qual dos dois corpos tem temperatura mais alta. Portanto, eles chegam a conclusão que a temperatura de um corpo é uma propriedade que está relacionada com o fato do corpo estar quente ou fria.

Para TIPLER&, MOSCA (1978:571), temperatura é uma média da energia cinética das moléculas de um corpo.

A temperatura é um parâmetro intensivo (isto é, não depende da massa). Ela caracteriza a energia cinética média do movimento térmico das moléculas. KOCHIKIN &CHIRKÉVITCH, 1982: 70).

Com esta linha de pensamento, o termómetro também pode ser visto sob duas formas. Um instrumento que serve para medir temperatura (considerando a temperatura na forma macro ou microscópica).      

De acordo com SILVA (2006:77), Termómetro é instrumento destinado a determinação directa da temperatura. Fornece em geral o valor instantâneo desta grandeza. 

A temperatura de um corpo está relacionada com a energia cinética das partículas desse corpo. Quanto maior o grau de agitação dessas partículas maior é a temperatura, e quanto menor o grau de agitação menor a temperatura; (SALVADOR et al., 2014:3).

2.2.1. Temperatura e Equilíbrio Térmico

Segundo KOCHIKIN &CHIRKÉVITCH (1982: 70-71), um sistema que não se encontra em equilíbrio o conceito de temperatura não tem significado.

A temperatura é a propriedade dum corpo que determina se este uma vez colocado em contacto térmico com um segundo corpo se encontra ou não em equilíbrio térmico com este. Aqui equilíbrio térmico pode ser entendido como uma forma restrita de equilíbrio termodinâmico que corresponde a ausência de fluxos de energia entre os sistemas em contacto térmico ou interacção térmica. Segundo CUPANE (2007:17) quando se atinge este estado a transferência de energia cessa.

Aplicando a lei zero a subsistemas constituídos por diferentes partes dum dado sistema verifica-se que para existir equilíbrio entre estes diferentes subsistemas a temperatura de cada um deles deve ser igual e, portanto, não podem existir gradientes de temperatura no sistema total.

 Esta propriedade está associada a energia do sistema.                                                                                                             (Eq. 1)

Onde:  T é temperatura; U é energia interna e S é entropia do sistema

2.2.2. Antecedentes históricos

Os primeiros registros do termómetro surgiram na idade média e quem teve fama por esta criação foi o físico e astrónomo Galileu Galilei (SALVADOR et al., 2014:3). O mesmo autor salienta que este termómetro era constituído por um tubo capilar de vidro, fechado a vácuo e um bulbo, no qual se colocava a substância termométrica. O termómetro mais utilizado é o de mercúrio, e isso se deve ao fato do mercúrio ser um óptimo condutor de calor, dando maior sensibilidade ao termómetro. O mercúrio não se adere ao vidro e permanece líquido em grande intervalo de temperaturas, além de que, a sua aparência metálica facilita a leitura do termómetro, a propriedade termométrica utilizada é o comprimento da coluna de mercúrio.

2.3. Tipos de termómetros

Em termologia particularmente na termometria, existem diferentes termómetros para diferentes fins onde cada um destes possui sua função específica.

Para ARCIPRETE & GRANADO (1982;31-34), existem seis (6) tipos de termómetro nomeadamente:

  1. Termómetro de mercúrio;
  2. Termómetro clínico;
  • Termómetro de máximo e mínimo;
  1. Termómetro normal ou termómetro de gás;
  2. Termómetro de resistência e
  3. Termómetro de par eléctrico.

CUPANE (2007:46), refere que os termómetros mais usados na abordagem da termometria, ao nível médios, no ensino secundário geral, 9ª classe em particular, são os termómetros clínicos devido a sua simplicidade e disponibilidade.

2.3.1. Características e Vantagem do Mercúrio como Liquido Termométrico

Certamente já se perguntou “porque a maior parte dos termómetros é usado mercúrio como liquido termométrico?” Para responder essa questão são apresentados algumas vantagens e característica que leva uso frequente do mercúrio nos termómetros.

  • Coeficiente de dilatação elevado (menor calor especifico);
  • Temperatura de congelamento baixa (-37,8 °C) e
  • Temperatura de ebulição alta (360 °C).

Quando um corpo ou substancia possui menor calor especifico, significa que é muito sensível termicamente. Isto é, varia com mais rapidez a sua temperatura, ou seja, rapidamente entra em equilíbrio térmico com outros corpos. É isso que faz com que o mercúrio seja o mais perfeito na construção de termómetros ou medição da temperatura. Porque quando mais rápido entre em equilíbrio térmico com outro corpo mais fácil fica para conhecer a temperatura de outros corpos a que se encontram em contacto com o termómetro.

Tabela 1: Comparação relativa de temperatura fornecida por três (3) fluidos mais usados na construção de termómetros.

Tipos de Fluidos
Calores específicos: 
Temperatura fornecida em relação aos fluidos
Água
1.0
Máxima (em relação a mercúrio e álcool)
Álcool etílico
0,6
Mínima (em relação a água) e Máxima (em relação a mercúrio)
Mercúrio
0,033
Mínima (em relação a álcool e água)

Fonte: GRANADO&ARCIPRETE (1982:32)

Como se pode observar na tabela1 o mercúrio possui menor calor especifico comparativamente ao álcool, água e mais. Por isso torna ele um fluido ideal para a construção de um termómetro, e por tanto é por esta razão que em vários termómetros é usado como líquido termométrico. 

Nos termómetros clínicos são usados tanto álcool quanto mercúrio. Mas existe uma grande dificuldade na acessibilidade do mercúrio. Por isso vários termómetros clínicos actualmente optam no uso de álcool, pois este é mais acessível que mercúrio. E não só, álcool é a segunda substância com propriedades aproximada a mercúrio.

2.4. Importância do Termómetro

O uso do termómetro permite-nos prever estados climáticos, térmicos e ambientais em um intervalo de tempo definido e largo (horas, dias, semanas até meses) com isso nos precavermos de calamidades e catástrofes naturais (tempestades, ciclones, nevoeiros, cheias ou inundações, enxurradas e mais).

Na agricultura, termómetro permite-nos analisar se o terreno (solar neste caso) é eficaz para realizar actividades agrícolas permitindo-nos definir climas nos períodos para realização de actividades agrícolas.

É com ajuda do termómetro que podemos definir que roupa usar em todos estados de tempo (Inverno, Verão, Primavera etc.), que comida consumir até mesmo os alimentos que se devem plantar, entre outras.

Ainda medicina o termómetro é usado para controlar febre medindo temperatura corporal.

2.5. Construção de um Termómetro

O sentido do tacto não nos permite avaliar, com rigor a temperatura dos corpos. MENENZES & MALEIANE (2001:112). Mas com uso dele, tem-se uma ideia qualitativa sobre a temperatura, isto é, se a temperatura é alta ou baixa, quente ou fria, etc.

Para evitar esta incerteza, foi necessário criar um instrumento que fornecesse valores exactos e aceite. (MÁXIMO & ALVARENGA, 2006:45), explica que, para que a temperatura possa ser considerada uma grandeza física é necessária que saibamos medi-la, de modo que tenhamos um conceito quantitativo desta grandeza. 

Utilizando a noção de equilíbrio térmico e adoptando-se um corpo padrão que possua uma certa grandeza G, com valores facilmente determináveis, obtém-se um termómetro, aparelho destinado a medir a temperatura.

Qualquer corpo poderia servir para construir um termómetro (ARCIPRETE & GRANADO, 1982:10). Alguns corpos, porém, oferecem mais vantagens que outros. Assim, os sólidos não são muito indicados com substâncias térmicas, pois a variação de seu comprimento com a mudança de sua temperatura, é muito pequena, tornando difícil e imprecisa a medida desta variação. Além disso, os sólidos apresentam o fenómeno da histerese térmica, isto é, após alguns tratamentos térmicos, as suas dimensões já não variam como antes, eles conservam um resíduo de dilatação, por outro lado sólidos diferentes dos líquidos apresentam comportamentos térmicos diferentes. Estes são aspecto que merecem atenção na construção de um termómetro.

2.5.1. Lei Zero e Principio de Funcionamento de um Termómetro

O principio de funcionamento de um termómetro não só se fundamenta no conceito de equilíbrio térmico como também na lei Zero da termodinâmica, (MENENZES & MALEIANE (2001:113). Vários sistemas, inicialmente isolados, podem ser colocados em contacto de diferentes formas.

O sistema total formado pelos diferentes sistemas, atinge da forma anteriormente descrita o equilíbrio termodinâmico.

A lei zero da termodinâmica admite o seguinte enunciado:

“Se dois corpos estão em equilíbrio térmico com um terceiro, então os três corpos então em equilíbrio térmico entre si”. 

Seja, ,  e  temperaturas dos corpos: A, B e C respectivamente. A lei Zero é matematicamente dada pela seguinte relação:  

Se e   então                                                                        (Eq. 2)

2.5.2. Relação da lei zero da Termodinâmica no Funcionamento de Termómetro

A lei zero permite introduzir escalas de temperatura e está na base do funcionamento do termómetro.

O termómetro é um sistema pequeno comparado com o sistema no qual medimos a temperatura. Quando colocamos em contacto térmico o termómetro e este sistema ocorre um fluxo de energia entre os dois sistemas até que se estabeleça equilíbrio. Durante este processo, a temperatura do termómetro vária bastante e a temperatura do sistema quase não varia, portanto, a temperatura do termómetro no equilíbrio é igual à temperatura do sistema em estudo.

A lei zero garante-nos que o mesmo termómetro colocado agora em contacto térmico com qualquer outro sistema que se encontra em equilíbrio térmico com o sistema em estudo estaria também em equilíbrio térmico independentemente da constituição física e química de qualquer dos sistemas. Note-se que a temperatura é usualmente medida indirectamente através de medições de pressão ou volume, explorando a não independência das variáveis de estado.

2.5.3. Critério de Graduação de um Termómetro

Geralmente na construção de termómetro são usados mercúrio e ou álcool como líquido termométrico, pois, não só são fáceis graduá-los como também oferecem grandes vantagens por estes serem fáceis de variar sua temperatura. Mas existe uma técnica queE serve para graduar qualquer líquido que se quiser adoptar/ usar na construção de um termómetro, seja água, óleo, etc.

Em MÁXIMO & ALVARENGA (2006:47), é explicado que na construção de uma determinada escala termométrica, são adoptadas algumas convecções arbitrárias. Estas convecções são usadas para graduar termómetro na escala celsius.

São exactamente três passos a seguir para realizar a graduação de um termómetro na escala celsius:

  1. Introduzir o termómetro em uma mistura de água e gelo em equilíbrio térmico (gelo fundente), a pressão de 1 atm.

Deve aguardar até que o termómetro entre em equilíbrio térmico com a mistura, quando altura da coluna líquida se estabiliza, marca-se zero na exterminada da coluna. Assim pode-se dizer que a temperatura do gelo em fusão (a pressão de 1 atm) é zero graus celsius e escreve-se 0º C.

  1. Introduzir depois, o termómetro em água em ebulição, a pressão de 1 atm.

Com o passar do tempo, no ponto em que a coluna liquida se estabiliza marca-se cem (100) na exterminada da coluna. Assim pode-se dizer que a temperatura da água em abolição (a pressão de 1 atm) é cem (100) graus celsius e escreve-se 100º C 

  1. Dividir o intervalo entre 0º C e 100º C em 100 partes iguais, estendendo a graduação acima de 100º C e abaixo de 0º C.

Feito isso, o termómetro estará pronto para os fornecer as temperaturas na escala celsius.

2.6. Conversão de Escalas Termométrica

Escalas termométricas são como “idiomas”, são diferentes entre si mas tem objectivo de passar a mesma informação. No geral são as diferentes formas de se indicar a temperatura de um determinado corpo através da leitura do termómetro.

De mesma maneira que se pode traduzir uma informação de um idioma para outro, pode-se também converter a temperatura de uma escala para outra. Para isso recorre-se á uma equação que relaciona uma escala de outras. Normalmente usa-se dois pontos fixos ou pontos de equivalência com outras escalas termométricas concretamente (ponto de fusão de gelo e de evaporação da água) estes pontos permitem indicar referencialmente com outras escalas os pontos mínimo e máximo respectivamente.

As escalas mais comuns e usuais, na comunidade científica são a escala Celsius, Fahrenheit e a Kelvin, também chamadas escalas absolutas.

Tabela 2: Pontos de equivalências de principais escalas termométricas.

Escalas termométricas 
Pontos de fusão de gelo 
Ponto de ebulição de  água  
Celsius
0 °C
100 °C
Fahrenheit
32 °F
212 °F
Kelvin
273 K
373 K

Fonte: CUPANE (2007: 46)

As demais escalas são sumarizadas na tabela 3

 

Tabela 3: Relação Entre Escalas Termométricas.

Fonte: KOCHIKIN & CHIRKÉVITCH (1982:75)

2.7.1. Relação Matemática para Conversão das três Principias Escalas Termométricas

A figura1 mostra a relação existente entre os pontos fixos e equivalente de temperatura em três principais escalas termométricas. Iniciaremos abordando a principais escalas mau usuais no ensino básico, são escala de graus centígrado ou escala celsius, escalas fahrenheit e escala Kelvin.    

Figura 1: Pontos equivalentes entre escalas Celsius, Fahrenheit e Kelvin

Fonte:www.Sistemasei.com.br

Para converter uma escala para outra segue-se os seguintes passos:

1º: arbitrar uma leitura em uma escala e marcar o seu correspondente noutra escala.

2º: manter a proporcionalidade entre intervalos nas duas escalas. 

3º: resolver a igualdade encontrada ate chegar a uma equação de conversão

2.7.1.      Conversão de Escalas Celsius Para Fahrenheit

Vejamos agora como fica a conversão de escalas celsius para Fahrenheit, seguindo os passos acima mencionados.

1º Passo: arbitrando uma leitura em uma escala e marcando o seu correspondente noutra escala tem-se:

Figura 2: Pontos equivalentes entre escalas Celsius e Fahrenheit.

Fonte: www.Sistemasei.com.br

2º Passomantendo a proporcionalidade entre intervalos nas duas escalas:

                                                                                  (Eq. 3.0)

3º Passo: e por fim, se escrever a igualdade encontrada até chegar a uma equação de conversão tem-se:

                                                                                                                   (Eq. 3.1)

2.7.2.      Conversão de Escala Celsius para Kelvin

Seguindo os passos acima mencionados. Vejamos agora como fica a conversão de escalas celsius para Kelvin.

1º Passo: arbitrando uma leitura em uma escala e marcando o seu correspondente noutra escala tem-se:

Figura 3: Pontos de equivalência entre escalas Celsius e Kelvin.

Fonte: www.Sistemasei.com.br

 

2º Passo: mantendo a proporcionalidade entre intervalos nas duas escalas:

                                                                                            (Eq. 4.0)         

3º Passo: resolvendo a igualdade encontrada, ate chegar a equação de conversão tem-se:

                                                                                                           (Eq. 4.1)

2.7.3.      Conversão de Escala Kelvin para Fahrenheit

1º Passo: arbitrando uma leitura em uma escala e marcando o seu correspondente noutra escala tem-se:

Figura 4: Pontos de equivalência entre escalas Kelvin para Fahrenheit

Fonte:www.Sistemasei.com.br

2º Passo: mantendo a proporcionalidade entre intervalos nas duas escalas tem-se a seguinte equação:

                                                                                           (Eq. 5.0)

3º Passo: se resolver a igualdade e encontrar a equação de conversão mais compacta:

                                                                                                             (Eq. 5.1)

Geralmente na graduação de escalas termométricas inicia-se por escala Celsius, por esse ser mais simples. De seguida fazer uma relação correspondente a outras escalas.

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