PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NA ESCOLA UMA ANÁLISE PRELIMINAR COM ALUNOS DE RECUPERAÇÃO PARALELAS.

 

 

A promoção da alimentação saudável é uma diretriz da Política Nacional de Alimentação e Nutrição e uma das prioridades para a segurança alimentar e nutricional dos brasileiros. Estar livre da fome e ter uma alimentação saudável e adequada são direitos humanos fundamentais dos povos (Ministério da saúde).

O Brasil, como vários países em desenvolvimento, passa pelo fenômeno de transição nutricional que é caracterizada pela presença de alimentação inadequada. A última Pesquisa de Orçamento Familiar revelou que o risco de desnutrição foi reduzido enquanto houve aumento da obesidade tanto em homens quanto em mulheres (IBGE - 2004).  O padrão alimentar brasileiro tem apresentado mudanças, decorrentes do maior consumo de alimentos industrializados, em substituição às tradicionais comidas caseiras. Estas transformações provocadas pelo estilo de vida moderna levam a utilização excessiva de preparações gordurosas, açúcares, doces e bebidas açucaradas (com elevado índice glicêmico) e à diminuição da ingestão de cereais e/ou produtos integrais, frutas e verduras, os quais são fontes de fibra (Silva, 2010).

A promoção de práticas alimentares saudáveis está inserida no contexto da adoção de modos de vida saudáveis, sendo, portanto, componente importante da promoção da saúde e qualidade de vida. Constitui um eixo estratégico da Política Nacional de Promoção da Saúde (BRASIL, 2006b) e uma das diretrizes da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (BRASIL, 2008a), e está pautada na concretização do direito humano universal à alimentação e nutrição adequadas e na garantia da Segurança Alimentar e Nutricional da população.

Ações de educação alimentar e nutricional e a adoção de práticas criativas de incentivo ao consumo de alimentos mais saudáveis devem ser desenvolvidas no âmbito escolar, orientando e incentivando sua comunidade aos aspectos relacionados à promoção da saúde e prevenção de doenças. Essas ações podem contribuir para uma vida mais saudável e para a prevenção das doenças veiculadas por alimentos, das doenças crônicas não transmissíveis e para o controle das carências nutricionais (Ministério da saúde).

A prevenção e controle dessas doenças e seus fatores de risco é fundamental para conter o crescimento epidêmico e as consequências na qualidade de vida da população. Podemos citar a obesidade infantil, por exemplo, ela é mais preocupante que a adulta, pois cerca de 50% de crianças que são obesas aos seis meses de idade e 80% das crianças obesas aos cinco anos de idade permanecerão com esta condição (TROIANO 1995; GOTMARKER, 1987 apud ABRANTES; LAMOUNIER; COLOSIMO, 2002). Além disso, sabe-se que, quanto mais intenso e precoce é seu aparecimento, maior o risco de persistência no adulto, sendo mais graves as co-morbidades a ela relacionadas (MAGALHÃES; AZEVEDO; MENDONÇA, 2003).

Sendo assim, os hábitos alimentares assumem importante papel, porque são estabelecidos durante a infância, consolidados na adolescência e estão diretamente relacionados ao risco do desenvolvimento dessas doenças crônicas na vida adulta (CAROLI; LAGRAVINESE, 2002).

A escola tem uma grande influência na vida das crianças, é o espaço propício à formação de hábitos alimentares saudáveis, à prática de atividade física e à construção da cidadania Sendo assim, o Ministério da Saúde e da Educação instituíram pela Portaria Interministerial nº 1.010 as diretrizes para a promoção da Alimentação Saudável nas escolas de Educação Infantil, Fundamental e nível Médio das redes públicas e privadas, em âmbito nacional.

Assim, a inserção desses temas como componentes transversais aos currículos do ensino infantil, fundamental e médio pode dar sustentabilidade às iniciativas de educação em saúde. A escola não pode ser vista apenas como um sistema eficiente para produzir educação, mas como uma comunidade humana que se preocupa com a saúde de todos os seus membros e com aquelas pessoas que se relacionam com a comunidade escolar. A escola saudável precisa, portanto, ser entendida como um espaço vital gerador de autonomia, participação, crítica e criatividade, dado ao escolar para que tenha a possibilidade de desenvolver suas potencialidades físicas e intelectuais (SECRETARIA DISTRITAL DA SAÚDE DE SANTA FÉ DE BOGOTÁ, 1997 apud PELICIONI; TORRES, 1999).

Objetivos

 

Incentivar práticas alimentares saudáveis;

Divulgar informações sobre alimentação saudável no ambiente escolar;

Sensibilizar os alunos acerca da importância da qualidade sanitária da alimentação.

Método

Participaram de estudo três alunos do projeto de recuperação paralelas (reforço), dois alunos do terceiro ciclo segunda fase (8º Ano B) e um aluno do terceiro ciclo terceira fase (9º Ano B).

Primeiramente foi realizada uma conversação sobre o tema para avaliar o nível de informações que os alunos tinham sobre o tema. Em seguida, deu-se início a exposição de informações sobre nutrição, pirâmide alimentar e a importância dos alimentos.

Após a explicação os alunos confeccionaram uma pirâmide alimentar com recortes de revistas e em seguida fizeram uma rápida explicação do trabalho que elaboraram. Em seguida, foi realizada uma conversação final para o esclarecimento de algumas dúvidas que ainda permaneciam e também para que os alunos pudessem relatar fatos do seu cotidiano relacionados ao tema.

Em outro momento, os alunos e a professora se dirigiram à cozinha e fizeram uma deliciosa salada de frutas relembrando os nutrientes e a importância de cada fruta no processo da alimentação saudável. Ao término da aula os alunos confeccionaram um relato de tudo o que aconteceu na aula, descrevendo todo o processo e a importância de uma alimentação saudável que começa na escola.

Resultados e discussão

Os alunos demonstraram muito interesse no tema, participaram das discussões, relataram fatos que aconteceram e/ou acontecem em suas famílias, perguntaram sem receio sobre as dúvidas que tinham. Isso facilitou bastante no processo, pois quando o aluno se abre para o conhecimento é muito mais fácil e prazeroso transmitir as informações, é mais simples a troca de informações e conhecimentos entre as partes.

Tanto durante a explicação, quanto durante a confecção da pirâmide alimentar, os alunos se concentraram, buscaram realizar a tarefa com  o máximo de perfeição possível, perguntando,  sempre buscando realizar com a maior seriedade. O mesmo aconteceu durante a confecção da salada de frutas, conforme se ia cortando as frutas, os alunos iam relembrando os nutrientes que os compunham e sua importância para a manutenção do corpo.

Com relação ao resumo, os alunos não tiveram nenhuma dificuldade em elaborá-lo, uma vez que os mesmos estavam tão interligados com tudo que estava acontecendo durante a aula, que relatar o acontecido foi uma tarefa simples.

Contudo, percebe-se através dessa experiência que, uma aula bem planejada, com práticas que proporcionam o aluno a interagir intensamente com o tema, é de grande importância para a aprendizagem do aluno, e o tema Alimentação Saudável fez com que essa prática se tornasse ainda mais interativa, pois é do dia a dia do aluno, é uma vivência do mesmo que pode relacionar com a aula.

Referências Bibliográficas

 

ABRANTES, M. M.; LAMOUNIER, J. A.; COLOSIMO, E. A. Prevalência de sobrepeso em crianças e adolescentes das regiões Sudeste e Nordeste. Jornal de Pediatria, [S.l.], v. 78, n. 4, 2002.

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde e prevenção nas escolas: guia para formação de profissionais de saúde e educação. 1ª ed. Brasília, Ministério da Saúde, 2006b. IBGE, 2004

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual do professor: promovendo a alimentação saudável. 1ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2008a. No prelo.

CAROLI, M.; LABRAVINESE, D. Prevention of obesity. Nutrition Research, [S.l.], v. 22, 2002.

SILVA MX, Almeida DF, Ruiz AS, Soares B, Almeida F, Silva JXS, Pedrosa C, Pierucci APT. Nutrição escolar consciente: oficinas de culinária para alunos do ensino fundamental das escolas públicas do município de Duque de Caxias/RJ (2010).

Ministério da saúde, Secretaria de atenção à saúde, Departamento de atenção básica coordenação geral da política de alimentação e nutrição. Dez Passos para a Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas.

MAGALHÃES, V. C.; AZEVEDO, G.; MENDONÇA, S. Prevalência e fatores associados a sobrepeso e obesidade em adolescentes de 15 a 19 anos das regiões Nordeste e Sudeste do Brasil - 1996 a 1997. Cad. Saúde Pública, [S.l.], v. 19, (Suppl. 1), p. 129-39, 2003.

PELICIONI, M. C. F.; TORRES, A. L. A Escola Promotora de Saúde. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1999. (Série monográfica, n. 12).