PROJOVEM CAMPO E O CURRÍCULO INTEGRADO ? DESAFIOS METODOLÓGICOS
Maria Eliane Teles Ferreira

Resumo: Este trabalho analisa a proposta curricular de uma experiência do Programa Nacional de Educação de jovens Integrada com Qualificação Social e Profissional para Agricultores (as) familiares ? ProJovem Campo Saberes da Terra - no Estado do Ceará, cidade de Mauriti, no período de 2009 a 2011. O Programa tem como objetivo ofertar o Ensino Fundamental integrado à Educação Profissional na modalidade de Educação de Jovens e Adultos como parte de uma política educacional para a juventude, que busca reconhecer as necessidades próprias dos sujeitos do campo, sua diversidade e a realidade diferenciada, reconhecendo-os como sujeitos de sua história. Sua proposta metodológica é a Pedagogia da Alternância baseada num currículo integrado. Esta pesquisa foi baseada no acompanhamento da realização do Programa e busca identificar as dificuldades enfrentadas na utilização desta metodologia. Nos resultados das observações percebemos as limitações e os avanços no desempenho dos educandos (as) e dos (as) educadores (as) na utilização desse tipo de metodologia.

Palavras - chave: Agricultura familiar. Juventude. Cidadania. Educação. Curriculo.

Abstract: This paper analyzes the response of a curriculum experience of the National Education Program with Integrated Youth Social and Professional Qualification for Farmers (the) families ProJovem Field Knowledge of the Earth the state ofCeara, Mauriti City,from 2009 to2011. The program aimsto offerintegrated elementaryschool to professional training in themodality of Youth and Adults as part of an educational policyforyouth, which seeks to recognize the specific needs of thoseinthefield, its diversity and different reality, recognizing as subjects of their history. His proposed methodology is based on the Pedagogy of Alternation an integrated curriculum. This researchwas based on monitoring the implementation of the Programmeand seeks to identify the difficulties encountered in using this methodology. The results of the observations we realize the limitations and advances in the performance of students(as) and(as) educators (the) use of such methodology.
Key - words: Family agriculture. Youth. Citizenship. Education. Curriculum.




1. O programa

O Programa Nacional de Educação de jovens Integrada com Qualificação Social e Profissional para Agricultores(as) familiares ? ProJovem Campo Saberes da Terra - foi criado com o propósito de levar educação ao jovem do campo, visto que de acordo com as pesquisas populacionais e educacionais, na faixa etária de 18 a 29 anos existem mais de seis milhões de jovens agricultores, e a desigualdade entre os níveis de escolaridade dessas pessoas que vivem no campo e os que vivem nas cidades está claramente demonstrada nas pesquisas.
Para enfrentar esses problemas, não basta a mera oferta de escolarização, como extensão de uma escola urbana. É preciso que seja uma política educacional adequada aos povos do campo e que integre os conhecimentos próprios do ensino fundamental adequado e os de qualificação social e profissional, partindo da compreensão do campo e de suas especificidades, articulando os saberes populares aos saberes científicos, visando o desenvolvimento da solidariedade e a emancipação. Vendramini (2007) diz que,

No que se refere à educação e escolarização em meio rural [...] observamos que esta vem conquistando espaço, nos últimos anos, nos debates e nas políticas educacionais no Brasil. É preciso compreender que ela não emerge no vazio e nem é iniciativa das políticas públicas, mas é fruto de um movimento social, da mobilização dos trabalhadores do campo, da luta social. Uma importante e significativa mudança de teoria e de prática no que se refere à educação rural foi o movimento nacional desencadeado para a construção de uma escola do campo vinculado ao processo de construção de um projeto popular para o Brasil, que inclui um novo projeto de desenvolvimento para o campo. (VENDRAMINI, 2007, apud ANTONIO, 2008, P.73)

É preciso, ainda, superar a dicotomia entre a Educação Básica e a formação profissional. Para que isso ocorra, é necessário investir na formação continuada de educadores (as), de modo a promover a integração efetiva dos conhecimentos e fortalecer o desenvolvimento de metodologias adequadas às especificidades da EJA do campo, conforme já reconhecido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9.394/96. Reconhecendo as especificidades da Educação do Campo, a referida Lei estabelece no seu Art. 28º que:

Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias a sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente:
I -conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural;
II - organização escolar própria incluindo a adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas;
III - adequação ao trabalho na zona rural.

O currículo do Programa é integrado e organizado por eixos ? articulador e temáticos ?, sendo o eixo articulador a agricultura familiar e a sustentabilidade, e os temáticos: agricultura familiar ? etnia, cultura, identidade, gênero e geração; sistemas de produção e processos de trabalho no campo; econômica solidária; desenvolvimento sustentável e solidário com enfoque territorial, cidadania, organização social e políticas publicas.
A qualificação profissional e social dos jovens tem como Arco Ocupacional a Produção Rural Familiar interrelacionada aos eixos articulador e temáticos. O arco Ocupacional consiste num conjunto de ocupações relacionadas a uma base comum: a agroecologia, contemplando as esferas da produção e da circulação de bens produzidos, na perspectiva de oportunizar uma formação ampla, potencializando a inserção ocupacional dos trabalhadores(as) do campo. A concretização dos pressupostos contidos no projeto político-pedagógico do programa requer que os elementos metodológicos sejam apropriados e vivenciados por todos os sujeitos educativos no seu desenvolvimento.

2. Percurso formativo

A elaboração do percurso formativo do ProJovem Campo ? Saberes da Terra foi embasada nos Seminários Nacionais de Formação, nas reuniões nacionais do Programa, na produção de material didático dos Estados participantes da experiência piloto e nas visitas técnicas do MEC, a fim de subsidiar gestores e sujeitos educativos do campo, sendo mediado pelas idéias, concepções e valores dos sujeitos envolvidos na caminhada local do ProJovem Campo.

O Percurso Formativo é concebido como o processo vivencial do currículo integrado do Programa ProJovem Campo ? Saberes da Terra, nas dimensões pedagógica e metodológica, e proposto na perspectiva de possibilitar aos sujeitos educativos diferenciadas formas e momentos de produção de conhecimento, apropriação de aprendizagens, que se alternem e se complementem no processo de estudo por meio de experiências educativas que envolvam os indivíduos num processo consciente de produção cultural. (BRASIL, 2008, p.13)


O programa assume a concepção de currículo integrado, compreendido como um processo que articula os saberes científicos aos saberes populares, num movimento de mão dupla em que se trabalha com a ciência e com a realidade, objetivando-se a produção de novos saberes, que permitam a transformação dessa mesma realidade.

Nessa dinâmica, é possível organizar o processo formativo na perspectiva de provocar a produção de uma nova cultura, da ética e da solidariedade, do comportamento critico e responsável, da alegria e da criatividade, da vida coletiva e compartilhada, da humanidade emancipada. (BRASIL, idem, p.22)


Os componentes metodológicos do Percurso formativo do Programa, do tempo escola/comunidade e da pesquisa são:
a) Plano de pesquisa;
b) Circulo de diálogos;
c) Partilha de saberes.
O plano de pesquisa ocorrerá no tempo escola e é composto da definição da problemática e da organização da pesquisa, com a escolha das questões orientadas pelos saberes dos Eixos Temáticos combinadas com o Eixo Articulador e com o Arco Ocupacional. Sua realização ocorrerá no tempo comunidade.
O círculo de diálogos é composto pela sistematização da pesquisa, a realização de jornadas pedagógicas e a produção de sínteses. Todos os passos são realizados no tempo escola. Nesse momento serão organizados os dados coletados no tempo comunidade, na perspectiva de aproximação da análise da realidade pesquisada e a produção de sínteses referentes ao Eixo Temático.
A Partilha de Saberes consiste no dialogo dos educandos (as) com as famílias e a comunidade, na perspectiva de compartilhar os saberes construídos e assim melhorar a qualidade das relações sociais e produtivas no campo.
Tendo o trabalho e a pesquisa como princípios educativos, os educandos (as) devem ser incentivados (as) a elaborar e desenvolver projetos produtivos inovadores, coerentes com os princípios da cooperação, da agroecologia e da sustentabilidade. Esses projetos, preferencialmente, coletivos, deverão ser formulados pelos próprios jovens, como parte do processo educativo, em conjunto com a equipe de educadores (as), a partir da realidade dos educandos (as), suas famílias e comunidades, considerando suas necessidades, desafios, potencialidades e interesses concretos, visando desenvolver práticas, experiências e iniciativas voltadas à melhoria de suas condições de trabalho, produção e vida.

2. O Currículo Integrado

O Programa ProJovem Campo Saberes da Terra baseia-se na construção de um currículo que tem como referência principal a formação humana e o modo de produção e reprodução da vida das comunidades do campo, objetivando uma formação geral integrada com a qualificação social e profissional. Nela, a atualização dos conhecimentos necessários ao mundo do trabalho no campo sempre em mudança, deve necessariamente reconhecer, por um lado, o conhecimento acumulado pelos (as) agricultores (as) familiares em sua cultura e sua trajetória e, por outro, a dimensão tecnológica e organizacional cada vez mais presente no campo.
Como o foco do Programa é o jovem agricultor familiar, enquanto sujeito histórico, o currículo integrado articula dinamicamente trabalho e ensino, prática e teoria, ensino e comunidade, tendo fundamentalmente as características sócio-culturais do meio em que este processo se desenvolve. Nele, um conceito específico não é abordado de forma técnica e instrumental, mas visando a compreendê-lo como construção histórico-cultural no processo de desenvolvimento da ciência com finalidades produtivas, pois nenhum conceito apropriado produtivamente pode ser formulado ou compreendido desarticuladamente das ciências e das linguagens.
Este currículo é uma opção que permite uma efetiva integração entre ensino e pratica profissional, com a busca de soluções especificas e originais para diferentes situações, permitindo contribuições imediatas para a comunidade e a adaptação à realidade e aos padrões culturais próprios de uma determinada sociedade

A integração de campos do conhecimento e experiência teria em vista facilitar uma compreensão mais reflexiva e crítica da realidade, ressaltando não só dimensões centradas nos conteúdos culturais, mas também o domínio dos processos necessários ao alcance de conhecimentos concretos, a compreensão de como o conhecimento é produzido e as dimensões éticas inerentes a essa tarefa (SANTOMÉ, 1998).

A proposta de currículo integrado é, portanto, a que parece melhor atender às necessidades de integrar ensino e trabalho na formação do jovem do campo. Entretanto, para alguns defensores da organização disciplinar, como Beane (1997 In: MATOS e PAIVA, 2009, p.12), propostas de currículo integrado podem se constituir em risco, na medida em que poderiam impedir a transmissão dos principais conceitos de cada área do conhecimento. Lopes (2008 In: MATOS E PAIVA, idem) coloca que,
Alegam também os autores que os professores não estariam preparados para o trabalho com conhecimentos tão diversos, além do risco de que a integração leve a uma articulação artificial de conceitos que se referem a domínios distintos.

A implementação do currículo integrado requer, portanto, um conhecimento profundo de seu funcionamento para que as aprendizagens ocorram da maneira desejada.

3. A Pedagogia da Alternância

A organização dos tempos formativos do proJovem Campo Saberes da Terra está baseada na alternância pedagógica, entendida como uma metodologia que combina períodos integrados de formação na família/comunidade, possibilitando, dessa forma, a flexibilização da organização do trabalho pedagógico em alternâncias e adequando-o à realidade dos sujeitos educativos.

A metodologia da alternância consiste em integrar momentos de formação em diferentes tempos e espaços educativos ? na escola e na comunidade -, possibilitando a construção de um processo de ensino-aprendizagem integral, amplo e em movimento de complexidade crescente. (BRASIL, 2008)


A metodologia da alternância consiste em realizar atividades educativas na escola ? tempo escola -, a partir do dialogo de saberes científicos, com os saberes populares observados no campo ? tempo comunidade, objetivando construir os saberes integrados. Estes saberes construídos durante o processo formativo contemplam os conhecimentos constantes nas Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental (Resolução CEB/CNE nº02) e nas Diretrizes Operacionais para a Educação básica nas Escolas do Campo (CNE/CEB nº 01) que também dão respaldo para a flexibilidade dos tempos formativos em alternância nas escolas do campo. De acordo com o Projeto Base (BRASIL, 2009, p.38), para a implementação da Pedagogia da Alternância, são necessárias algumas condições diferenciadas:
a) Adequação do calendário escolar ? o calendário deve respeitar e valorizar o calendário de produção (agrícola, extrativista, pesqueiro) e o regime de alternância mais apropriado ao desenvolvimento do curso e participação dos educandos. As atividades do tempo-escola poderão ocorrer diariamente, em etapas intensivas, em finais de semana ou numa combinação entre as opções anteriores, sempre intercaladas com atividades do tempo-comunidade a serem desenvolvidas nas unidades familiares e/ou comunidades, individualmente ou em grupos.
b) Organização das alternâncias de tempos e espaços pedagógicos ? Observando que as atividades do tempo-comunidade precisam ser devidamente planejadas, durante o tempo-escola e, na sua execução, acompanhadas pelos educadores responsáveis pela turma.
c) Exigência de formação continuada dos profissionais em exercício ? abordando as temáticas da organização curricular e outros temas necessários ao conhecimento e domínio da concepção teórico e prática do Programa e da Educação do Campo.
d) Forma de contratação, carga horária e forma de atuação da equipe de educadores ? Materializar a concepção do Programa exige, neste aspecto, uma atuação diferenciada dos educadores que deverão trabalhar colegiadamente, em equipe, com atribuições intercomplementares. Diferentemente da escola convencional, o ProJovem Campo ? Saberes da Terra exige planejamento coletivo da equipe, no mínimo semanalmente, para que as atividades do tempo-escola e do tempo-comunidade sejam executadas coerentemente com o que se propõe.
Assim como o profissional das Ciências Agrárias deve participar ativamente no planejamento e execução do conjunto das atividades, como educador da turma, o
acompanhamento às atividades do tempo-comunidade também são de responsabilidade de toda equipe. Obviamente, dependendo do tema e do foco da atividade, um ou outro profissional terá papel diferenciado de coordenação, conforme sua experiência e área específica de formação.

3. A implantação do Projeto em Mauriti

O ProJovem Campo Saberes da Terra foi implantado em Mauriti em outubro de 2009, com duas turmas: uma no distrito de Buritizinho e outra no de Palestina. As turmas contavam inicialmente com aproximadamente 35 alunos, com a escolaridade variando do 2º ao 8º ano do Ensino Fundamental.
Na turma de Buritizinho, aproximadamente 40% dos alunos moravam nos sítios que compunham o distrito, mas distantes até 09 km da escola. O transporte ficou a cargo da Prefeitura Municipal, e os alunos vinham nos ônibus que transportavam os alunos do Ensino Médio para a sede do município.
Os professores, moradores na sede do distrito, eram transportados em carros da prefeitura. Todos com Licenciatura na área específica trabalhavam, durante o dia, em locais diferentes, e foram contratados pela SEDUC, para lecionar no ProJovem Campo com carga horária de 20 h/a semanais cada, sendo a carga horária do Técnico Agrícola de 30 h/a semanais, este contratado pelo IDT.
A escola do distrito de Buritizinho, onde foi instalada a turma, possui uma ótima estrutura. No turno da noite funcionava apenas a turma do ProJovem e havia uma auxiliar de serviços gerais e uma merendeira para atendê-los. A escola contava com computador ligado à internet para uso dos professores, maquina de xérox, aparelho de DVD, televisor e data show. A sala era bem iluminada, com carteiras para todos os alunos e ventiladores.
Ao lado do prédio anexo da escola há uma área cercada, de aproximadamente 400m2, onde antes funcionou uma mandala. Há uma caixa d?agua, motor, porém não havia encanação de água. Nesta área foi implantada a UTD.

4. Dificuldades enfrentadas para a implantação do currículo Integrado e do acompanhamento das alternâncias

Apesar de a escola oferecer condições estruturais para o bom andamento do Projeto, a primeira dificuldade enfrentada pelos educadores foi a de lecionar uma turma com níveis de conhecimentos tão variados.
A segunda maior dificuldade foi o distanciamento da residência de boa parte dos alunos, o que, por muitas vezes, atrapalhou o bom andamento das aulas por sua ausência devido a problemas com transporte, período chuvoso, etc.
A terceira dificuldade foi a aplicação do currículo integrado na modalidade da pedagogia da alternância. Apesar de haver a formação para os educadores (as), realizada em conjunto com os educadores (as) das outras cidades, a metodologia utilizada pelos formadores não conseguiu atingir seus objetivos, talvez até por desconhecimento dos mesmos.
Esse fato sugere a sua inexperiência com relação ao processo pedagógico sobre os fundamentos do currículo integrado, e a falta de clareza do papel do docente durante o tempo comunidade. Tais contradições são relevantes na configuração das dificuldades apresentadas pelos estudantes no seu desenvolvimento.
Infelizmente a educação nos moldes da educação bancária, predominou no processo de ensino aprendizagem, quando se percebe que os estudantes assumiram um papel passivo de receber, memorizar e repetir o conteúdo, conforme os princípios da aprendizagem mecânica.
O trabalho baseado em pesquisa de campo requer a presença de um orientador para acompanhá-los. No entanto, todos os educadores (as) contratados para o programa exerciam outra atividade remunerada durante o dia, alem da distancia a percorrer entre as comunidades onde residiam os educandos (as) e a UTD. Dessa maneira como realizar um acompanhamento efetivo?
Para que a aprendizagem fosse efetivada seria necessário observar em alguns pontos:
? Deveriam ser contratados educadores (as) que pudessem dedicar 40h/a exclusivamente ao Programa ProJovem Campo Saberes da Terra, com salário adequado, como acontece nas escolas Profissionalizantes;
? O coordenador da turma deveria ser contratado e remunerado para que pudesse substituir e subsidiar os educadores durante a realização do tempo comunidade, e não ser indicado por trabalhar na escola sede do Programa;
? Os educandos (as) selecionados deveriam possuir um nível de conhecimento aproximado para evitar discrepâncias durante o processo ensino/aprendizagem;
? As UTD?s deveriam ser bem equipadas com material necessário para sua manutenção e manuseio, como por exemplo: mudas de arvores frutíferas e verduras, sementes, ferramentas, fertilizantes, defensores agrícolas, água potável, etc.
? Todos os educandos (as) deveriam residir nas proximidades da escola para que houvesse um melhor acompanhamento do tempo comunidade.
O que se observou é que a maioria dos educandos (as) não conseguiu absorver a importância do Projeto para a melhoria de sua qualidade de vida. Muitos deles sequer realizou corretamente o tempo comunidade, por não ser um agricultor ativo, por não ser bem orientado de como proceder durante a pesquisa.
Quanto à escolaridade o desnivelamento é imenso, pois os educadores (as) não tinham condições de reforçar aqueles com mais dificuldades de aprendizagem. Pois como acompanhar individualmente um educando com uma carga horária suficiente apenas para o trabalho em sala.
Percebe-se que existem muitos obstáculos a serem superados para que a educação no campo utilizando-se da pedagogia da alternância, com currículo integrado, realmente se dê em condições satisfatórias.

4. Conclusões

De acordo com a vivencia no ProJovem Campo, em Mauriti, mais especificamente no distrito de Buritizinho, observou-se que a implantação do currículo integrado não se deu de forma efetiva. Houve um distanciamento entre o currículo proposto e o realizado. Os conteúdos desenvolvidos ficaram na teoria, não sendo mobilizados, em situação prática de aprendizagem, como o desejado.
Nesse momento, nos deparamos com indagações que pressupõem temas para outras pesquisas; assim apontamos que seria necessário investigar na programação das próximas turmas a maneira como serão construídas as seqüências de atividades, considerando a metodologia da problematização, aprendizagem significativa, os processos avaliativos utilizados e a relação entre os sujeitos da aprendizagem: educador/educando.
O desenvolvimento dessas questões traria uma importante contribuição, pois apenas a verificação da aplicação realizada em uma única comunidade não é suficiente.

Referencias Bibliográficas

LOPES, Alice R. C. Políticas de integração curricular. Rio de Janeiro: Ed. da UERJ, 2008.

BEANE, J. A. In MATOS, Maria do Carmo de. PAIVA, Edil Vasconcellos de. Currículo Integrado e Formação Docente: Entre Diferentes Concepções e Práticas. 2009. Disponível em:
< www.ufsj.edu.br/portal.../Maria%20do%20Carmo%20e%20Edil.pdf > Acesso em: 25/04/2011.

BRASIL, Projeto Base ? ProJovem Campo Saberes da Terra. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade - Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. Brasília, 2009.

VENDRAMINI, C. R. Aprendizagens coletivas no movimento dos Sem Terra. 2007. In: ANTONIO, Clesio A. O currículo e escolas do campo: questões político-pedagógicas em superação. 2008. Disponível em: <http://www.ufsm.br/ce/revista> Acesso em 28/03/2011.

SANTOMÉ, Jurjo Torres. Globalização e interdisciplinaridade ? o currículo integrado. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.