1- Introdução:
Esta pesquisa é sem dúvida uma experiência procurando compreender a realidade nas dificuldades em ensinar Geografia por meio de análise e práticas vivenciadas por professores e alunos da Escola Estadual Santa Elvira, bem como desenvolver quais as dificuldades em que os professores encontram em ensinar e os alunos em aprender os conteúdos propostos pela Geografia, percebendo que o comportamento diante da disciplina se dá pela falta de formação na área. Refletir sobre essas dificuldades de ensinar Geografia, com propósito de reunir elementos capazes de significar o trabalho dessa disciplina em sala de aula é fundamental que o aluno situe-se no tempo e no espaço, percebendo assim as transformações que ocorrem no percurso da vida humana, pois a Geografia cada vez mais está inserida no modo de vida das pessoas, para conhecer a área, não só como ferramenta de ensino no aspecto didático, mas também no aspecto socioambiental
Aqui a didática vai além de conhecimento de professor ou de capacidades acadêmicas, ela passa a ser a junção de pensamentos sociológicos e filosóficos sobre diversos temas.
A atuação do professor no ensino nas escolas públicas é preocupante e desgastante, e foi pensando nisso que se tentou encontrar nesses professores, seus principais anseios, angústias e dificuldades encontradas no seu dia-a-dia, dentro e fora da sala de aula.
A responsabilidade social do professor de Geografia, perante a velocidade com que os fenômenos ocorrem neste período pós-moderno suplanta rapidamente os dados contidos nos livros didáticos.
A escola não é apenas uma instituição indispensável para a reprodução do sistema. Ela é também um instrumento de libertação que contribui em maior ou menor escala, dependendo de suas especificidades para a cidadania desenvolver o pensamento crítico das pessoas sem os quais não se constrói qualquer projeto de libertação individual ou coletivo.
É por essa real preocupação que resolvi escrever sobre as dificuldades voltadas para a Geografia nesta escola onde há uma carência grande em professores que ainda não são habilitados para essa disciplina, como todos sabem o ensino de uma forma geral e especificamente a Geografia passa por profunda dificuldade e crise onde o saber ensinado aos alunos esta longe de permitir a eles sequer entender o mundo, quanto mais transformá-lo.
É importante ressaltar que esta pesquisa trará para a realidade desta escola uma nova visão de melhoria e uma reflexão sobre a preparação dos alunos para se ingressar em uma universidade e para o mercado de trabalho.
Com base nesta pesquisa procura-se reafirmar a importância de trabalhar ancorado na realidade concreta, em que estão inseridos os alunos da escola pública de Ensino e programar na mesmo, um trabalho voltado para a formação integral desse sujeito social, pois o ensino está mais moderno do que nunca, para isso o professor deve estar sempre atualizado com uso de novos recursos e métodos, como uma importante ferramenta na didática da Geografia.
Dentro dessa perspectiva de uma Prática Pedagógica que busca tornar os alunos sujeito do processo de aprendizagem é importante constatar que o professor do Ensino Fundamental e Médio também é desmotivado em relação às aulas de Geografia tanto quanto os alunos, trata-se de uma tentativa de oferecer subsídios aos profissionais que procuram novas formas de atuar no Ensino da Geografia dando condições para resgatar as experiências do cotidiano, analisando-as e estabelecendo relações entre elas numa dimensão espaço-temporal, pois conhecimento no ensino da Geografia é a base para a formação do aluno.

2- Problemas:
A falta de profissionais habilitados em Geografia e a problemática na formação dos mesmos tem sido uma das grandes dificuldades em ensinar Geografia nesta escola, os tem levado a uma baixa produtividade e qualidade no ensino/aprendizagem que precisa ser questionada.

3-Revisão bibliográfica:
Infelizmente devido à falta de formação específica na área em que atuam, as dificuldades no ato de educar a maioria dos professores encontra-se desmotivado e apresenta baixo rendimento assim continua reproduzindo fórmulas antigas como receituário ficando então a seguir o livro didático, como cadernos, atividades, plano de aula, e avaliações, ou seguir programas que listam conteúdos para todo território nacional desprezando as realidades regionalizadas nas quais os alunos estão inseridos como incumbência do Ministério da Educação (MEC) de promover a modernização das escolas brasileiras.
A prática tradicional de ensino foi difundida sendo possível encontrar seus vestígios na sociedade atual quando a própria ciência geográfica já passou por profundas modificações.
As raízes desse período se refletem na sala de aula de hoje, onde parece ser uma disciplina de pouca importância para os alunos que para passar, apenas é preciso memorizar, isso acaba por distanciar a geografia da realidade, que é seu principal papel ficando nas mãos de poucos o seu verdadeiro significado, Castrogiovanni diz que:
Muitos ainda acreditam que a Geografia é uma disciplina desinteressante e desinteressada, elemento de uma cultura que necessita da memória para reter nomes de rios, regiões, países, altitudes, etc. Nesta primeira década do século XXI a Geografia mais do que nunca coloca seres humanos no centro das preocupações por isso pode ser considerada também como uma reflexão sobre aqueles que detêm os seus conhecimentos. (CASTROGIOVANNI, 2007, p.42)

Dentro deste contexto surge o desinteresse dos alunos em estudar e aprender assim considera cabível a origem da desmotivação dos alunos a própria aula de Geografia, que em muitos casos não possui o papel de inserir o aluno nos conteúdos através de suas experiências e do diálogo. Precisamos de professores de geografia com conhecimento, que acompanhe as mudanças, trazendo transformações para a realidade da sala de aula, para que isso aconteça é necessário acabar com a educação bancária no Ensino da Geografia conforme (Freire, 1987); nessa educação o professor deposita conhecimento nos educando que memorizam e meramente repetem nas provas. O conhecimento torna-se assim meramente uma transposição de idéias que na verdade não são dos alunos.
O professor precisa estar motivado para dar uma boa aula, no entanto muitos estão nessa profissão por falta de opção no mercado de trabalho, estando desmotivado com piso salarial baixo, precisando ter muitas turmas, o que lhes tira o tempo suficiente para planejar essa boa aula. E, além disso, se deparam com a falta de recursos didáticos nas escolas públicas o que também impedem de trazer novos métodos para trabalhar suas aulas, cabe ao professor vencer o pensamento de Geografia estática que foi por muito tempo repassado nas escolas como forma de manutenção da sociedade hierarquizada. Para isso é preciso instigar a curiosidade do aluno para que ele possa trazer suas contribuições para a sala de aula, gerando um espaço onde haja troca de conhecimento, diálogo e contato com a realidade diferente, isso ocorre quando o professor sente seguro do conhecimento adquirido para exercer seu papel de educador. Assim somente através de uma educação critica que problematize a própria realidade será possível vencer com as dificuldades e decadências existentes no ensino da Geografia, Vesentini afirma que:
A realidade vigente nas escolas brasileiras em geral existe raríssimas exceções é extremamente precária, além dos problemas de baixo salário dos professores, do elevado numero de aulas por semana que eles são obrigados a cumprir, e do excesso de alunos por sala, devemos acrescentar ainda a falta de equipamentos, tudo isso é agravado pelos preconceitos contra a disciplina (e contra a humanidade em geral consideradas secundárias) que fica com uma carga horária reduzida e não pode reprovar ou reter nenhum aluno, naqueles Estados onde isso ainda existe e enfrenta uma enorme dificuldade para operacionalizar os estudos do meio, que são importantíssimos na sua prática educativa. (VESENTINI, 2007, p.235)

O autor expressa a realidade do nosso país a face da desvalorização do ensino e da carreira docente, falta dos recursos nas escolas salários baixos onde o docente muitas vez não tem nem mesmo condições para fazer uma graduação especifica na área, o que faz com que o professor em geral disponha de tempo para preparar cuidadosamente suas aulas. Em diversas vezes de forma burocrática e autoritária, as autoridades brasileiras querem condenar os professores, porém a falta de apoio com que sane as dificuldades do Ensino tem sido enorme em vez de aumentar o salário, capacitar o profissional e melhorar suas condições de trabalho, impõe de cima para baixo novas guias ou propostas curriculares redigidas por alguns poucos professores relacionados com a máquina estatal.
Portanto, para Lacoste citado por Vesentini (2008), nos mostra que o ensino da Geografia nos põe uma importante responsabilidade: a formação dos futuros cidadãos, pois para ele a dificuldade de ensinar essas disciplinas é muito complicada e delicada, pois é indispensável também uma intensa formação prévia dos docentes.
Mudar a realidade requer modificações em toda a estrutura escolar, partindo do professor sair do padrão estipulados nos livros didáticos que muitas vezes apresentam realidade diferenciada do lugar onde os alunos vivem, usando este pensamento de Castrogiovanni evidencia que:
Para que esta mudança ocorra, os professores e a instituição da Escola no sal complexidade deve estar comprometida com o que chamamos de fazer sociedade e cidadania. A escola deve provocar o educando para conhecer e conquistar o seu lugar no mundo em uma teia de justiça social parece ser simples, mas não, é no mínimo desafiador como toda prática pedagógica. (CASTROGIOVANNI, 2007, p.44).

Neste contexto é preciso vencer essas dificuldades para tornar significativo o contexto das aulas para os alunos sendo que a ciência Geográfica por tratar diretamente com a realidade, abre um leque de possibilidade para trabalhar seus temas na escola. Instigar e utilizar o posicionamento dos alunos, problematizarem os temas e trazer diversificados para as aulas que despertam o interesse dos mesmos, pode contribuir para a inserção deste, como sujeito do processo pedagógico, contribuindo para que possa intervir diante das injustiças sociais.
A disciplina de Geografia muitas vezes envolve conteúdos que, para compreensão do aluno faz-se necessário o uso de diferentes recursos didáticos sendo o aluno e professor agentes conjuntos, onde esses professores buscam nos seus conhecimentos essa prática evitando assim as deficiências que surge no ensino da Geografia.
É possível nesse sentido evidenciar as contribuições de uma boa formação superior no momento da práxis, pois é na pratica que se pode e deve lançar mão de todo saber adquirido como: planejamento, estrutura da aula, recursos didáticos, métodos, experiências e a própria atuação profissional sobre a prática.
O professor de uma disciplina especifica com uma atitude interdisciplinar abre possibilidades de ser um professor-pesquisador porque deve selecionar os conteúdos, métodos e técnicas trabalhadas em sua disciplina e disponibiliza-los para contribuir com um objeto de estudo em interação com os professores das demais disciplinas. (Pontuschka,2009 p.145)


Este autor afirma que o professor deve conhecer bem a disciplina e se sentir seguro ao assumir o compromisso de transmitir ao aluno seu conteúdo de forma positiva, sabe-se que um professor não habilitado em Geografia na maioria das vezes busca subsídios apenas em livros didáticos sem um real compromisso com o aluno, ficando assim alienado ao mecanismo sistemático e sem a responsabilidade de exercer o saber e o aprender com o conhecimento que adquire através de uma formação específica, instiga o aluno que permanece com a dúvida do seu próprio entendimento.
O professor de Geografia não tem sido condições na maioria das vezes para formar dentro de um processo crítico que lhe permita também tornar-se um verdadeiro "juiz crítico" do livro didático, e passa a ser vitima deste, partindo de uma premissa que nem sempre é verdadeira. Nesse processo o professor foi perdendo, ou não teve a oportunidade de formar a sua condição de produtor de conhecimento, a realidade é que os alunos estão cada vez mais se distanciando o seu entendimento de uma Geografia crítica que não só estuda mapas, regiões e lugares, mas que mostra a formação sócio espacial do seu cotidiano, o papel da Geografia é de ensinar fatos ou acontecimentos, quando o professor busca através de sua formação e de seu conhecimento, ele procura fazer com que o aluno seja co-autores do saber, elabora textos a partir da realidade de seus alunos.

3.1- Caracterização da Escola:
A Escola Estadual Santa Elvira situada no distrito de Santa Elvira município de Juscimeira- MT, foi publicada em 22 de julho de 1974, é mantida pela rede oficial de Ensino do Estado de Mato Grosso, onde sua modalidade de Ensino é o ciclo de formação Básica que é o Ensino fundamental dividido em ciclos e fases, autorizado pela resolução de nº 849/76, e reconhecida pela portaria de nº 3277/92, o Ensino Médio não profissionalizante autorizado pela resolução de nº 317/01 de 2001, pela portaria nº 514/04 CEE/MT, e ainda a modalidade de Ensino Educação Jovens e Adultos-EJA. A Escola atende os três turnos matutino, vespertino e noturno, um total de 487 alunos, sendo que essa escola é a única no distrito por isso é considerada como escola rural, onde atende os alunos dos sítios, fazendas e assentamentos, possui uma equipe de 48 funcionários, divididos em Gestores, Professores, Técnicos e Apoio Administrativos. A escola até o momento presente não possui professores formados e habilitados em Geografia, também não são efetivos ficando assim a contratar professores de outras áreas como: Pedagogo, Ciências Biológicas e ate Educação Física, existe somente um professor efetivo formado e habilitado em História, onde contribui com algumas aulas da disciplina de Geografia.
A escola é ampla espaçosa com quadra poliesportiva, e bem organizada, porém não oferece grande conforto devido à estrutura do prédio onde necessita urgente de uma reforma, os trabalhos com a disciplina de Geografia são de grandes dificuldades não tendo assim um meio de condições para trabalhar conforme o planejamento exige devido à falta de recurso.

4- Hipótese:
Como hipótese para a dificuldade no ensino aprendizagem, parte-se do pressuposto que o motivo pode estar na formação destes professores que não possuem habilitação na área em que atuam, pois é baixa a qualidade do ensino, sendo assim há uma grande dificuldade em ensinar, onde os professores buscam entre si, a construção de seu próprio conhecimento através do livro didático, da formação continuada e de planejamento ou estudos em grupo para que possam transmitir aos alunos.
Sabe-se que o professor que possui um conhecimento e uma formação específica em Geografia tem maior facilidade em estar procurando novas formas de ensinar, para que o aluno tenha maior interesse em suas aulas e não a torne cansativa para o mesmo.

5- Objetivos:
5.1- Geral:
? Identificar e analisar as dificuldades no Ensino Médio e a formação do professor na Escola Estadual Santa Elvira.

5.2- Específicos:
? Verificar a formação do professores que lecionam a disciplina de geografia na Escola Estadual Santa Elvira;
? Analisar os métodos e técnicas utilizadas pelos professores que trabalham com o Ensino da Geografia;
? Identificar que a complexidade dos conteúdos exige profissionais com formação específica na área;

6- Metodologia:

6.1-Método de abordagem:
? A pesquisa busca através de um método hipotético-dedutivo, fazer um levantamento dos problemas que existe no processo ensino aprendizagem através de investigação e observação, fazendo deduções até chegar a uma provável conclusão.
6.2-Técnicas e dados:
? Fazer levantamento bibliográfico com vários autores que trabalham com a temática: formação de professores, para a obtenção de um maior subsídio teórico metodológico a que propõe o trabalho proposto;
? A pesquisa também terá como base a análise do registro escolar dos alunos através de notas e conceitos para avaliar o aproveitamento do conhecimento obtido nas series em que estão matriculados;
? Realizar entrevistas com os professores que atuam na disciplina de geografia e os alunos do ensino médio, através de questionários com a maioria das perguntas fechadas para facilitar a tabulação e algumas perguntas abertas para facilitar a analise, que porventura não seja possível através do questionamento com perguntas fechadas;
? Confeccionar um mapa do município de Juscimeira localizando a Escola Estadual Santa Elvira e o seu entorno.

Referencias Bibliográficas

FREIRE, Paulo: Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a prática educativa-São Paulo: Paz e Terra, 1996(coleção Leitura)

OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de: Para onde vai o ensino de Geografia? 9.ed,1ª reimpressão-São Paulo: contexto 2008.

CARLOS, Ana Fani Alessandri: A Geografia na Sala de Aula 7.ed.-São Paulo:contexto,2005.

PONTUSCHKA, Nídia Nacib, Para ensinar e aprender Geografia/ Nídia Nacib Pontuschka, Tomoko Iyda. Pouganelli; Núria Anglei Cacete 1ª Ed. São Paulo: Cortez, 2007. (Coleção docência em formação. Série ensino fundamental).

RESENDE, Márcia Spyer. A Geografia do aluno trabalhador. Caminhos para uma prática de Ensino. São Paulo: Loyola, 1986.

MACEDO, E.F.M. "Parâmetros curriculares nacionais: a falácia de seus temas transversais." In: MOREIRA, A.F.B. (org.). Currículo: políticas e práticas. São Paulo: Papirus, 1999.

CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos. Ensino de geografia: praticas e textualizações no cotidiano- Porto Alegre, mediação, 2000

VESENTINI, José Willian. Geografia e ensino: textos críticos. São Paulo: Papirus, 1989.