PROJETO DE PESQUISA: ENFERMAGEM EM DOENTES TERMINAIS

 

AUTORES: Amanda Oliveira Campos1 Allana Fernandes de Andrade2 Patrícia Jeane Arruda de Assis3 Taisy da Silva Almeida 4 Tamilis Soster Medeiros 5 Tais Alves da Silva 6

 

1 TEMA

Enfermagem em doentes terminais

2 JUSTIFICATIVA

A morte é o fim da vida, e na maioria das vezes essa fase tem sido enfrentada tanto em hospitais, quantoem domicílios. Sendoassim, cabe ao enfermeiro, profissional que está muito próximo do paciente no dia a dia, demonstrar a importância da assistência de enfermagem, no que diz respeito aos cuidados com o doente na fase terminal, entendendo e lidando com os sintomas e emoções do mesmo.

A escolha do tema tem como finalidade mostrar a necessidade de preparar futuros profissionais capazes de prestar cuidado no decorrer desta fase terminal, aliviando sintomas, assim como seu estado psicológico, pois é inevitável que a doença e a morte não despertem receios e sensações de insegurança.

Analisando a questão de trabalhar com o paciente em fase terminal, vê-se a relevância de voltar à atenção para cuidados em que a cura não é o objetivo, mas sim a promoção para uma melhor condição de vida em seu estágio final.

3 PROBLEMA

O objetivo do profissional de enfermagem é promover o processo de assistência ao paciente, visualizando o cuidar físico, emocional, psicossocial e espiritual.

O paciente em fase terminal amplia sua sensibilidade, assim, o enfermeiro deve lidar com a insegurança, angústia, ansiedade e adaptação, além dos cuidados paliativos.

Existe uma ampla relação entre o enfermeiro e o paciente que tem como prognóstico a morte. Como o profissional de enfermagem atua frente ao processo de morrer, para atender às necessidades físicas, emocionais e psicossociais em doentes na fase terminal?

           

4 PRESSUPOSTO

O profissional de enfermagem está adequadamente preparado para atender as necessidades, físicas, emocionais e psicossociais em doentes na fase terminal, mesmo enfrentando dificuldades mediante os cuidados, que podem ser inadequados ou desnecessários, acerca do que fazer ou não fazer.

Percebe-se mediante ao pressuposto que há variáveis, que é um fator influente numa questão ou problema. Observa-se que a variável independente é o cuidado físico, emocional e psicossocial em doentes na fase terminal, e a variável dependente seria o profissional de enfermagem.

5 OBJETIVO

5.1 GERAL

Analisar a atuação do profissional de enfermagem frente ao processo de morrer.

5.2 ESPECÍFICOS

  • Identificar a diferença entre a morte e o morrer;
  • Apontar o cuidado do enfermeiro ao paciente em fase terminal hospitalar e em domicílio;
  • Comparar os ambientes em que são fornecidos os cuidados do enfermeiro ao paciente em fase terminal;
  • Identificar as barreiras de comunicação no que compete à melhoria dos cuidados do enfermeiro ao paciente em fase terminal;
  • Avaliar as medidas de enfermagem no apoio ao paciente e à família;

        

6 REVISÃO DE LITERATURA

6.1 INTRODUÇÃO

O fim da vida é uma certeza a todo ser humano e, a questão do cuidado da vida humana na fase terminal tornou-se relevante na sociedade e na área da saúde.

Segundo Zimerman (2000) é necessário, antes de tudo, fazer uma diferença entre morte e o morrer. Para definir a morte temos: ato de morrer, o fim da vida animal ou vegetal; termo fim. Portanto podemos dizer que a morte é o término da vida biológica, física, mas não necessariamente o fim. Estamos morrendo um pouco a cada dia. Morrer está presente no dia a dia de todos nós. A morte faz parte da vida, ainda que as pessoas tentem negá-las.

Embora a morte, o luto e o pesar sejam aspectos universalmente aceitos na vida, os valores, as expectativas e as práticas durante a doença grave estão culturalmente ligados e expressos, à medida que a morte se aproxima e após a morte. Embora existam mais oportunidades que antes para permitir uma morte tranqüila, o conhecimento e as tecnologias disponíveis para os profissionais de saúde tornaram o processo da fase terminal tudo, menos tranqüilo. (SMELTZER; BARE, 2005, p. 395)

Uma das realidades mais difíceis com as quais as enfermeiras se deparam é que, apesar de seus melhores esforços, alguns pacientes morrerão. Embora não possa alterar esse fato pode-se ter um efeito significativo e duradouro sobre a maneira pela qual o paciente vive até sua morte, a maneira pela qual a morte acontece e as memórias que ficam da morte para a família. (SMELTZER; BARE, 2005)

Noronha (apud Shimizu e Guitierrez 1997) coloca que, a enfermeira deve utilizar todas as medidas que disponíveis, para que o paciente possa viver seus últimos dias dentro do máximo conforto possível, com diminuição da ansiedade livre da dor, preservando sua identidade e seu sentimento de valor pessoal.

Segundo Costenaro et al (2001), o cuidado que caracteriza o trabalho da enfermagem deve ser uma experiência vivida com o objetivo de promover a humanização, a recuperação da saúde, uma melhor qualidade de vida dos pacientes e uma morte digna, que são considerados em sua plena humanidade. Diante do exposto essa pesquisa tem como objetivo analisar a atuação do profissional de enfermagem frente ao processo de morrer, atendendo as necessidades do paciente na fase terminal.

        

6.2 CONCEITO DE MORTE E MORRER

Rodrigues (1983) relata que a morte de uma pessoa significa, normalmente, dor e solidão para os que ficam. Portanto, sob este ponto de vista é apenas a destruição de um estado físico e biológico que ela traz, mas é também o fim de um ser em correlação com um outro, atingindo também toda a rede social.

A morte é um dos fenômenos que mais geram interrogações em toda a história do homem. Filósofos, antropólogos, cientistas so­ciais, variados pensadores fizeram inúmeras especulações acerca da morte e do mistério pelo qual ela está envolvida. No entanto, para uma grande variedade de pessoas, a morte é encarada ainda como um acontecimento alheio, distante de nossa realidade, de nosso cotidiano agitado, e vem sendo banalizada. Quando con­ferimos à morte essa banalização, esquecemos de discuti-la, de conhecê-la, e assim elaborar conceitos e meios de lidar com ela (SILVA; RUIZ apud BRAGA et al, 2010, s.p.).

Rodrigues (1983) relata que a morte de uma pessoa significa, normalmente, dor e solidão para os que ficam. Portanto, sob este ponto de vista é apenas a destruição de um estado físico e biológico que ela traz, mas é também o fim de um ser em correlação com um outro, atingindo também toda a rede social. A morte e o morrer deixaram de ser uma questão ética para se tornar uma questão técnica. Enfatizando a tecnologia e a capacidade operacional.

A morte é percebida pelas pessoas que convivem com o enfermo como uma possibilidade afastada da realidade, só possível de acontecer com os outros. Também há relação interpessoal entre o ser morrendo e os demais seres que o rodeiam, como alternativa de convívio com a angústia, decorrente da verdade absoluta que é a morte.

6.3 CUIDADOS PALIATIVOS

Segundo Araújo (apud Braga et al 2010), a enfermagem parece ter um papel primordial nos cuidados pa­liativos, já que o cuidar é a essência da profissão. O cuidado de enfermagem é essencial no acompanha­mento do enfermo durante todo seu tratamento, mesmo quando não há resposta de uma possível cura, submetendo-o aos cuidados paliativos.

Embasando no parágrafo acima, consta ressaltar que é nesse momento do fim da vida que são realizados os cuidados pela equipe de enfermagem aos doentes em fase terminal e o apoio a família, pois são esses profissionais que estão dispostos a aliviar a dor e sofrimento, pois nessa fase não é mais possível à cura.

Segundo Silva e Fernandes (2006), atualmente, o conceito de cuidados paliativos aborda intervenções que visam o controle da dor e o alívio dos sintomas em busca de uma qualidade de vida melhor, com a perspectiva de cuidar e não somente curar. Ressaltando também, os cuidados paliativos são prestados no período de fase terminal como uma abordagem ou tratamento que melhora a qualidade de vida de pacientes e familiares diante de doenças que ameacem a continuidade da vida. Para tanto, é necessário avaliar e controlar de forma impecável não somente a dor, mas, todos os sintomas de natureza física, social, emocional e espiritual.

Assim, os que observamos são duas possibilidades: na permanência do paciente no hospital quer seja por sua condição de extrema debilidade ou por ser este o único apoio possível para famílias que têm condições para atender as demandas que se impõem; ou o retorno ao domicílio, na expectativa sombria da morte próxima, onde a família lidará de uma maneira mais ou menos efetiva com as dificuldades desse processo, na perspectiva de que ninguém poderá ajudá-los nesse momento de extrema dificuldade. Nessa situação, os pacientes contam com um atendimento ambulatorial, que se propõe a controlar alguns sintomas, mas dificilmente contam com um atendimento integrado, o que provavelmente facilitará reinternações.  (KRUSE et al, 2007, s.p.)

É discutida a permanência do doente no termino da vida, no ambiente hospitalar ou em casa junto aos seus familiares. A preferência do paciente no ambiente hospitalar é no sentido de oferecer mais recursos, já que para profissionais da saúde e familiares ainda há uma esperança, porém a permanência do paciente terminal em casa se torna mais humanizado, passando os últimos momentos junto à família e amigos.

Conforme Kruse et al (2007), a sociedade julga como valor primordial pacientes em fase terminal morrer tendo o apoio da família. O paciente no término da vida, como um ser que vivencia o processo de morrer, necessita de alguém que esteja junto a ele. A família tem um papel fundamental durante o processo da doença, porém, necessita ser assistida também, já que é necessário compartilhar emoções entres seus membros, podendo chegar à aceitação dessa realidade, inclusive da morte.

Quanto aos cuidados realizados por um cuidador informal, dois aspectos devem ser salientados: as condições necessárias à manutenção dos cuidados na residência e as condições que realmente a família dispõe para ser responsabilizada pelo mesmo. Sabe-se que os gastos familiares com os indivíduos ao final da vida são crescentes e, muitas vezes, o cuidador também é o provedor (ou um dos provedores) dos recursos financeiros, e que, infelizmente, o sistema de seguridade social no Brasil não tem conseguido cumprir seu papel, recaindo sobre a família a cobertura destas falhas. Outros fatores como o baixo nível de renda, baixa escolaridade, carência de serviços públicos e de saneamento básico são indicadores da precariedade das condições e qualidade de vida, e apontam para dificuldades no cuidado desses indivíduos na comunidade. (SILVA e HORTALE, 2006, s.p.)

Seguindo o pensamento de Silva e Hortale (2006), o cuidador deve estar bem informado sobre a doença do enfermo, para diminuir a ansiedade referente a medos improváveis e irreais. Como a grande maioria dos cuidadores informais, que atendem em domicílio, não possui treinamento em enfermagem, beneficiam-se de instruções práticas, tais como administrar remédios, mudança de posição no leito, entre outros.

Os cuidados prestados ao doente na fase terminal em casa, não oferece recursos comparados ao hospital e cuidados por profissionais, porém os familiares devem comprometer com a responsabilidade promovendo a manutenção adequada do paciente, oferecendo boas condições e se necessário o retorno ao hospital.

Com o progresso da medicina, principalmente no último século, os cuidados ao final da vida passaram a ser realizados, sobretudo nos países desenvolvidos, em um ambiente impessoal, cercado de pessoas estranhas, muitas vezes sob monitoramento de aparelhos eletrônicos e submetidos a procedimentos médicos invasivos. Esse panorama reflete o que é denominado “medicalização da morte”. (SILVA e HORTALE, 2006, s.p.)

Segundo Kruse et al (2007) a hospitalização no fim de vida é necessária quando torna-se impossível para as famílias manterem por tempo indeterminado um doente em casa enquanto trabalham, principalmente quando a autonomia e a independência do paciente estão seriamente comprometidas. Também quando não conseguem suportar e assistir ao sofrimento de uma pessoa querida, ou, quando há necessidade de recursos especializados para manutenção da vida.

Embasando no parágrafo acima, a terapêutica paliativa se inicia quando a terapêutica curativa deixa de ser o objetivo, estando associada a uma intervenção interdisciplinar que não tem o objetivo de antecipar a morte nem de prolongar a vida, estando voltada para o controle dos sintomas (tais como dor, fadiga, dispnéia) e preservação da qualidade de vida do paciente e da família, para que vivam tão ativamente quanto possível essa etapa da vida.

A hospitalização do paciente na fase terminal é necessária, já que há avanços na medicina para esse cuidado, além de nos hospital serem executados por profissionais, oferecem maiores recursos, promovendo o alivio do sofrimento ao qual sobrepõe à vida.

Em geral, a maior parte do tempo do último ano da vida dos indivíduos é passada em casa, muito embora 90% deles passem algum tempo em um hospital e 55% das mortes ocorram neste local. As obrigações e recompensas de cuidar de pessoas no seu último ano de vida são compartilhadas pelos cuidadores informais (parentes, amigos e vizinhos) e formais (profissionais de saúde). Cerca de 75% das pessoas recebem cuidados em casa por meio de cuidadores informais, sendo que a maioria deles é de mulheres. (SILVA e HORTALE, 2006, s.p.)

Segundo Silva e Hortale (2006), a delicada relação entre o cuidador e o indivíduo ao final da vida permite inferir que a humanização, muitas vezes, está longe de acontecer. Ainda hoje não estamos familiarizados com a morte, pois essa idéia deixa-nos fragilizados e nos amedronta, porém, profissionais de enfermagem, estando mais próximos dos doentes na fase terminal, possui a obrigação e a boa vontade de cuidar desses pacientes de forma humanizada, independente do local de permanência nessa fase. Os cuidados prestados por profissionais ou não profissionais, devem ser conscientes de uma morte digna e plena.

6.4 COMUNICAÇÃO ENTRE ENFERMEIRO E PACIENTEEM FASE TERMINAL

 Os sentimentos de negação, angústia e tristeza não impedem que os profissionais procurem conviver de forma aceitável com o processo de morrer dos pacientes. Smeltzer e Bare (2005) colocam que a comunicação sobre um diagnóstico com risco de vida ou sobre a progressão da doença é mais bem realizada através de equipe interdisciplinar em qualquer ambiente – um médico, enfermeira e assistente social devem estar presentes, sempre que possível, para fornecer as informações, facilitar a discussão e abordar as preocupações. Acima de tudo, a presença da equipe transmite carinho e respeito pelo paciente e pela família.

Para desenvolver um nível de conforto e experiência na comunicação com os pacientes com doença grave e terminal e suas famílias, as enfermeiras e outros médicos precisam considerar, em primeiro lugar, suas próprias experiências e valores relativos à doença e à morte. (SMELTZER; BARE, 2005, p. 402)

Segundo Silva (apud Susaki, Silva e Possari, 2006) a comunicação se manifesta na relação entre o paciente e a equipe de saúde de diversas formas, podendo ser verbalizada ou não. O enfermeiro deve saber relacionar-se e trabalhar com a comunicação não-verbal, em que palavras às vezes são substituídas pelo comportamento e atitudes que revelam a vivência do paciente. Outras vezes, complementadas pelo comportamento e, outras vezes, contraditas.

A comunicação não-verbal ocorre na interação pessoa – pessoa e caracteriza-se pela transmissão da informação por meio de gestos, posturas, expressão facial, orientações do corpo, entre outras particularidades. A comunicação com pacientes fora de possibilidades terapêuticas geralmente está prejudicada devido às reações emocionais abruptas deste período, bem como ao uso de sedativos e morfínicos no alívio da dor. A comunicação não-verbal potencializa a transmissão da mensagem e diminuí as dificuldades de verbalização comuns nos processos de morte. (SILVA apud SUSAKI; SILVA; POSSARI, 2006, s.p.)

A comunicação verbal se dá por transmitir noticias sobre o caso ao paciente e a sua família, avaliando a evolução, ou não, passando segurança e esclarecendo algumas dúvidas. Conforme Smeltzer e Bare (2005), lidar com as noticias sobre um diagnóstico grave ou prognóstico ruim é um processo contínuo. A enfermeira precisa ser sensível a essas necessidades contínuas e pode precisar repetir as informações previamente fornecidas ou simplesmente estar presentes enquanto o paciente e a família reagem emocionalmente. A intervenção mais importante que a enfermeira pode fornecer consiste em ouvir de forma empática.

Os autores citados acima, relatam que com frequência, os pacientes direcionarão suas dúvidas ou preocupações aos profissionais de enfermagem antes que elas sejam capazes de discutir completamente os detalhes sobre seu diagnóstico e prognóstico com o médico ou toda a equipe de saúde. Usar questões abertas permite que o profissional de enfermagem descubra as preocupações do paciente e da família, explorando conceitos errados e necessidades de informações que formam a base para colaboração com o médico e outros membros da equipe. Então, a enfermeira precisa ouvir atentamente, fazer perguntas adicionais para o esclarecimento e traquilizar apenas de modo realista.

Addington (apud Smeltzer e Bare, 2005) relata que o histórico e a prescrição de enfermagem sempre são possíveis, mesmo quando está indicada claramente uma necessidade de discussão adicional com o médico. Dependendo da necessidade do paciente, sempre que possível, as discussões em resposta às suas preocupações devem acontecer quando uma necessidade é exposta, embora esse possa ser o momento menos conveniente para a enfermeira.

Smeltzer e Bare (2005) registram também, que muitos dilemas nos cuidados ao paciente em fase terminal estão relacionados com a deficiência na comunicação entre os membros da equipe, o paciente e a família. Assim como com a falha dos membros da equipe de saúde em se comunicar efetivamente entre si.  

As solicitações dos pacientes em estágio final, algumas vezes, são difíceis de se compreender, e por isso o enfermeiro deve possuir os conhecimentos e habilidades de comunicação para decodificar informações essenciais, diminuindo a aflição de quem está morrendo e proporcionando um cuidado de qualidade. (SUSAKI; SILVA; POSSARI, 2006, s.p.)

6.5 MEDIDAS DE APOIO AO PACIENTE E A FAMILIA

Segundo Bernardes (apud Braga et al, 2010), a sociedade parece exaltar a saúde e a vida, porém a morte é um assunto quase sempre evitado. É com frequência negada, mesmo quando iminente e nessa fase o enfermo e sua família esgotam todas as suas perspectivas de cura da doença. Nesse contexto, cabe a equipe de enfermagem, que possui a essência do cuidar, mediante o doente terminal, desenvolver ações direcionadas a preservar a vida, buscando alívio do sofrimento, oferecendo conforto, apoio emocional, atenção e não somente a busca pela cura clínica, e assim buscar fortalecer o vín­culo entre o enfermo e seus familiares.

As enfermeiras precisam usar sua sensibilidade e capacidade de observação para perceber as demonstrações de sentimentos dos pacientes, que são possíveis de serem identificados por meio de expressões faciais, da fala, e principalmente, pelo choro. A lágrima é percebida mesmo naqueles que se encontram impossibilitados de manifestar-se verbalmente ou por outras expressões.

A enfermagem parece reconhecer que os cuidados paliati­vos vêm preencher uma lacuna existente no cuidado prestado ao enfermo grave à medida que procura atenuar ou minimizar os efeitos de uma situação fisiológica desfavorável. Prezar pelo não abandono, pelo acolhimento espiritual do doente e de sua família, além do respeito à verdade e à autonomia do doente, parece favorecer a participação do enfermo no tratamento, não esquecendo de que o tratamento não pertence aos profissionais de saúde, mas sim ao próprio enfermo. A não possibilidade de cura parece romper com os limites terapêuticos, mas de forma alguma com as possibilidades de cuidar e proporcionar dignidade e respeito aos limites de quem não quer viver sofrendo. (OLIVEI­RA; SÁ; SILVA, apud BRAGA et al, 2010, s.p.)

Seguindo o pensamento de Pessini (apud Rosa et al, 2006), ao falar-se em dignidade humana, estamos enfatizando o respeito pela pessoa e pelos seus direitos, dentre eles o direito à vida, expresso no direito à saúde. Neste caso, tanto o profissional de enfermagem, quanto os familiares, não bastam considerar “saúde” como o controle da dor e o suporte às funções fisiológicas do paciente. É preciso oferecer qualidade, em que o paciente será ouvido e seus direitos respeitados, sem sofrimento em demasia, para que assim ele possa ser conduzido para a boa morte.

Observa-se no estudo de Smeltzer e Bare (apud Braga et al, 2010), que muitos pacientes sofrem desnecessariamente quando a atenção é inadequada para os sintomas que acompanham sua do­ença. A avaliação deve ser cuidadosa por parte da equipe de enfermagem e familiares, que deveria incluir não somente os problemas físicos, mas também as dimensões psicossociais e espirituais da experiência da doença grave por parte do enfermo e da família. Essa conduta poderia contribuir para uma compreensão mais abrangente e abordagem das necessidades apresentadas e percebidas.

Pitta (apud Shimizu et al, 1997), salienta que os pacientes e familiares nestas condições possuem sentimentos complicados em relação ao hospital, Por isso os enfermeiros, que frequentemente sentem-se confusos e angustiados, pois as necessidades assistenciais apresentadas pelos pacientes e familiares, vão além do simples cuidado físico, que requer um preparo diferenciado da equipe de enfermagem.

Os enfermos valorizam a alegria, tanto em si mesmos quanto nos profissionais de saúde e nas pessoas com as quais convivem. O humor parece uma forma de comunicação espontânea e con­textual, caracterizada por expressões verbais, faciais e risadas. O bom humor e a alegria, representados pela risada, se mostraram capazes de aliviar a tensão em um contexto de dor e sofrimento. Estudos apontaram que o bom humor e a risada proporcionaram um modo de aliviar a ansiedade, tensão e insegurança, mediante a morte que acompanha questões opressivas de estresse, senti­mentos que geralmente são difíceis de expressar e lidar. (ARAÚJO; SILVA, apud BRAGA et al, 2010 s.p.)

            A todo o momento foi ressaltado que os cuidados de enfermagem frente ao doente terminal, vão além do cuidar físico, ou seja, vai além dos cuidados clínicos, abrangendo emoções e adaptações. O profissional de enfermagem também deve estabelecer uma comunicação com o paciente e a família, de forma humanizada, esclarecendo dúvidas, além de confortá-los, independente de ser cuidado sobre suporte tecnológico, ouem domicilio. Oprofissional de enfermagem é indispensável nos cuidados com o paciente na fase terminal, pela proximidade com o paciente e com a família diariamente.

7 METODOLOGIA

Segundo Lakatos (1991), método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo, com conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando um caminho a seguir, identificando erros e auxiliando as decisões dos cientistas.

Este projeto de pesquisa fundamenta-se pelo método dedutivo. Segundo Rampazzo (2002) a dedução é a argumentação que torna explicitas verdades particulares contidas em verdades universais. O ponto de partida é o antecedente, afirma uma verdade menos geral, ou particular, contida implicitamente no primeiro.

Rampazzo (2002) afirma que pesquisa é um procedimento reflexivo, sistemático, controlado e critico que permite descobrir novos fatos ou dados, soluções ou leis, em qualquer área do conhecimento. Sendo assim, para haver pesquisa tem que existir problema, que requer uma investigação.

A finalidade desse projeto de pesquisa consiste em um estudo de caráter exploratório, realizado através do levantamento bibliográfico, sobre Enfermagem em doentes terminais. De acordo com Rampazzo (2002), a pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas (em livros, revistas etc.). Pode ser realizada independentemente, ou como parte de outros tipos de pesquisa. 

Este projeto tem como objetivo analisar o cuidado de Enfermagem em doentes terminais, bem como identificar as barreiras de comunicação, avaliar e comparar os ambientes em que são fornecidos os cuidados do enfermeiro ao paciente em fase terminal. Em virtude disto, o referencial bibliográfico será feito a partir da escolha de algumas literaturas, e artigos científicos disponíveis sobre o determinado tema.

O profissional de enfermagem deve promover o processo de assistência ao paciente, visualizando o cuidar físico, emocional e psicossocial. Sendo assim, as informações que estarão na pesquisa, serão no sentido de analisar a atuação do profissional de enfermagem frente ao processo de morrer, atendendo a essas necessidades no paciente na fase terminal.

Este projeto de pesquisa esta voltado para as instituições de ensino da área de saúde, para promover uma melhora na capacitação do profissional de enfermagem frente aos doentes terminais.

 

 

8 CRONOGRAMA DE ATIVIDADE

 

 

2010

 

ATIVIDADES

 

Julho

 

Agosto

 

Setembro

 

Outubro

 

Novembro

Escolha do tema

 

X

 

 

 

 

Elaboração da justificativa

 

X

 

 

 

 

Formulação do problema

 

     

X

 

 

 

Elaboração da hipótese

 

 

X

 

 

 

Formulação do objetivo geral e dos objetivos específicos

 

 

 

X

 

 

 

Elaboração da metodologia

 

 

X

 

 

 

Elaboração do referencial teórico

 

 

        

         X

 

 

X

 

Entrega do projeto

 

 

 

 

X

 

 

Apresentação do projeto

 

 

 

 

 

X

 

 

 

 

9 REFERÊNCIAS

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AMBROSINI, L.; et al cuidados paliativos: uma experiência. Google acadêmico, 2007 Disponível no site http://www.seer.ufrgs.br/index.php/hcpa/article/viewArticle/2060 Acesso em 20 de set. 2010.

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BRAGA, E. M; CARVALHO, R. C; FERRACIOLI, K. M; FIGUEIREDO G. L. A. Cuidados paliativos: a enfermagem e o doente terminal. Google acadêmico, 2010. Disponível no site http://publicacoes.unifran.br/index.php/investigacao/article/view/150/0.Acesso em 19 out.2010

HORTALE, V.A.; SILVA, R.C.F.; Cuidados paliativos oncológicos: elementos para o debate de diretrizes nesta área. Scielo, 2006. Disponível no site http://www.scielosp.org/scielo. Acesso em 21 de out.2010.

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SMELTZER, Suzane C.; BARE, Brenda G. Tratado de Enfermagem Médico - Cirúrgica. 10. ed. RJ: Guanabara Koogan, 2005.

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