UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA

CENTRO DE FILOSOFIA, LETRAS E EDUCAÇÃO-CENFLE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM LETRAS/PORTUGUÊS

 

 

 

 

JOELIA MAIARA ARAÚJO ABREU

 

 

 

 

 

 

 

PROJETO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO IV

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SOBRAL-CE

2015

 

 

JOELIA MAIARA ARAÚJO ABREU

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Projeto realizado como requisito parcial para conclusão da disciplina Estágio Supervisionado IV da Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA, do curso de graduação em letras/Português ministrada pelo professor José Raimundo Figueredo Lins Júnior.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SOBRAL-CE

2015

ESTAGIÁRIA: Joelia Maiara Araújo Abreu.

ESCOLA:  Escola Ensino Médio Dr. João Ribeiro Ramos

PERÍODO: 16 de Setembro de 2015

PARTICIPANTES: Duas turmas de 3º ano do ensino médio (3º E e 3º F)

 

 

PLANO DE AULA

 

OBJETIVOS

  • Discutir a importância da literatura e da disciplina no ensino médio;
  • Demonstrar as principais diferenças entre a linguagem de obras literárias e as adaptações dessas obras para outros formatos;
  • Comparar as adaptações com os respectivos trechos das obras originais;
  • Apresentar as adaptações como alternativas de conhecer as obras literárias, antes da leitura das mesmas.

 

RECURSOS UTILIZADOS

  • Imagens das adaptações das peças de William Shakespeare e os respectivos resumos do enredo das peças (O Rei Leão/Hamlet; O Cravo e a Rosa, Dez coisas que eu odeio em você/A Megera Domada; Ela é o Cara/Noite de Reis; Love Story/Romeu e Julieta).
  • Vídeos com trechos das seguintes adaptações: Minissérie Capitu; filme O Pequeno Príncipe; filme A Culpa é das Estrelas.
  • Cópias de trechos da adaptação em quadrinhos do conto A Cartomante, de Machado de Assis.
  • Cópias com os trechos das seguintes obras: Dom Casmurro, de Machado de Assis; O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry; A Culpa é das Estrelas, de John Green; A Cartomante, de Machado de Assis.
  • Os livros: Dom Casmurro, de Machado de Assis; O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry; A Culpa é das Estrelas, de John Green;
  • Data Show, computador, caixa de som.

 

 

 

METODOLOGIA

1ª Etapa: Apresentação de slides com as imagens das adaptações das peças de Willian Shakespeare. Perguntar aos alunos se já assistiram e se sabem em qual peça teatral foi inspirada. Após os questionamentos, mostrar as peças que serviram de inspiração bem como o resumo do enredo, para fazer uma comparação.

2ª Etapa:Iniciar uma conversa sobre a história das adaptações ao longo do tempo, mencionar a importância dessas adaptações. Explicar para os alunos que as adaptações geralmente não são fiéis às obras originais, e que esta é uma das razões de um filme, por exemplo, não dispensar a leitura do texto literário. Destacar nessa conversa, que ainda que as adaptações tenham muitas semelhanças, uma peça de teatro, um romance, um filme, uma música, um quadrinho são gêneros diferentes, e que,portanto, possuem linguagem, objetivos e formatos distintos.

3ª Etapa: Apresentar os livros aos alunos, a começar por Dom Casmurro de Machado de Assis, seguido por O Pequeno Príncipe de Saint-Exupéry e por último A Culpa é das Estrelas de John Green.Após o contato dos alunos com os livros, iniciar uma breve discussão sobre cânone, literatura contemporânea e popular. Em seguida, passar para as comparações, mostrando adaptação e depois o texto literário, e texto literário depois adaptação, observando a reação dos alunos, e motivando-os a apontar as diferenças encontradas. Finalizar abrindo um espaço para que os alunos expressem sua opinião sobre o que lhes apresentado, se gostaram, se prenderam algo nove, se conhecem alguma adaptação que não foi mencionada, etc.

AVALIAÇÃO

Avaliar se os alunos foram capazes de compreender as diferenças entre a linguagem do texto literário, do cinema, dos quadrinhos, etc. Verificar se os alunos entenderam que o processo de adaptação não consiste na reprodução fiel da obra literária, mas sim consiste em utilizar a essência da obra. Observar se os alunos forma capazes de apontar as diferenças entre as adaptações e as obras apresentadas.

INTERESSE E DISPONIBILIDADE DA ESCOLA

            Fui bem recebida pelos profissionais da escola Dr. João Ribeiro Ramos, em especial pela professora que gostou bastante da oficina. Ao terminar a oficina, a professora titular da turma perguntou sobre a possibilidade de voltar à escola para apresentar o projeto para as outras turmas, em especial para as turmas de EJA. Tive liberdade de acesso às dependências da escola, principalmente à biblioteca, onde peguei os livros para levar para sala de aula. Foi uma experiência gratificante.

 

REFLEXÃO SOBRE OS OBJETICOS E AS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Os alunos estão acostumados a serem solicitados a realizar a leitura de obras clássicas, ditas canônicas, pois são essas as obras exigidas em provas de vestibular, ENEM e concursos. Mas eles não possuem a noção da importância que a literatura tem, Maria Amélia Dalvi(2013) cita Roland Barthes quando este afirma que se por alguma razão todas as disciplinas devessem ser excluídas do currículo, a literatura deveria ficar, pois esta consegue englobar todas as outras. A questão é que o aluno não encontra prazer nessas leituras, por se tratarem, até certo ponto de leituras obrigatórias. E um dos objetivos da oficina é apresentar aos alunos adaptações de clássicos para outros formatos, como o cinema por exemplo, não para substituir a leitura da obra, mas para ilustrar, tornar atrativo e incentivá-los a buscar a leitura de literatura por conta própria.

A linguagem do cinema é diferente da linguagem do teatro, que é diferente da linguagem do romance, do quadrinho, da música e assim por diante. Apresentando diferentes adaptações aos alunos, objetivamos apontar as diferenças entre as variadas linguagens trabalhadas na oficina, para que eles percebam que não é porque é uma adaptação que vai ser igual, que vai ser a mesma coisa do texto literário. Mas não basta dizer para o aluno que é diferente, é preciso mostrar onde está a diferença e o porquê dessa diferença. Uma vez percebendo essas diferenças, espera-se que os alunos reconheçam que as adaptações não substituem a obra, mas que também não possuem um valor menor.

Trazer para a sala de aula trechos de filmes, novelas, etc. e comparar com as obras literárias que lhe deram origem é uma proposta didático-metodológica abrangente. Dalvi (2013), no texto Literatura na escola: Propostas didático-metodológicas quando sugere alguns princípios para o trabalho de literatura na escola cita a importância de familiarizar os alunos com todos os gêneros, suportes e modos de apresentação do texto literário. Na oficina trabalhamos com romance, teatro, conto, música, filme, quadrinhos, minissérie, novelas, portanto, houve uma diversidade significativa de manifestações do texto literário. A partir daí o aluno passa a perceber que ele não precisa necessariamente procurar um livro para conhecer literatura, ele pode ter um primeiro contato através de outros modos de apresentação, para depois, caso tenha interesse, procurar a leitura da obra literária original. As chances de a leitura ser mais agradável serão maiores, dada a possibilidade da comparação.

REFLEXÃO SOBRE O QUE FUNCIONOU E O QUE NÃO FUNCIONOU NA REALIZAÇÃO DO PROJETO

 

Segundo a professora de ambas as turmas, as aulas de Literatura são bastante escassas, e quando vistas, tratam apenas das obras que irão ser cobradas no vestibular, sendo este um dos maiores problemas encontrado na realização deste projeto. 

Além deste, diversos contratempos afetaram o cumprimento das atividades, mas não chegaram a impedi-lo de ser realizado, deparei-me com a falta de conhecimento dos alunos sobre as obras literárias, falta de interesse por parte de alguns, preferindo o uso do aparelho celular, conversas paralelas uns com os outros, talvez por se tratar de turmas do turno noturno, onde muitos provavelmente estudem nesse horário por trabalharem durante o dia, ou já sejam pais de família, e provavelmente estejam cansados da rotina diária, fui também interrompida algumas vezes durante a apresentação do trabalho, por pessoas dando avisos, várias vezes abriam a porta do laboratório, onde isso tirava a atenção dos alunos para olhar quem era.

Por outro lado, pôde-se perceber certa curiosidade, e interesse por parte de alguns alunos, deparando-se com pessoas que talvez nunca tinham visto antes, se interessaram em folhear os livros levados, participaram, tanto na leitura dos trechos, quanto falando um pouco dos filmes que já tinham assistido antes, fazendo assim comparações entre a obra literária citada, com  sua adaptação em filme. Apesar dos contratempos e imprevistos que se deram no decorrer da realização deste projeto, foi bastante gratificante este contato com os alunos do ensino médio, mediante as turmas pras quais foram apresentadas o referido projeto, posto que o ensino nada mais é que uma troca de conhecimentos.

Mediante a realização deste projeto, pôde-se perceber que a literatura sofre uma grande redução de sua real potência como conhecimento e torne-se apenas uma lista de conteúdos programáticos obrigatórios para o vestibular. O caráter estético do texto literário tem seu lugar tomado pelas aulas de Língua Portuguesa, ou só se trabalha outra modalidade de aula de literatura que consiste, basicamente, na apresentação histórica de escolas literárias e biografias de autores canônicos.

O Ensino Médio privilegia essa modalidade de aula de literatura porque é esta modalidade que é cobrada nos vestibulares. E quem sofre com essa redução da literatura na escola básica é o aluno.  A aula de literatura deixa de formar para apenas informar. O aluno perde o acesso, uma forma de conhecimento única, que se trabalhada da maneira certa, poderia torná-lo um sujeito mais crítico, criativo e perceptível.

A literatura é conhecimento para a vida, não para o vestibular. Aquela deve persistir na vida de alunos e alunas após a escola básica, deve seguir na vida deles por tempo indeterminado, como fonte de constante aprendizagem e reaprendizagem. Dessa forma, a aula de literatura deve trabalhar o aluno para ensiná-lo a ler, a apreender os significados do texto e atribuí-los outros significados.

O aluno deve aprender a estabelecer intertextualidade com suas outras leituras, de modo a criar sua própria rede de sentidos, a qual influenciará com grande peso a formação intelectual que ele levará consigo por toda a vida, formação que, independentemente da carreira que o aluno seguir, irá sempre marcar seu modo de pensar e agir no mundo.

 

REFERÊNCIAS

 

ASSIS, Machado de.  Dom Casmurro. Ed. Novo Século, 2001.

DALVI, Maria Amélia, REZENDE, Neide Luzia de, FALEIROS, Rita Jover-, orgs. Leitura de Literatura na Escola. São Paulo: Parábola, 2013.

FoxInternationalHEBR. A Culpa É Das Estrelas (Dublado). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fMi0KbsrGoU> Acesso em: 14 de Set.de 2015.

GREEN, John. A Culpa é das Estrelas. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012.

jcomunic. O PEQUENO PRÍNCIPE - O que é que importância para você? - ANTOINE SAINT-EXUPÉRY. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-5g17O4kAs0> Acesso em: 14 de Set.de 2015.

Pensadores de Birosca. Minissérie Capitu - 1º beijo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=I1jZQLJZ8kU> Acesso em: 14 de Set.de 2015.

SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O pequeno príncipe. Rio de Janeiro, Editora Agir, 2009.