Os autores do artigo “Programa Saúde da Família no Brasil: uma agenda incompleta?”, propõe explicar, principalmente, a experiência brasileira com o PSF (Programa Saúde da família). A palavra incompleta no título do artigo faz menção a não superação completa do modelo biomédico na saúde pública e a carência existente para executar as responsabilidades que foram direcionadas ao programa por diversas circunstancias - como financiamento, tecnologia e capacitação - durante a criação da agenda. 
A questão do repasse do financiamento é algo bem frisado ao longo do artigo, pois, muitas vezes, os municípios, que são os mais beneficiados pelo programa, tem que destinar recursos para além do que é ofertado ao programa pelo Estado. Ou seja, apesar do reconhecimento da importância do PSF nos municípios, os recursos do incentivo federal são destinados mais para a doença - por causa do modelo vigente - e não pra prevenção e promoção da saúde, que é justamente o novo tipo de financiamento que a atenção básica busca.
O artigo evidencia a importância da capacitação dos profissionais que compõe a atenção básica, pois esse modelo vai em sentido oposto ao tradicional. E enfatiza, principalmente, nas faculdades de medicina, pois existe uma carência em médicos voltados para esse sistema. Entretanto, é feito uma ressalva em relação à forma que essa capacitação vai ocorrer, pois pelo fato de ser algo “radical” - termo que o próprio artigo apresenta - pode ocasionar algo oposto ao almejado, em vez de salientar a importância pode ocorrer incompreensão, equívocos e frustrações durante a capacitação. O texto também cita o marco relacionando a mudança de nomenclatura de “programa” para “estratégia”, porém essa mudança de nomenclatura somente ampliou as obrigações do programa e não mudou as circunstâncias e a forma que ele está atuando.
O texto apresenta como consequência do PSF ser um “pacote básico” centrado no médico a opinião de alguns autores do movimento sanitário brasileiro fazerem esse julgamento durante o período marcado pelas políticas neoliberais na América Latina e no Brasil. Porém, isso aconteceu na década de 90, século passado, mais de vinte anos se passaram e isto ainda está enraizado na sociedade, pois o PSF, infelizmente, ainda se sustenta em um modelo centrado no médico e focalizado em regiões pobres. Nessa perspectiva, os autores concluem o artigo com uma crítica muito interessante sobre as muralhas do liberalismo econômico, privilégio de classes e corporativismo ainda vigentes na atualidade do sistema, e enfatizam que com o tempo, se medidas eficazes para a desconstrução desta realidade não forem feitas, a resistência vai aumentar cada dia mais.